Caetano Veloso segura foto de João Gilberto, em 1986. Foto de David Zingg/Divulgação MIS |
Será aberta dia 27 de setembro no MIS (Museu da Imagem e do Som, Av. Europa, 158, São Paulo) uma exposição de fotos de David Drew Zingg.
O tema são as imagens que Zingg fez no período em que trabalhou no Noticias Populares, da capital paulista.
Em 1986, ele se ofereceu para fazer um "estágio" no jornal. O rico universo da publicação de foco popular muito interessou ao fotógrafo.
Periferia, mulheres e personagens populares da cidade compuseram as cenas urbanas que atravessaram as lentes de Zingg na fase NP. Ao "sensacionalismo", marca da publicação, ele impôs uma nuance intimista e reveladora de tipos e figuras da periferia da metrópole.
Mas sua obra, claro, vai muito além e já foi objeto de exposições de espectro angularmente maior, reunindo fotos representativas de toda a obra
Zingg documentou, por exemplo, o Brasil dos anos 1960, de Brasília à Bossa Nova, fez capas de disco memoráveis, registrou o universo rural brasileiro, capturou belas mulheres, esportistas, monumentos arquitetônicos e líderes mundiais.
Em 1959, veio ao Brasil, enviado pela Life. Também trabalhou em outra ilustrada, a Look. O que era para ser uma pauta - a regata oceânica Buenos Aires-Rio - transformou-se em uma vida. Zingg descobriu o Brasil - morou aqui por mais de 40 anos -, onde realizou muitas reportagens, incluindo a construção de Brasília, tema que fascinou os editores da Life, ensaios, retratos, cartazes e campanhas publicitárias.
Ao se fixar no Rio procurou, por óbvia afinidade com veículos de fotojornalismo, a revista Manchete, onde atuou por cerca de três anos nos anos 1960.
João Gilberto, Vinicius de Moraes, JK, Leila Diniz, o carnaval, a festa móvel da Ipanema de então foram espelhados pelas suas lentes.
Leila Diniz em capa da Realidade fotografada por David Zingg. Reprodução |
Pouco depois, na reta final da década, engajou-se no projeto da revista Realidade, em São Paulo. Na Abril ainda trabalhou para a Playboy, Cláudia e Veja.
Zingg costumava dizer que só o tempo confere a uma foto o valor que ela realmente tem.
O fotógrafo, que morreu em 2000 aos 77 anos, viveu para ver sua obra - hoje no acervo do Instituto Moreira Salles
-, reconhecida e admirada.
A mostra "David Zingg no Notícias Populares" ficará em cartaz no MIS de SP até o dia 4 de novembro.
Um comentário:
O Brasil devia fazer um museu da fotografia ondes todos esses trabalhos pudessem ser vistos sempre e não apenas de vez em quando.
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