Em meio a essas denúncias, são divulgados os números da “ajuda” ao mercado financeiro. São impressionantes os dados da caixa-preta que se abre. Apenas entre 2008 e 2012, a Inglaterra transferiu para os bancos quase 1 bilhão de euros; a Alemanha de Angela Merkel despejou 650 milhões de euros de dinheiro público para sustentar especuladores. Em geral, a Europa repassou 5 bilhões de euros dos contribuintes para banqueiros em dificuldades. Autoridades financeiras de importantes centros impuseram a alguns bancos, após investigações, multas equivalentes a 306 bilhões de euros. Outro sinal de que os estragos que a especulação causa nas economias dos países chegou ao limite é que a própria União Europeia, sobre pressão da opinião pública, põe em prática a partir desse mês uma medida inédita que impede que os estados resgatem dívidas com dinheiro público e façam “salvamentos” bancários, como foi feito até aqui com bancos alemães, holandeses, espanhóis e gregos.
Agências de risco, - essas que a mídia brasileira trata como deuses no templo – também entram no foco da sociedade. Na Itália, uma dessas agências sofreu o que a Panorama chama de “humilhação”: o principal grupo de seguros do país exigiu não ser monitorado pela instituição, que tem a credibilidade contestada desde a crise mundial de 2008. A seguradora aponta falta de transparência dos critérios utilizados nas suas análises e projeções.
Um país que está sob observação internacional exatamente por seguir na direção oposta é a Islândia. Há poucos dias, tribunais condenaram cinco banqueiros como culpados, no país, pela crise financeira de 2008. Além desses últimos, há 19 outros já sentenciados. Todos respondem por manipulação do mercado, peculato e crimes fiduciários. A Islândia se recusou a fazer ajustes fiscais e a acabar com direitos sociais assim como a cobrar a conta dos trabalhadores. O alvo justo foi evidentemente quem mais ganhou com a crise: os especuladores e traficantes de dinheiro.
A mídia conservadora brasileira, obviamente, ignora esse assunto que ocupa a imprensa europeia, no momento. No Brasil, apenas a revista Caros Amigos fez uma série de reportagens reveladoras sobre o tema, mostrando como o país é refém de banqueiros que provocam crises, submetem governos, escapam ilesos e revelam enormes lucros.
Enquanto os brasileiros se distraem com a crise política, o mercado procura agir nas sombras. Após denúncias de que bancos brasileiros manipularam a taxa de câmbio, está sobre a mesa da presidente Dilma Rousseff uma Medida Provisória que atribui ao Banco Central a exclusividade de abrir processos administrativos contra agentes do sistema financeiro, inclusive em casos de formação de cartel. A medida foi gestada nas entranhas do próprio Banco Central e pode comprometer até a atuação do Cade (Conselho Administrativo de Defesa Econômica), que perderia a prerrogativa de vigiar bancos. Frise-se que o Cade investiga precisamente o suposto golpe cartel do câmbio, já admitido por pelo menos uma instituição. Por enquanto, Dilma teve o bom senso de não assinar tal proposta. Espera-se que jogue a MP no lixo. E no lixo não reciclável para que não volte a assombrar o país e beneficiar poderosos à custa da sociedade.
2 comentários:
Já há reações também fora da Europa para conter a especulação que está prejudicando muitos países. A Chica já bota um freio nesses bandidos (sim, são bandidos gananciosos, provocam mortes, fome, crises em saúde públicas e desemprego.
Não é só no Brasil, em todos o mundo o setor que produz e os trabalhadores estão reclamando desses abutres que precisam ser enquadrados, a maioria é de criminoso mesmo contra a humanidade
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