sábado, 23 de janeiro de 2010

Se Garrincha tivesse um blog...


por Gonça
Garrincha já foi tema da biografias, filmes e, agora, vira estátua (na reprodução). Homenagens justas a um dos maiores jogadores de todos os tempos. Se chegam tarde - e chegam - não deixam de ser válidas. Em vida, Garrincha foi cruelmente driblado por cartolas, pela vida, por alguns jornalistas, pelo joelho...
"Em 1963, o Botafogo não quis me vender para a Itália e no momento eu não senti nada porque eu queria era saber de jogaro futebol. Quando eu digo Botafogo, eu digo o presidente do clube na época. Depois é que eu vim tirar de mim que aquilo foi uma maldade, que o presidente podia ter tido um pouco mais de boa vontade. O clube ganharia um bom dinheiro e eu ficaria numa situação boa. E, um anos depois, eu não podia esperar que o Botafogo me vendesse para o Corinthians por uma miséria, como vendeu."
"Acho que se no momento existisse alguém que ajudasse eu não me sentiria tão sozinho. Eu vivo na Itália justamente por isso. As coisas que vinham acontecendo, as perseguições, então eu preferi sair do Brasil."
"Eu vim para a Itália com a intenção de jogar futebol. Eu achei que o Brasil tudo vinha dando errado pra mim. Desastres e outros bichos mais. E vim para a Itália com a intenção de jogar mais uns dois anos, mas aqui não abriu chance para jogador estrangeiro. Então tive a felicidade de arranjar esse emprego do café e fiquei por aqui."
"Eu estava com o joelho machucado e fui chmado pelo Botafogo para fazer essa excursão, que foi um torneio aqui na Itália e na França. Então eu falei: 'bom, eu não vou porque eu estou assim, com o joelho machucado'. Aí eu fui até ameaçado de ter o meu contrato suspenso."
(Trechos de um entrevista de Garricha feita por Chico Júnior para o Pasquim, em novembro de 1971, na casa de Elza Soares e Mané em Milão. Essa mesma matéria foi publicada em 1975 no livro As Grandes Entrevistas do Pasquim - Editora Codecri)

3 comentários:

deBarros disse...

A vida de Garrincha é a história do futebol daqueles tempos em que os "cartolas"mandavam e desmandavam nesse esporte tão popular,que mais destruiam a vida de jogadores de futebol do que construiam. Garrincha foi a grande vítima, sacrificada nesse palco de górias – na época – sem nenhum proveito financeiro que o levou a acabar sem eira nem beira, mais pobre do que quando entrou nesse mecado de corpo e almas, onde talentos nesse esporte eram submentidos à vontade de seus empresários, sem ganhar nada.O Botafogo, de tanta injeçào que aplicava no joelho do Garrincha, para ele poder jogar nos domingos, apressou o seu fim como o grande Garrincha , entortador de seus marcadores. Garrincha morreu, triste e pobre.

Esmeraldo disse...

de barros, uma das imagens mais fortes que já vi foi Garrincha passando na avenida,em 1980, ano em que foi homenageado pela Mangueira. Eu estava cobrindo o carnaval e testemunhei esse momento, um dos mais tristes daquela avenida que é rota de alegria. Havia uma carro alégórico especial para o Mané. No início do desfile, ele fazia embaixadinhas. Pouco metros depois, não aguentou e sentou-se. Já estava doente, de cirrose hepática, acho, tinha sido hospitalizado semanas antes do desfile. Mané foi assim até o fim, acenando levemente pra platéia, quase sem forças, pálido, às vezes deixava a cabeça cair, em seguida, esforçava-se para retribuir os aplausos da multidão. Em um primeiro momento, as arquibancadas aplaudiam. Depois, pelo rosto das pessaos, via-se que baixava uma certa deprê. Na dispersão, saiu carregado. O enredo do Mané estava chegando ao fim, morreu três anos depois.

deBarros disse...

É isso aí Esmeraldo, o herói brasileiro do nosso do futebol destruido pela insensatez, cobiça, insensabilidade de como tratar um gênio desse esporte pelos "Cartolas", que ainda manipulam a seu prazer, os poucos craques que ainda restam desse esporte tão brasileiro que é o futebol. Nós, a nossa geração, fomos testemunhas da ascensão e queda de um dos maiores craques de futebol que apareceu neste país. Garrincha, herói de um povo pobre de heróis que foi a sua alegria no sagrado tapete verde do Maracanã. Amém!