por Gonça
Dois comentários infelizes; do cônsul haitiano George Samuel, que afirmou que "a tragédia é boa para o país", e do ministro Nelson Jobim ao dizer que "falar em desaparecidos é eufemismo". Um brincou com o drama, o outro com a esperança das famílias. Samuel pediu desculpas. Jobim nem isso.
3 comentários:
acho que os dois demonstraram insensibilidade. Mas esse Jobim parece meio arrogante
Bota arrogância nesse Jobim, que infelizmente leva o mesmo nome do sacrosanto Tom Jobim. Tom não merecia isso.
Não é bem assim. Essa história de pedir desculpa em público depois de uma ofensa grave não engana ninguém. E não é pedindo desculpas – diria até cinicamente – que vai resolver o problema. O mal está dito e nada vai apagar isso na mente dos ofendidos. Comparo essas ofensas orais como um soco na cara que quebra o nariz e os dentes do adversário e depois vir pedir desculpas. E o nariz quebrado? E os dentes perdidos?
Aconteceu comigo na redação. Alguns redatores e eu no meio trocavamos opiniões sobre uma reportagem, quando um redator, querendo fazer gracinha, fez uma observaçào de mal gosto sobre mim, fazendo todos em volta acharem muita graça. Me senti tão humilhado que me retirei da sala triste e sofrido. No dia seguinte, como sempre chegava cedo na redaçào, mais ou menos entre oito e nove horas e me achava sozinho no meu computador, quando chegou o redator que me fez a graça humilhante. Ele veio para perto de mim e sério me pediu desculpas pelo ocorrido. Olhei, muito puto pra ele, dizendo: não posso aceitar essas suas desculpas nem hoje nem amanhã. Até porque se você quisesse mesmo se desculpar pela merda que fez teria que fazer diante das mesmas pessoas que presenciaram a sua piada que me ofendia e me humilhava.
Esse redator me olhou espantado e não disse mais nada voltando para a sua mesa. Esse negócio de desculpas é alguma coisa de muito séria e não é para ser feita de qualquer maneira como se desse um bom dia ou uma boa tarde. O ofensor tem que ser humilhado na mesma proporção do que foi o ofendido.
E agora, como é que ficam os haitianos, que perderam suas casas, seus familiares – sem falar nos que perderam as sua vidas – seu modo de viver e estão perdidos nos escombros de sua cidade sem saber o que fazer e para onde vão?
Antes de fazer qualquer piadinha ou qualquer alusão depreciativa sobre fatos dessa natureza devem pensar muito antes de falar. Não é verdade dona Sandy !
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