segunda-feira, 18 de janeiro de 2010

Rio, 445 anos

por Gonça
O Rio comemora neste 20 de janeiro de 2010, 445 anos. Em 1965, a Seleções lançou um caderno especial sobre a cidade que festejava seu 4º Centenário. Para cantar o parabéns, a revista juntou um time de cronistas e celebrou o que o Rio tinha de melhor.
Henrique Pongetti, da Manchete, escreveu: "Rio de Janeiro porque era o dia de Ano-Bom, e porque se equivocaram julgando a entrada da barra o estuário de um manso e caudaloso rio. Ninguém quis depois retificar a certidão de nascimento".
Claudio Mello e Souza, sem saber que um dia a cidade sediaria os Jogos Olímpicos, definiu: "O Rio é uma bola. O Rio é uma boa praça. De esportes também".
Sérgio Porto traçou o mapa da noite com seus inferninhos, bares e botequins. Michel, Le Moulin, Monte Carlo, Beguin, Night & Day, Zum Zum, Jirau, Cangaceiro, Bottle's, Little Club eram os neóns que iluminavam então o Rio que não dormia.
Antonio Callado lembrou frases de escritores famosos submetidos à extrordinária beleza da cidade. Como Stefan Zweig: "Esta cidade das cidades torna o sonho real, mesmo na hora mais tenebrosa, pois não existe no mundo cidade capaz de oferecer maior consolo". O filósofo alemão Konrad Guenther descreveu assim uma das muitas subidas de bondinho ao Pão de Açúcar: "Por cima e por baixo, um oceano de estrelas. A gente sente que desatracou da realidade".
Já Vivaldo Coaracy, autor de Memórias da Cidade do Rio de Janeiro, escreveu sobre as lendas que o mar, as montanhas e as ilhas da baía guardam das batalhas sangrentas que demarcaram esta terra. Uma delas, a da ilha de Mocanguê, hoje uma base de submarinos quase encoberta pela Ponte Rio-Niterói, onde houve um decisivo combate de canoas, Araribóia à frente. "Reza a lenda, o Santo Padroeiro da cidade desceu em pessoa para lutar e assegurar a vitória à brava gente de Estácio de Sá". Quem é o Santo Padroeiro? Está falando com ele, o próprio, o soldado Sebastião que o Rio celebra neste dia 20.
Pra terminar, uma palinha de Machado de Assis: "Falo da minha terra, e a terra natal, mas que não seja uma aldeia, é sempre o paraíso do mundo. Em compensação do que não lhe deram ainda os homens, possui ela o muito que lhe deu a natureza, a sua magnífica baía, as montanhas e colinas que a cercam, e o seu céu de explêndido azul". O Bruxo do Cosme Velho falou e disse. 

A capa do especial de Seleções...


...e anúncios em homenagem à cidade, do BEG..

...do Belcar Rio, da Vemag...


...da Panair...

...da Mercedes (o ônibus é o 484)



o da Shell com o símbolo do 4º Centenário.








4 comentários:

deBarros disse...

Muito bonito tudo o que disseram do Rio, mas faltou acrescentar uma marchinha de Carnaval, que em um dos seus versos dizia:
Rio, cidade que de dia falta água
e de noite falta luz"!

Zander Catta Preta disse...

E outra coisa. O aniversário do Rio é dia 1o de Março. Dia vinte é o dia do padroeiro, São Sebastião.

abraços

Gonça disse...

Você tem razão, Zander, mas como todo fato histórico não é tão simples assim. Uma os livros registram, a outro o povo comemora desde sempre. Fico com o povo. 1º de março é o dia em que Estácio de Sá conseguiu finalmente vencer parte da resistência dos franceses e desembarcar no costão dos morros Pão de Açucar e Cara de Cão e simbolicamente fundou a cidade. Simbolicamente, porque por uns tempos Estácio e suas tropas pernaneceram na praia,acossados pelos franceses que ainda ficaram uns dois anos como donos do pedaço. Mas o Rio é Rio de Janeiro e não de Março. E é Sebastião em homenagem ao Rei de Portugal. Daí, no popular, 20 é a data mais festejada.
Em 1965, ano do Quarto Centenário no dia 20 de janeiro houve segundo a edição de Seleções aí reproduzida e também lançada neste mês, Alvorada Festiva Com Salvas pelas Fortalezas e Navios, Repique de Sinos e Missa Pontifical. Foi, tal como hoje, feriado. No dia 1º de março, a cidade estava em outro ritmo e festa: era Carnaval. Só por isso, a cidade parou, já que 1° de março não era feriado então e não é feriado hoje. Dito isto, parabéns Rio de Janeiro pelos seus 445 anos. Hoje.
Também poderia ser comemorados no dia 1º de janeiro, data em que a Guanabara foi descoberta. Faria sentido. O Brasil, por exemplo, comemora sua descoberta, em 22 de abril de 1500 e não sua "fundação", mais de 40 anos depois junto com a cidade de Salvador, a primeira do novo país. É isso (e obrigado google, rs).

Anônimo disse...

Onde moro,
Há muitos motivos pra chorar...
Mas, insistentemente,
RIO!