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O Titan implodiu nas profundezas do Atlântico Norte. |
Empresas de lazer, como qualquer outra, buscam lucros. É a essência secular do capitalismo. Se uma custosa operação pode ser feita com menos investimentos, é isso que acontecerá.
Em todo o mundo, parques de diversões matam por falta de manutenção, passeios de barcos acabam em tragédias, pessoas morrem em piscinas vítimas da sucção por bombas defeituosas, escaladas conduzidas por guias não preparados, boates pegam fogo, mergulhos coletivos em áreas de tubarões dão errado e mostram que são muitos e frequentes os eventos em que a negligência cobra preço em vidas.
A tecnologia botou o turismo de hiper aventura lá em cima, no caso dos passeios espaciais, ou lá embaixo, tratando-se de excursões como essa do submarino que se perdeu no Atlântico Norte rumo ao túmulo do Titanic.
No últimos dias, o Titan dominou a mídia e as redes sociais. Equipes de busca tentavam localizar o submersível que levava um grupo de cinco pessoas: o piloto e idealizador do veículo, Stockton Rush, diretor-executivo da OceanGate, a empresa que vendia pacotes do passeio ao Titanic, o milionário empresário paquistanês Shahzada Dawwood, seu filho adolescente Suleman, o bilionário britânico Hamish Harding e Paul-Henry Nergeolet, ex-comandante da Marinha Francesa e especialista no naufrágio do Titanic.
Os visitantes das profundezas do Atlântco Norte pagaram caro por uma aventura extremamente perigosa, O cineasta e explorador James Cameron, o diretor do filme Titanic, que fez 33 mergulhos ao local, admite que os risco justificam cuidados redobrandos no design e nos materiais empregados na construção de um submervsível capa de suportar as extraordinárias pressões a 3 mil metros de profundidade.
Cameron sabe o que diz. Ele participou do desenvolvimento de veículos exploradores do oceano. Um deles, o Deepsea Challenger, o levou a 11 mil metros de profundidade nas Fossas Marianas, no Pacífico.
Ontem, o cineasta contou que a Ocean Gate foi alertada sobre o uso de composição de materiais não adequados, como fibra de carbono e titânio, no Titan.
Registre-se que, em entrevista, Stockton chegou a minimizar os protocolos de segurança.
- Em algum momento, a segurança é apenas puro desperdício. Quero dizer, se você só quer estar seguro, não saia da cama, não entre no seu carro, não faça nada. Em algum momento, vai correr algum risco".
O Titan correu o risco e implodiu no fundo do Atlântico. Seus destroços e, provavelmente, os corpos das vítimas, viraram "detritos" espahados a 500 metros dos restos do Tinanica, segundo a dura expressão da Guarda Costeira.
A passagem para uma aventura como a do Titan é para ricos. Stockton Rush cobrava 250 mil dólares de cada passageiro. Não se sabe se o Titan oferecia lanches ou barras de cereal, mas levava uma reserva de oxigênio suficiante para 90 horas e que não chegou a ser consumida: antes da explosão, a pressão marítima, em questão de milésimos de segundos amassou o submarino, como uma lata de cerveja, ainda na descida. Os tripulantes provavelmente nem chegaram a perceber o que aconteceu.
Ainda no campo das hiper aventuras, os vôos espaciais para turistas, também empreendidos por empresas privadas, estão na moda entre os super ricaços. Até agora não fizeram vítimas fatais, mas em lançamentos não tripulados vários foguetes desses empreendedores explodiram nas plataformas de lançamento ou algumas milhas acima.
Vai nessa?
Especula-se que essa postura tem a ver com as eleições para prefeito no ano que vem, em olhar mais próximo, e foco mais distante, mas não menos importante, na sucessão de Lula, sem falar no alinhamento com Romeu Zuma. Daniela, ex-Folha e TV Cultura, vai para o Conexão Globo News.
por Niko Bolontrin
Vários sites brasileiros de futebol especulam há meses sobre o destino de Neymar. Segundo as fofocas sem fontes identificadas, o jogador iria para a Premier League, para o Barcelona, para a Arábia Saudita, para Miami ou para a Itália. A verdade é que não há proposta efetiva para a saída de Neymar do PSG. O time francês que se livrar do seu maior problema, mas não encontrou interessado ainda.
O motivo é simples e a mídia esportiva o ignora. Não há informações confiáveis sobre o resultado da cirurgia no tornozelo a que Neymar se submeteu em fevereiro. Em abril ele teria iniciado a etapa de fisioterapia no PSG. Depois disso, não se falou mais no assunto e não há qualquer indício do seu estado, se chegou a fazer treino com bola ou corridas em campo, previsão para volta etc.
Há que tenha dúvidas se em algum momento a bola vai reconhecer Neymar e vice-versa.
O que se sabe é que ele tem ido a Grandes Prêmios de Fórmula 1 e, no momento, está no Brasil onde promove festa na sua mansão em Mangaratiba.
Talvez a presença em GPs atenda a interesses de patrocinadores e de exposição na mídia.
Até isso está complicado porque as duas últimas notícias sobre ele não são exatamente favoráveis à sua imagem.
Ontem, autoridades de Mangaratiba interditaram a construção de um lago artificial na mansão. Neymar pai estava no local, revoltou-se e recebeu voz de prisão por desacato aos fiscais. Houve um deixa-disso e o empresário não foi detido, mas recebeu uma multa de 5 milhões de reais.
Nessa semana, em outro episódio de repercussão, Neymar admitiu ter traído a namorada, que está grávida. O fato agitou as redes sociais.
Há poucas semanas, Messi declarou que o PSG era "depressivo".
Se Neymar permanecer lá terá problemas de solidão. Messi se mandou, MBppé tirou o time, Sérgio Ramos também. Grande parte do elenco está encerrando contratos ou prazos de empréstimos.
Quem vai apagar a luz do vestiário.
Neymar?
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Vera Gertel na redação da Desfile. Foto Acervo Vera Gertel |
Com o elenco da peça "Eram Todos Nossos Filhos". Reprodução Revista Manchete |
No espetáculo "Arena Conta Zumbi". Reprodução Revista Manchete |
Com Jardel Filho na peça "O Sr. Puntilla e seu Criado Matti". Reprodução Revista Manchete |
A atriz, jornalista e escritora Vera Gertel viveu entre os anos 1950 e 2000 duas fases distintas na Manchete.
Na primeira foi assunto jornalístico motivado pela sua atuação em teatro e cinema. A revista registrou seus momentos marcantes nos palcos e sets. Vera atuou em peças como "Eram Todos Meus Filhos", de Arthur Miller, em 1965, dirigida por Aurtimar Rocha; no mesmo ano, participou de "Arena Conta Zumbi", de Gianfrancewsco Guarnieri e Augusto Boal, ao lado de Nilton Gonçalves, Dina Sfat, Francisco Milani e Isabel Ribeiro; em 1968, foi a vez de "O Sr, Puntilla e Seu Criado Matti, de Bertold Brecht, quando contracenou com Jardel Filho. Ela atuou também na primeira montagem de "Eles Não Usam Black-tie", de Gianfrancesco Guarnieri, em 1958.
Na segunda e longa etapa na Bloch, firmou-se como uma das mais brilhantes jornalistas da editora. Em plena ditadura, quando a censura e os militares hostilizavam a cultura e o teatro sofria um cerco financeiro e ideológico, Vera Gertel viu no jornalismo uma opção de sobrevivência.
Talvez, naquele momento, começo dos anos 1970, não imaginasse que permaneceria na Bloch até o fim da editora, em 2000. Na Desfile, Manchete e como editora do suplemento Manchete Saúde, ela mostrou sua versatilidade. Tanto entrevistou personalidades como Darcy Ribeiro, Ruth Cardoso, Dina Sfat e Dias Gomes como cobriu desfiles de moda em Paris. Nos anos 1990, editou um elogiado e inovador suplemento que, em torno do tema saúde, abordava bem-estar, arte, celebridades e literatura. Na revista Desfile, ela deixou sua marca ao provar que uma publicação voltada para o público feminino podia ser um instrumento para valorização da mulher, discutir suas causas e combater chavões, bordões e lugares-comuns daquele segmento jornalístico.
Outro importante capítulo da sua vida foi a militância política e artística que a levou a ser presa durante a ditadura. Sua trajetória de atriz e a inseparável luta política estão contadas na autobriografia "Um Gosto Amargo de Bala" (Record).
Vetra Gertel faleceu na última segunda-feira, no Rio de Janeiro. Faria 86 anos em outubro. Ela deixa um filho, o roteirista Vinicius Vianna, do seu casamento com Oduvaldo Vianna Filho, e o marido e jornalista Jânio de Freitas.
Leia a matéria do DCM.
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Atores caracterizados como James Joyce e sua época, em Dublin |
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Bloomsday em Irati, no Paraná e... |
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...no Rio. |
O culto ao romance cresceu ao longo das décadas e acabaria gerando o Bloomsday, o único dia no mundo dedicado a festejar um personagem de ficção. Alguns especialistas sustentam que já em 1925 a data era comemorada por amigos do escritor; outros, que só o foi a partir da década de 1940, após a morte de Joyce. Na verdade, o Bloomsday só foi institucionalizado a partir dos seus 50 anos, em 1954. De lá para cá, as celebrações – inicialmente limitadas à Irlanda – espalharam-se pelo mundo inteiro e hoje abrangem uma quantidade de cidades, inclusive brasileiras.
Em Dublin, locais citados no livro são visitados e várias pessoas envergando roupas da época, trombam com sósias de James Joyce e seu bigodinho típico. À hora do almoço, uma multidão se aglomera no pub Davy Byrnes, onde Leopold Bloom – vendedor ambulante de pequenos anúncios de jornal – fez uma modesta refeição: sanduíche de queijo gorgonzola com uma taça de Borgonha.
Este ano, o culto e as festividades ao redor do mundo só fizeram crescer. Para se ter uma ideia de até onde vai o Bloomsday, a cidade de Irati, no sudeste do Paraná, acrescentou ao rodeio tradicional, à Festa do Chope e da Linguiça (Deutsches Fest) e à Festa do Borrego no Rolete uma maratona de 19 horas sobre o Ulysses de Joyce. São Patrício que se cuide...
A história mostra que a mistura de alguns deputados com cartolas do futebol brasileiro costuma ser caótica.
Lula sancionou a Lei Geral do Esporte. A ideia é unificar e atualizar a legislação do setor, mas o presidente foi obrigado a vetar cerca de 50 pontos, a maoria dribles na Constituição aprovados pelo Congresso. Havia artigos que contariavam direitos trabalhistas e davam aos cartolas o poder de desrespeitar contratos legais. Grupos ligados aos clube-empresa (SAF) e aos fundos financeiros que estão por trás da formação de uma liga nacional se articularam junto a parlamentares ligados ao futebol. Como Lula vetou trechos, os deputados poderão errubar os vetos, o que levaria a matéria para o STF julgar as inconstiticuonalidades. Jogadores de futebol haviam, ór exmepçlo, protestado contra o artigo que dava direito aos clubes de dispensar atleas e não pagar multa rescisória e treinar durante folgas. A cartolagem também defendia a criação de tribunais esportivos para cada modalidade, em vez de instiuições cetralizadas, como é atualmente, o que criaria uma multidão de empregos para os dirigentes distribuirem entre os mais chegados. A ministra do Esporte Ana Moser defendeu os vetos e considerou a lei um grande avanço. Como exemplo, a instituição de punições contra a corrupção privada no esporte e para atos de homofobia, racismo, xenofobia e sexismo.
O título poderia ser "Aceno diplomático do PC chinês ao PT". Mas O Globo preferiu desinformar o leitor e embarcar na fake news bolsonarista que insinuou falsas ligações do PT com a sigla do crime organizado. PCC para a maioria dos leitores é "Primeiro Comando da Capital". O Globo sabe disso. A fantasia do título obedece à linha editorial do jornalão da oligarquia Marinho e aos seus editores amestrados.
Audrey Hepburn em "Bonequinha de Luxo" ("Breakfast at Tiffany’s") durante a cena-título na loja da griffe em Nova York. Foto:Divulgação Paramount |
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O coraçãozinho da Tiffany sobre o tubinho preto da Audrey Hepburn. |
https://www.youtube.com/watch?v=Bk93NaY70Tg
Quando viajei com minha mulher Lina para Nova York em dezembro de 1976 eu já estava namorando a Lena, colega de trabalho na Bloch. E apaixonado. É uma situação terrível essa superposição de casamentos. No futebol imperava a nova estratégia de Coutinho e seu jargão parecia ter tudo a ver comigo: overlapping, ponto futuro, polivalente...
Uma manhã acordei cedo, Lina dormia ainda, fui caminhar por NY, já toda decorada para o Natal. Tinha visto num jornal a promoção especial para namorados da Tiffany, que ficava perto do meu hotel. Aquela saída sozinho era um crime deliberado, com a intenção de comprar o pendente de coraçãozinho de prata para a Lena, custava apenas US$19,99, mas era uma lembrança inestimável.
Lina tinha estabelecido protocolos especiais para nossa união informal. Fã de Sartre e Simone, propunha uma franqueza total. Caso um de nós se apaixonasse por outra pessoa, informaria ao parceiro. Ingênuo, cumpri o combinado e confessei que estava apaixonado pela Lena. Lina reagiu da pior maneira possível. Era nove anos mais velha do que eu, que era catorze anos mais velho do que a Lena. Ferida na autoestima, decidiu vingar-se arrancando todo o meu dinheiro. Não só ficou com nosso apartamento na Rua das Acácias, na Gávea, como com uma pensão mensal. Tive de recomeçar do zero com a Lena e em abril de 1978 casamos em cerimônia coletiva no cartório da Djalma Ulrich, em Copacabana. Lina, que era casada com o maior doleiro do Rio, podre de rico, tinha assinado a separação em branco, abrindo mão de seus direitos.
Quis conhecer a Lena e o insólito encontro se deu justamente dentro do nosso fuscão diante da porta do prédio do Russell, 804. Entrou para as “memórias da redação” com toda a galera da Bloch assistindo das janelas e torcendo por algum derramamento de sangue. Lina repetia o protocolo de “passagem de pasta” ao qual me submetera em Paris, quando decidimos morar juntos, prometendo que cuidaria dela com o maior desvelo ao seu amante francês, Jerôme – um arquiteto que circulava pelos bulevares numa Porsche de capota arriada, como nos melhores filmes da nouvelle vague.
Ao contrário do marido doleiro, Lina era péssima nos negócios: vendeu o apartamento da Gávea, comprou um studio em Paris, mas foi ludibriada e acabou perdendo o imóvel. Em 1983, voltou ao Rio e entrou na justiça contra mim.
Só em 1987 – dez anos após o fim de nossa união – mediante uma polpuda quantia que levantei com meu Fundo de Garantia da Bloch, ela me deixou em paz. Nunca mais a vi, nem no seu enterro, em 2009, aos 80.
Outro dia, mexendo nos seus guardados, Lena reencontrou o coraçãozinho da Tiffany, que estava sumido há décadas. Um reencontro providencial: eu não tinha meios para lhe dar uma lembrancinha de rubi por nossos 45 anos de casamento, completados em abril.
Agora, se o "coletivo" ouvido pelo Metrópoles estiver certo - aliás, que coletivo, as fontes são ministros e aliados, assim no plural - Lula precisa urgentemente trocar de "entorno".
Em 1972, Astrud voltou ao Brasil. O fotógrafo Luis Alberto e a repórter Tânia Carvalho a levaram ao Parque da Cidade, na Gávea, que ela costumava frequentar quando morava no Rio de Janeiro. Foi em 1972. Na foto menor, a cantora posou com o filho Gregory.
por José Esmeraldo Gonçalves
A nova realidade do mercado para jogadores passou a incluir a Arábia Saudita. A grana que bancou CR7. Há alguns anos, a China foi um destino promissor, chegou a pagar bem, mas regridiu. O soccer norte-americano levou Pelé e Carlos Alberto, em antigas eras do Cosmos e, há alguns anos, contratou a estrela David Beckham. Acontece que o soccer nos Estados Unidos parece ter um teto. Faz grandes contratações mas não consegue ultrapassar a bolha do público hispânico. Não se imagina o futebol como o conhecemos competindo lá com o basebol e o futebol americano. Alguns críticos dizem que os Estados Unidos são o mais luxuoso cemitério do futebol. Agora Messi anuncia que vai jogar no Inter de Miami, seja lá o que for isso. Um dos sócios do time e Beckham, o que não quer dizer muito: Ronaldo Fenômeno já foi dono de um time lá e não decolou. O craque Messi já vislumbra a aposentadoria. A Flórida é destino dos ricos aposentados. Tudo a ver, ele admite que passar mais tempo com a família é sua prioridade. Mas o momento é bom. Estados Unidos, Canadá e México sediarão a próxima Copa do Mundo e isso deve impulsionar algum interesse em direção à clássica bola redonda em um país habituado a uma estranha bola oval. Neymar já demonstrou interesse em se mandar para a liga norte-americano. O momento é de impasse entre ele e o PSG e grandes times europeus relutam em investir no brasileiro, pelo menos não surgiu proposta sólida até o momento. A festiva Miami pode, quem sabe, atrair Neymar para a sua fase de aposentado. O futuro da carreira do brasileiro é uma incógnita, até mesmo fisicamente. Mesmo que permaneça no PSG, a volta aos gramados no começo da temporada europeia é improvável. Fotos recentes exibidas no programa do Craque Neto denunciam um Neymar com quilos a mais e difíceis de serem carregados em campo. Já para o nível do futebol em Miami isso não seria tanto problema assim.
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Sociedade secreta em festa. Cena meramente ilustrativa, do filme "De olhos bem fechados". |
Estive fora do Brasil por uns dias. Foi como se perdesse capítulos de um seriado instigante. Só se fala na Festa da Cueca. Que diabos foi isso? Tive que investigar, perguntar na vizinhança e na fila do pão. Soube que um ex-delator da Lava Jato que prestava serviço de espionagem para o "papa" e os "cardeais" da operação teria gravado um vídeo de uma noitada sexo-jurídica realizada em uma suíte de um hotel de luxo. Data vênia, a jornada noturna entrou e saiu, muito apropriadamente, para os anais do Direito. Dizem que o vídeo foi surrupiado por uma dos magistrados e cremado durante uma sessão de livramento evangélico.
Sabe-se que os togados botaram pra quebrar mas, sejamos justos, mantiveram o notório saber jurídico. No meio da suruba desembestada era comum uma autoridade dirigir-se a um colega e respeitosamente.
- Requeiro a minha vez com a postulante, estou aqui em estado de privação.
- Pois não, excelência, minha audiência com a jovem está terminando E quid pro quo a fila anda.
Em determinado momento um procurador desavisado entrou com um processo na vara errada e perdeu a causa. Aparentemente criou jurisprudência porque a dita instância passou a ser o foro privilegiado para um colegiado descontraído. Na ofurô, eu disse ofurô, uma jovem prestava queixa de um magistrado que não conseguia concluir a coisa julgada. A jovem pedia uma arbitragem sobre a indenização devida.
Por decurso de prazo, a suruba acabou antes do dia amanhecer. Os togados providenciaram a anulação processual. Por isso, a gravação foi destruída. In verbis.
Usada nas manifestações de 2013, a camisa da seleção se transformaria
nos anos seguintes em uniforme da direita radical. Coincidência? Foto Fábio Rodrigues Pozzebom/Agência Brasil
por Flávio Sépia
Provavelmente, havia os bem-intencionados, mas os manifestantes de 2013 não contavam com a história.
Se havia democratas entre as pessoas que foram às ruas, o tempo, essa divindade cruel, os consagrou dez anos depois como os maiores otários do século.
O que as manifestações de 2013 produziram?
O golpe contra Dilma Roussef, a ascensão de Eduardo Cunha e Temer, a corrupção e os desmandos jurídicos da Lava Jato e a onda de colunistas da ultra direita que ocupou os princpais veículos. As "jornadas" de 2013, que a mídia conservadora exaltou nos últimos dias, levou para as ruas uma horda de preconceitos, racismo e agressividade, "valores" que, em seguida, foram colados nas urnas e elegeram políticos fascistas. O pior: transformaram um sujeito do baixo clero em presidente.
Não se pode dizer que os manifestantes de 2013 não mudaram o Brasil. Mudaram muito e para pior.
O manifestantes de 2013 deram sua contribuição para que Bolsonaro e suas gangues políticas desmontassem a fiscalização do meio ambiente, botassem armas nas mãos de assassinos e atravessadores de fuzis para o crime organizado, matassem Marielle e Anderson, Dom e Bruno, Luiz Carlos Cancelier, Marcelo Arruda, além de líderes ambientais e rurais e indígenas, produzissem na legislatura passada e repetssem em 2022 dois dos piores Congressos da história política do Brasil, anulassem leis trabalhistas e previdenciarias, transformassem a "rachadinha" em fonte de enriquecimento, destruissem empregos, tentassem normalizar o trabalho escravo e, finalmente, levassem o Brasil a ser top five global em números de mortos durante a Covid.
O país tenta agora se recuperar disso tudo. Conseguirá? Há dúvidas. O processo político que as manifestações de 2013 despertou também resultou em um Congresso com maioria da direita que, 10 anos depois, tenta paralisar o governo.
A inspiração fascista que saiu das ruas não foi embora. Os ataques terroristas em dezembro e janeiro últimos são o mais recente troféu que ainda traz digitais das "jornadas" de 2013. As mesmas forças continuam aí.
Estranhamente, sumiram apenas os jovens que pediam passagens de ônibus a 20 centavos. Os preços aumentaram acima das inflação nos anos seguintes e eles nunca mais deram as caras. Desapareceram os black blocs, que tinham a missão de acender o gatilho da violência nas passeatas e justificar a repressão policial. Os manifestantes de 2013 protagonizaram na verdade uma versão tosta, mas efetiva, da Marcha sobre Roma de 1922. A mão que os levou às ruas pode voltar, a qualque momento, a ameaçar a democracia. Alguém duvida?
por Ed Sá
Na sua coluna de hoje, no Globo, Washington Olivetto compara os desfiles dos Windsor às escolas de samba cariocas. Em solenidades como coroação, enterros etc, The Mall vira Sapucaí. Pensando bem, como se viu na recente sagração do Rei Charles, Londres emula o sambódromo. Tem comissão de frente, tem destaque e alegorias vivas, tem o homenageado, tem enredo, o carnavalesco é o responsável pelo cerimonial, tem os baluartes, que são os demais membros da família real e a bateria personificada pela banda da guarda real. A praça da apoteose, tal qual Darcy Ribeiro imaginou para o final dos desfiles das escolas de samba, é o largo diante do Palácio de Buckingham.
Era uma data festiva. Sabe-se lá qual. Pode ser de um almoço de fim de ano, com alguns colegas usando o branco de lei. Vamos aos nomes: em pé, esq. para dir., Hélio Carneiro, dona Bella, Haroldo Jacques, Adolpho Bloch, Carlos Heitor Cony, Roberto Muggiati, Janir de Hollanda, Pedro Jacques Kapeller, Claudia Richer, Roberto Barreira, Lena Muggiati e Tarlis Batista; e, sentados, a partir da esquerda, Vera Mendonça, Marilda Varejão, Celso Arnaldo Araújo, Ateneia Feijó, José Esmeraldo Gonçalves, Lincoln Martins, Sylvia de Castro e Silvia Leal Fernandes. (José Esmeraldo Gonçalves)
1958: Brasil vence a Copa do Mundo, na
Suécia, e revela um jogador de 17 anos que viria a ser, logo depois,
considerado Rei de Futebol. Edson Arantes do Nascimento, ou melhor, Pelé, fazia
sua estreia no mundo.
por J.A. Barros
Naquele ano,1958, eu trabalhava no Departamento de Arte da revista O Cruzeiro. A seleção, na Suécia, acabava de conquistar a Copa do Mundo e, ao voltar ao Brasil, desembarcou no aeroporto do Galeão. Os campeões, a bordo de um carro de bombeiros, desfilaram pela cidade até o Palácio do Catete, onde o presidente Juscelino Kubitschek os homenageou.
Pois bem, diante desse fato, a direção de O
Cruzeiro, também resolveu receber os jogadores no salão da sua sede, projetada
por Oscar Niemeyer, na Rua do Livramento, Gamboa, no Centro do Rio de Janeiro.
No espaço nobre, no oitavo andar, decorado com 12 obras em grandes formatos assinadas
por Portinari (em cada quadro, um aspecto histórico do Brasil era contado pelo
pincel desse grande artista). No salão, montaram mesas de finos salgados,
champanhe, de batatas fritas a caviar, enfim, um bufê servido pela Confeitaria
Colombo. Mas o problema era como conseguir sequestrar a Seleção, desviando o
comboio do seu trajeto e conduzindo-o para o prédio da revista. Estava previsto
que o cortejo passaria na Av. Rodrigues Alves, nas proximidades da Livramento.
Rodolfo Brandt, que fazia parte do grupo de jornalistas da revista Cruzeiro,
pilotava uma motocicleta. Assim que a comitiva saiu do Galeão, Rodolfo se
posicionou à frente do carro dos bombeiros e passou a liderar a comitiva. O
jornalista entrou na Rodrigues Alves e, na rua onde arqueólogos descobriram antigo
cais do porto de desembarque dos escravizados, conduziu a moto em direção à sede
da revista. Atrás dele vieram os bombeiros e os craques em caminhão aberto. Daí
em diante foi fácil. Rodolfo pegou a Sacadura Cabral e, em seguida, a Rua
do Livramento. Em poucos minutos, a seleção
entrou no salão de O Cruzeiro. Em princípio, o grupo de jogadores não entendeu
muito o que estava acontecendo, mas resolveu relaxar e aproveitar o
momento. Nós, do Departamento de Arte, que estávamos trabalhando,
corremos para o salão para conhecer os campeões Garricha, Newton Santos, Vavá,
Orlando e todos os outros jogadores. Mas nos detivemos em um garoto que, um
pouco tímido, passou a conversar com a gente e contou os gols que fez na Copa e
lembrou das lindas moças de cabelos louros e olhos azuis. O garoto modesto nos
disse o seu nome. Pelé. Ora, mal sabíamos que aquele menino seria o melhor
jogador de futebol do Brasil e do Mundo. A seguir, a seleção retomou seu
roteiro, afinal, um Presidente da República estava aguardando os campeões do
mundo havia algumas horas.
O "sequestro" não resultou apenas em
comemorações: repórteres e fotógrafos da revista fizeram matérias exclusivas
com os heróis do primeiro título mundial
da seleção brasileira. Além disso, fomos os primeiros a ver de perto a Taça
Jules Rimet. Em certo momento, o goleiro Gilmar foi para a rua e posou beijando
a taça com a sede de O Cruzeiro ao fundo.
Samuel Beckett: cabeça de bala de fuzil
Foi
na última vez que vi Orly, voltando definitivamente para o Brasil, depois de
dois anos de Paris e três de Londres. Na antessala de embarque do aeroporto, vi
de repente aquela cabeça única, inconfundível. Samuel Beckett, no bar, tomava
cerveja (nada mais dublinense) descontraidamente – logo ele? – com três
rapazes, pinta de irlandeses. Beckett tinha 59 anos, parecia sem idade,
imortal. Daí a quatro anos ganharia o Nobel. Atrás de uma coluna, num canto,
Godot espreitava. Ao ver aquela cabeça incrível, bala de fuzil, congelei. Seis
anos antes, em Curitiba, eu tinha lido o livro-fetiche do Luiz Carlos Maciel, Samuel Beckett e a solidão humana. O
homem era um monumento. Foi a única ocasião na vida em que eu – anarquista e
ateu – quase acreditei ter visto Deus de perto. Em tempo: Godot é um trocadilho bilíngue de Beckett juntando God – Deus em inglês – com o sufixo
diminutivo francês ot (inho)...
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Reprodução Twitter |
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Recorte reproduzido do Globo 27-09-2023 |
por José Esmeraldo Gonçalves
Houve uma época que a Revista do Rádio publicava uma coluna de fofocas chamada Mexericos da Candinha. A maioria das "notícias" saía da imaginação dos colunistas costurada com algum falatório quase sempre de origem também não comprovada. As "fontes" nunca eram identificadas. Os mexeriqueiros davam "exclusivas" sobre celebridades traídas atribuindo os flagras a "um porteiro de uma 'boite' em Copacabana", "o chauffer do Oldsmobile do cantor", "um famoso prod seutor do teatro- revista nos segredou que viu um ator de radionovelas cortejando uma menina de 13 anos na Rua Duvivier". Na época, tais colunistas também frequentavam os corredores da Rádio Nacional onde "ouviam" camareiras, técnicos do estúdio e contra-regras para saber dos mexericos.
Atualmente, o tema dos fofoqueiros é a política, o território é Brasília e as "fontes" jamais identificadas são "o entorno de Lula", "assessores" etc. Às vezes, Candinha manda lá um "ouvido no Planalto". Dizem que quem inaugurou esse estilo na política e em Brasília foi o falecido colunista Jorge Bastos Moreno que cultivava a intimidade com os poderes e recheava seus textos com "clima" leve e "informal".
Jornalistas foram muitas vezes cruéis com Dilma Rousseff. A maioria, engajada na campanha do golpe, pegava pesado. Os vestidos de Dilma, o jeito de andar e falar, a alegada "grosseria", tudo era motivo de pesadas críticas.
Já que não houve crime, vai ver que Dilma foi derrubada por usar um vestido supostamente "deselegante".
Agora, as e os Candinhas atacam Janja. Segundo Malu Gaspar "apurou", ela é a grande responsavel pela falta de uma base governista no Congresso. E por que? As "fontes" confidenciaram que Janja quer que na hora do almoço Lula...almoce. Aparentemente, a julgar pela nota, Lula deveria usar esse horário para se reunir com politicos e construir a base entre um bife a milanesa e uma goiabada com queijo.
Geralmente nesses almoços reservados são servidas armadilhas ao ponto. O sujeito convidado sai da mesa e liga pra Candinha e passa a sua versão do encontro. É assim que funciona. Claro que Candinha iria adorar. A "fonte" garçom poderia fantasiar que Lula bebeu o uísque mais caro, pediu caviar, arroz com açafrão iraniano e, durante o almoço, fez uma chamada de grupo para Putin, Maduro, Ortega e Kim Jong-un. Isso segundo o garçom. E a Candinha ainda avisaria que havia outra testemunha confiável: o cumim do restaurante.