domingo, 18 de setembro de 2022

Velório alegre - Bolsonaro e Michele na praça é nossa.

 

Reprodução Twitter


O casal achou o velório a coisa mais engraçada desde que a pandemia matou 685 mil brasileiros. Vejam com a dupla sai rindo pra cacete do Westminster Hall.

Mídia: É isso mesmo? Miriam Leitão vê algo positivo no desmatamento

 

 Miriam Leitão surpreende. Na Globo News, de forma superficial até pela falta de tempo, ela bateu bumbo pelos números da economia que o governo Bolsonaro divulgou, sem o contexto nem as críticas com que economistas independentes analisaram a "recuperação" da economia. Bolsonaro adorou. Agora, no Globo de hoje, ela produz a frase " o desmatamento cresceu, mas esse área vazia permite expandir a pecuária sem derrubar novas áreas". Miriam Leitão acaba de descobrir o "lado bom" do desmatamento.


Racismo, não - Tweet de ESPN Brasil (@ESPNBrasil)

ESPN Brasil (@ESPNBrasil) Tweetou para 4:28 PM on dom., set. 18, 2022:
BAILA, BRASIL!🎉

Rodrygo abre o placar com lindo gol e comemora dançando com Vini Jr!

VEJA O GOL👉 https://t.co/wDoYTDWF2g

Atlético de Madrid 0 x 1 Real Madrid

#LaLigaNaESPN #FutebolnaESPN https://t.co/FBfGUIVCBn
(https://twitter.com/ESPNBrasil/status/1571582024321835008?t=EbgAyIkbKcAdd8yFKnsaIA&s=03

Será?

 

Reprodução Twitter 

A "conja", o pastel e a fome

 


Em campanha para a Câmara dos Deputados, Rosângela Moro, a "conja" do ex-juiz, come um pastel "eleitoral" em São Paulo. Ao fundo, à direita, uma senhora cata restos do lixo. Após a primeira mordida, ela se volta, gira e continua  ignorando a cena da vida real. É o vídeo mais simbólico da semana.  Viralizou nas redes sociais e foi compartilhado pelo DCM. 

Memes eleitorais...

 

Conta de somar e...

a referência  dos designers democratas ao 22 fascista. Em tempo, no Código Penal (1940) o artigo 22 define o incapaz...  


Da Boca Maldita sei eu... Por Roberto Muggiati

 


Boca Maldita na década de 1960. Reprodução Pinterest

Nascido em Curitiba, onde morei exatos 23 anos – no dia do meu aniversário botei o pé no mundo, ou melhor, voei nas asas da Panair para Paris – lembro bem dos primórdios da Boca Maldita. Em seus tempos mais cândidos, Curitiba se autodenominava Cidade Sorriso, passando uma imagem cordial. 

Quando resolveu assumir uma postura mais verdadeira – já dizia Rimbaud, “Quelle âme est sans défauts?” – surgiu a Boca Maldita. Oficialmente, a confraria dos “Cavaleiros da Boca Maldita de Curitiba”, em 13 de dezembro de 1956. Na mesma data, em 1966, teve seus estatutos criados e, em 29 de setembro de 1975, foi finalmente registrada. Seus principais fundadores foram o político e cartola Anfrísio Siqueira e o jornalista Adherbal Fortes de Sá Junior, que lhe deu o nome.

Jornalista já aos dezesseis anos, em 1954, eu costumava orbitar depois dos fechamentos da Gazeta do Povo em torno dos restaurantes e confeitarias da Cinelândia. Ela ocupava a “avenida mais curta do mundo” (150 metros), então João Pessoa, hoje Luiz Xavier. Na esquina da Avenida com a Rua Ermelino de Leão abriu um café, daqueles da Era a.E [antes do Espresso], com cafezinhos passados em coador de pano e tomados de pé diante do balcão em pequenas xícaras de louça. Os cafezinhos saborosos de uma marca confiável logo começaram a atrair hostes de jornalistas, advogados, políticos e desocupados, que eram maioria naquela fauna desvairada, essencialmente masculina.

A festa de aniversário da Boca tornou-se seu maior evento da Boca, quando 40 pessoas recebem o título de “cavaleiro” da confraria. Entre os agraciados figuram Antônio Ermírio de Morais, Carlos Ayres Britto, Nelson Jobim e Ziraldo.

Apesar (ou por causa) da ditadura militar, a Boca Maldita viu crescer nas décadas de 60 e 70 (quando a Avenida virou um calçadão pedestre exclusivo) seu papel de tribuna livre, mesmo depois do AI-5, pela impossibilidade de se censurar suas atividades essencialmente orais (verba volant...). Isso justifica o fato de ter sido a Boca Maldita escolhida em 1984 como o palco inicial da campanha nacional pelas Diretas Já!

Lula e curitibanos se encontraram na...

Boca Maldita, ontem. Fotos Ricardo Stuckert


Passou também a ser o local favorito para comícios eleitorais, como o que ocorreu neste sábado, de Luiz Inácio Lula da Silva. Por isso, mesmo longe de Curitiba há tanto tempo, declaro aqui o meu desejo de receber, um dia, o título de Cavaleiro da Boca Maldita.


1965, o último grande funeral: “Eu enterrei Churchill na BBC” • Por Roberto Muggiati


O cerimonial proibia que se fotografasse o caixão de Churchill. Apesar disso, Jáder Neves
fez essa foto exclusiva para a Manchete




Churchiil velado no Westminster Hall. Jáder fez essa imagem a partir das galerias. 


Manchete, 1965: a cobertura do adeus a Churchill foi feita por
Narceu de Almeida e Jáder Neves



No domingo 24 de janeiro de 1965 eu fazia sozinho a transmissão ao vivo do Serviço Brasileiro da BBC. O trabalho consistia em levar ao ar programas pré-gravados durante a semana pela equipe, excetuando dez minutos do boletim de notícias e dos editoriais, traduzidos uma hora antes das doze badaladas do Big Ben (oito da noite no Brasil), para injetar o máximo de atualidade na programação. 

Naquela noite foi tudo diferente. Tinha morrido, aos 90 anos, Sir Winston Leonard Spencer Churchill, o lendário ex-Primeiro Ministro britânico. Limitei-me a dar a notícia pontual do falecimento, liberada pela newsdesk que fornecia os boletins para os serviços da BBC em língua estrangeira, e mandei rodar a fita com o obituário do grande estadista.

Em meus primeiros dias de BBC, em agosto de 1962, fiquei sabendo da existência daquela fita com o perfil do grande estadista. Ela era periodicamente atualizada, mas, a partir de junho de 1962 – quando fraturou os quadris em Monte Carlo, Churchill praticamente não saiu mais de casa. Aliás, em meus primeiros dias de Londres, morando provisoriamente no apartamento de um amigo em Kensington, eu podia ver da janela dos fundos a casa de Churchill em Hyde Park Gate, com um policial sempre à porta. 

Em 12 de janeiro de 1965 o ex-Premier sofreu um derrame que colocou toda a mídia em alerta. Na BBC eu mantinha um regime de trabalho muito conveniente para mim: trabalhava na redação das 10 às 17 as quartas quintas e sextas e na transmissão direta aos sábados e domingos, isso me deixava totalmente livre às segundas e terças. Enquanto a metrópole de oito milhões de habitantes labutava, eu folgava, fazendo da fascinante London meu parque de diversões cultural. E o trabalho no fim de semana se resumia a uma hora de transmissão cada dia, mais o tempo de tradução dos boletins e editoriais – uma hora no sábado para traduzir os artigos e notícias, mais o adiantamento dos artigos do domingo, e meia hora apenas para a tradução do boletim no domingo.

Roberto Muggiati na BBC


Por mera obra do acaso, coube a mim irradiar em português para o Brasil naquele domingo a morte de Churchill, no dia exato em que fazia 70 anos a morte do seu pai. O correspondente de Manchete em Londres era meu amigo Narceu de Almeida, que no ano seguinte assumiria a chefia da Sucursal de Paris. Como Narceu não podia estar a todo tempo em toda parte, ajudei-o pontualmente na apuração de retaguarda. 

O fotógrafo designado para cobertura foi Jáder Neves, que não falava uma palavra de inglês, mas era um daqueles veteranos confiáveis do diretor da revista, Justino Martins. E não deu outra: Jader cumpriu tudo o que se esperava dele, com uma demonstração de perseverança e malandragem de que só um dos nossos “pés-de-boi” seria capaz.  Movido pelo pavor de perder o emprego caso não fizesse a foto do caixão sobre o catafalco em Westminster Hall, Jáder fez o impossível. Era terminantemente proibido fotografar  no recinto e batalhões de policiais estavam a postos para impedir a ação. Jáder ficou horas na fila e, ao se aproximar do caixão, sacou sua Rolleiflex, escondida debaixo da capa de chuva, mas a máquina foi imediatamente arrebatada por um bobby esperto. Sem se dar por vencido, voltou ao final da fila e reiniciou a operação, até ter a câmera novamente recolhida. Já na madrugada, depois de várias tentativas, Jáder pegou a guarda desatenta e “bateu a chapa” tão esperada. Foi o único fotógrafo do mundo a conseguir a façanha. Só na Manchete aconteciam coisas assim...

sexta-feira, 16 de setembro de 2022

Chico Cesar canta "Bolsonions são demônios"


Neste momento Chico Cesar bomba na internet.  Ele acaba de lançar a melô do regime Bolsonaro. Leia a letra e veja o vídeo.

Bolsominions são demônios

satã num condomínio

Bolsominions são vergonhas

Que pastavam distraídos

Whisky modesto, horror a festa

E a risada instruída

A bolsa de valores sem valores

Os corpos molhados sem alma

O sangue de barata e a raiva por toda humanidade que não quer ser salva


Clique Aqui para ver o vídeo 

Tem mais gente na fila do Auxílio Brasil do que na "queue" para o povão dar adeus à Rainha Elizabeth



A fila londrina. Foto. Instagram 


A fila carioca. Foto ReproduçãoTwitter

por O. V. Poche
O mundo se curva mais uma vez diante do Brasil. Em algum momento, somando todo o país, a fila para o cadastro no Auxílio Brasil chegava perto de 2 milhões de pessoas. A fila para a despedida da Rainha Elizabeth ainda está em andamento, mas não deverá bater esse recorde. A "queue" como eles chamam, é um evento em Londres. Sem ofensa, um festival,  um Rock'n Buckingham. Tem gente passando 18 horas enfileirada para ter direito a 15 segundos diante do caixão fechado de Elizabeth. 

Não há registros de incidentes nas madrugadas da fila do Auxílio. Assaltos, por exemplo, ou não aconteceram ou não foram noticiados. Dá para entender, a galera em busca do Auxílio está apenas se inscrevendo pra receber depois. Entra e sai da fila sem grana. 

O que há, no Rio, e já é tradição em filas longas, é a venda de lugar. O cara vira a noite na parada e, de manhã, vende o lugar para um retardatário que não quer perder muito tempo na fila. 

Beckham na espera: 13 horas na fila

Em Londres não tem disso. Segundo o Telegraph, o ex-jogador Beckham passou 13 horas na fila antes de prestar sua homenagem à rainha. Se fosse aqui, como vip, furava a multidão na boa. 


Deu no Telegraph: importunação sexual na madrugada

Em compensação, o mesmo Telegraph conta que houve pelo menos um caso de importunação sexual na fila londrina. Um sujeito de 19 anos que supostamente iria prantear Elizabeth cansou de esperar e, como não estava fazendo nada mesmo, botou o pau plebeu para fora, exibiu-se para duas súditas e tentou agarrar a que estava mais perto. Foi perseguido por um guarda, chegou a pular no Tâmisa, mas foi detido. 

O jornal conta que cerca de 400 pessoas passaram mal na fila e muitas precisaram de atendimento hospitalar. O motivo? Ficar em pé por cerca de 10 a 15 horas. A fila andava sempre, mesmo lentamente, e não dava para sentar no chão.

Outro rumor envolve Donald Trump. O ex-presidente americano não foi convidado. O cerimonial do Buckingham deve ter achado que no gênero baixo nível bastava Bolsonaro. Trump vai insistir, recomenda-se checar a fila, ele pode dar uma de penetra. Quanto a Bolsonaro, o serviço secreto provavelmente vai avisar que não é permitido fazer motociata na The Mall e o funeral não é lugar para discurso eleitoral nem para reunir apoiadores no "cercadinho".   

Felizmente o Brasil está representado na comoção londrina por alguém mais que não é o Bozo. A jornalista Cecília Malan, da Globo, está de luto desde que o médico deu o atestado de óbito da rainha. Ela sente que nos representa e relatou sua odisseia de pessoa física durante oito horas na fila quando curtiu cada momento. A entrega da pulseirinha verde para acesso aos 12 segundos diante do caixão real foi comemorada como se fosse um título de lady do império. "Seis horas depois. Um último adeus. Ainda estou meio sem palavras", disse.

Não merece crítica. Emoção está na latinidade. Que bom que o jornalismo é feito por gente como a gente. Hebe Camargo já ensinava  isso. A legítima emoção da repórter equivale perfeitamente às lágrimas da dona Celeste do Morro Agudo quando teve aprovado seu cadastro para receber o Auxílio Brasil. 

Nisso, a intensa capacidade de emocionar, a fila de Londres tem a ver com a fila do Auxílio Brasil. Não se desesperem, Malan e dona Celeste mostram que o mundo tem jeito. 

 (Post atualizado em 17/9/2002)

É HOJE: LANÇAMENTO DO LIVRO "1979 - O ANO QUE RESSIGNIFICOU A MPB" - ÁS 19 HORAS NA LIVRARIA DA TRAVESSA, LEBLON

 


Virou meme: o erro de Bolsolnaro ao assinar o livro de condolências da Rainha Elizabeth II.

 


Segundo Bolsonaro, a rainha deixa um legado de 'estabelidade".  

Frase: modo Suassuna de viver

 

D'après Pablo Moraes

Fotografia: Elizabeth segundo Leibovitz: pompa e circunstância


Elizabeth II, solene, no Palácio de Buckingham em 2007
fotografada por Annie Leibovitz


Em 2016 a rainha recebeu a fotógrafa no Castelo de Windsor.
Mais descontraída, posou ao lado dos seus adorados cães da raça corgi.
Foto de Annie Leibovitz


Após a sessão de fotos, Annie Leibovitz e a rainha passeiam
no jardim do Castelo de Windsor. Foto de Kathryn MacLeod



O site da Vogue americana publica um álbum de fotos de Elizabeth II. Não é uma coleção qualquer . São imagens de Annie Leibovitz, que foi convidada a fotografar a rainha duas vezes: em 2007 e em 2016. As fotos também estão disponíveis no Instagram oficial @theroyalfamiliy.

Leibovitz escreveu em seu livro At Work, de 2008, “Tudo bem para mim ser reverente. Os britânicos estão em conflito sobre o que pensam do monarca. Se um retratista britânico é reverente, ele é percebido como apaixonado. Eu poderia fazer algo tradicional.”

Leibovitz fez fotos conservadoras, principalmente as de 2007, quando a fotógrafa teve apenas 25 minutos para retratar a soberana. A rainha parecia apenas cumprir seu papel de posar como parte do dever de public relations dos royals. A produção fotográfica nos ambientes do Palácio de Buckingham é solene, com pompa e reverência. Leibovitz teria preferido o cenário do Castelo de Windsor, o que só lhe foi concedido no segundo ensaio, em 2016, quando Elizabeth surge serena e receptiva.   


VEJA O ÁLBUM COMPLETO NO SITE DA VOGUE, AQUI

quinta-feira, 15 de setembro de 2022

Mídia - A verdade inconveniente - Leia no UOL (link) - Milly Lacombe escreve sobre Vera Magalhães

por  Milly Lacombe 

Colunista do UOL 15/09/2022

Vera Magalhães virou alvo da violência Bolsonarista. Não são lobos solitários que investem contra o corpo e a dignidade da jornalista. São agentes bem orientados por um tipo de lógica de morte que há mais de quatro anos controla esse país em todos os níveis. O Bolsonarismo precisa da violência de gênero como um vampiro precisa de sangue. Esse é um dos pilares que estruturam a sociedade que bolsonaristas querem erguer. 

Bolsonaro tem, mais do que um plano de governo, um projeto de sociedade. Nessa sociedade bolsonarista, homens andam armados, mulheres se curvam. Homens mandam, mulheres obedecem. Nesse projeto de sociedade, florestas viram pó, corrupção tá liberada (chamam rachadinha que é para não assustar), pessoas negras não apitam muito, LGBTQs podem morrer porque não fazem falta. Nessa sociedade, a lógica é miliciana do começo ao fim. Vera Magalhães foi escolhida por essa turma covarde para virar, literal e simbolicamente, o rosto do inimigo. A experiente jornalista foi, durante os 13 anos de administrações petistas, oposição bastante eloquente. E, ainda assim, seguiu podendo falar abertamente o que pensava de Lula, de Dilma e do PT sem ser agredida. 

A Lava Jato nunca teve um olhar mais atento por parte dela, que deixou de ver o enviesamento escancarado da operação. Não precisaríamos da Vaza Jato para notar que alguma coisa errada estava se passando. Não precisaríamos da Vaza Jato para perceber quem era Sergio Moro. Bastava recorrer ao episódio do Banestado, aliás.

Enquanto Dilma foi alvo da fúria covarde da extrema-direita, Vera calou. Quando Cora Ronai e Miriam Leitão ridicularizaram a roupa e o andar de Dilma na posse, Vera calou. (...)

LEIA A MATÉRIA COMPLETA NO UOL,  NESTE LINK 

https://www.uol.com.br/esporte/colunas/milly-lacombe/



"1979, o ano que ressignificou a MPB" - Tem Manchete em megalançamento



Nós do Panis Cum Ovum costumamos comentar brincando que a Manchete é um vampiro velho que resiste a todas as estacas no peito e balas de prata do mundo. Passados 22 anos da falência da revista e de Bloch Editores, seus jornalistas continuam adentrando os mais nobres gramados culturais do país e fazendo e acontecendo. 






Alguns deles serão presença marcante no lançamento amanhã, 16 de setembro (Travessa Leblon, 19 h), do livro 1979: O ano que ressignificou a MPB, que analisa 100 álbuns daquele ano política e culturalmente marcante da vida brasileira. O organizador da obra, Célio Albuquerque (o mesmo de 1973: O ano que reinventou a MPB), foi colaborador assíduo das revistas da Rua do Russell. Ricardo Soares, que assina um dos prefácios, “Vanguarda Paulista ou A Lira do Delírio Paulistano”, atuou algum tempo no início de carreira na Sucursal da Manchete em São Paulo. Também vem desta praia Walterson Sardenberg Sobrinho, que comenta em 1979 o álbum de Caetano Veloso Cinema Transcendental. Roberto Muggiati, ex-editor e jornalista cultural da Manchete, escreve sobre zabumbê-bum-á, do ponto de vista privilegiado de quem viajou com Hermeto Pascoal e sua banda do Galeão até Montreux, onde o Bruxo lançou o LP no início de sua primeira turnê europeia. Sílvio Essinger, caçulinha da redação nos derradeiros anos da Editora Bloch, persistiu na nau dos insensatos até o naufrágio final, em 1º de agosto de 2000. Essinger, que continua brilhando nas páginas do jornal O Globo, assina o ensaio sobre o álbum Ronaldo Resedá em 1979, que, com seus 100 autores, mereceu dos lépidos e fagueiros blogueiros ex-Bloch o apelido de “lançamento-centopeia. ”


Na capa do Charlie Hebdo

 


Na capa do Libération...

Só a mídia acredita em fascismo "moderado"

 

Reprodução Twitter 



A linha do tempo do governo Bolsonaro e a capa multivisão da revista Le Monde Diplomatique

 

Para acessar Le monde Diplomatique:
https://diplomatique.org.br/



VEJA O VÍDEO EM 

"HQ SEM ROTEIRO" 

AQUI

Duas ou três coisas que sei de Godard • Por Roberto Muggiati

 

Godard filma manifestações estudantis em Paris, em Maio de 1968.


Uma das últimas fotos. O diretor, há dois anos, deu aula via Internet 
para a Ecole Cantonale d'Art de Lausanne. Foto Instagram ECAL


O cinema é a verdade 24 fotogramas por segundo” ele dizia. E se desdizia: “O cinema é a mais bela fraude do mundo.”  Uma apreciação à altura do complexo gênio de Jean-Luc Godard, morto na terça-feira 13 de setembro aos 91 anos, é impossível. Nascido em Paris em 3 de dezembro, Godard cresceu na Suíça de língua francesa, escolha de seus pais pacifistas. No final da adolescência, atraído pela paixão do cinema, voltou a Paris e logo fez seu nome como crítico dos Cahiers du Cinéma, uma revista de jovens cinéfilos que ditava as regras em matéria de “sétima arte” 

No final dos anos 1950, um total desconhecido, explorou os meandros do Rio de Janeiro, metrópole fascinante que desfrutava seus gloriosos últimos dias de capital federal. Baseado nessa experiência, foi a única voz dissonante contra o premiado Orfeu Negro, criticando seu exotismo "cartão-postal". Discordava da direção de fotografia ao tentar competir, através de filtros coloridos e rígidos, com a suavidade da luz natural do Rio. Principalmente, julgava um anacronismo a profissão escolhida para o protagonista, a de motorneiro de bonde, um meio de transporte já quase extinto. Godard ficara empolgado pelos audazes motoristas de lotação cariocas, dirigindo suas naves loucas a uma velocidade absurda e fazendo ainda o papel de cobrador, com aquele vistoso leque de notas de cruzeiro dobradas na horizontal entre os dedos, colorido como uma cauda de pavão. 

Cena de Acossado: (Michel) Jean-Paul Belmondo e Jean Seberg (Patricia)
caminhando pela Champs-Élysées

De repente, aqueles jovens dos Cahiers trocaram suas máquinas de escrever por câmeras de cinema e começaram a fazer seus próprios filmes. François Truffaut, Claude Chabrol, Jaques Rivette, Éric Rohmer. Jean-Luc Godard – de quem se esperava mais do que de todos os outros – lançou À bout de souffle/Acossado em 1960, mas, passados 62 anos, seu primeiro longa ainda não foi completamente digerido. A narrativa entrecortada e a variedade das tomadas ainda desconcertam muita gente. Mestre do travelling, Godard cultiva, já a partir de sua obra de estreia, a câmera circular, rodando inquieta não só pelas cenas externas, como pelas internas, às vezes operadas em espaços claustrofóbicos, como na cena mais longa (cronometrei, ocupa 27% do filme) num quartinho de hotel: um demorado e provocante entrevero entre Patricia Franchini (Jean Seberg) e Michel Poiccard (Jean-Paul Belmondo). Bom frasista, Godard dizia que “tudo o que você precisa para fazer um filme é um revólver e uma garota (“a gun and a girl”) e usou a fórmula em Acossado. O enredo foi sugerido por François Truffaut, tirado de uma notícia de jornal. Com o roteiro rabiscado num caderno escolar, Godard antecipava: “Vai ser a história de um rapaz que pensa na morte e de uma moça que não pensa. ” Rodou o filme em 23 dias, com orçamento barato e poucos recursos técnicos – alguns dos envolventes travellings foram feitos com o fotógrafo, câmera na mão, sentado numa cadeira de rodas empurrada pelo próprio Godard, que faz ainda uma “ponta” de poucos segundos na fita. Na cena final, dedurado pela mocinha, Michel (Belmondo) se deixa matar pela polícia. Suas últimas palavras, depois de repetir os cacoetes labiais que encena ao longo do filme, são “Tu es dégueulasse” (“Você é nojenta!”). Patricia (Jean Seberg), aparentando inocência, pergunta: “Qu’est-ce que c’est dégueulasse?” (“O que quer dizer ‘nojenta’?”)

À bout de souffle (1960) - C'est vraiment dégueulasse - YouTube

Em 1965, já no seu ciclo com a musa e mulher Anna Karina, Godard reescreve em cores a saga do herói marginal com o mesmo Jean-Paul Belmondo em Pierrot le Fou/O demônio das onze horas. No final, o suicídio espetacular, com um toque de humor negro: Pierrot envolve a cabeça em duas camadas de bananas de dinamite; assim que acende o rastilho de pólvora, se arrepende e tenta apaga-lo, mas já é tarde demais.

Pierrot le fou l'art la mort - YouTube

Na década de 1960 Godard fez 19 filmes. Um dos três rodados em 1963 foi Deux ou trois choses que je sais d’elle, uma crônica banal do cotidiano de uma dona de casa da classe média, casada, com dois filhos pequenos, que se prostitui para matar o tédio e completar o orçamento familiar. Usa como epígrafe: “Quando levantamos a saia da cidade, enxergamos o seu sexo.” Amy Taubin, crítica de The Village Voice, o saudou como uma das maiores realizações na história do cinema. Numa das cenas, a câmera se fixa nos refluxos da espuma de uma xícara de café espresso que parecem reproduzir a criação do universo a partir do magma primal.

2 ou 3 choses que je sais d'elle (Jean-Luc Godard, 1967) - YouTube

Do mesmo ano, Weekend – inspirado em La Autopista del Sur, de Júlio Cortázar – é uma comédia macabra passada no engarrafamento de uma autoestrada francesa e pródiga em travellings.

 Jean- Luc Godard weekend car scene - YouTube

Em 1965, Godard fez Alphaville, une étrange aventure de Lémmy Caution, uma sinistra ficção cientifica distópica. Ricaços ignorantes cooptaram o nome para batizar o conhecido megacondomínio nos arredores de São Paulo. A propósito, num de seus filmes, Godard define o Club Méditerranée como “o conceito do campo de concentração aplicado ao turismo.”

Segundo o jornal Libération, Jean-Luc Godard morreu por suicídio assistido.   Sua terceira mulher, Anne-Marie Miéville, afirmou: "Ele não estava doente, estava simplesmente exausto. Foi uma decisão dele e é importante que se saiba. ” O suicídio assistido é legalizado na Suíça, desde que o paciente não tenha ajuda de terceiros no momento da morte. Godard morreu na cidadezinha de Rolle, às margens do lago Léman, onde morou nos últimos 45 anos.

Aguarda-se em clima de suspense o anúncio da lista decenal de melhor filme de todos os tempos promovida pela revista Sight & Sound. Em 2010, Vertigo, de Hitchcock, desbancou Cidadão Kane, de Orson Welles, que ocupava o primeiro lugar desde 1962. Acossado figurava em 13º, numa pesquisa recente subiu para 12º. É curioso contrapor a câmara circular de À bout de souffle à câmera vertical de Vertigo. O amor figura com destaque nos dois filmes, mas, no de Hitchcock, ele segue a cartilha clássica de Hollywood, enquanto no de Godard é mais descolado, pós-existencialista. Hitchcock viaja ainda pelo sobrenatural, em atmosfera gótica. Godard trafega pelos tempos nervosos e violentos que estamos vivendo. Poderia a morte de Godard vir a exercer alguma influência na escolha do panteão de críticos e cineastas para 2022? O sigilo é absoluto, mas nunca o anúncio decenal da lista da Sight & Sound demorou tanto para ser divulgado, o que subentende um clima de indecisão. Aguardem. Em breve, nas melhores redes sociais...


segunda-feira, 12 de setembro de 2022

Mídia - Marcos Uchôa diz que saiu da Globo porque não queria fazer "jornalismo de calçada"

Reprodução Folha de São Paulo 

A vida dos antigos correspondentes internacionais era mais fácil. Na era pré-internet, os tempos de propagação das informações eram bem mais lentos. Os jornalistas liam os jornais impressos do dia enquanto tomavam café da manhã. Para muitos, boa parte do trabalho do dia surgia assim entre entre croissants e ovos mexidos. Mas isso quando a idade tecnológica era jurássica. Na Manchete, Justino Martins chegou a criar um falso correspondente  - o Jean-Paul Lagarride - que assinava matérias "chupadas" dos jornais europeus e norte-americanos. O Lagarride era, aliás, mais ativo do que muitas sucursais de veículos brasileiros no exterior. 

A internet virou esse jogo confortável. Com um clique, um leitor brasileiro tem acesso ao New York Times, ao Guardian, ao Le Monde e, se quiser, até à "Tribuna do Butão". Antes mesmo do correspondente tomar seu café da manhã um brasileiro de Quixadá, no Ceará, terá acesso às notícias do dia em Londres, Paris, Roma. Se quiser manter o emprego, o coleguinha da sucursal deverá gastar sola do sapato e correr atrás de matérias originais e exclusivas. 

Mas ainda há quem tenha a tarefa facilitada. O jornalista Marcos Uchôa revelou à Folha de São Paulo, ontem, o motivo pelo qual devolveu o crachá e saiu da Globo.  Uchôa negava- se a fazer o que chama de "jornalismo de calçada". A modalidade consiste em ter um correspondente em Londres, por exemplo, que vai para a calçada em frente e narra como se in loco estivesse o acontecimento do dia em Pequim, Cabul ou Moscou.  O de Nova York vai na esquina e fala com desenvoltura de um fato em Varsóvia como se fosse um residente da capital polonesa. A Ucrânia está em guerra e não consegue exportar grãos? Fácil, o correspondente vai para um pier qualquer, mar ao fundo, e desanda a falar sobre embarques de milho e soja afinal liberados pelos russos. 

O "jornalismo de calçada" nada mais é do que navegar em sites, pesquisar matérias de agências e sair para um "externa" a alguns metros da sucursal. Um "correspondente de calçada" pode ser tão onipresente que no mesmo jornal fala na "calçada de Berlim", sobre a crise do gás, e, pouco depois, direto do "meio fio de  Taiwan", pode noticiar uma manobra militar da marinha chinesa.   

sábado, 10 de setembro de 2022

Ciro Gomes , o náufrago

 


Extrema-direita em campanha: os marqueteiros do sangue

 





As ameaças dos palanques de Bolsonaro ecoam nas ruas. A linguagem agressiva e antidemocrática adotada pelos extremistas da direita tem o poder de engatilhar pistolas e afiar facas. A impunidade faz o resto do serviço sujo e ajuda a multiplicar agressões. A mídia internacional registra os incidentes e aponta a violências eleitoral que surpreende o Brasil. A atual campanha eleitoral já resultou em dois assassinatos de petistas por parte de apoiadores de Bolsonaro. Ontem, em São Paulo, Boulos foi ameaçado por um bolsonarista armado. Em São Gonçalo (RJ) um bolsonarista provocador tumultou um ato com a presença de Lula e do candidato a governador do PSB Marcelo Freixo. O homem foi contido pela segurança do evento político.   

Na Carta Capital: a cena do crime e a impunidade anunciada

 


sexta-feira, 9 de setembro de 2022

FRASE DO SEXO SABÁTICO


“Enquanto eu tiver língua e dedo, mulher nenhuma me mete medo.”

Vinícius de Moraes (com rima), evocado por Ruth de Aquino a propósito do autobiográfico “imbrochável” presidenciável.

Xô, inominável!



Como pode?

 

Reprodução Twitter 

"Que rei sou eu?"

Foto Yui Mook, Pool
via Reuters

Charles III acaba de fazer seu discurso de apresentaçãoDisse que Elizabeth II sempre será sua inspiração. Depois de tantos anos no banco de reserva da monarquia, Charles chega ao trono com a experiência assimilada do seu papel, mas i povo espera que ele imprima sua marca no trono. Mas que marca? Charles III também deu a entender que Camila, agora rainha consorte,  não será decorativo na monarquia.