Reprodução Twitter |
Jornalismo, mídia social, TV, atualidades, opinião, humor, variedades, publicidade, fotografia, cultura e memórias da imprensa. ANO XVII. E, desde junho de 2009, um espaço coletivo para opiniões diversas e expansão on line do livro "Aconteceu na Manchete, as histórias que ninguém contou", com casos e fotos dos bastidores das redações. Opiniões veiculadas e assinadas são de responsabilidade dos seus autores. Este blog não veicula material jornalístico gerado por inteligência artificial.
Miriam Leitão surpreende. Na Globo News, de forma superficial até pela falta de tempo, ela bateu bumbo pelos números da economia que o governo Bolsonaro divulgou, sem o contexto nem as críticas com que economistas independentes analisaram a "recuperação" da economia. Bolsonaro adorou. Agora, no Globo de hoje, ela produz a frase " o desmatamento cresceu, mas esse área vazia permite expandir a pecuária sem derrubar novas áreas". Miriam Leitão acaba de descobrir o "lado bom" do desmatamento.
Boca Maldita na década de 1960. Reprodução Pinterest |
Quando resolveu assumir uma postura mais verdadeira – já dizia Rimbaud, “Quelle âme est sans défauts?” – surgiu a Boca Maldita. Oficialmente, a confraria dos “Cavaleiros da Boca Maldita de Curitiba”, em 13 de dezembro de 1956. Na mesma data, em 1966, teve seus estatutos criados e, em 29 de setembro de 1975, foi finalmente registrada. Seus principais fundadores foram o político e cartola Anfrísio Siqueira e o jornalista Adherbal Fortes de Sá Junior, que lhe deu o nome.
Jornalista já aos dezesseis anos, em 1954, eu costumava orbitar depois dos fechamentos da Gazeta do Povo em torno dos restaurantes e confeitarias da Cinelândia. Ela ocupava a “avenida mais curta do mundo” (150 metros), então João Pessoa, hoje Luiz Xavier. Na esquina da Avenida com a Rua Ermelino de Leão abriu um café, daqueles da Era a.E [antes do Espresso], com cafezinhos passados em coador de pano e tomados de pé diante do balcão em pequenas xícaras de louça. Os cafezinhos saborosos de uma marca confiável logo começaram a atrair hostes de jornalistas, advogados, políticos e desocupados, que eram maioria naquela fauna desvairada, essencialmente masculina.
A festa de aniversário da Boca tornou-se seu maior evento da Boca, quando 40 pessoas recebem o título de “cavaleiro” da confraria. Entre os agraciados figuram Antônio Ermírio de Morais, Carlos Ayres Britto, Nelson Jobim e Ziraldo.
Apesar (ou por causa) da ditadura militar, a Boca Maldita viu crescer nas décadas de 60 e 70 (quando a Avenida virou um calçadão pedestre exclusivo) seu papel de tribuna livre, mesmo depois do AI-5, pela impossibilidade de se censurar suas atividades essencialmente orais (verba volant...). Isso justifica o fato de ter sido a Boca Maldita escolhida em 1984 como o palco inicial da campanha nacional pelas Diretas Já!
Lula e curitibanos se encontraram na... |
Boca Maldita, ontem. Fotos Ricardo Stuckert |
Passou também a ser o local favorito para comícios eleitorais, como o que ocorreu neste sábado, de Luiz Inácio Lula da Silva. Por isso, mesmo longe de Curitiba há tanto tempo, declaro aqui o meu desejo de receber, um dia, o título de Cavaleiro da Boca Maldita.
O cerimonial proibia que se fotografasse o caixão de Churchill. Apesar disso, Jáder Neves fez essa foto exclusiva para a Manchete |
Churchiil velado no Westminster Hall. Jáder fez essa imagem a partir das galerias. |
Manchete, 1965: a cobertura do adeus a Churchill foi feita por Narceu de Almeida e Jáder Neves |
Naquela noite foi tudo diferente. Tinha morrido, aos 90 anos, Sir Winston Leonard Spencer Churchill, o lendário ex-Primeiro Ministro britânico. Limitei-me a dar a notícia pontual do falecimento, liberada pela newsdesk que fornecia os boletins para os serviços da BBC em língua estrangeira, e mandei rodar a fita com o obituário do grande estadista.
Em meus primeiros dias de BBC, em agosto de 1962, fiquei sabendo da existência daquela fita com o perfil do grande estadista. Ela era periodicamente atualizada, mas, a partir de junho de 1962 – quando fraturou os quadris em Monte Carlo, Churchill praticamente não saiu mais de casa. Aliás, em meus primeiros dias de Londres, morando provisoriamente no apartamento de um amigo em Kensington, eu podia ver da janela dos fundos a casa de Churchill em Hyde Park Gate, com um policial sempre à porta.
Em 12 de janeiro de 1965 o ex-Premier sofreu um derrame que colocou toda a mídia em alerta. Na BBC eu mantinha um regime de trabalho muito conveniente para mim: trabalhava na redação das 10 às 17 as quartas quintas e sextas e na transmissão direta aos sábados e domingos, isso me deixava totalmente livre às segundas e terças. Enquanto a metrópole de oito milhões de habitantes labutava, eu folgava, fazendo da fascinante London meu parque de diversões cultural. E o trabalho no fim de semana se resumia a uma hora de transmissão cada dia, mais o tempo de tradução dos boletins e editoriais – uma hora no sábado para traduzir os artigos e notícias, mais o adiantamento dos artigos do domingo, e meia hora apenas para a tradução do boletim no domingo.
Roberto Muggiati na BBC |
Por mera obra do acaso, coube a mim irradiar em português para o Brasil naquele domingo a morte de Churchill, no dia exato em que fazia 70 anos a morte do seu pai. O correspondente de Manchete em Londres era meu amigo Narceu de Almeida, que no ano seguinte assumiria a chefia da Sucursal de Paris. Como Narceu não podia estar a todo tempo em toda parte, ajudei-o pontualmente na apuração de retaguarda.
O fotógrafo designado para cobertura foi Jáder Neves, que não falava uma palavra de inglês, mas era um daqueles veteranos confiáveis do diretor da revista, Justino Martins. E não deu outra: Jader cumpriu tudo o que se esperava dele, com uma demonstração de perseverança e malandragem de que só um dos nossos “pés-de-boi” seria capaz. Movido pelo pavor de perder o emprego caso não fizesse a foto do caixão sobre o catafalco em Westminster Hall, Jáder fez o impossível. Era terminantemente proibido fotografar no recinto e batalhões de policiais estavam a postos para impedir a ação. Jáder ficou horas na fila e, ao se aproximar do caixão, sacou sua Rolleiflex, escondida debaixo da capa de chuva, mas a máquina foi imediatamente arrebatada por um bobby esperto. Sem se dar por vencido, voltou ao final da fila e reiniciou a operação, até ter a câmera novamente recolhida. Já na madrugada, depois de várias tentativas, Jáder pegou a guarda desatenta e “bateu a chapa” tão esperada. Foi o único fotógrafo do mundo a conseguir a façanha. Só na Manchete aconteciam coisas assim...
Bolsominions são demônios
satã num condomínio
Bolsominions são vergonhas
Que pastavam distraídos
Whisky modesto, horror a festa
E a risada instruída
A bolsa de valores sem valores
Os corpos molhados sem alma
O sangue de barata e a raiva por toda humanidade que não quer ser salva
A fila londrina. Foto. Instagram |
A fila carioca. Foto ReproduçãoTwitter |
Não há registros de incidentes nas madrugadas da fila do Auxílio. Assaltos, por exemplo, ou não aconteceram ou não foram noticiados. Dá para entender, a galera em busca do Auxílio está apenas se inscrevendo pra receber depois. Entra e sai da fila sem grana.
O que há, no Rio, e já é tradição em filas longas, é a venda de lugar. O cara vira a noite na parada e, de manhã, vende o lugar para um retardatário que não quer perder muito tempo na fila.
Beckham na espera: 13 horas na fila |
Deu no Telegraph: importunação sexual na madrugada |
O jornal conta que cerca de 400 pessoas passaram mal na fila e muitas precisaram de atendimento hospitalar. O motivo? Ficar em pé por cerca de 10 a 15 horas. A fila andava sempre, mesmo lentamente, e não dava para sentar no chão.
Outro rumor envolve Donald Trump. O ex-presidente americano não foi convidado. O cerimonial do Buckingham deve ter achado que no gênero baixo nível bastava Bolsonaro. Trump vai insistir, recomenda-se checar a fila, ele pode dar uma de penetra. Quanto a Bolsonaro, o serviço secreto provavelmente vai avisar que não é permitido fazer motociata na The Mall e o funeral não é lugar para discurso eleitoral nem para reunir apoiadores no "cercadinho".
Felizmente o Brasil está representado na comoção londrina por alguém mais que não é o Bozo. A jornalista Cecília Malan, da Globo, está de luto desde que o médico deu o atestado de óbito da rainha. Ela sente que nos representa e relatou sua odisseia de pessoa física durante oito horas na fila quando curtiu cada momento. A entrega da pulseirinha verde para acesso aos 12 segundos diante do caixão real foi comemorada como se fosse um título de lady do império. "Seis horas depois. Um último adeus. Ainda estou meio sem palavras", disse.
Não merece crítica. Emoção está na latinidade. Que bom que o jornalismo é feito por gente como a gente. Hebe Camargo já ensinava isso. A legítima emoção da repórter equivale perfeitamente às lágrimas da dona Celeste do Morro Agudo quando teve aprovado seu cadastro para receber o Auxílio Brasil.
Nisso, a intensa capacidade de emocionar, a fila de Londres tem a ver com a fila do Auxílio Brasil. Não se desesperem, Malan e dona Celeste mostram que o mundo tem jeito.
(Post atualizado em 17/9/2002)
Elizabeth II, solene, no Palácio de Buckingham em 2007 fotografada por Annie Leibovitz |
Em 2016 a rainha recebeu a fotógrafa no Castelo de Windsor. Mais descontraída, posou ao lado dos seus adorados cães da raça corgi. Foto de Annie Leibovitz |
Após a sessão de fotos, Annie Leibovitz e a rainha passeiam no jardim do Castelo de Windsor. Foto de Kathryn MacLeod |
O site da Vogue americana publica um álbum de fotos de Elizabeth II. Não é uma coleção qualquer . São imagens de Annie Leibovitz, que foi convidada a fotografar a rainha duas vezes: em 2007 e em 2016. As fotos também estão disponíveis no Instagram oficial @theroyalfamiliy.
Leibovitz escreveu em seu livro At Work, de 2008, “Tudo bem para mim ser reverente. Os britânicos estão em conflito sobre o que pensam do monarca. Se um retratista britânico é reverente, ele é percebido como apaixonado. Eu poderia fazer algo tradicional.”
Leibovitz fez fotos conservadoras, principalmente as de 2007, quando a fotógrafa teve apenas 25 minutos para retratar a soberana. A rainha parecia apenas cumprir seu papel de posar como parte do dever de public relations dos royals. A produção fotográfica nos ambientes do Palácio de Buckingham é solene, com pompa e reverência. Leibovitz teria preferido o cenário do Castelo de Windsor, o que só lhe foi concedido no segundo ensaio, em 2016, quando Elizabeth surge serena e receptiva.
VEJA O ÁLBUM COMPLETO NO SITE DA VOGUE, AQUI
por Milly Lacombe
Colunista do UOL 15/09/2022
Vera Magalhães virou alvo da violência Bolsonarista. Não são lobos solitários que investem contra o corpo e a dignidade da jornalista. São agentes bem orientados por um tipo de lógica de morte que há mais de quatro anos controla esse país em todos os níveis. O Bolsonarismo precisa da violência de gênero como um vampiro precisa de sangue. Esse é um dos pilares que estruturam a sociedade que bolsonaristas querem erguer.
Bolsonaro tem, mais do que um plano de governo, um projeto de sociedade. Nessa sociedade bolsonarista, homens andam armados, mulheres se curvam. Homens mandam, mulheres obedecem. Nesse projeto de sociedade, florestas viram pó, corrupção tá liberada (chamam rachadinha que é para não assustar), pessoas negras não apitam muito, LGBTQs podem morrer porque não fazem falta. Nessa sociedade, a lógica é miliciana do começo ao fim. Vera Magalhães foi escolhida por essa turma covarde para virar, literal e simbolicamente, o rosto do inimigo. A experiente jornalista foi, durante os 13 anos de administrações petistas, oposição bastante eloquente. E, ainda assim, seguiu podendo falar abertamente o que pensava de Lula, de Dilma e do PT sem ser agredida.
A Lava Jato nunca teve um olhar mais atento por parte dela, que deixou de ver o enviesamento escancarado da operação. Não precisaríamos da Vaza Jato para notar que alguma coisa errada estava se passando. Não precisaríamos da Vaza Jato para perceber quem era Sergio Moro. Bastava recorrer ao episódio do Banestado, aliás.
Enquanto Dilma foi alvo da fúria covarde da extrema-direita, Vera calou. Quando Cora Ronai e Miriam Leitão ridicularizaram a roupa e o andar de Dilma na posse, Vera calou. (...)
LEIA A MATÉRIA COMPLETA NO UOL, NESTE LINK
https://www.uol.com.br/esporte/colunas/milly-lacombe/
Godard filma manifestações estudantis em Paris, em Maio de 1968. |
Uma das últimas fotos. O diretor, há dois anos, deu aula via Internet para a Ecole Cantonale d'Art de Lausanne. Foto Instagram ECAL |
No final dos anos 1950, um total desconhecido, explorou os meandros do Rio de Janeiro, metrópole fascinante que desfrutava seus gloriosos últimos dias de capital federal. Baseado nessa experiência, foi a única voz dissonante contra o premiado Orfeu Negro, criticando seu exotismo "cartão-postal". Discordava da direção de fotografia ao tentar competir, através de filtros coloridos e rígidos, com a suavidade da luz natural do Rio. Principalmente, julgava um anacronismo a profissão escolhida para o protagonista, a de motorneiro de bonde, um meio de transporte já quase extinto. Godard ficara empolgado pelos audazes motoristas de lotação cariocas, dirigindo suas naves loucas a uma velocidade absurda e fazendo ainda o papel de cobrador, com aquele vistoso leque de notas de cruzeiro dobradas na horizontal entre os dedos, colorido como uma cauda de pavão.
Cena de Acossado: (Michel) Jean-Paul Belmondo e Jean Seberg (Patricia) caminhando pela Champs-Élysées |
À bout de souffle (1960) - C'est vraiment dégueulasse - YouTube
Em 1965, já no seu ciclo com a musa e mulher Anna Karina, Godard reescreve em cores a saga do herói marginal com o mesmo Jean-Paul Belmondo em Pierrot le Fou/O demônio das onze horas. No final, o suicídio espetacular, com um toque de humor negro: Pierrot envolve a cabeça em duas camadas de bananas de dinamite; assim que acende o rastilho de pólvora, se arrepende e tenta apaga-lo, mas já é tarde demais.
Pierrot le fou l'art la mort - YouTube
Na década de 1960 Godard fez 19 filmes. Um dos três rodados em 1963 foi Deux ou trois choses que je sais d’elle, uma crônica banal do cotidiano de uma dona de casa da classe média, casada, com dois filhos pequenos, que se prostitui para matar o tédio e completar o orçamento familiar. Usa como epígrafe: “Quando levantamos a saia da cidade, enxergamos o seu sexo.” Amy Taubin, crítica de The Village Voice, o saudou como uma das maiores realizações na história do cinema. Numa das cenas, a câmera se fixa nos refluxos da espuma de uma xícara de café espresso que parecem reproduzir a criação do universo a partir do magma primal.
2 ou 3 choses que je sais d'elle (Jean-Luc Godard, 1967) - YouTube
Do mesmo ano, Weekend – inspirado em La Autopista del Sur, de Júlio Cortázar – é uma comédia macabra passada no engarrafamento de uma autoestrada francesa e pródiga em travellings.
Jean- Luc Godard weekend car scene - YouTube
Em 1965, Godard fez Alphaville, une étrange aventure de Lémmy Caution, uma sinistra ficção cientifica distópica. Ricaços ignorantes cooptaram o nome para batizar o conhecido megacondomínio nos arredores de São Paulo. A propósito, num de seus filmes, Godard define o Club Méditerranée como “o conceito do campo de concentração aplicado ao turismo.”
Segundo o jornal Libération, Jean-Luc Godard morreu por suicídio assistido. Sua terceira mulher, Anne-Marie Miéville, afirmou: "Ele não estava doente, estava simplesmente exausto. Foi uma decisão dele e é importante que se saiba. ” O suicídio assistido é legalizado na Suíça, desde que o paciente não tenha ajuda de terceiros no momento da morte. Godard morreu na cidadezinha de Rolle, às margens do lago Léman, onde morou nos últimos 45 anos.
Aguarda-se em clima de suspense o anúncio da lista decenal de melhor filme de todos os tempos promovida pela revista Sight & Sound. Em 2010, Vertigo, de Hitchcock, desbancou Cidadão Kane, de Orson Welles, que ocupava o primeiro lugar desde 1962. Acossado figurava em 13º, numa pesquisa recente subiu para 12º. É curioso contrapor a câmara circular de À bout de souffle à câmera vertical de Vertigo. O amor figura com destaque nos dois filmes, mas, no de Hitchcock, ele segue a cartilha clássica de Hollywood, enquanto no de Godard é mais descolado, pós-existencialista. Hitchcock viaja ainda pelo sobrenatural, em atmosfera gótica. Godard trafega pelos tempos nervosos e violentos que estamos vivendo. Poderia a morte de Godard vir a exercer alguma influência na escolha do panteão de críticos e cineastas para 2022? O sigilo é absoluto, mas nunca o anúncio decenal da lista da Sight & Sound demorou tanto para ser divulgado, o que subentende um clima de indecisão. Aguardem. Em breve, nas melhores redes sociais...
Reprodução Folha de São Paulo |
A internet virou esse jogo confortável. Com um clique, um leitor brasileiro tem acesso ao New York Times, ao Guardian, ao Le Monde e, se quiser, até à "Tribuna do Butão". Antes mesmo do correspondente tomar seu café da manhã um brasileiro de Quixadá, no Ceará, terá acesso às notícias do dia em Londres, Paris, Roma. Se quiser manter o emprego, o coleguinha da sucursal deverá gastar sola do sapato e correr atrás de matérias originais e exclusivas.
Mas ainda há quem tenha a tarefa facilitada. O jornalista Marcos Uchôa revelou à Folha de São Paulo, ontem, o motivo pelo qual devolveu o crachá e saiu da Globo. Uchôa negava- se a fazer o que chama de "jornalismo de calçada". A modalidade consiste em ter um correspondente em Londres, por exemplo, que vai para a calçada em frente e narra como se in loco estivesse o acontecimento do dia em Pequim, Cabul ou Moscou. O de Nova York vai na esquina e fala com desenvoltura de um fato em Varsóvia como se fosse um residente da capital polonesa. A Ucrânia está em guerra e não consegue exportar grãos? Fácil, o correspondente vai para um pier qualquer, mar ao fundo, e desanda a falar sobre embarques de milho e soja afinal liberados pelos russos.
O "jornalismo de calçada" nada mais é do que navegar em sites, pesquisar matérias de agências e sair para um "externa" a alguns metros da sucursal. Um "correspondente de calçada" pode ser tão onipresente que no mesmo jornal fala na "calçada de Berlim", sobre a crise do gás, e, pouco depois, direto do "meio fio de Taiwan", pode noticiar uma manobra militar da marinha chinesa.
“Enquanto eu tiver língua e dedo, mulher nenhuma me mete medo.”
Vinícius de Moraes (com rima), evocado por Ruth de Aquino a propósito do autobiográfico “imbrochável” presidenciável.
Xô, inominável!
Foto Yui Mook, Pool via Reuters |