segunda-feira, 5 de fevereiro de 2018

Manchete no Carnaval 2018: Chora me Liga, Boitatá, Gigantes da Lira, Suvaco do Cristo...

CHORA ME LIGA




FOTOS DE ALEXANDRE MACIEIRA/RIOTUR

ESCRAVOS DA MAUÁ



FOTOS DE FERNANDO MAIA/RIOTUR

SUVACO DO CRISTO
FOTOS DE FERNANDO MAIA/RIOTUR
GIGANTES DA LIRA
FOTOS DE ALEXANDRE MACIEIRA/RIOTUR
CORDÃO DO BOITATÁ
FOTO AGÊNCIA BRASIL


FOTOS RIOTUR

FOGO E PAIXÃO
FOTO DE FERNANDO MAIA/RIOTUR
BLOCO DAS TREPADEIRAS
FOTOS AGÊNCIA BRASIL

Superbowl: o que a TV não mostrou

por Niko Bolontrin

* O Superbowl milhões de pessoas viram na TV. Em Mineápolis, o Philadelphia Eagles derrotou por 41 a 33 o poderoso New England Patriots, onde joga Tom Brady, marido da modelo Gisele Bundchen. Em campo o jogo foi disputado, mas os bastidores da maior data do esporte americano também renderam notícias que a TV não mostrou. A temporada foi marcada pelo protesto

Reprodução Facebook

"Take a Knee", com centenas de jogadores em vários estádios postando-se de joelhos durante a execução do hino nacional americano para denunciar a crescente violência policial contra negros e as explosões de racismo no embalo dos apoiadores de Trump. Havia a expectativa de protesto durante o Superbowl, ontem. Não rolou. Aparentemente, nenhum jogador se ajoelhou. Já fora do estádio houve passeatas e cenas de pessoas de joelhos, apesar do frio massacrante nas ruas de Mineápolis. Nas redes sociais, internautas especulam que houve uma negociação com a NFL e os jogadores concordaram em não politizar a grande final.

Reprodução Tweeter

* A torcida foi às ruas na Filadélfia. Em princípio, para comemorar. Mas parte dos fãs lembravam as organizadas do Brasil: a "Jovem Philly" e a "Força Eagle" deles botaram fogo em latas de lixo, viraram carros, escalaram postes e toldos de hotéis.



* Não foi a noite de Tom Brady, mas ele foi um campeão de memes. As redes sociais registraram que ele chegou ao estádio vestido de Inspetor Bugiganga ou Doctor Evil, entre outros personagens. Foi pra casa sem o título. Bom, em casa ele tem a Gisele Bundchen.




Reprodução NBC

* Gisele, ainda no estádio, parabenizou o Eagles no tweeter. E mandou descer um vinho.

Reprodução You Tube

* Enquanto a Fórmula 1 demite as grid girls, as cheerleaders resistem. Estavam lá, à margem do campo, mas invisíveis para a TV.

* Fantasia - Antes do jogo, Trump, ao lado da primeira-dama, Melania, com um uniforme estilizado, recebeu cheerleaders para uma festa.

* Nenhum anunciante quis associar seu produto a "sexismo". Os principais comerciais poderiam ser exibidos tranquilamente na Arábia Saudita. Pepsi, Marvel, M&M's, Doritos etc vestiram os elencos dos pés às cabeças.

domingo, 4 de fevereiro de 2018

Fernando Pessoa em Curitiba, 1925 • A primeira fake news de Jean-Paul Lagarride

A foto que registrou um mistério: a presença de Fernando Pessoa em Curitiba, em 1925. À direita, o poeta e seu inconfundível chapéu, um Trilby clássico do começo do século passado. Ao fundo, a catedral onde o bispo  D.João Francisco Braga rezou missa pela alma de D. Maria Magdalena, mãe de Pessoa. 

por José Bálsamo

Outro dia a redação de Panis cum Ovum foi visitada por Michel Lagarride, nada menos do que o neto de Jean-Paul Lagarride, aquele que Mino Carta batizou como “bravo jornalista gascão”.

Explica-se: com seus furos internacionais, publicados pela Manchete, Jean-Paul era uma pedra no sapato do primeiro editor da revista Veja. Já se passou meio século destas cizânias e hoje Lagarride é considerado, sem nenhuma contestação, o pioneiro inventor das fake news. Faço aqui uma distinção, inspirado no cartaz de um camelô que vendia relógios em Istambul: GENUINE FAKE WATCHES!
Jean-Paul Lagarride só publicava fake news genuínas.

A preciosidade que nos foi trazida pelo neto Michel não foi um texto, mas, surpreendentemente, uma foto inédita de Jean-Paul. Com a preguiça típica da juventude, um Lagarride adolescente – que detestava escrever – tentou iniciar a carreira de repórter fotográfico com uma Leica que ganhou de um tio. Isso aconteceu justamente em Curitiba, quando Jean-Paul veio visitar o padrinho que resolvera arriscar suas economias no comércio de café no Paraná.

Mas por que cargas d’água iria Fernando Pessoa, então com 36 anos, parar em Curitiba? Depois de décadas de pesquisa intermitente – aparecia sempre uma guerra ou um golpe de estado nos lugares mais remotos do mundo, exigindo seu olho c(l)ínico e sua cobertura categorizada – Jean-Paul Lagarride conseguiu finalmente juntar as peças deste quebra-cabeças.

O acaso também o ajudou: logo depois de feita esta foto, o estranho que aparece em primeiro plano aproximou-se do garoto, que imediatamente escondeu a câmera às suas costas. Em bom português, indagou: “Ó rapazito, poderias me indicar o caminho da gare?” Como falava francês, Jean-Paul não estranhou o vocábulo e viu logo que se tratava da estação ferroviária. Com o passar do tempo – embora nunca dispusesse de tempo para ler – Lagarride foi tomando conhecimento de Fernando Pessoa e da importância de sua obra e ligando, cada vez mais, sua figura àquela do estranho com quem cruzou por acaso em Curitiba. E acabou relatando esta história no texto que acompanhava a foto, encontrada recentemente pelo neto de Lagarride numa velha caixa de sapatos num sótão parisiense.

Em 17 de março de 1925 morre em Lisboa aos 62 anos a mãe de Fernando Pessoa, D. Maria Magdalena Pinheiro Nogueira Pessoa. Na ocasião, era bispo de Curitiba, desde 1907, com o lema Amore et Fortitudine, o gaúcho de Pelotas Dom João Francisco Braga, que em 1926 se tornaria o primeiro arcebispo de Curitiba, cargo que manteria até sua renúncia em 1935. Antes de ingressar na carreira episcopal, Dom João fez o curso de humanidades na Alemanha. Durante sua estada na Europa, foi várias vezes a Lisboa, visitar um antigo sacristão seu na catedral de Curitiba, que retornara a Portugal. Este ex-coroinha era vizinho e amigo da mãe de Pessoa. Dom João não só conheceu D. Maria Magdalena, como também acabou se tornando seu conselheiro espiritual. A mãe deixara disposições funerais por escrito a Fernando Pessoa. Entre elas constava a de que, quando viesse a faltar, uma missa por sua alma fosse rezada por Dom João.

Quando a mãe morreu, Pessoa se lembrou da promessa: “Ora pois, pois, que maçada...” Mas promessa de mãe é lei. E – prosseguindo com a coleção de clichês – se a montanha não vem a Maomé, vai Maomé à montanha. Foi assim que, depois de uma intensa troca de cartas e de uma longa viagem transatlântica no paquete francês Hindoustan, o poeta aportou em Paranaguá e subiu a serra até Curitiba na genial ferrovia construída no século 19 pelos irmãos André e Antônio Rebouças. A missa em memória de Dona Maria Magdalena Pinheiro Nogueira Pessoa – o nome completo foi entoado com toda a solenidade na penumbra da catedral gélida – foi rezada às nove da manhã de um sábado hibernal, 20 de junho de 1925, Curitiba emergindo ainda da cerração.

Depois de agradecer e se despedir de Dom João – tendo antes comparecido com os polpudos óbolos – Fernando Pessoa deixou a Praça Tiradentes em demanda da gare, isto é, estação ferroviária, momento em que foi clicado para a eternidade pelo imberbe Jean-Paul Lagarride.

Enquanto isso, na Catedral, Dom João Francisco Braga, depois de ter comiserado a morte, celebrava a vida, oficiando o batizado de um bebê nascido no dia 14 de junho, Dalton Jerson Trevisan, filho de um fabricante de cerâmica curitibano. Infelizmente, esta segunda coincidência literária, Jean-Paul Lagarride não registrou.

Poderia ter-se justificado usando o desabafo canhestro do fotógrafo de Manchete Sérgio de Souza, ao receber ordens de serviço para duas matérias no mesmo horário, uma na Barra da Tijuca, outra em Niterói:

- “Que é isso, chefia? Eu não sou onipotente, não!”

E por falar em intolerância...


Durante a homenagem a Iemanjá...

...foi feito um apelo à paz e...

..ao respeito às religiões afro e à preservação dos oceanos. Fotos Agência Brasil. 
O Rio celebrou Iemanjá no dia 2 de fevereiro, na Praia dos Amores, no canal de acesso à Lagoa da Tijuca. A homenagem à divindade do mar nas religiões afro e padroeira dos pescadores reservou espaço para uma manifestação contra o racismo e  a intolerância religiosa. Em 2012, a imagem de Iemanjá, que fica no local, foi destruída por vândalos inspirados pelo fanatismo instigado por outras religiões. Em 2017, segundo a secretaria dos Direitos Humanos do Rio, foi registrado um ataque por semana a pessoas ou templos. E a impunidade explica o aumento desses casos. A celebração também incluiu uma carreata na Zona Norte do Rio e um debate "Conservando o Lar da Rainha do Mar" sobre a proteção aos oceanos.

Manchete no Carnaval 2018: blocos na pista, xô intolerância...



No estandarte do Simpatia é Quase Amor, a crítica bem-humorada à intolerância. Fotos bqvMANCHETE
Simpatia na Vieira Souto. Foto bqvMANCHETE
Céu na Terra em Laranjeiras. Foto de Fernando Maia/Riotur

O poder feminino no Céu na Terra. Fotos Fernando Maia/Riotur

Frutos do mar no Céu na Terra. Foto Fernando Maia/Riotur


Bloco Pérola da Guanabara na barca rumo a Paquetá. Foto Gabriel monteiro/Riotur

Folia embarcada. Foto Gabriel Monteiro/Riotur

Pèrola da Guanabara no deck e na...

...primeira classe da barca Martin Afonso. Fotos de Gabriel Monteiro/Riotur

sábado, 3 de fevereiro de 2018

Mocorongo, Broca, Gibi, Chumbo, Cabecinha... Apelidos de jogadores brasileiros impressionam The Sun


Reprodução

Deve ser falta de assunto em meio ao inverno europeu. The Sun deu enorme espaço a uma matéria sobre os apelidos dos jogadores que disputaram a recente Copinha (Copa São Paulo de Futebol Júnior. O torneio costuma atrair "olheiros" europeus em busca de novos talentos a preço de ocasião, mas o que mais impressionou o repórter Tom Sheen foram os nicknames da garotada. E ele se esforçou para traduzir apelidos como "Mocorongo". Um bom macete para entregar a pauta "investigativa" mais cedo e cair na balada paulistana. 

sexta-feira, 2 de fevereiro de 2018

Há 50 anos, "Execução em Saigon": a foto que Eddie Adams não gostou de fazer

Foto de Eddie Adams/Associated Press/Dolph Briscoe Center

por José Esmeraldo Gonçalves 

Eddie Adams/
Acervo Dolph Briscoe Center
O fotógrafo Eddie Adams cobriu guerras, fotografou presidentes e reis, registrou cenas urbanas, tragédias e acontecimentos históricos, mas ganhou fama mundial e um Prêmio Pulitzer por uma foto que rejeitou até morrer, em 2004.

A imagem dramática que mostra o chefe de polícia do Vietnã do Sul, Nguyen Ngoc Loan, executando um guerrilheiro em uma rua de Saigon foi feita no dia 1° de fevereiro de 1968, há 50 anos. Está no ranking das dez fotos mais publicadas em jornais e revistas de todo o mundo, segundo levantamento realizado por Life, The Guardian, Der Spiegel, The Pulitzer Prizes, National Geographic e World Press Photo, entre outros veículos e instituições.

Eddie cumpria sua missão como fotojornalista - trabalhava na ocasião para a Associated Press -, mas sentiu-se culpado e nunca negou isso: "Recebi dinheiro para mostrar um homem matando outro", disse um dia.

Naquele momento havia tensão em Saigon. Estava em curso a primeira fase da Ofensiva do Tet e Eddie foi escalado para acompanhar a movimentação nas ruas. Alguns policiais conduziam um prisioneiro vietcong e o fotógrafo acompanhou o grupo. Em um instante, um militar se aproximou. Ele levantou arma e Eddie ergueu a câmera. O gatilho e o obturador foram acionados no mesmo milésimo de segundo. E a foto lhe deu o Pulitzer de 1970. O prêmio que ele não queria.

Amazônia. Foto de
Eddie Adams/
Dolph Briscoe Center

Universidade do Texas guarda os arquivos de Eddie Adams

Eddie Adams veio ao Brasil no fim dos anos 1970 e fotografou tribos na Amazônia.

Reagan, Madre Teresa de Calcutá, as guerras da Coreia, Camboja, do Vietnã, do Golfo, Fidel Castro, Kennedy e Jacqueline, Louis Armstrong e centenas de personalidades e acontecimentos passaram por suas lentes.

Seu acervo pertence hoje ao Dolph Briscoe Center for American History da Universidade do Texas. Você pode visitá-lo AQUI



quinta-feira, 1 de fevereiro de 2018

Depois do lazer, o Trabalho: STF pode mandar lancha atracar e liberar crachá de ministra para Cristiane Brasil

Reprodução Twitter
Depois de mais de 42 dias de recesso, o STF volta ao trabalho. Provavelmente decidirá em plenário se Cristiane Brasil assumirá ou não o Ministério do Trabalho. A deputada contestou ontem, no STF, a suspensão da sua posse. Especula-se que, finalmente, o impasse será resolvido e ela sentará na cadeira de ministra. As redações se perguntam se a primeira coletiva será na Esplanada ou em uma lancha no Lago Paranoá.

Fotomemória da redação: Ney Bianchi na ESPN, ontem...

Reprodução


Foi ontem à noite. A ESPN exibiu um documentário sobre a Copa do Mundo de 1962. Em campo, no Estádio Nacional, em Santiago, jogavam Brasil X Chile, no dia 13 de junho. Vitória da seleção brasileira contra os donos da casa por 4x2. A câmera, que alternava imagens do campo com cenas da torcida, focaliza a tribuna da imprensa.  Por alguns segundos, o saudoso jornalista Ney Bianchi, que cobria a Copa para Manchete e Fatos & Fotos, aparece na tela datilografando na Olivetti o texto que mandaria para a redação das revistas. Enquanto o jogo corria...

Leitura Dinâmica: crise da mídia impressa, falência da segurança, black friday de deputados...

* O impasse - Segundo o Poder 360, a tiragem dos 11 maiores jornais diários do Brasil perdeu 520 mil exemplares nos últimos três anos. Só em 2017, a queda foi de 147 mil cópias. No mesmo período, o número de assinantes das versões digitais dos mesmos veículos cresceu em apenas 32 mil. É pouco e não resolve a crise do novo modelo de negócios. Os números foram colhidos pelo IVC.

* Durante palestra na Firjan, o ministro Raul Jungmann, da Defesa, definiu o sistema de segurança do Brasil como falido. Jungmann anunciou que dará início uma nova fase do Plano de Segurança Nacional. Deve ser a décima fase, por aí. Lembra um videogame. A diferença é que em o game você só avança para a próxima fase quando conclui a primeira.

* O conservadorismo se manifesta. E não apenas no Brasil. Na última semana, duas fotos provocaram coceiras nos moralistas: o beijo entre duas personagens de Malhação, Lica (Manoela Aliperti e Samantha, vivida por Giovanna Grigio, na foto ao lado, e a capa da Vogue britânica, edição de março, que fotografou as modelos e irmãs Gigi e Bella Hadida... nuas.
Aqui, o beijo lésbico da atual temporada de Malhação, que não ignora a diversidade, foi criticado nas redes sociais.

Reproduçõa Fashionista
Já a foto de Steven Meissel com as modelos para a Vogue foi recebida por alguns internautas como uma cena "incestuosa". A cabeça das tropas da moral é tremendo esgoto sem tratamento.

* Garotinho confirma a uma rádio de Campos que vai ser candidato ao governo do Estado do RJ e pede aos aliados que votem nos deputados que o apoiam. Ele alega que precisa de maioria na Assembléia, caso contrário terá que "comprar deputados". O mercadão de deputados parece ser tratado agora com a maior a naturalidade. O governo federal também não esconde mais o feirão.  Vão acabar regulamentando uma tabela de preços. Ou vai rolar uma black friday de parlamentares.

* A Corte Arbitral do Esporte anulou a punição do Comitê Olímpico Internacional a 28 atletas russos que pretendiam participar dos Jogos de Inverno de PyeongChang, na Coréia do Sul. A decisão coloca mais um dose de suspeição nas acusações de doping em massa promovida pelo COI que, segundo os russo, é uma ofensiva mais política do que baseadas em fatos comprovados. A Corte Arbitral considerou que eram insuficientes as evidências contra o atletas. O COI deve recorrer. Como se sabe, a Rússia enviará uma delegação às Olimpíadas de Inverno, de 9 a 25 desse mês, e competirá sem bandeira nem hino. Mas os atletas criaram um uniforme onde se lê "com a Rússia no coração".


* A Fórmula 1, agora sob controle de Chase Carey, empresário americano, decidiu banir as grid girls das pistas. São aquelas meninas que enfeitavam há décadas o caminho do piloto até o pódio. Quem viu, viu. Em nome da valorização das mulheres, atrações semelhantes estão sob pressão feminista: concursos de misses, desfiles de moda íntima, cheerleaders, ring girls em lutas de boxe e MMA etc.
Carey alegou que a prática "está em desacordo com as normas sociais modernas". Uma das modelos reclamou que a F1 "tenha cedido a uma minoria para ser politicamente correta". Ele ainda afirmou que as grid girls "não combinam com os valores da Fórmula 1", mas ainda não se manifestou sobre as corridas que são realizadas em países muçulmanos onde as "normas sociais" indicam que as mulheres locais não têm papel algum e nem podem ir às arquibancadas. Nem sobre o que fará para ajudá-las.

Novos modelos: o jornalismo que se move...

Até recentemente, as grandes corporações detinham o controle das mudanças impostas pelos novos modelos de jornalismo. Aparentemente, esse controle já não é tão absoluto. Depois de mais de 26 anos na Globo, a experiente repórter Cristina Serra troca a emissora líder de audiência por um novo campo de trabalho: o canal jornalístico MyNews, no You Tube. Ela vai atuar ao lado de outras duas egressas do mesmo grupo: Mara Luquet, ex-CBN, e Thais Heredia.
Com outra motivação - a de fazer comerciais, possibilidade que é vetada aos profissionais do jornalismo da Globo - Fátima Bernardes, Patricia Poeta, Pedro Bial e Tiago Leifert já haviam deixado de lado as hards news de lado e se transferiram para o entretenimento.
No caso de Cristina Serra e Thais Heredia, será interessante observar o teor dos seus comentários no MyNews, especialmente nas áreas políticas e econômicas, agora com opiniões próprias, fora do tradicional jogral analítico da antiga casa. 

quarta-feira, 31 de janeiro de 2018

Respirando por aparelhos...

Com dívidas de impostos, falta de recolhimento de FGTS e INSS e pendências trabalhistas, O Dia entra em recuperação judicial. Em um mercado cada vez mais precário, com demissões e cortes de vagas até em empresas supostamente mais sólidas, os problemas que afetam O Dia e o Meia Hora agravam o quadro e podem tornar ainda mais crítica a concentração de propriedade na imprensa. 

Os dois jornais, que pertencem ao grupo português Ejesa,  já tropeçavam há algum tempo. 

Segundo o Sindicato dos Jornalistas Profissionais do Rio, desde 2016 foram registradas 44 demissões nas redações. De acordo com a decisão da Justiça, a empresa deverá apresentar um plano de restruturação. Durante 180 dias, serão suspensas as ações, execuções e cobranças de dívidas. Resta torcer para, depois disso, que os dois veículos saiam da UTI, equilibrem as contas, mantenham os empregos e sobrevivam como um opção de leitura para os cariocas. E surpreendente verificar que o Rio tem menos jornais do que várias capitais brasileiras com populações bem menores. 

terça-feira, 30 de janeiro de 2018

Vai um Auxílio aí?

por Bob Concurseiro (do Face do Morro da Fubanga)

Não sou o Martin King, o tal de Luther, mas também tenho um sonho. Três sonhos, na vera. O primeiro, que eu tinha passado no concurso pra juiz. O segundo, sonhei que todo brasileiro ia ser igual a mim. O terceiro, tão igual que vai descolar um lugarzinho no curral vip dos playboy. Lá só tem coisa boa, parceiro. Lá não tem crise, o aumento salarial é gordo e garantido. E eles têm uma parada irada lá. Uma tal de Lei do Auxilio que vale mais do que a Constituição. Sabia disso, mano? Não? Pois pensa aí no dia em que todo brasileiro vai se dar bem na Lei do Auxílio. Que sonho manero! Todo mundo no luxo! Muito lôco!

Auxílio Paletó - o governo dá uma beca legal pra nóis, tênis Nike, camisa de marca, vestido pras minas.
Auxílio Aluguel - Ninguém recebe mais cobrança de proprietário nem de condomínio. O caixa do governo cai na nossa conta bancária todo mês pra pagar o cafofo.
Auxílio Segurança - A  violência tá demais? Só que não. As autoridades botam uns cara bombado pra proteger cada cidadão sempre que ele pedir uma força ao dr. delegado.
Auxílio Gasolina - Não dá, os da bomba tão metendo a mão. Mas o ministério do Transporte  comparece com um troco pra ajudar no combustível.
Auxílio Balada - O chope pra relaxar tá pesando no bolso?. Vai daí rola uma grana na pressão pra ajudar na conta. Balada só uma vez por ano? Isso é passado. O Estado ajuda.
Auxílio Viagem - Pobre tá cansado de ir pra Aparecida e fretar busão pras praia da Região dos Lagos. E Nova York? Miami? Nosso problema acabou, o vale-turismo tá bombando. E dá direito a hotel cinco estrelas.
Auxílio BMW - Esse é do bom. Carro importado pra galera. Já é!
Auxílio Casa em Angra - A Secretaria de Habitação Social já abriu cadastro pra casa e lancha.
Auxílio Educação - A escola dos moleques garantida sem doer no contra-cheque.
Auxílio Surfistinha - Esse é pra dar moral pros solteiros e pra quem tá na pista quando rolar o sentimento.
Auxílio Joia - Anel de rubi pra patroa e correntona de ouro pro distinto? É mole, é oficial.

A Tribuna da Imprensa saiu das bancas há dez anos. O que não saiu até hoje foi a indenização dos jornalistas que trabalhavam lá

A última edição da Tribuna da
Imprensa: 1° de dezembro de 2008.
Veículos impressos quando vão à falência geralmente deixam um vazio nas bancas e um buraco sem fim no bolso dos jornalistas. Jornal do Brasil, Bloch, Tribuna da Imprensa... A lista é longa. Ou não pagam porque alegam que não têm bens ou deixam massas falidas ricas, mas que se consomem em burocracia e em caras estruturas administrativas ao longo dos anos, restando pendente a complementação das indenizações trabalhistas. A falência da Bloch Editores, por exemplo, atinge a maioridade: fará 18 anos no próximo mês de agosto. Ainda existem ações em curso e, entre aquelas que foram encerradas, a Massa Falida da Bloch deve parcelas da correção monetária de lei.

Há poucos dias, em reunião no Sindicato dos Jornalistas Profissionais do Município do Rio de Janeiro, cerca de 40 profissionais habilitados em processos movidos pelo SJPMRJ foram informados pela advogada Claudia Duranti que ganharam as ações para recebimento dos valores que o jornal lhes deve, mais de R$3 milhões, no total. Ganharam, mas não vão levar, pelo menos não em curto prazo. A Tribuna deve a outros credores mais de R$ 400 milhões. Segundo a advogada do SJPMRJ, "a saída para que os jornalistas recebam o que lhes é devido mais rapidamente requer uma ação para que sejam privilegiados os créditos trabalhistas, que são de natureza alimentícia, e têm prevalência sobre as demais dívidas". Ou seja, a longa luta deverá continuar.

A Tribuna fechou as portas em dezembro de 2008. Na última edição, o proprietário, Hélio Fernandes (aos 98 anos, ele se mantém ativo no blog oficial da Tribuna), escreveu no editorial da primeira página que era "momentânea" a interrupção da circulação. E lá se vão quase dez anos. Hélio Fernandes acreditava que logo receberia uma milionária indenização do governo federal por ter sofrido censura prévia e represálias durante oposição à ditadura militar. Embora o STF tenha reconhecido o direito à indenização, esse processo ainda se arrasta.

segunda-feira, 29 de janeiro de 2018

Memórias da redação: fotógrafo Raymond Depardon, da Gamma, recorda a era em que o fotojornalismo dependia de passageiros de avião para fazer o material chegar a tempo do fechamento das revistas



Trechos destacados da entrevista de Raymond Depardon à repórter Marcella Ramos, do Globo

Na foto histórica da Gamma, assinada por Claude Wherlé e publicada na Fatos & Fotos, Claudia Cardinale, Gláuber Rocha, Luchino Visconti e Yves Montand no Festival de Cannes, em 1969, quando o brasileiro ganhou o prêmio de
Melhor Diretor pelo filme O Dragão da Maldade Contra o Santo Guerreiro. Uma das milhares de fotos
da Gamma publicadas pelas revistas da antiga Bloch. 

por José Esmeraldo Gonçalves 

O Globo de hoje publica entrevista que remete a uma era extinta do fotojornalismo. Na seção Conte algo que não sei, o fotógrafo Raymond Depardon fala, entre outros tópicos, sobre a Gamma, as grandes reportagens de viagem e a curiosa logística do passado para envio de material urgente.

A célebre agência francesa, fundada em 1966, manteve uma longa parceria com a Manchete e as demais revistas da antiga Bloch. A Manchete, principalmente, e a Fatos & Fotos davam vasto  espaço às reportagens fotográficas da Gamma, não só à cobertura de atualidades, mas às matérias reveladoras de etnias e lugares ao estilo National Geographic, mas com um diferencial de extrema qualidade: o DNA jornalístico da agência sempre presente em cada fotograma. Depardon recorda em O Globo a satisfação de vê-la publicadas nas revistas brasileiras.


Trecho destacado da entrevista de Depardon ao Globo.

Eram tempos analógicos e, na entrevista, o fotógrafo e cineasta também relembra um tipo de procedimento que deve parecer enigmático aos repórteres fotográficos de hoje. "Pedia a estranhos que estivessem entrando no avião para transportarem meus filmes", diz.

Essa frase carrega uma lembrança dos momentos de tensão que equipes em viagem ou correspondentes da Manchete no exterior viviam em aeroportos. Material de agência e filmes ainda a revelar eram enviados para o Brasil em mãos de passageiros ou de pilotos e comissários solícitos da Varig. Quando se tratava de material urgente para fechamento, o sufoco era maior. Cabia aos repórteres e fotógrafos em viagem, aos correspondentes ou aos funcionários das sucursais encontrar na fila do check in alguém disposto a fazer o favor de trazer para o Rio de Janeiro envelopes com os filmes. Eram, às vezes, volumosos envelopes. Havia até um jargão: "vou ao aeroporto fazer um passageiro".

O remetente ouvia alguns nãos mal-humorados, mas em 100% das vezes conseguia o portador. A tarefa seguinte era passar por telex a descrição do passageiro para que outra pessoa - quase sempre, Márcio, dos Serviços Editoriais, recebia essa missão - o esperasse no Galeão. "Fulano de tal, alto, careca, blazer cinza, camisa branca", e mais o telefone ou endereço no Rio, caso houvesse desencontro. E a recompensa ao viajante que trazia a encomenda? Uma carona até em casa no carro da Manchete. Aqui entra uma informação que era "confidencial" à época: quando o passageiro que trazia material de fechamento, urgentíssimo, caía na malha fina da Alfândega, contatos úteis da Manchete ajudavam a desembaraçar o sujeito,  suas malas e, claro, o valioso envelope com fotos. Isso aconteceu mais de uma vez.

A partir da segunda metade do anos 1980, ficou gradativamente mais difícil encontrar alguém disposto a servir de "mula" fotojornalística. Mesmo entre os passageiros afáveis passou a predominar o medo de trazer encomendas a pedido de um desconhecido. Ainda que a tecnologia digital não houvesse aposentado o material físico seria impossível hoje conseguir um passageiro disposto a transportar um gordo envelope entregue no aeroporto por alguém que ele jamais viu e ainda lhe fornecer endereço e telefone.

E se fosse remessa de ecstasy, metanfetamina ou qualquer outra droga sintética que alguns países mandam para o Brasil atualmente? 


Respeito à Natureza




por J.A.Barros

Enquanto aqui no Brasil, nós, brasileiros, matamos macacos e micos por supormos que eles são a via de contaminação da febre amarela,  em outros países até rodovias são desviadas das suas rotas para salvar um única árvore.

Veja outros exemplos:
Viaduto para passagem de animais selvagens entre os dois lados da floresta. 

O muro que não sacrificou uma árvore e...

...o prédio que evitou o corte de outra.