Em menos de oito meses ficou provado que Dilma Rousseff foi um mero detalhe para o golpe.
A essência do assalto ao voto e da armação que levou Michel Temer ao Planalto foi econômico-financeira.
E não no sentido apregoado de pôr "em ordem" as contas do governo, mas de viabilizar a mais espetacular transferência de recursos e bens públicos para grupos privados.
Aleatoriamente, em um dia qualquer, arranque das páginas dos jornais títulos reveladores; em um minuto qualquer, copie dos sites chamadas significativas. O resultado será uma tosca colagem das intenções do grupo que sequestrou o país. TCU vê suspeita de favorecimento na venda de ativos da Petrobrás; Governo quer converter em "investimento" 20 bilhões de multas aplicadas às teles que não cumpriram obrigações contratuais; as mesmas teles vão receber de graça prédio e instalações que, mesmo com a privatização, permaneceram de propriedade da União (só essa bufunfa vai a um estratosférico valor estimado de 100 bi reais); regras de concessão ambiental deverão ser alteradas para atender a pleitos das bancadas da motosserra e do trator; aeroportos privatizados serão aliviados da dívida (as chamadas outorgas, basicamente o que deveriam pagar pela concessão) e ainda receberão ajuda; o sistema financeiro quer o FGTS. Os exemplos são gritantes, atingem praticamente todos os setores e a mesma "política" será, aos poucos, replicada por estados e municípios, como se anuncia.
Sabe-se que o Brasil pratica - e isso independe de partido politico que está no poder, essa regra os políticos e a elite não mudam - uma espécie única de capitalismo assistencialista. Para os "investidores, é como viver em um eterno paraíso. Também em nome dos investidores e especuladores, a PEC da Morte vai congelar investimentos sociais, daí o nome. Não há dúvida de que, no futuro, essa PEC será reconhecida como crime e terá direito a uma comissão da Verdade. Não por acaso, setores da ONU já condenaram a emenda como um instrumento de crueldade em um país ainda com tanta desigualdade social como o Brasil.

O sujeito recebe, por exemplo, a concessão de um estádio, como em Minas Gerais e Rio Grande do Norte, e caso passe pelo dissabor de ter prejuízo, o governo vai lá e cobre o rombo. Se um outro ganha a concessão ferroviária, o Estado vai lá e compra os trens e paga a conta de luz, como já aconteceu. A iniciativa privada "eficiente" administra o aeroporto, mas claro, se os lucros não vierem de bom tamanho, o Estados perdoa cláusulas contratuais e tudo vai bem.
Como diz o Jovenildo Pipoqueiro que tem ponto no acesso do Metrô, "assim até eu".
Enfim, estão aí apregoando déficit e, ao mesmo tempo indo ao que interessa aos grupos lobistas e abrindo mão de impostos, bens, receitas de concessões. Em paralelo, há pressões para amolecer licenças ambientais e até a lei do trabalho escravo, sem falar nas regras trabalhistas que serão implodidas em nome do "serviço por hora", quando o funcionário vai virar um "boia-fria" institucionalizado.
Então, é Natal!
Alô classe média que foi às ruas: quando vestir a fantasia de Papai Noel para brincar com filhos ou netos, não esqueça o nariz de palhaço. Seus herdeiros vão entender.
A conta também vai sobrar para eles.