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| Na legenda: "Tenha cuidado, estamos apenas em ensaios clínicos". Reprodução Charlie Hebdo |
sexta-feira, 3 de abril de 2020
Jejum na República Bolsonâmica...
Portador do vírus do fundamentalismo, Bolsonaro quer convocar um jejum nacional. Segundo ele, é a maneira de expulsar a Covid-19. Por enquanto, só por enquanto, ele não fala em implantar outras determinações bíblicas. Por exemplo, mandar apedrejar pessoas que insistem em praticar o isolamento social. Nem ofereceu aos trabalhadores que abandonarem o confinamento 70 virgens à espera no paraíso caso contraiam a "gripezinha".
quinta-feira, 2 de abril de 2020
quarta-feira, 1 de abril de 2020
Forum da EleEla: como as páginas mais quentes do jornalismo erótico brasileiro se transformaram em fenômeno editorial
por Ed Sá
Lojas de gibis, o Mercado Livre e os melhores e resistentes sebos da praça ainda vendem antigas edições da EleEla.
Devem ser alvo de colecionadores. Mas a cereja do bolo dessa memória erótica é o famoso Fórum, que fazia parte da revista.
No início era uma simples seção de cartas quentíssimas e mais estimulantes do que catuaba, o "viagra" da época.
Nos anos 1970, a revista da Bloch era parceira editorial da Penthouse americana, que inspirou a página onde leitores narravam suas experiências sexuais.
Os relatos fizeram tanto sucesso na EleEla que os editores resolveram dar mais páginas ao material. Havia mais espaço do que a correspondência via correio conseguia preencher. A solução foi contar com a imaginação dos redatores.
Dizem que um deles, em especial, se destacava. Era o Antonio Roberto, o popular Machadinho, criador de experiências sexo-ficcionais alucinantes.
A alma do Fórum era o saudoso Léo Borges Ramos. Ele levava tão a sério a "editoria de sexo" que, em nome da interação entre os leitores a EleEla e como parte das fantasias e alegorias eróticas que a seção estimulava, pediu certa vez aos leitores e leitoras que adicionassem pentelhos selecionados aos envelopes das cartas. Acredite, muitos atenderam ao apelo. Léo morreu jovem, nunca se soube se os pentelhos serviriam a algum projeto editorial ou a pesquisas do DNA dos malabaristas sexuais do Forum. Antes que alguém ache isso absurdo, saiba que Van Gogh e Modigliani e Gustavo Courbet tinham predileção por retratar pentelhos. Courbet, aliás, inspirou uma exposição do artista plástico Peter de Cupere que, em 2014, exibiu obras que pintou usando um pincel feito apenas de pentelhos. Segundo ele, seus quadros pediam a "essência da vagina".
As cartas que mais repercutiam era aquelas onde rapazes comuns, que na vida real tinham que se esforçar para descolar a namorada possível, ganhavam a rara chance de comer mulheres maravilhosas. A galera delirava, talvez por se identificar com os heróis anônimos do Forum e esperançosa de viajar na ilusão de que um dia toparia com uma gata daquelas.
Era o bombeiro que ia consertar uma pia e era assediado pela dona de casa gostosa; o aluno do antigo ginasial que flagrava a professora nua no vestiário e era convocado para um dever de casa inesquecível; o contínuo que fazia hora extra no escritório e ganhava um tremendo habeas corpus da advogada carente; o motorista particular que era convidado a trocar o óleo da patroa; e até o faxineiro do pensionato de solteiras que literalmente passava o rodo no dormitório.
Pelo menos um editor da ElaEla observou que as páginas do Forum demoravam mais na paginação. Simples: era lidas antes de medidas. Muito justo.
Na Penthouse, o Forum também começou como seção e virou revista autônoma. O mesmo aconteceu com o seu filhote da EleEla, que evoluiu para um encarte e, depois, para edições inteiras e especiais.
Aquelas revistas batiam recordes de circulação, vendiam páginas de anúncio classificados e certamente rederam um bom dinheiro à Bloch, além, claro, de ajudar a garantir alguns empregos.
Nos anos 1980, já com o videocassete popularizado no Brasil, o Forum ganhou novo formato e deu nome a uma coleção de vídeos de sexo. Dessa vez, os filminhos, que eram vendidos em bancas, reforçaram em muito o caixa da editora.
Mas ninguém ficou mais feliz, além dos leitores, do que os jornaleiros. Pela primeira vez, as bancas receberam um produto que abriu um novo filão para as capatazias.
Vendia aos milhares. Até então, o jornaleiro da esquina conhecia nesse ramo do explícito, apenas os "catecismos" de Carlos Zéfiro e as revistinha suecas, ambos produtos vendidos "secretamente". Ser convidado para entrar na era do cassete, sem trocadilho, ajudou muitas bancas a levar o leite das crianças para casa.
Tudo isso graças a uma seção de cartas.
Cartas, aliás, viraram anacronismo e se transformaram em whatsapp, o erotismo agora está ao alcance do streaming, mas o Forum da EleEla permanece como o fenômeno editorial que, queiram ou não, escreveu uma página no mercado editorial brasileiro.
Lojas de gibis, o Mercado Livre e os melhores e resistentes sebos da praça ainda vendem antigas edições da EleEla.
Devem ser alvo de colecionadores. Mas a cereja do bolo dessa memória erótica é o famoso Fórum, que fazia parte da revista.
No início era uma simples seção de cartas quentíssimas e mais estimulantes do que catuaba, o "viagra" da época.
Nos anos 1970, a revista da Bloch era parceira editorial da Penthouse americana, que inspirou a página onde leitores narravam suas experiências sexuais.
Os relatos fizeram tanto sucesso na EleEla que os editores resolveram dar mais páginas ao material. Havia mais espaço do que a correspondência via correio conseguia preencher. A solução foi contar com a imaginação dos redatores.
Dizem que um deles, em especial, se destacava. Era o Antonio Roberto, o popular Machadinho, criador de experiências sexo-ficcionais alucinantes.
A alma do Fórum era o saudoso Léo Borges Ramos. Ele levava tão a sério a "editoria de sexo" que, em nome da interação entre os leitores a EleEla e como parte das fantasias e alegorias eróticas que a seção estimulava, pediu certa vez aos leitores e leitoras que adicionassem pentelhos selecionados aos envelopes das cartas. Acredite, muitos atenderam ao apelo. Léo morreu jovem, nunca se soube se os pentelhos serviriam a algum projeto editorial ou a pesquisas do DNA dos malabaristas sexuais do Forum. Antes que alguém ache isso absurdo, saiba que Van Gogh e Modigliani e Gustavo Courbet tinham predileção por retratar pentelhos. Courbet, aliás, inspirou uma exposição do artista plástico Peter de Cupere que, em 2014, exibiu obras que pintou usando um pincel feito apenas de pentelhos. Segundo ele, seus quadros pediam a "essência da vagina".
Era o bombeiro que ia consertar uma pia e era assediado pela dona de casa gostosa; o aluno do antigo ginasial que flagrava a professora nua no vestiário e era convocado para um dever de casa inesquecível; o contínuo que fazia hora extra no escritório e ganhava um tremendo habeas corpus da advogada carente; o motorista particular que era convidado a trocar o óleo da patroa; e até o faxineiro do pensionato de solteiras que literalmente passava o rodo no dormitório.
Pelo menos um editor da ElaEla observou que as páginas do Forum demoravam mais na paginação. Simples: era lidas antes de medidas. Muito justo.
Na Penthouse, o Forum também começou como seção e virou revista autônoma. O mesmo aconteceu com o seu filhote da EleEla, que evoluiu para um encarte e, depois, para edições inteiras e especiais.
Aquelas revistas batiam recordes de circulação, vendiam páginas de anúncio classificados e certamente rederam um bom dinheiro à Bloch, além, claro, de ajudar a garantir alguns empregos.
Nos anos 1980, já com o videocassete popularizado no Brasil, o Forum ganhou novo formato e deu nome a uma coleção de vídeos de sexo. Dessa vez, os filminhos, que eram vendidos em bancas, reforçaram em muito o caixa da editora.
Mas ninguém ficou mais feliz, além dos leitores, do que os jornaleiros. Pela primeira vez, as bancas receberam um produto que abriu um novo filão para as capatazias.
Vendia aos milhares. Até então, o jornaleiro da esquina conhecia nesse ramo do explícito, apenas os "catecismos" de Carlos Zéfiro e as revistinha suecas, ambos produtos vendidos "secretamente". Ser convidado para entrar na era do cassete, sem trocadilho, ajudou muitas bancas a levar o leite das crianças para casa.
Tudo isso graças a uma seção de cartas.
Cartas, aliás, viraram anacronismo e se transformaram em whatsapp, o erotismo agora está ao alcance do streaming, mas o Forum da EleEla permanece como o fenômeno editorial que, queiram ou não, escreveu uma página no mercado editorial brasileiro.
Com suspeita de Covid-19, jornalista Lauro Freitas Filho morre no Rio
por José Esmeraldo Gonçalves
Em 1985, um grupo de alunos do curso de Pós-Graduação em Jornalismo da Universidade Estácio de Sá participou da coletânea "Esporte e Poder" (Vozes), organizada pela professora Gilda Korf Dieguez.
Éramos dez autores, quase um time de futebol.
Entre estes, estava o tricolor Lauro Freitas Filho, que escreveu sobre a cobertura esportiva no rádio e no jornal. Desde 1988, apenas três anos após o lançamento do "Esporte e Poder", ele passou a integrar a equipe do Monitor Mercantil, onde escalou postos e era atualmente editor-chefe.
Lauro foi internado no Hospital Casa de Portugal, no Rio, com sintomas da Covid-19, e faleceu no sábado, 28.
O Monitor Mercantil divulgou nota sobre a perda do seu editor, na qual incluiu um alerta a quem minimiza a pandemia.
"Nosso editor-chefe Lauro Freitas Filho deixa família e amigos. Tricolor, querido e íntegro, o jornalista serviu exemplarmente ao jornal e, através de seu trabalho, à sociedade. Faleceu sábado, sufocado: suspeita de coronavírus. Bolsonaro, a “gripezinha” é mortal"
Em 1985, um grupo de alunos do curso de Pós-Graduação em Jornalismo da Universidade Estácio de Sá participou da coletânea "Esporte e Poder" (Vozes), organizada pela professora Gilda Korf Dieguez.
Éramos dez autores, quase um time de futebol.
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| Lauro Freitas Filho. Arquivo Pessoal |
Lauro foi internado no Hospital Casa de Portugal, no Rio, com sintomas da Covid-19, e faleceu no sábado, 28.
O Monitor Mercantil divulgou nota sobre a perda do seu editor, na qual incluiu um alerta a quem minimiza a pandemia.
"Nosso editor-chefe Lauro Freitas Filho deixa família e amigos. Tricolor, querido e íntegro, o jornalista serviu exemplarmente ao jornal e, através de seu trabalho, à sociedade. Faleceu sábado, sufocado: suspeita de coronavírus. Bolsonaro, a “gripezinha” é mortal"
Jornal Lance:agora só em edição digital
O Lance anunciou há poucos dias a suspensão de sua versão impressa. A versão digital será mantida. A decisão teria relação com a pandemia e a menor circulação de pessoas, além do fechamento crescente de bancas de jornais nos últimos anos.
Circulação de algumas revistas impressas é atingida pelos efeitos do coronavírus
A Editora Globo informa em nota que, em função do período de quarentena e isolamento social, as revistas mensais impressas Autoesporte, Casa e Jardim, Crescer, Época Negócios, Globo Rural e Pequenas Empresas, Grandes Negócios (PEGN) estarão disponíveis apenas em plataformas digitais. A revista Época manterá sua circulação impressa normalmente. A Marie Claire, mensal, continuará tendo sua edição impressa publicada mas passará a ter periodicidade bimestral. Os assinantes de qualquer um dos títulos da Editora Globo passam também a ter acesso ao conteúdo das demais revistas pelo aplicativo Globo Mais, que reúne as publicações da empresa e, também, o conteúdo do jornal O Globo. A medida tem o objetivo de reduzir o fluxo de funcionários nas gráficas e a circulação de pessoas e de veículos – inclusive os que fazem a distribuição das publicações.
Vagas para vítimas do coronavírus?
Deu na coluna de Lauro Jardim, no Globo. O ex-Trump Hotel, empreendimento que teve entre seus sócios o americano e os brasileiros Arthur Soares, vulgo 'Rei Arthur" e Paulo Figueiredo, neto do ditador João Figueiredo, ambos envolvidos na Lava-Jato, fechou as portas. Uma boa providência seria transformá-lo temporariamente em um hospital para vítimas do coronavírus.
Mídia conservadora embarca no "morde e assopra" de Bolsonaro
A mídia apontou "moderação" no pronunciamento de Bolsonaro, ontem. Houve até quem indicasse a esperada "virada" do capitão inativo "finalmente" em direção ao bom senso.
Razão tinham as panelas que ecoaram em protesto através do país.
Poucas horas depois, ele postou vídeo falso sobre "desabastecimento" na Ceasa de Belo Horizonte. O vídeo era falso, mas isso não importa ao Planalto. O sistema da mentira funciona assim há muito tempo. As milícias produzem os vídeos e os canais oficiais se encarregam de disseminá-los. É tudo uma coisa só.
A mídia, contudo, já teve tempo para aprender a não cair nessa armadilha. O vai-e-volta das fake news é parte da estratégia antidemocrática da ultra direita. Houve até ilações de comentaristas que se consideram bem informados sobre a suposta "pressão da ala militar" que levou o pai do Bananinha a deixar de incentivar o genocídio do coronavírus. Se aconteceu, a "pressão" foi delicada.
Ao postar o vídeo mentiroso, Bolsonaro mostrou que está no comando, tem um projeto político claro e manda nos milicos.
Razão tinham as panelas que ecoaram em protesto através do país.
Poucas horas depois, ele postou vídeo falso sobre "desabastecimento" na Ceasa de Belo Horizonte. O vídeo era falso, mas isso não importa ao Planalto. O sistema da mentira funciona assim há muito tempo. As milícias produzem os vídeos e os canais oficiais se encarregam de disseminá-los. É tudo uma coisa só.
A mídia, contudo, já teve tempo para aprender a não cair nessa armadilha. O vai-e-volta das fake news é parte da estratégia antidemocrática da ultra direita. Houve até ilações de comentaristas que se consideram bem informados sobre a suposta "pressão da ala militar" que levou o pai do Bananinha a deixar de incentivar o genocídio do coronavírus. Se aconteceu, a "pressão" foi delicada.
Ao postar o vídeo mentiroso, Bolsonaro mostrou que está no comando, tem um projeto político claro e manda nos milicos.
terça-feira, 31 de março de 2020
Humor, por favor...
Problema resolvido: o telepastor americano Kenneth Copeland acaba de "destruir" o coronavírus.
Depois dos fiéis engordarem devidamente a sacolinha, ele proibiu a Covid-19. "Em nome de Jesus, eu julgo você, Covid. Terminou! Acabou!. Se manda"!
Mas, atenção, os crentes brasileiros não devem sair por aí distribuindo ou recebendo perdigotos. O pastor é bem claro: expulsa o coronavírus apenas do território americano. É preciso que alguém providencie o julgamento da Covid com validade para o Brasil. Veja o vídeo AQUI
Depois dos fiéis engordarem devidamente a sacolinha, ele proibiu a Covid-19. "Em nome de Jesus, eu julgo você, Covid. Terminou! Acabou!. Se manda"!
Mas, atenção, os crentes brasileiros não devem sair por aí distribuindo ou recebendo perdigotos. O pastor é bem claro: expulsa o coronavírus apenas do território americano. É preciso que alguém providencie o julgamento da Covid com validade para o Brasil. Veja o vídeo AQUI
Humor, por favor
A preocupação do Palácio do Planalto em encerrar logo a coletiva do ministro Luiz Mandetta, ontem, era tanta que o cerimonial fez um brusca interferência diante de uma pergunta sobre o passeio de Bolsonaro por Brasília distribuindo perdigotos aos apoiadores no momento em que a maioria das pessoas, as não-sociopatas, pratica o isolamento social. Esse foi o detalhe político.
Já o toque ridículo foi a agressão gramatical da funcionária ao interromper a coletiva: "não haverão perguntas". O vírus da ignorância, aliás, já ataca o português praticado pelo governo bem antes da invasão do coronavírus. Veja AQUI
Humor, por favor
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| Reprodução/Twitter |
Para informar que não apenas o pai teve posts deletados, mas toda a família, ele escreveu hole family em vez de whole family. Imaginem a crise diplomática que o inglês do sujeito provocaria em Washington se é capaz de chamar o próprio clã de "Família Buraco".
As redes sociais adoraram a mancada e não perderam a chance de disparar memes.
Humor, por favor... mesmo black
O Coelhinho da Páscoa não vem este ano.
E Papai Noel – em confabulação com suas renas – está pensando seriamente no assunto...
Em compensação, Finados vai ser uma Festa!
E Papai Noel – em confabulação com suas renas – está pensando seriamente no assunto...
Em compensação, Finados vai ser uma Festa!
domingo, 29 de março de 2020
A cobertura da Covid-19: na Europa, a mídia mostra a verdade chocante; no Brasil, a opção ainda é por jornalismo de serviço e informações úteis
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| A opção da mídia europeia pela dura realidade e... |
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| ...a escolha da imprensa brasileira pela "esperança" e otimismo. |
Imaginem se a mídia brasileira imitasse os veículos europeus.
Aqui, o verdadeiro drama nos hospitais ainda não chegou à TV, aos jornais, às revistas ou aos meios digitais. Coletivas de autoridades, divulgação de números e de medidas, alertas para distanciamento social, a palavra dos especialistas e dicas para proteção fazem a essência do trabalho.
Lá, a população acompanha o verdadeiro campo de batalha em que os hospitais se transformaram. O desespero de vítimas do vírus e das equipes que tentam salvar os doentes é estarrecedor.
Constatar de forma tão dramática o perigo devastador do vírus ajuda a tirar os europeus das ruas. Um exemplo está na matéria de capa da italiana L'Espresso. Em comparação com a escolha da Veja para a matéria principal, vê-se que a opção da mídia brasileira ainda é, de certa maneira, asséptica. Não mostrar o drama hospitalar acaba favorecendo o "gabinete do ódio" do governo na sua cruzada para provar que o coronavírus é "gripezinha" e não justifica confinamentos. Nos hospitais brasileiros já se desenrola uma terrível e ainda não mostrada batalha pela vida. O drama humano ainda não rendeu pauta.
Paulo Guedes: o show dos pobres
Não há registro de que Paulo Guedes, o ministro da Economia, conheça um pobre sequer. Os chamados Chicago Boys, espécie de cheerleaders do neoliberalismo, facção da qual ele faz parte, devem achar que é uma ficção estatística para falsear os índices de distribuição de renda. A última dele repercute no twitter: a visão do pobre como tipo um showman que nos diverte.
Ana Paula Araújo rebate críticas de Mandetta á imprensa
| Reprodução You Tube |
O tom de voz e a expressão da âncora Ana Paula Araújo, no Jornal Nacional, da TV Globo, ontem, não eram o usual para quem lê editoriais ou notas oficiais da emissora. Nada de frieza. Ela parecia muito justamente indignada. O motivo? Uma resposta às críticas à imprensa feitas pelo Ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta, que chamou os meios de comunicação de "sórdidos", "porque só vendem se a matéria for ruim".
O texto lido por Ana Paula classificou de "estarrecedor" que o ministro não reconheça o trabalho da imprensa sobre a pandemia.
Mandetta sugeriu até desligar a TV. "Às vezes ela é tóxica demais", criticou.
A mídia em geral tem feito um importante trabalho de conscientização e de serviço sobre a Covid-19. Certamente, ajudou em muito a alertar a população mesmo quando o próprio Ministério da Saúde não recomendava medidas restritivas e desprezava, por exemplo, controles sobre a chegada de passageiros de países afetados pelo vírus, fechamento de escolas, isolamento social etc.
Hoje, especialistas dizem que o Brasil perdeu tempo precioso na luta contra o poderoso inimigo. Se foram reticentes por pressões internas ou convicções, provavelmente jamais saberemos. Importa que o próprio ministério mudou de ideia ao ver o tamanho da catástrofe global no rastro do novo coronavírus.
VEJA O VÍDEO AQUI
Hospício Palace: lotação esgotada
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| Foto EBC |
Quando traçou sobre a prancheta as linhas do Palácio do Planalto, Niemeyer jamais imaginou que um dia a sede do governo se tornaria um hospício.
Ou não é um perfeito spa de desequilibrados o lugar de onde parte uma campanha institucional pregando a volta das multidões ao trabalho, ao transporte coletivo, às escolas, aos bares, às ruas, igrejas, praias e praças em plena explosão do contágio do coronavírus?
Ou não é uma casa de loucos o prédio onde um dos seus inquilinos classifica a pandemia global como uma "gripezinha"?
Ou não é um manicômio o bunker governista onde um alto funcionário é contaminado pela Covid-19 e, por conta própria, resolve sair do confinamento médico e voltar ao seu gabinete portando uma carreata de vírus, com risco de ter contaminado outros "pacientes" da instituição? "Desculpe, foi engano", teria dito ele.
Ou não é uma casa de alienados a repartição que estimula manifestantes Brasil afora, qual arautos da morte que vão às ruas literalmente "defender" o vírus, a desprezar as normas sanitárias, isolamento e distanciamento social recomendados por médicos, epidemiologistas e cientistas?
Pensando bem, é injusta a comparação com os loucos. Estes podem não saber o que fazem.
Certos internos do Hospício Planalto que minimizam a Covid-19, não, estes sabem bem das suas ações.
Estão em campanha para ganhar uma láurea tenebrosa: a de genocidas do ano.
A propósito, talvez Niemeyer tenha percebido ainda em 1961 a estranha destinação do palácio que criou. O segundo morador do endereço - desde a inauguração de Brasília pouco mais de dois anos antes -, era, digamos, instável.
Chegou lá mitificado pelos eleitores, ele e sua vassoura. Julgando-se sem apoio do Congresso - era o "antipolítico" da época -, bolou um plano teatral. Renunciou ao mandato imaginando que seus apoiadores o carregariam nos braços de volta ao Planalto e o Congresso seria obrigado a anular o auto-afastamento.
Era o golpe triunfal que lhe daria poderes totais. Foi o script delirante que fez o Brasil mergulhar em uma grave crise institucional.
sábado, 28 de março de 2020
Daniel Azulay (1947-2020) e o homem-tronco • Por Roberto Muggiati
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| Daniel Azulay. Foto: Reprodução do site oficial do desenhista e artista plástico |
Durante muitos anos –
não lembro bem por que – o Shopping da Siqueira Campos, hoje conhecido como
Shopping dos Antiquários, foi uma imensa carcaça vazia. Lembro o primeiro
grande evento que aconteceu lá, na segunda metade do ano de 1960, o lançamento
do livro Furacão sobre Cuba, de
Jean-Paul Sartre, com a presença do autor e de sua companheira, a fila dos
autógrafos chegava até quase a praia de Copacabana. Nas megaenchentes dos verões
de 1966 e 1967, o shopping inacabado serviu de abrigo para as populações desalojadas.
Em 1970, o grande espaço onde se instalaria depois um supermercado, acolheu um
dos primeiros festivais de rock do Rio, chamado de Curtisom. Daniel Azulay
estava lá, à beira do palco, com o seu famoso triciclo psicodélico, uma
daquelas bicicletas antigas toda equipada com luzinhas multicoloridas e outros
adereços. Numa sexta-feira de setembro de 1978, Lena e eu pegávamos às onze da
noite na estação Barão de Mauá o lendário Trem de Prata – o Santa Cruz – que
fazia a ligação Rio-São Paulo. Na plataforma encontramos um pessoal da Manchete:
Renato Sérgio e a namorada de plantão, o chefe de reportagem João Luiz de
Albuquerque, com a mulher Elba e as duas filhinhas (uma delas, a Gabriela, foi
uma das produtoras editoriais do livro Aconteceu
na Manchete/As histórias que ninguém contou (Desiderata), que daria origem
ao blog Panis com Ovum. O Daniel Azulay também estava lá, com sua vistosa
bicicleta psicodélica, não sei até hoje como conseguiu embarcar o imenso
aparato no trem. (Uma anedota do João Luiz: toda manhã o Jaquito aparecia
nervoso na redação e mandava telefonarem para a casa do chefe de reportagem,
que chegava sempre atrasado: “Ainda está chafurdando entre os lençóis”, rosnava
o Jaquito. Pois não é que João Luiz e família não acordaram à chegada do trem
na Estação da Luz, em São Paulo? Depois de despejar os passageiros, o trem
rodou em frente, João Luiz e família só foram acordar num pátio de manobras a
três quilômetros depois.)
| Cartuns de Daniel Azulay na última... |
| ...página da Manchete, no anos 1970. |
| No alto, à direita, o homem-tronco |
Um dia, anunciou sua saída: iria
dedicar-se a um programa de educação de crianças através das artes plásticas. Pouco
depois. partia para o seu belo projeto. Antes, porém, num de seus últimos
trabalhos, brindou-nos com um belo cartum de um homem-tronco...
(*) O desenhista e artista plástico Daniel Azulay morreu ontem, no Rio de Janeiro. Ele estava hospitalizado em luta contra uma leucemia e contraiu a Covid-19
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