por Ed Sá
Os aviões são mais seguros - apesar do computador pirado do tal Boeing Max 8 - mais rápidos, têm mais autonomia, há mais rotas e muito mais cidades dispõem de aeroportos. Então ficou mais prático e confortável viajar de avião? Nem sempre. As cabines já não são tão confortáveis (primeira classe à parte), o serviço a bordo é precário quando não caro, protocolos de segurança exigem tempo e paciência dos passageiros, paga-se passagem, direito de escolha de assento, bagagem, taxa de embarque, espaço pra perna se o freguês quiser, transferência de voo, pra remarcar, pra cancelar etc.
Isso sem falar nas companhias de low cost, também conhecidas como Sadô-Masô Airways.
Então é isso: em termos de conveniência, a aviação até parece voar de costas.
Veja o anúncio acima publicado na Manchete no começo da década de 1960: a Real Aerovias, empresa brasileira que nunca figurou entre as grandes, oferecia voo direto de Constellation do Rio para Los Angeles com escala em Bogotá e Cidade do México, mas sem conexão. Ou seja, o cidadão não precisava trocar de avião.
Não há, hoje, voos diretos do Rio para Los Angeles. As frequências que ainda existem exigem troca de avião e horas de espera em aeroportos. Parece-me que ainda há uns poucos voos sem escala São Paulo-Los Angeles. A situação do Rio de Janeiro é pior. A cidade vem perdendo voos diretos do Galeão para as principais capitais do mundo. Em seis anos, segundo O Globo, o Rio perdeu 25% dos voos domésticos e internacionais. Até Rio-Orlando, abastecido pelos mickeymaníacos e sacoleiros nutella, já foi cancelado. O último Rio--Nova York direto decola em abril próximo.
Sinal dos tempos: para pegar esse voo da Real que o anúncio promove os paulistas tinham que vir para o Rio. Hoje, em algumas rotas internacionais, os cariocas têm que fazer um pit stop na Paulicéia.
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terça-feira, 19 de março de 2019
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