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Jô (Dr. Sardinha) apresenta a Delfim Netto uma cesta de frutas e legumes, com destaque para o abacaxi. Dizia-se, na ocasião, que Delfim, nomeado ministro da Agricultura, não distinguia jaca de uva. |
Jô na capa comemorativa da Fatos & Fotos Nº 1000 |
Jô fez muitas capas para a Manchete. Não há registro de negativa ao pedido de um repórter desesperado para marcar um matéria com o humorista, apresentador e escritor. Na Fatos & Fotos isso aconteceu pelos menos duas vezes. Em 1980, a apenas quatro dias do fechamento, alguém descobriu que chegaria às bancas a edição número 1000 da revista. Nessas ocasiões, a Manchete, o carro-chefe da Bloch, fazia grande números especiais com grande investimento: Manchete 30 anos, 40, 45, Manchete Nº 2000 etc. Para a F&F, que vivia em crise, essas comemorações passavam geralmente em branco. Foi feito um caderno especial de 32 páginas com uma retrospectiva de matérias publicadas pela revista. E a capa? Quem toparia posar em jogo rápido antes do fechamento que se aproximava? Jô.
O Gordo estava em cartaz com espetáculo em um teatro em São Paulo. A sucursal correu para montar a foto das mil semanas, que aí aparece, com bolo e tudo, feita por Mituo Shiguihara, com produção de Denise Orensztejn.
Em outra ocasião, Jô posou como cartomante, sem produção, para a F&F. A bola de cristal era um globo de luminária que a reporter Heloísa Marra levou de casa. O turbante, ela comprou em Copacabana. O improviso era para uma matéria sobre previsões para 1981.
Em 1979, a ditadura nomeou o economista Delfim Netto para o ministério da Agricultura. O czar da Economia durante o governo de Garrastazu Médici virou piada. Dizia-se que se fosse a uma feira livre poderia confundir jaca com uva tal era seu conhecimento sobre o setor agrícola. Foi o que bastou para o "Planeta dos Homens" criar o "Doutor Sardinha" para ironizar Delfim. Claro que a Manchete se mobilizou para fazer uma capa com os dois Gordos nacionais. Jô topou na hora, Delfim pode até ter hesitado, mas não perdeu a chance de aparecer ao lado de uma figura tão popular.
* Jô Soares morreu na madrugada de sexta-feira, 5/8, em São Paulos, aos 84 anos.
E a queda do Jô ao errar a porta blindex (fechada) da redação e se chocar com o vidro quase perto da mesa do Wilson Passos? Aconteceu e não virou Manchete.
ResponderExcluirNilton
Jô vai fazer muita falta nesse Brasil desorientado. Vá com Deus
ResponderExcluirSer contemporânea da alegria do Jô em temoos tão tristes foi um alívio. Obrigada
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