quinta-feira, 22 de novembro de 2018

As marcas (e adereços) do poder...

por José Esmeraldo Gonçalves

Não é de hoje que governos ou movimentos políticos se ligam a marcas e símbolos. E as redes sociais tornam isso ainda mais explícito. Veja abaixo alguns copyrights e patentes que, involuntariamente ou não, se ligaram aos poderes e poderosos de plantão em todas as latitudes.


No Brasil 

* Camisa amarela da seleção:  virou "uniforme" espontâneo nas manifestações da direita brasileira.

* Lojas Riachuelo - o "figurino" da nova era.

* Havan - a loja de departamento dos novos "homens de bem" do Brasil.

* Slogan do comercial "Posto Ipiranga": foi apropriado como apelido funcional do futuro ministro Paulo Guedes.

* Sérgio Cabral colecionou jóias, ternos, mansões e lanchas, mas o que a história registrará mesmo será a sua marca mais favorita: a polonesa Xime, fabricante da privada inteligente e aquecida, de alta tecnologia, encontrada em seu apê. É associado também a guardanapos. De qualquer marca.

* O vinho Romanée-Conti, um dos mais caros do mundo, virou para sempre referência da happy hour de Lula na antiga Osteria Dell'Agnolo, em Ipanema. Lula colou também em um Airbus, o avião presidencial que ficou conhecido como Aerolula.

* Fernando  Henrique popularizou na mídia uma marca luxuosa: a Avenue Foch, em Paris, onde fica seu apartamento.

* Juscelino Kubitschek ligou-se à música - Peixe Vivo era sua trilha sonora e presidente bossa nova seu apelido. O avião presidencial Vickers Viscount foi anexado à sua imagem de líder moderno. Era nele que JK percorria o país e visitava Brasília em construção. E virou nome de carro: o Alfa Romeo JK.

* Tancredo Neves e Hospital de Base são indissociáveis.

* O camarote presidencial do Sambódromo carioca passou a ter vínculo histórico com Itamar Franco e os nobres e visíveis atributos da sua acompanhante. Itamar também ressuscitou o Fusca, que não era mais fabricado no Brasil e grudou sua biografia na marca alemã.

* Brigadeiro: na corrida eleitoral de 1945, as fãs do brigadeiro Eduardo Gomes faziam campanha e boca de urna distribuindo um doce achocolatado que acabou ganhando a patente do candidato. Vai um brigadeiro aí?

* O ditador Garrastazu Médici encampou não só o uniforme canarinho de 1970, mas a seleção toda. O rádio portátil tipo Speaker que levava para os estádios também entrou em sintonia com o general da vez.

* A vassoura, de qualquer marca, virou símbolo de Jânio Quadro e vice-versa. O slack, uma espécie de roupa de safári de inspiração inglesa, também

* Collor de Mello e o Fiat Elba, carro que deu a prova final para sua destituição, estão para sempre no mesmo verbete da história.

No Mundo

* Hitler associou-se aos automóveis Mercedes, fábrica que fornecia modelos especiais para as carreatas do líder nazista.

* John Kennedy fundiu sua imagem a Marilyn Monroe, a maior griffe hollywoodiana da época.

* Perón antecipou-se, nesse item, a Kennedy: sua marca preferida era Evita.

* Fidel e o charuto Cohiba eram do mesmo partido.

* Churchill e o charuto Romeo y Julieta viraram um símbolo só durante a Segunda Guerra. O líder britânico também popularizou chapéu Fedora.

* No futuro será impossível escrever sobre Donald Trump sem incluir na mesma frase a palavra Twiter.

* Gossips de fino trato garantiram que o príncipe Charles também introduziu, literalmente, um Cohiba na corte. No caso, na intimidade da alcova que dividia com Camila Parker Bowles

* O general Douglas MacArthur,  que durante a Segunda Guerra foi uma espécie de vice-rei do Oriente, popularizou os famosos óculos Aviator, da Rayban.

* Nixon e o conjunto de prédios Watergate, em Washington, nunca mais se separaram: dividem eternamente as mesmas memórias.

* De Bill Clinton pode-se dizer que tem o nome no Google associado às palavras-marcas "estagiária","sexo oral",  "Monica Lewinsky".

2 comentários:

Isabela disse...

No governo Collor a moda era uísque Logan. E Mãe Dihan.

Ebert disse...

A marca que político mais gosta chama-se propina