Desde que Donald Trump declarou guerra comercial ao mundo o planeta passou a girar em solavancos. A China deu respostas fiscais equivalentes. A Europa ameaçou. Mas, até aqui, pareciam apenas táticas de defesa.
A matéria de capa da Economist, nessa semana, é dedicada à carta que Pequim escondia sob a túnica: um agressivo e trilionário programa de desenvolvimento que ultrapassa suas fronteiras e terá impactos internacionais.
Trata-se de um plano que tem duas vertentes, que o governo de Xi Jinping está chamando de "Projeto do Século". Uma delas é batizada com uma metáfora típica da tradição chinesa: "Iniciativa do Cinturão e da Rota" ou "Nova Rota da Seda".
Sob esse guarda-chuva, a China vai despejar bilhões de dólares em financiamento de infraestrutura para expandir conexões comerciais com a Ásia, Europa e África. Portos, ferrovias, estradas e instalações industriais fazem parte da nova agenda global de desenvolvimento. "Esperamos desencadear novas forças econômicas para o crescimento global, construir novas plataformas para o desenvolvimento mundial e reequilibrar a globalização para que a humanidade chegue mais perto de uma comunidade de destino comum", diz Jinping.
Outras linhas de financiamento serão voltadas para um programa interno de ampliação de vias de trens de alta velocidade, construção civil, estradas, energia etc. Dentro e fora das suas fronteiras, o que a Chica anuncia é uma espécie de um New Deal, o programa de Roosevelt que tirou os Estados Unidos da crise, na década de 1930, multiplicado por mil.
O anúncio mexeu com Washington e com a União Europeia. Subitamente, Trump e líderes europeus congelaram disputas comerciais, baixaram o tom e abriram negociações.
The Economist admite que o programa chinês tem vantagens mas, sob o aspecto estratégico, ampliará a influência geopolítica de Pequim. A ironia é que a China está fazendo o Ocidente tremer com uma arma muito conhecida: o capitalismo. Não foi por falta de aviso: o livrinho vermelho de Mao Tsé Tung, de 1964, já dizia na página 22. "O caminho para a modernização da China será construído sobre os princípios da celeridade e simplicidade. Também não é legítimo relaxar e 50 anos depois, a modernização será realizada em uma escala maciça".
A revista inglesa, uma espécie de livro azul do capitalismo mundial, não esconde um certo pânico. E pergunta se o mundo deve temer ou saudar a resposta chinesa a Trump.
O fato é que o trem chinês já partiu. E vem lotado.
2 comentários:
A civilização chinesa desde as dinastias de 200 anos antes de Cristo é sábia, atravessou várias eras. Claro que o ignorante do Trump não sabe disso
E a China vai crescer muito mais assustando o mercado internacional com seus produtos "Made in China ".
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