sábado, 18 de agosto de 2012

O trem


por deBarros
Logo após a guerra da secessão nos EUA, o país banhado a Oeste pelo oceano Pacífico e a Leste pelo oceano Atlântico sentiu que era chegado o momento de unir esses dois Oceanos alargando as suas fronteiras e levando a civilização território adentro. A Estrada de Ferro seria  a grande ferramenta que efetuaria esse desejo. Com essa união as grandes industrias do Leste seriam expandidas tendo como resultado grandes movimentações monetárias enriquecendo seus empresários e por consequência o país.
A Union Pacific foi a grande vencedora na corrida para atingir o Oceano Pacífico. Vencendo grandes obstáculos atravessou rios, montanhas, vales, tempestades de neves e o frio mas chegou ao seu objetivo.  A Costa Leste dos EUA chegava na Costa Oeste tornando transcontinental esse país. A Estrada de Ferro fez esse trabalho.
O preço que teve de pagar foi muito alto. Na travessia do Oeste, tribos indígenas foram sacrificadas. O Búfalo, ou o Bisão americano, quase foi extinto. Mãos de obra, senão escravas, de centenas de chineses morreram na construção das linhas de trem. O fim, diriam muitos, justificava os meios. Mas o fato real é que dessa união de um oceano ao outro nasceu uma grande nação que se impôs ao mundo vindo a se tornar uma grande líder das nações. O trem foi o seu motivador e o seu grande desbravador.
No Brasil, aconteceu exatamente o contrário. Um governo, resolveu anos atrás, implantar uma indústria automobilística no seu país, e em vez de estradas de ferro construiu rodovias de acesso ao seu interior através do carro e do caminhão que consumindo gran-des somas de dinheiro encareceu por demais o transporte de mercadorias e de passageiros. Esse governo não só acabou com as linhas de ferro existentes como o serviço de navegação de cabotagem. Será que ainda se lembram dos pequenos navios, chamados de Itas, que navegavam do extremo norte do Pará ao extremo sul do Brasil? Com o fim dos Itas, criaram os “Paus de Araras”.
Hoje, uma presidente do país entendeu que alguma coisa precisava ser feita para inverter a prioridade de transporte e através de um projeto de governo ressuscitou ou está tentando ressuscitar o a linha de ferro: o trem.  Essa máquina fantástica que transporta por preços bem mais baixos não só bens de produção como o homem nos seus deslocamentos através do pais levará, com certeza, o país para ocupar o seu lugar no mundo moderno e competitivo que vivemos. Esse projeto de governo também visa a melhoria dos portos existentes como também a construção de novos.
A presidente entendeu que essa virada só poderá ser feita através da iniciativa privada que junto com o governo investirá com toda força nesse empreendimento progressista – no emprego certo desta palavra sem cunho ideológico – cortando o país com linhas de trem em todas as direções.
Washington Luís, ex–presidente do Brasil dizia que “governar é construir estradas”. Na verdade ele queria dizer que: Governar e construir meios de comunicação entre seu povo para que ele não fique isolado em si mesmo, ou preso a uma só forma de comu-nicação.
O destino da grandes nações é o de desbravar, de descobrir o desconhecido. Abrir novos espaços e implantar a sua cultura.
Por que não chegarmos ao Oceano Pacífico, através do trem, e abrirmos artérias nas encostas geladas desse leviatã de rochas e montanhas dessa gigantesca cordilheira que nos separa dessa magnifica massa d’água navegada no passado por aventureiros e corajosos navegadores?
Os nossos verdadeiros parceiros comerciais estão bem ao nosso lado nas margens desse oceano. Vamos conquistá-los porque esse é o nosso destino.

2 comentários:

Nelio Horta disse...

Barros, muito bom o seu texto, parabéns. Quando eu jogava no juvenil do Vasco, viajei por vários Municípios do Espirito Santo e sul de Minas de trem, saindo da Leopoldina (Barão de Mauá). Viagem maravilhosa, nunca vou esquecer. Tomara que o projeto de restabelecer linhas regulares de trem siga em frente e não fique só no papel. Abraço.

debarros disse...

Nélio, nem citei quem realmente acabou com a Estrada e Ferro no país. Nunca achei que Brasília fosse a solução administrativa para o Brasil. Falam que o EX criou uma nova classe social. Classe social não se cria em oito anos. Ele distribui dinheiro à rodo por essa Brasil afora. Em Brasília sim criou-se uma nova classe social burocrática às custas do povo brasileiro e com a extinção de transportes de massa essenciais ao desenvolvimento brasileiro. Mas, isso tudo é uma história muito longa que um dia vai ser repensada e discutida nos palcos diante do povo brasileiro.