por Lenira Alcure
Os bonequinhos de O Globo batem palmas para o filme ‘A Árvore da Vida’, do americano Terrence Malick, o que não chega a ser novidade, porque o filme ganhou a Palma de Ouro de Cannes. Os mesmos bonequinhos dormem durante a sessão de ‘Melancolia’, do dinamarquês Lars von Trier, expulso do mesmo Festival, não por causa do filme, mas por uma declaração pra lá de desastrada, a de simpatizar com Hitler e até mesmo ser um tanto nazista. Brincadeira? Provocação? Confissão?
Difícil responder por ele. Mas autores e suas obras não podem ser misturados quando se faz a avaliação artística de um livro, uma peça, um filme. Não sou uma crítica especializada, mas acho que um filme, como um livro, tem que narrar uma boa história-fictícia ou real. Os dois filmes falam de conflitos familiares, sob uma perspectiva que inclui a própria história do mundo.
O primeiro, num show espetacular de imagens, deixa a narrativa à deriva, em uma viagem que se pretende espiritual, embalada em alguns chavões psicanalíticos e comportamentos estereotipados. Um tédio! Meu bonequinho interno (e também o da minha amiga, de 25 anos, ao meu lado) mal resistiram ao sono. Já ‘Melancolia’ segura a atenção do espectador o tempo todo. Não é mais o passado, mas o futuro que nos espreita. Enquanto ‘A Árvore’ assume o discurso moralista, bíblico até, o segundo é cético, não aponta nenhuma saída, mas nos acena com a solidariedade no caos que se avizinha. Não é uma boa perspectiva, mas nos faz pesar afinal o que vale ou não a pena. Meu bonequinho bateu palmas! É uma belo filme e eu recomendo.
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Um comentário:
Tive impressão parecida ao ver Melancolia (não vi Arvore da Vida), um belo filme. Nem reparei que o bonequinho não gostou do filme. Mas é condenável se o fez por causa da declaração do diretor. A obra não tem nada a ver com frase dita em Cannes. E aí?, vamos jogar fora todas as belas criações de Wagner por sua relação com o nazismo?
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