quinta-feira, 11 de março de 2010

Conar não censura Conar?

Pinóquio vira bandido no comercial do Conar
por JJcomunic
Se o Conar, que censurou Paris Hilton e a cerveja Devassa Bem Loura, seguisse seus critérios moralistas poderia passar a tesoura em seu próprio comercial institucional. No filminho em que faz campanha contra a propaganda enganosa, o Conselho de Autorregulamentação usa um boneco narigudo, Pinóquio, que é perseguido por uma polícia violenta. Pois bem, o anúncio é preconceituoso, politicamente incorreto e ofende minorias.
- O nariz avantajado do boneco é associado à mentira. Pode induzir a população a achar que todo narigudo é mentiroso e trazer prejuízo moral a tais pessoas.
- Os policiais que perseguem o boneco estão vestidos para matar. São visivelmente violentos, parecem mais uma SS nazista ou um esquadrão da morte.
- Pelo cenário, um bairro miserável com ruas escuras e estreitas, o comercial induz o consumidor a achar que propaganda enganosa é coisa de pobre ou de empresas de fundo de quintal. Errado e, mais uma vez, preconceituoso. Por que não mostrar um boneco elegante e engravatado transitando na Av.Paulista, por exemplo? Certos bancos, montadoras, financeiras, grandes empresas farmacêuticas fazem propagandas espertas demais. O Pinóquio do Conar parece um camelô.
- Perguntar não ofende: o Conar tem autorização para se"inspirar" no Pinóquio criado por Carlo Collodi?
- Pinóquio era um boneco que queria ser um menino. Suas mentiras são ingênuas. E um pequeno herói para várias gerações de crianças. O Conar tenta destruir essa imagem.
- Censura e Conar, tudo a ver. Saiba que As Aventuras de Pinóquio só foram lançadas no Brasil em 1933 (a primeira edição, na Itália, foi em 1883) com tradução de Monteiro Lobato. Por que não chegou antes? O Estado Novo, de Getúlio, dificualtava a tradução de obras estrangeiras. Uma forma de censura.
Conclusão: não convide o Conar e os autores do comercial para brincar no play.

Um comentário:

Milfont disse...

Como é que uma organização privada tem poder de censura? Dá para entender? As agências sabem os limites e há orgãos públicos aos quais os eventalmnte prejudicados possam recorrer. Por exemplo: propaganda enganosa é crime, não motivo de firulas; se um anúncio é racista, é crime, também não é motivo de gracinha; pedofilia, estímulo às drogas, tudo isso está previsto na lei e o cidadão pode recorrer a essas instâncias.