PANIS CUM OVUM - o blog que virou fatos&fotos

terça-feira, 2 de dezembro de 2025

Segura essa. O Brasil criou mais uma "instituição" : igrejas como braços do crime

Tem igreja no Brasil que não vai para o céu. A CPI do INSS mostra o que nem Jesus sabia. Dinheirinho desviado de segurados ia parar em sacolinhas especiais. Nesse caso, a fé está no crime.

Essa ligação entre a religião e a corrupção não é incomum. Observe o noticiário."Clínicas de recuperação de dependentes químicos" e "abrigo de idosos" são frequentemente estourados pela polícia após denúncias de maus tratos e péssimas condições de funcionamento.  Essas instituições recebem verbas públicas. É preciso que as autoridades cumpram o dever de fiscalização rigorosa. Se você tiver que internar um parente em uma delas, investigue antes, peça referências a outras familias. Examine a documentação e faça visitas-surpresa. Certamente há casas confiáveis, mas muitas são caça-níqueis. Fique ligado. 

segunda-feira, 1 de dezembro de 2025

Memória da redação - O dia em que bati uma bola legal com um astro do reggae - Por Osvaldo Salomão (em matéria com Jimmy Cliff (*) para a revista Sétimo Céu)

Osvaldo Salomão e Jimmy Cliff (Foto reproduzida do Facebook do autor)

por Osvaldo Salomão

Queridos amigos e amigas, os meus cumprimentos! Ainda em tempo de fechar essa segunda-feira de 24 de novembro com uma boa recordação.

Daí que hoje fui dar uma volta no tempo e bater na porta daquele final de uma manhã do mês de maio do ano de 1980.
Então, repórter de Sétimo Céu, revista do Grupo Bloch/Manchete, no Rio de Janeiro. Recebo de minha editora, Luzia Salles, a minha pauta do dia, simplesmente uma entrevista exclusiva com Jimmy Cliff, a ser cumprida logo mais no começo da tarde, no estúdio da gravadora Odeon, no bairro de Botafogo. Seria a minha primeira entrevista com uma personalidade estrangeira. (A foto em foco, abraçando a pasta do release do show).
Fui preparar as minhas perguntas e me informar melhor sobre Jimmy Cliff, sendo um fã da trilha sonora de sua carreira de cantor e compositor, fundamental na difusão internacional do reggae, bem como na visibilidade da música jamaicana pelo mundo. Cliff, um ativista da paz, de tantos sucessos vibrantes, tipo "Vietnam", "Reggae Night", "Rebel In Me", estava no Brasil para cumprir, ao lado de Gilberto Gil, uma série de shows em sua primeira turnê nacional, que começou exatamente por Belo Horizonte, tendo o Mineirinho como palco, na noite do sábado de 24 de maio daquele ano.
Jimmy Cliff sempre demonstrou um carinho muito especial pelo Brasil, país com o qual estabeleceu uma forte conexão, especialmente com a cidade de Salvador. Na capital baiana construiu laços artísticos, profissionais e pessoais marcantes em sua vida.
Tempos depois, tive um reencontro com Jimmy Cliff, desta feita como repórter da revista ELE ELA. Isso na coletiva de imprensa que o cantor concedeu no auditório do então Rio Palace Hotel, hoje Belmond Copacabana Palace, Posto Seis, na Avenida Atlântica. Jimmy Cliff estava de volta ao Brasil, agora na qualidade de uma das atrações internacionais da segunda edição do Rock In Rio, que aconteceu em janeiro de 1991, no Estádio do Maracanã.
A Jimmy Cliff, o meu respeito e admiração, e gratidão pela cortesia, simplicidade e alegria de como me recebeu nas oportunidades em que estivemos juntos, cada um no seu ofício.
(Jimmy Cliff, nome artístico de James Chambers, natural da localidade de Saint James, na Jamaica, em 30 de julho de 1944), faleceu em 25/11/2025)

Texto reproduzido do Facebook do autor (Osvaldo Salomão's Post).

"Raposa política" - Você ainda vai votar em uma?

 A IA ainda não define o verdadeiro sentido de "raposa política" ou da variação "raposa felpuda da política", expressão talvez criada por antigos colunistas do setor. O epíteto não é elogio. Nem sinônimo de honestidade. Diz-se do espertalhão, do político que manobra no escuro para obter vantagens para si. Você raramente vai ver uma "raposa" usando a esperteza em benefício do povo. A espécie atua turbinada por lobby ou em nome de uma dessas bancadas sinistras que agem como facções. As "raposas" saem da toca em momentos críticos. É o habitat ideal para elas. 

O Brasil elegeu Lula mas não deu ao eleito um número minimamente razoável de senadores e deputados. O resultado foi a disseminação da chantagem legislativa em troca de cargos e fortalecimento do poder econômico do Congresso simbolizado por um vendaval de emendas parlamentares sem dono, sem rumo e sem digitais.  

Se Lula pedir um copo d'água ao Congresso vai receber uma demanda na bandeja. Uma nomeação aqui, uma liberação de verba ali, uma "bondade" para algum setor ou empresa acolá.

No momento, o "copo d'água" é o Jorge Messias, indicação de Lula ao STF. Nem é uma escolha de peso jurídico, não agrada a parte do PT, é um bombom para religiosos destinado a fortalecer a bancada evangélica no Supremo. Mesmo assim, a maioria conservadora tende a não aprovar a indicação. O histórico das disputas do governo com o Legislativo ensina que as vitórias de Lula só aconceram quando ele fez chover "copos d'água" sobre as famosas cúpulas de Niemeyer.

Comentarista da Jovem Pan é investigado no megaescândalo de sonegação da Refit

 

Cristiano Beraldo, comentarista da Jovem Pan. Foto Instagram

Isso é que é versatilidade. O comentarista de política da Jovem Pan, Cristiano Beraldo, um dos líderes da seita de extrema direita MBL foi alvo de busca e apreensão determinada pelo MPSP como parte da operação contra esquema de sonegação e lavagem de dinheiro da Refit. Esta é uma empresa do setor de combustíveis, controla a Refinaria de Manguinhos que, segundo as investigações, "esquenta" gasolina importada como se fosse petróleo bruto. A Refit é suspeita há décadas de apropriação e desvio de impostos. 
Beraldo, residente em Miami, integraria malha de empresas sediada nos Estados Unidos como parte do esquema de Ricardo Magro, dono do Grupo Fit. Segundo o MPSP, o comentarista mantém cinco empresas no estado de Delaware, conhecido paraíso fiscal dos Estados Unidos.

sábado, 29 de novembro de 2025

"Ferro de solda" - Brasileiros vão ao Google para conhecer a ferramenta que Bolsonaro tornou famosa.




Quem disse que brasileiro não se interessa por política? Nos últimos dias, um ícone político surpreendente destacou-se no Google Trend. Pois é: o termo ferro de solda foi bastante pesquisado. Tanto que algumas marcas colocaram a ferramenta em promoção. No futuro quando sobreviventes bolsonaristas construírem o Museu do Bozo, o ferro de solda ocupará um lugar de honra como símbolo da luta do presidiário contra a opressão do gênio do mal Alexandre de Moraes. (José Esmeraldo Gonçalves)

À beira de um ataque de nervos, Centrão pede socorro! Entregador de farmácia faz plantão pra levar Lexotan para suas (deles) excelências

Haja antidepressivo,  antipsicótico e ansiolítico. Certos deputados e senadores da facção ultra conservadora e de extrema direita estão em ritmo de pesadelos randômicos. Master, Refit e Carbono Oculto assombram o Centrão. Mansões de Brasília recebem engravatados para reuniões de emergência. Ninguém usa diretamente o celular, o aparelho fica nas mãos do assessor do assessor.


 Até o quase obsoleto pager foi reabilitado pelos mais paranóicos. Pra quem não sabe, os bips, como eram chamados, ainda existem. Como operam sob sinais de rádio e não dependem de internet e rede celular são usados por médicos e pessoal de serviço que trabalha com emergência ou em áreas onde o sinal de telefone móvel é instável ou não existe. É difícil rastrear pager. Essa característica  é mamão com açúcar para que está devendo à lei. 

Não é fácil a vida dos parlamentares do Centrão. Dizem até que os mais visados não dormem duas noites seguidas no mesmo lugar. 

Como acontece com músicas-chiclete, o refrão Master, Refit e Carbono Oculto não sai da cabeça deles. Quer assustar um figurão do Centrão? É só avisar que tem um suv preto com letras douradas parado na entrada do condomínio às seis horas da manhã.

sexta-feira, 28 de novembro de 2025

Copa do Mundo sem imigrantes? Trump dá cartão vermelho para a maioria dos jogadores

Mais dois fatores podem prejudicar a Copa do Mundo de 2026. As embaixadas dos Estados Unidos já estão dificultando a concessão de vistos para torcedores em geral. Antes, países considerados inimigos, como o Irã, que aliás está classificado, estão alertados sobre dificuldades para entrar e circular nos Estados Unidos. Agora, após o recente ataque a tiros em Washington, que deixou gravemente feridos dois reservistas da Guarda Nacional, Trump determinou fronteiras fechadas para imigrantes por temer ataques terroristas. A propósito, o autor do tiroteio a duas quadras da Casa Branca foi um afegão que já trabalhou para CIA.

A FIFA já está preparando plano B para transferir para México e Canadá jogos de países indesejados por Trump. Mas não há logística possível que evite problemas com jogadores, staff técnico, hotéis, passagens aéreas e eventos de patrocinadores - alguns já foram cancelados - principalmente se os surtos de Donald Trump acontecerem muito em cima da hora.

Frase da semana... o país dos rombos

TODA NOITE A TV GLOBO NOS MOSTRA

COMO FOMOS, SOMOS E

CONTINUAREMOS SENDO

ROUBADOS


Na capa da Carta Capital: o Brasil se salvou de uma nova junta militar

 


quarta-feira, 26 de novembro de 2025

Só uma duvida: Alexandre Morais é guarda penal dos condenados golpistas?

  Os golpistas fardados já foram condenados e levados para spa militar e Bolsonaro está curtindo cadeia na PF. Toda hora um deles pede a Alexandre Moraes  autorização para visitas. Sério? Morais vai ficar com essa atribuição de babá dos aloprados? Um ministro do Supremo tem mesmo que ficar tratando nessa nível com os calhordas? Bota aí um carcereiro raiz para cuidar dessa turma.

terça-feira, 25 de novembro de 2025

ATENÇÃO JORNALISTAS E PESQUISADORES - O acesso à coleção digitalizada da Fatos & Fotos na Hemeroteca da Biblioteca Nacional deve ser feito apenas presencialmente. Saiba por quê


A coleção digitalizada da Revista Fatos & Fotos esteve disponível na Hemeroteca da Biblioteca Nacional. No entanto foi retirada pouco depois de disponibilizada ao público e após o Panis Cum Ovum divulgar um link que se tornou inválido. Desde então leitores fazem contato com o blog para saber como consultar a F&F. Abaixo, instruções oficiais para acesso à publicação.

"A revista Fatos e Fotos está digitalizada e faz parte do acervo da Hemeroteca Digital Brasileira, contudo, sua consulta não está disponível pela internet. Devido a questões de autorização de uso por parte dos detentores dos direitos autorais, ela só pode ser consultada por meio do sistema interno da Biblioteca Nacional. Em resumo, a pesquisa deve ser feita presencialmente na BN.

Por um breve período, o periódico esteve visível para consulta online, de maneira atípica, devido a uma questão momentânea de processamento e inserção na base de dados. Este acesso indevido já foi corrigido, e o periódico está disponível somente na condição supracitada (consulta presencial).

A revista Amiga ainda não foi digitalizada e sua consulta é feita por meio dos originais (material físico).

As publicações da Editora Bloch são um caso complexo de direitos autorais, envolvendo a falência da editora e problemas judiciais verificados pela Procuradoria da Biblioteca Nacional. Portanto, não há previsão para a inclusão de mais publicações dessa editora na Hemeroteca.

Observações para a Consulta Presencial:

·  É permitido tirar fotografias na consulta presencial.

·  A reprodução (cópia/impressão) pela Biblioteca Nacional só é possível mediante autorização dos detentores ou autores das matérias.

·  O atendimento ao público é de segunda a sexta, das 10h às 17h. Não é necessário agendamento prévio."

Fonte: Fundação Biblioteca Nacional

Av. Rio Branco, 219 2º andar – Centro/RJ

segunda-feira, 24 de novembro de 2025

Bolsonaro admitiu que estava doidão quando atacou a tornozeleira.

por O. V. Pochê

Enquanto a tornozeleira era periciada, Bolsonaro confessou que meteu um ferro quente na peça. Simples curiosidade. Quando o meliante compareceu à audiência de custódia já estava cheio de novas versões e criatividade advocatícia. Disse o Bozo que teve um surto provocado por remédios, estava doidão, ouviu vozes vindo da tornozeleira, achou que era de um microfone espião. 

Nada disso ele havia comentado diante da perita. Valeu a tentativa, mas as novas justificativas apresentadas não determinaram a soltura do presidiário. Quem sabe no decorrer da semana ele apresente novas hipóteses do tipo pensou que era o general Heleno telefonando, teve um pesadelo no qual era atropelado por uma motociata comandada por Moraes, em meio ao surto achou que Trump queria vê-lo na Casa Branca. Ok, o homem tem direito de defesa. Mas esse negócio de surto deveria ser investigado. E se Bolsonaro exerceu a Presidência fora de si? A PF podia abrir a operação Pirado no Planalto.

domingo, 23 de novembro de 2025

Câmara cria a figura do foragido bancado por verba pública

O golpista condenado Alexandre Ramagem teria sido fotografado em Miami. Supostamente fugiu para os Estados Unidos em setembro. A Polícia Federal investiga o caso. É um "fantasma" atuante. Desde então utilizou de 35 mil reais de verba pública para cobrir seus gastos, sem contar os salários pagos e ajuda para moradia. O desaparecido tem direto a votar nas sessões porque meteu dois atestados médicos e tem internet paga pela Câmara. Significa que na prática é um foragido sustentado pelo povo. 

Não está longe o dia em que a maioria desse Congresso dominado pela direita criará um emenda especial para sustentar golpistas que atuam para derrubar a democracia e impor um ditadura corrupta e assassina como de resto são os regimes autoritários. A Câmara  empilha vários de casos de fujões da Justiça e, apesar disso, com mandatos válidos. É um absurdo. Mas o que não é absurdo na maioria fascista que os bozorocas colocaram no Congresso?

ATUALIZAÇÃO: Em declarações da família foi confirmado, ontem, que o condenado Alexandre Ramagem está abrigado na Flórida. Mesmo com o nome na lista de foragidos da Interpol, dificilmente será preso. Outros procurados estão livres nos Estados Unidos.

sábado, 22 de novembro de 2025

Pegaram pelo pé - Jair Bolsonaro violou tornozeleira eletrônica. O Bozo queria fugir?

O pé do Bozo.
Reprodução
Instagram 


 Dois incidentes motivaram a prisão preventiva de Jair Bolsonaro, hoje..

1  - Flávio Bolsonaro convocou apoiadores para se concentrarem em frente à mansão de Jair Bolsonaro em um condomínio em Brasília na manhã  deste sábado.

2 - Ã meia noite e 8 minutos de hoje, sensores detectaram violação da tornozeleira eletrônica do presidiário..

Houve suspeita de que os dois fatos estivesse relacionados. A PF pediu a prisão cautelar de Bolsonaro por temer ameaça à ordem pública. E se o presidiário estivesse planejando ir aí encontro dos manifestantes ou aproveitasse o tumulto para fugir? Não seria surpresa, outros bolsonaristas condenados escaparam rumo ao exterior. Ainda não se trata do início do cumprimento da sentença . Bolsonaro, que cumpria prisão domiciliar, foi conduzido para uma sala especial da sede da PF onde aguardará julgamento do último recurso e só então será encaminhado para um local definitivo. Amanhã ele passará por audiência de custódia.

A ironia: Ao convocar a manifestação, Flávio Bolsonaro acabou complicando a situação do próprio pai. Assim como o outro filho, Eduardo, fez ao conspirar contra o Brasil, pedir sanções e taxas ao Trump e levar o clã Bolsonaro ser criticado por traição até por muitos bolsonaristas.



Brasil exporta fugitivos para os Estados Unidos

Imagem Freepick 

por Ed Sá

Houve uma época em que o cinema americano explorava um chavão e o repetia à exaustão. Todo bandido e vilão fugia para o Brasil, mais precisamente para o Rio de Janeiro. 

Atualmente o lugar comum se inverteu: elementos bolsonaristas evadidos se homiziam nos States. 

É só conferir o noticiário. Eduardo Bolsonaro, Allan dos Santos, Alexandre Ramagem e vários outros golpistas menos conhecidos do 8 de janeiro. Lembrando que a condenada Carla Zambelli fez um pitstop lá antes de se mandar para a Itália, e até subcelebridades condenadas por fake news ou ofensas fugiram para não pagar altas indenizações, inaugurando o "exílio por calote". 

Com os processos contra a tentativa de golpes, conspiração para assassinar Lula, Alexandre Morais e Geraldo Alkmin, preparação de atos terroristas etc chegando à fase de sentenças, o fluxo pode aumentar. 

A Polícia Federal também está de olho nos possíveis fugitivos ligados ao escândalo do Banco Master. Um deles, o dono da mutreta, foi fisgado no momento em que embarcava no jatinho rumo ao paraíso fiscal Malta. O que chama atenção é a moleza com que passam pela imigração americana enquanto simples e inocentes turistas enfrentam a agressividade dos agentes, são barrados e encaram perrengues. 

sexta-feira, 21 de novembro de 2025

Bancada religiosa no STF

por Flávio Sépia 

Ao indicar Messias para o STF, Lula ajuda a consolidar uma bancada de militantes da fé na principal corte do país. A escolha praticamente compromete a viabilidade das pautas progressistas. Nunes Marques, André Mendonça, Zanin e Messias formarão a linha de frete do conservadorismo. Lula indicou dois, Bolsonaro, dois. É a vergonha do empate. Melhor torcer para o Senado impedir a nomeação do Messias para Lula ter outra oportunidade para conter o avanço da teocracia.

Do Banco Master para o investidor: Perdeu, mané!

por Flávio Sépia

A palavra mais digitada nos últimos dias é Master associada a golpe, fraude, PL Centrão e PCC. Especialistas estão fazendo hora extra para explicar em linguagem complexa o tamanho da falcatrua. Aqui vai uma breve análise na linguagem popular. A PF encaçapou o mineiro dono de um banco que vendia versões financeiras de "terreno na lua", "bonde no Rio de Janeiro", "bilhete de loteria premiado" e até o "Pão de Açúcar".  Milhares de otários caíram no golpe. Outros não otários operavam o golpe dentro do golpe investindo na arapuca dinheiro de fundos de pensão públicos. O mineiro malandro tem ligações poderosas na política, com predominância na extrema direita, tem costas largas no Congresso e em pelo menos três governos estaduais. Muita coisa está em apuração. O escândalo tem tentáculos em centenas de empresas fictícias ou não em áreas que vão de canais digitais a clubes de futebol, moda, alimentação, farmacêuticas, turismo etc. 

A pilantragem é moderna mas o conceito é bem antigo. Trata-se de oferecer enormes vantagens para seduzir manés. O dono do Master tem jatinhos, mansão na Flórida, frequenta altas rodas, é paparicado pelos podres poderes, mas ostenta o mesmo cabelo engomado dos golpistas de rua, do tipo que vende falsos bilhetes de loteria premiados. Tem aquela história: todo dia um malandro e um otário saem de casa, quando eles se encontram fazem negócio. 

Na primeira metade do século passado, Juazeiro do Norte, no Ceará, era dominada pelo Padim Ciço. O líder religioso tinha força politica, atraía fiéis, era protegido por jagunços e respeitado por cangaceiros. Um dos seus aliados operava um esquema financeiro tosco mas que era semelhante na essência ao golpe do Banco Master. 

A coisa funcionava assim: O staff do padre montou uma "financeira" que emprestava dinheiro ao povo da região. O sujeito entregava, digamos, mil tostões aos operadores e daí a seis meses recebia cinco mil tostões. A oferta era tentadora e, no começo, tudo funcionou. Tal qual o Master, a financeira de Juazeiro dependia de atrair novos clientes todo dia. Chegou uma hora que a pirâmide falou, não tinha fundo garantidor e não mais pagou os clientes. Quem ousava reclamar era recebido por jagunços que convenciam o "investidor" com um rifle Winchester, um argumento insuperável. Restou ao povo apelidar a "financeira" de Juazeiro: Engolideira do Padim. Um século depois temos a Engolideira do Master. 

quinta-feira, 20 de novembro de 2025

20 de novembro - O primeiro Zumbi a gente nunca esquece - Por Roberto Muggiati

 Não há como esquecer. O Dia da Consciência Negra, na data do aniversário da morte de Zumbi dos Palmares, foi comemorado pela primeira vez no Rio de Janeiro em 20 de novembro de 1995.  O feriado municipal, decretado pelo prefeito Cesar Maia, foi cercado de controvérsias, mas acabou respeitado naquela segunda-feira chuvosa em que a Manchete em peso compareceu ao enterro de Adolpho Bloch no Cemitério Israelita de Vila Rosali, em São João de Meriti.


Internado num hospital de São Paulo, Adolpho morreu nas primeiras horas do domingo, 19 de novembro de 1995, Dia da Bandeira. “O Rei morreu”, era o pensamento na cabeça dos jornalistas que foram aguardar o corpo para o velório no saguão de entrada do prédio da Bloch no 804 da Rua do Russell. O clichê imemorial não foi completado com o “Viva o Rei!” Adolpho não deixava herdeiro à sua altura. O mais afoito candidato, Oscar Bloch Sigelmann, morrera na véspera do Carnaval daquele ano. Num ano ruim para os Bloch, em agosto, foi a vez da irmã de Adolpho, dona Bela, mãe do Jaquito.

Naquele domingo, fui convocado para dar depoimentos à TV sobre Adolpho, principalmente na Rede Manchete. Ainda ficamos um tempo na redação, esboçando o fechamento da revista naquela segunda-feira – seria quase uma edição especial sobre Adolpho.

Chovia torrencialmente. Fizemos a longa viagem de trinta quilômetros até Vila Rosali – Lena e eu – no carro do casal Norma e Murilo Melo Filho, com direito a motorista particular. A presença de Xuxa (que ganhara fama e acesso à TV Globo graças à Manchete), Angélica, Cristiana Oliveira da novela Pantanal e outras celebridades atraiu a tietagem local, mesmo debaixo do aguaceiro. Para conseguir uma visão melhor, havia gente sentada até no muro do cemitério. Uma pequena multidão de fieis se acotovelava junto ao túmulo de Adolpho Bloch na hora do enterro.

Procurando um ângulo melhor, o fotógrafo Nilton Ricardo subiu num túmulo vizinho e Jeová o fulminou no ato pelo sacrilégio com um tombo quase fatal – Nilton se safou agarrando-se a uma lápide, que cedeu, levando consigo na queda uma meia dúzia de outros fotógrafos.

Do meu lado, Arnaldo Bloch, sobrinho-neto de Adolpho, me explicava o simbolismo da linha férrea que margeia o cemitério. Quando um corpo acaba de ser enterrado passa sempre um trem. Não deu outra: mal os despojos de Adolpho Bloch eram cobertos pela tampa da sepultura, um trem se deslocou lentamente no horizonte como uma longa cobra.

Capa: Foto de Sergio Zalis
Voltamos de carona com o Mauro Costa, chefe de reportagem da televisão. Ainda chovia forte.

Às dezenove horas começamos o fechamento da revista, que varou a noite. Na capa, um belo retrato de Sérgio Zalis do homem que havia criado a Manchete havia 43 anos.

Os cariocas mais afortunados gozavam as últimas horas de lazer que lhes foram conferidas, pela primeira vez, por Zumbi dos Palmares.



FOTOMEMÓRIA DA REDAÇÃO
Hall do prédio do Russell, manhã de 20 de novembro de 1995. Já com a missão de fechar o número especial da Manchete em homenagem ao seu fundador, parte da redação fez uma pausa para receber o corpo de Adolpho Bloch, transladado de São Paulo. Na foto, João Silva, Regina, Orlandinho, Alberto, José Carlos, Muggiati, Cesar, Ney Bianchi, José Esmeraldo, Paulinho e Pinto. 

Memórias da Redação - Há 30 anos, a última mensagem de Adolpho Bloch e o estranho caso da urna enterrada e esquecida na Quinta da Boa Vista. Por José Esmeraldo Gonçalves

 

A página de abertura da Manchete especial sobre a morte de Adolpho Bloch.
Clique na imagem para ampliar o texto 


No dia 20 de novembro de 1995, chegava ao fim do meu último ano na Revista Manchete, da qual me desligaria em fevereiro de 1996. Fechava-se uma etapa da minha carreira e, a revista perdia seu fundador. Foi um mix de dia agitado e de comoção diante do fechamento da edição especial sobre Adolpho Bloch. Enquanto o numero 2.277 tomava forma na redação,  oito andares abaixo, no hall do prédio da Rua do Russell, o Bloch era velado cercado pela família e centenas de amigos. Pessoalmente ou por telefone, repórteres colhiam depoimentos de personalidades, entre as quais o então presidente Fernando Henrique Cardoso, Leonel Brizola, Roberto Marinho, o primeiro-ministro de Israel, Shimon Peres, Franco Zefirelli, Oscar Niemeyer, Darcy Ribeiro e Barbosa Lima Sobrinho. Eu me recordo que Zevi Ghivelder me pediu para escrever o pequeno texto de abertura acima reproduzida. Quase fim do fechamento, com tantas páginas reunindo múltiplos perfis de Adolpho, confesso que eu não sabia bem o que destacar. Pensei em uma das suas mais marcantes características: o amor ao Brasil. 

Hoje, vendo certas figuras desprezíveis apelando aos Estados Unidos para bombardearem o Rio de Janeiro ou bancadas espúrias no Congresso aprovando leis em interesse próprio e seguramente inconfessáveis observo o quanto esse sentimento faz falta.

Revendo o expediente daquela edição, vejo que o tempo passsou tão rápido quando um trem-bala. Como assim, 30 anos ? Levou alguns amigos, felizmente deixou tantos outros e muitas lembranças.  


Por último, uma curiosidade sobre o recado póstumo "Sejam todos felizes neste país que tanto amei" - 

Em 1973, Adolpho foi convidado a escrever um depoimento que foi depositado em uma urna enterrada no museu da Quinta da Boa Vista. Os registros deveriam ser abertos apenas no centenário da Independência, em 2022.  Pelo que se sabe, a urna foi esquecida. Em todo caso, um trecho colhido em uma cópia resgatada pela Manchete tornou-se a mensagem final de Adolpho Bloch.

segunda-feira, 17 de novembro de 2025

O que Adolpho Bloch tinha a ver com Zé das Medalhas


A medalha JK65 entrou para a história que não aconteceu.
Reprodução de uma peça da memorabilia do Panis

por José Esmeraldo Gonçalves 

Zé das Medalhas era um personagem da Copacabana dos anos 1960. Uma celebridade popular ao lado de tantos escritores, cineastas, cantores e jogadores de futebol que moravam no bairro. Zé das Medalhas trabalhava em uma farmácia no Leme. Usava sempre um colete espetado com dezenas de medalhas. É possível que Adolpho Bloch, que morava em Copacabana, e costumava andar na Avenida Atlântica com o amigo Juscelino Kubitschek, tenha cruzado com o Zé em algum momento. Ou talvez não, e jamais os dois souberam que tinham algo em comum. Um carregava suas medalhas no peito, o outro costumava estampar medalhas e moedas comemorativas anexadas às edições da antiga Manchete


Uma dessas medalhas em homenagem a João Paulo II, que visitava o Brasil em 1980, foi colada nas capas de números especiais que venderam milhões de exemplares. Além disso, Adolpho recrutou voluntários para vender a medalha do papa em esquinas movimentadas do centro do Rio de Janeiro. O carisma de João Paulo II incendiou as ruas e fez tilintar moedas no cofrinho do Bloch. 


Outra insígnia lembrada, esta oferecida ao leitores da Manchete Esportiva, festejou os Jogos Olímpicos.

A marca Bloch estampou várias medalhas e moedas.  

A moeda JK 65 virou história que não aconteceu e foi atropelada pela ditadura militar de 1964. Depois de deixar a Presidência, Juscelino foi eleito senador. A ideia era permanecer na cena política enquanto trabalhava a volta ao Planalto nas eleições de 1965. A moeda era inicialmente uma peça de campanha. Mediante uma quantia, de preferência alentada, o doador ganhava o suvenir.  

JK havia sido vítima de uma tentativa de golpe militar após ser eleito em 1955, foi salvo pelo marechal Lott que desarmou a conspiração dos quartéis e garantiu sua posse. Conhecia o veneno e mesmo assim  cometeu um erro fatal: aproximou-se dos militares no período anterior à queda de João Goulart e apoiou o golpe de 1964. Acreditava que os milicos fariam um pit stop no poder e manteriam as eleições presidenciais de 1965. JK nem desconfiou da ditadura pré-instalada quando votou para presidente, no Congresso, na palhaçada eleitoral que "elegeu" Castelo Branco. Com o enterro da liberdade, o militar tomou posse com a caneta carregada para formular listas de cassações, prisões, sequestros, perseguições e os Atos Institucionais autoritários. 

JK deve ter tomado um susto: seu nome logo figurou entre os cassados e banidos. 

O resto a história conta. Foram 21 anos de trevas, torturas, assassinatos, milhares de brasileiros no exílio, censura, corrupção e concentração brutal de renda. Restou gravada na moeda JK85 a mensagem da "Pelo Brasil recomeçarias mil vezes". No verso, em torno da imagem de um trator, o registro "Contribuí para a campanha JK65", seguido da promessa "Quinquênio da agricultura"simbolizada pela imagem de um trator.  Trator ou tanque ou foi o que passou por cima da democracia