PANIS CUM OVUM - o blog que virou fatos&fotos

segunda-feira, 25 de agosto de 2025

Jaguar (1932-2025) - Em 1957, o cartunista que seria um dos fundadores do Pasquim publicou sua primeira página exclusiva na antiga revista Manchete, da qual foi colaborador



 

Em 1957, Jaguar dangou uma página na Revista Manchete. Reprodução da edição


por José Esmeraldo Gonçalves  

A edição 271 da antiga Manchete trazia uma página assinada por Jaguar. Ele já havia colaborado com a revista que chegara às bancas em 1952.  A novidade oferecida ao leitores era a página exclusiva do cartunista que faria história a partir de junho de 1969, quando foi um dos fundadores do Pasquim e deu traços ao Sig, o rato implacável e inesquecível.  O jornal foi um fenômeno de vendas, soube fazer a hora e, usando o humor como arma, tornou-se um símbolo da luta contra a ditadura. Os gorilas entendiam de pau de arara e não sabiam lidar com humor. Chegaram a prender toda a redação invocando as mais variadas desrazões. No caso do Jaguar, o "crime" foi uma charge que parodiava o grito da Independência e botava D. Pedro pedindo mocotó às margens do Ipiranga. Odiaram a piada. 
Em cada uma das milhares de charges que criou Jaguar imprimia seu estilo único e certeiro. Difícil escolher a melhor. Entre aquelas que mais gosto e que resume humor com gotas precisas de acidez e bouquet de ironia vai essa abaixo reproduzida do Pasquim. 


    

segunda-feira, 18 de agosto de 2025

O material de divulgação do novo álbum de Taylor Swift The Life of a Showgirl) remete a Nicole Kidman no filme Moulin Rouge


Taylor Swift como uma deslubrante showgirl europeia. Reprodução Instagram



O novo álbum dsa cantora ("The Life of a Showgirl" tem um certo clima que lembra 
Nicole Kidmann filme "Moulin Rouge". Foto Divulgação



por Ed Sá

Durante sua última turnê na Europa, Taylor Swift criou "The Life of a Showgirl", produzido na Suécia. Segundo a cantora, o novo álbum se inspira no que aconteceu nos bastidores da turnê "The Eras Tour". Musicalmente, é um retorno ao pop. O que não se sabe é se "The Life of a Showgirl" fará referência a um acontecimento trágico que marcou sua passagem pelo Rio de Janeiro quando uma fã não resistiu ao calor e sofreu uma parada respiratória fatal no Engenhão, palco da apresentação carioca da turnê Eras Tour.  

Mistério na Glicério - Sexto Capítulo - "Uma casa de bonecas" - Um folhetim noir escrito por Roberto Muggiati

 

O blog Panis Cum Ovum publica o folhetim Mistério na Glicério, de Roberto Muggiati, originalmente lançado no República, voz não-oficial da República Independente de Laranjeiras, editado quinzenalmente por Ricardo Linck, do Maya Café.




domingo, 17 de agosto de 2025

Efeito Felca faz andar projeto contra a exploração de crianças na internet, mas bolsonaristas atuam para impedir a regulamentação das big techs

O youtuber Felca lançou a denúncia contra exploração de crianças na internet.
Imagem reproduzida do programa Altas Horas/Rede Globo 
 

O efeito da denúncia do youtuber Felca sobre a exploração e sexualização de crianças na internet é obviamente positivo e o avanço da legislação para impedir o fator pedofilia nas redes sociais é inadiável. 

O problema é máquina de moer de Brasília. 

Tudo que chega ao Congresso é triturado e deformado. Há projetos para responsabilização das bigtechs engavetados há tempos. Bolsonaristas e bancadas "comerciais" impedem o avanço de leis "sensíveis" aos seus interesses. É o caso, também, da regulamentação da jogatina digital de "tigrinhos, sites de apostas futebolísticas e cassinos on line.

A denúncia do Felca ganhou ampla repercussão nacional que tornou impossível a suas (deles) excelências ignorarem o clamor público. Infelizmente deu aos bolsonaristas e ao Centrão a oportunidade de desidratar os projetos, focalizar na questão da exploração e sexualização de crianças e deixar de lado a responsabilização das big techs. O motivo? O ano eleitoral vem aí e a turba quer liberdade para produzir fake news, difamar pessoas sem provas, usar a IA para atacar adversários e enganar os eleitores. Os países desenvolvidos estão criando mecanismos para legalizar - a palavra é essa - as big techs e levá-las a respeitar as leis, direitos autorais, cidadania, civilidade, ética e, de resto, a democracia como qualquer outra atividade deve fazê-lo. Daí, a trituradora entrou em ação.

sábado, 16 de agosto de 2025

Na capa da Fórum: o influenciador de estimação de Donald Trump

 

Matéria assinada por Luiz Carlos Azenha, na revista 
Carta Capital mostra os pontos de contato entre Trump e a cartilha nazista. A eugenia se materializa na limpeza étnica da ruas de Washington, na caça aos imigrantes e aos pobres em geral. 



sexta-feira, 15 de agosto de 2025

Primeiros momentos: o lado quinta série do encontro Putin-Trump

por Flávio Sépia 

Inicialmente,  os dois líderes chegariam à base aérea em território estadunidense em horários estipulados: Trump, o anfitrião diplomático, primeiro; Putin, o visitante, depois. Detonando o protocolo, o avião de Trump atrasou meia hora. Os dois acabaram chegando ao mesmo tempo. Havia tapetes vermelhos para cada um, mas Putin teve que caminhar até Putin. Nada disso foi gratuito. Ao seguir o tapete, o líder russo foi obrigado a passar entre caças enfileirados. Terceiro momento quinta série. Logo depois que os dois líderes se encontraram, um bombardeio B-2 fez um rasante sobre Putin, ele chega a olhar para cima e continua andando, parecia já esperar esse tipo de provocação. Outro ponto: não havia carro especial para conduzir Putin. O líder russo foi de carona na limusine do Trump. Do lado russo, outras provocações. Aos repórteres da comitiva russa foi servido Frango a Kiev.  Putin ostentou: usou o jato presidencial e mais três grandes aviões para levar sua tropa ao Alasca  Certo estava Serguei Lavrov, ministro do Exterior da Rússia, que desembarcou já no modo provocação: desembarcou usando uma camiseta com o logo histórico CCCP, um recado inconfundível. Cabe lembrar que muitos integrantes do governo russo discordaram do formato desse encontro tal como Putin o aceitou. As conversações deram em nada efetivamente. Trump, apesar disso, avaliou que houve avanços. 

Mídia: uma simples curiosidade.

Sem querer prejudicar empregos, a Globo não precisa de repórteres brasileiros nos Estados Unidos. Em questões geopolíticas, tecnológicas, de comportamento e comerciais, os tupiniquins repetem literalmente o discurso da Casa Branca em todos os campos. Os gringos poderiam reportar tudo isso sem intermediários. Até mesmo em ocasiões como a recente Copa do Mundo de Clubes evitaram falar sobre os problemas, incluindo as sucessivas e excessivas  paralisações de jogos em função de supostas ameaças de raios. Na verdade, motivadas por temor dos organizadores e dos seguradores de que os raios (que não vieram)  atingissem alguém no interior dos estádios.  Na linguagem da tropa da Globo tudo foi maravilhoso.  Há exceções na equipe entre comentaristas jornalisticamente mais honestos e com alguma independência. Em tempo de caça às bruxas convém não citar nomes ou correrão riscos trabalhistas.

Eleições 2026 - a corrida aos influenciadores que podem transformar likes em votos

Ilustração :TSE/Logotipo das Eleições 2026

Uma corrida silenciosa acontece nos bastidores do partidos. Com a aproximação do ano eleitoral, quando milhares de cargos estarão em jogo, os políticos passam uma lupa nos potenciais puxadores de votos que as redes sociais podem oferecer. Influenciadores com milhões de seguidores são o alvo principal. Muitos ainda não sabem que serão procurados. Basta aguardar. Claro que até a campanha eleitoral outros nomes surgirão, mas essa prévia abaixo faz todo o sentido. Se tais nomes toparam a disputa e se conseguirão transformar likes em votos é outra história.    

* Felca - ao denunciar exploração de crianças na internet, virou "objeto" de consumo de bolsonaristas e esquerdistas.

* Gominho - o amigo de Preta Gil construiu uma imagem de lealdade e solidariedade e ocupa as redes sociais. Vai receber convite? Nos bastidores do streaming produtores se movimentam para emplacar um doc sobre Preta Gil. Se confirmado o especial Gominho ampliará então sua visibilidade. 

* Virgínia Fonseca - Tem cerca de 20 milhões de seguidores. Depôs na CPi dos sites de apostas e, por ter apoio de políticos bolsonaristas, saiu-se bem. Ganhou prestígio nas bancadas favoráveis ao jogo. A CPI deu em nada, mas ela ficou na memória dos chefes de partidos. Vai ser lembrada.

* Luva de Pedreiro. Já  não tem alcance nacional, passou a onda, mas pode ter força para puxar votos regionais.

* Zé Felipe, ex-marido de Virgínia. Cantor sertanejo com forte presença na internet é observado para candidaturas na região oeste do país.

* Deolane Bezerra, advogada e influenciadora. Foi convocada pela falecida CPI das Apostas. É articulada e pode ser procurada por líderes de partidos.

* Jojô Todinho. Figura polêmica, tem pretensões políticas, é aliada a posições da extrema direita bolsonarista.

- Danilo Gentile - o apresentador de TV costuma compartilhar suas opiniões políticas conservadoras de perfil direitista. 

* Felipe Neto - o youuber se coloca à esquerda, é cobiçado pelos progressistas, sua opinião terá alcance eleitoral, mas dificilmente será convencido a concorrer a cargos políticos.

* Luciano Huck - A cada eleição o apresentador se movimenta rumo à política partidária. São surtos, logo desiste. Em 2026 terá nova oportunidade, quem sabe...

* Gustavo Lima - O cantor foi tema de pesquisas que sondaram uma possível candidatura a presidente. É conhecido nacionalmente e as as enquetes demonstraram isso. Tem perfil bolsonarista. Por enquanto, nega pretensões eleitorais. 

quinta-feira, 14 de agosto de 2025

Na capa da Carta Capital: os intocáveis

 


O "pastor da calcinha" é puro "Nelson Rodrigues". Uma investigação abaixo de qualquer suspeita

por José Esmeraldo Gonçalves 

Falta um Nelson numa hora dessas. 

Um sujeito rico, pastor e alto funcionário público, foi flagrado de fio dental e peruca loura aparentemente rodando a bolsinha em uma calçada de luz difusa. 

Os vizinhos se assustaram com aquela figuraça novata no pedaço e gravaram o religioso travestido e em ação. 

Após a cena viralizar na internet, ele gravou um vídeo justificando a fantasia. Alegou que se disfarçou para realizar uma investigação particular. Queria descobrir um certo endereço. Não deu maiores detalhes. Talvez uma boa busca no Google revelasse o CEP em questão sem querer apelasse para o fetiche. O "homem de Deus" ainda não disse porque precisava tanto do tal endereço.

No vídeo-resposta em que tenta limpar a barra,o pastor aparece ao lado da mulher. Segundo ele, a "conja", como chama Sérgio Moro, não sabia detalhes da operação investigativa na qual o marido fazia figuração de trottoir. 

Um dos vizinhos revelou que o pastor compareceu à calçada por várias noites.

Nelson Rodrigues adorava expor a hipocrisia dos homens e mulheres "de bem". Se o pastor estava em missão investigativa ou não é problema ou solução dele. Para o jornalista e dramaturgo importava a inspiração para a sua crônica em A vida Como ela é no jornal Última Hora e, depois, na Fatos & Fotos.

sábado, 9 de agosto de 2025

Na capa da Carta Capital: a facção do esparadrapo

 


Os "kids pretos" do Legislativo

 

06-8-2025 - A cena é grotesca. O presidente da Câmara dos Deputados, Hugo Motta, é assediado por bolsonaristas que assaltam a Mesa da Câmara. A pauta deles: forçar a aprovação de anistia para os golpistas de 8 de janeiro e da blindagem para impedir que o STF julgue deputados.  Querem também o impeachment do ministro Alexandre Moraes. Na prática, pretendem golpear as instruções democráticas. Durante horas, Hugo Motta respirou o bafo fétido da facção bolsonarista, até que, produzido o conteúdo para as redes sociais, foram enviar likes e "nudes" políticos para o clã. Foto: Reprodução TV Câmara 





Fevereiro de 1981. Fascistas sob o comando do coronel Tejada invadiram o Parlamento da Espanha. O objetivo era impedir a democratização do país após a ditadura de Franco. Os democratas resistiram e o golpe fracassou. Tejada puxou cadeia de verdade, sem direito a romaria. Não se sabe se os bozorocas tentaram imitar Tejada. Talvez sequer conheçam o fato. Optaram pela farsa por afinidade com o método.



Passaralhos sobrevoam a Globo News.

O passaralho que fez ninho na Globo News parece não ter saciado o apetite. Depois das demissões de Daniela Lima, Eliane Cantanhede e Mauro Paulino, o clima é pesado nas redações do canal por assinatura. 

Uma recente pesquisa do Quest teria captado a Globo News como "esquerdista". E isso incomodou a cúpula do canal. Bem antes da pesquisa havia embates sutis ou às vezes, até declarados entre jornalistas com nuances progressistas e outros mais acomodados ao manual ideológico do planeta Globo. No You Tube há vídeos que registram esse suco de climão derramado nas bancadas dos telejornais.  

No embate entre a extrema direita bolsonarista e o STF, Daniela Lima vestia a camisa da democracia representada pelo time da toga em luta contra o golpismo. 

Não sei se a jornalista percebeu o movimento das peças da Globo expresso no perfil de novas contratações. Se consultasse o GPS veria um redesenho da terceirização de opiniões. Algo como o "recreio" acabou, afinal 2026 está logo ali. A Cantanhede mexeu com o lobby israelense, O sociólogo Mauro Paulino sempre interpretou as pesquisas com um olho nos números críticos e outro na democracia ameaçada. Daniela entrou no canal a 120 por hora e acionou fontes que eram consideradas "privativas" de umas e outras. Nenhum dos três se deu conta de que o modelo em alta de comentários pontuados por âncoras é do Cesar Tralli onde a crítica tem doses de contenção, mentoria e auto ajuda. 

 À sombra de Trump e suas taxas e interferências, o STF torna-se um alvo de críticas das bancadas sobreviventes e comentaristas convidados. A biruta eleitoral ainda não indica claramente quem será  o novo Collor da Globo, mas os clones estão na mesa, sob observação. A indignação contra o 8 de janeiro dá vez a insistentes apelos de "moderação" enquanto o golpismo renovado e fortalecido dessa vez invade e subjuga a mesa diretora da Câmara.  

quarta-feira, 6 de agosto de 2025

Mistério na Glicério - Quinto Capítulo: "Cherchez la femme" - Um folhetim noir escrito por Roberto Muggiati

 


CARTA AOS LEITORES E LEITORAS




 "Mistério na Glicério", por Roberto Muggiati. O blog Panis Cum Ovum publica o folhetim noir escrito por Roberto Muggiati, originalmente lançado no República, voz não-oficial da República Independente de Laranjeiras, editado quinzenalmente por Ricardo Linck, do Maya Café.

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terça-feira, 5 de agosto de 2025

Veja: só ficaram dois... • Por Roberto Muggiati

 

Álbum de família da Veja em 1968: Muggiati à extrema esquerda, Mino ao centro. Entre os mortos ilustres, o escritor Caio Fernando de Abreu (3ª fila ao centro), que completava vinte anos naquele dia.

 

Quando a revista de texto da Abril foi lançada com inusitado estardalhaço em setembro de 1968, o editor-chefe Mino Carta capitaneava a semanal com a ajuda de cinco subeditores: Tão Gomes Pinto (Brasil), José Roberto Guzzo (Internacional), Roberto Muggiati (Artes e Espetáculos, Ulisses Alves de Souza (Vida Moderna) e Sérgio Pompeu (Chefe de Reportagem).

Pompeu se foi em 2000, aos 61 anos; UIisses em 2011, aos 78; e Tão em 2022, aos 83. Agora foi  vez de J.R. Guzzo, aos 82 anos. Mino Carta fará 92 anos em 6 de setembro; este que vos escreve espera chegar aos 88 em 6 de outubro. Ambos aguardam tranquilamente a marcha natural das coisas, pois já noticiava William Shakespeare em 1606 a existência “daquele país desconhecido de cujas fronteiras nenhum viajante jamais voltou...”

sábado, 2 de agosto de 2025

Ano 2000 - Há 25 anos: o bug da Bloch e o último réveillon da Manchete

2000 - O último Réveillon da Manchete


Primeiro de Agosto de 2000: Justiça lacra a Bloch - A edição pronta que nunca foi para as bancas


por José Esmeraldo Gonçalves
Semanas antes da virada para o ano 2000 a mídia estava obcecada pelo bug do milênio. Especialistas lançavam no ar um certo pânico. Havia quem guardasse comida, remédios e dinheiro. Os mais crédulos, especialmente uma cantora da MPB, acreditava em abdução de pessoas. Neopentecostais arrumavam as malas e juntavam dízimos para viajar de primeira classe rumo ao resort celestial. 

Em Copacabana, trabalhando no réveillon para a Caras, apenas concluí: se o bug seria mesmo tão terrível, não havia o que fazer. Nada aconteceu. À meia noite verifiquei o celular e relógio estava lá, certinho. O novo milênio apareceu, o bug, não. 

No Forte de Copacabana, encontrei a repórter da Manchete Aiula Eisfeld. Cobríamos o Réveilon de FHC. Seria o Baile da Ilha Fiscal se o bug tivesse derrubado a festança da elite. Como o apocalipse digital não veio, foi apenas uma noite brega. Não sabíamos, mas o que estava a caminho era o Dia B do Bug inevitável da Bloch Editores. Não sabíamos, mas aquela "festa pobre", como cantava Cazuza, seria a última registrada pela Manchete. Sete meses depois, no dia 1 de agosto, a empresa iria à falência. Manchete encerrava um ciclo de 42 anos de circulação regular (ainda seriam publicadas, nos anos seguintes, edições produzidas por uma cooperativa de ex-funcionários e revistas especiais de carnaval). Manchete saía de fininho e começava uma dramática etapa de vida para milhares de colegas. Eu havia deixado a Bloch em fevereiro de 1996 após 17 anos de trabalho em duas etapas; 11 anos na Fatos& Fotos e seis anos na Manchete

Acompanhei à distância a luta dos ex-funcionários então levados a credores da Massa Falida da Bloch Editores. Ontem, a batalha para reaver direitos, liderada por José Carlos Jesus na Comissão de Ex-Empregados da Bloch Editores, completou 25 anos. A maioria - entre os mais de 2 mil trabalhadores que foram habilitados inicialmente, recebeu o que os advogados chamam de "indenização principal".  A MFBloch ainda lhes deve parcelas de correção monetária (foram pagas apenas três cotas, apesar de parte dos credores trabalhistas terem feitos acordos com o objetivo de obter quitação total mais rápida). Um grupo de habilitados posteriormente ainda aguarda a indenização principal, segundo ex-funcionários. 

O último dia da Bloch foi tão dramático, de certa forma tão cruel, quanto a longa  espera por justiça. Os funcionários foram obrigados a deixar às pressas o conjunto de prédios da Rua do Russell, com poucos minutos para recolher objetos pessoais. Assim expulsos, deixaram para trás o hall de editora lacrada e caíram em tempos de incertezas. 



Cinco anos após a falência da Bloch, ex-funcionários começamos a escrever o livro Aconteceu na Manchete, as histórias que ninguém contou (Desiderata), esgotado mas ainda disponível em sebos na internet. O objetivo alcançado era deixar registradas a vida e as vidas naquela aldeia plantada na Rua do Russell. Abaixo reproduzo um dos textos que escrevi para a coletânea,  o de apresentação, e uma crônica de Carlos Heitor Cony publicada na Folha de São Paulo sobre o dia para não esquecer. 



Texto de apresentação do livro Aconteceu na Manchete,
as histórias que ninguém contou.

A crônica de Carlos Heitor Cony publicada na Folha de São Paulo e reproduzida neste blog. 
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sexta-feira, 1 de agosto de 2025

quarta-feira, 30 de julho de 2025

O New York Times de hoje publica entrevista com o escritor Peter Guralnick sobre o seu novo livro "O Coronal e o Rei". Trata-se de uma extensa pesquisa sobre a controvertida relação de Elvis Presley com o seu empresário Tom Parker


por Ed Sá

Elvis morreu em 16 de agosto de 1977, aos 42 anos. Na maior parte da vida teve ao seu lado, dirigindo todos os seus passos profissionaias e pessoais, o coronel Tom Parker. Para muitos um vilão na sua carreira. Para outros, o empresário que criou o primeiro mega star do rock. Peter Guralnick promete desfazer mitos, remover lendas e revelar o bem e o mal que o coronel fez ao cantor e ator.  Entre outras coisas, entrega que Tom Parker embolsava 50% de tudo que Elvis ganhava.  

Apesar disso, o coronel de Elvis era respeitado como gestor do cantor. O empreário dos Beatles, Brian Epstein,  passou alguns dias em Memphis, mal viu Elvis, mas ficou grudado em Tom Parker. Fez uma espécie de mentoria para lidar com ídolos e suas esquisitices, Coisa que Elvis tinha de sobra;   

A emboscada do oligarca

por Flávio Sépia

O ataque de Donald Trump ao Brasil é só em parte tarifário, mas a mídia quase ignora essa característica. O oligarca da Casa Branca e seus comparsas bolsonaristas colocaram na mesa elementos de negociação impossível, como a anulação do STF, o fim da investigação contra os golpistas, a anistia para os crimes de Bolsonaro e sua facção, rendição definitiva às big techs, imunidade para fake news contra regulação das redes,  acesso às terras raras,  privatização e o fim da gratuidade do Pix em favor das empresas de cartão de crédito e do braço de operações financeiras do Facebook, do WhatsApp e de outros gigantes da internet. 

Várias dessas "reivindicações" explícitas e veladas são baseadas em falsos pretextos. Por exemplo o "acesso" a terras raras. A única empresa que explora esses minerais estratégicos no Brasil, ainda em escala pequena, tem expressiva participação acionária de fundos estadunidenses. De resto, o setor de mineração brasileiro é amplamente dominado por multinacionais. 

Este é o pacote contaminado pelas pretensões golpistas do conluio da extrema direita liderada por Trump e Bolsonaro. As taxas absurdas e aleatórias, de 50,%, são apenas o quesito chantagista e mafioso da crise entre Brasil e Estados Unidos. 

Quanto à ida de Lula a Washington, uma frase dita pelo presidente e, em seguida, repetida por Haddad a um grupo de repórteres, não foi devidamente explorada por comentaristas dos principais veículos. Sugere indício de preparação de uma emboscada para o presidente brasileiro em pleno Salão Oval e ressalta que o governo brasileiro quer que um eventual encontro Lula-Trump ocorra em clima respeitoso.  A agressividade de Trump contra o Brasil instrumentalizada pela facção bolsonarista dá alta credibilidade a essa ameaça de emboscada. Seria algo pior do que o tratamento hostil que Trump deu ao presidente da África do Sul, é Cyril Ramaphosa. quando recebido na Casa Branca. Como naquela ocasião marcada por grosserias, Trump jogaria para a plateia da extrema direita ao receber Lula. 

segunda-feira, 28 de julho de 2025

Regime Trump ameaça a liberdade de expressão. Por temer reação do presidente, galeria do Smithsonian Institute agiu para impedir exibição de obra de arte


Transforming Liberty: pintura vetada
para não irritar Trump. Reprodução Instagram 


A polêmica chegou ao New York Times

por José Esmeraldo Gonçalves 
A pintora Amy Sherald retirou sua exposição do Smithsonian Institute. O problema foi a atitude inusitada da galeria da instituição que, temendo a reação de Donald Trump, levou à artista uma "sugestão" para repensar a exibição do quadro Transforming Liberty, representação da Estátua da Liberdade em versão transgênero. 

Este é um dos múltiplos efeitos perniciosos do Regime Trump no país. Em maio, segundo o New York Times, o presidente já  havia ameaçado demitir a então diretora do Smithsonian por enxergar nela uma apoiadora da diversidade e da inclusão. Ela pediu demissão antes da canetada do oligarca.  
 
Vale lembrar que essa prática censória era comum na Alemanha nazista. Tanto que os curadores de Hitler não apenas retiravam certas  obras dos museus como organizaram um grande exposição só de "arte suja" para ensinar ao povo o tipo de expressão artística a condenar. 

A mostra American Sublime, de Amy Sherald, ainda está em cartaz no  museu privado Whitney, em Nova York, pelo menos até o dia 10 de agosto, incluindo a obra que assustou o Smithsonian. Quem quiser ver corra que Trump vem aí.

domingo, 27 de julho de 2025

O dia em que saí (de graça) na edição de 100 anos do Globo * Por Roberto Muggiati

 

Contei aqui há poucos dias como só trabalhei um dia, de graça, no jornal O Globo em 1965 e depois caí nos braços dos Bloch para passar 35 anos na Manchete. Agora, por causa da minha tradução de “O grande Gatsby”, de Scott Fitzgerald, ganhei também uma página no caderno Ela, na superedição de 500 páginas comemorando os 100 anos do jornal. Veja aí

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sábado, 26 de julho de 2025

O dia em que trabalhei (de graça) no Globo • Por Roberto Muggiati

Eu estava à toa na vida, no final de 1965, recém-casado, recém-chegado ao Rio e desempregado. Era jornalista há onze anos, mas interrompera a carreira nos dois anos de bolsa em Paris e nos três em que trabalhara na BBC de Londres. 

Rogério Marinho.
O Globo/Divulgação

Por recomendação do meu cunhado, Secretário Geral do IBC, procurei o dr. Rogério Marinho no Globo. Recebeu-me com fidalguia e me encaminhou ao chefe da reportagem Alves Pinheiro que, incontinenti, me passou uma pauta: “Você vai cobrir o encontro mundial da Interpol no Hotel Glória.”

Embarafustei-me na balbúrdia daquela babel, poucos minutos me bastaram, o repórter ainda não precisava fazer a famosa “apuração”. Nem depuração: a pauta banal não exigia muita criatividade. A volta à redação – aí é que a coisa pegava – envolvia toda uma logística. De um telefone fixo (indisponível no Glória) ou de um orelhão, você ligava para uma central radiofônica, dava suas coordenadas, e uma viatura do Globo vinha te buscar. Bati o texto de uma lauda e meia e deixei na mesa do chefe de reportagem, veterano pé-de-boi que tinha saído para um lanchinho. Virei as costas para a redação soturna da rua Irineu Marinho e nunca mais voltei. A redação da Frei Caneca era ainda mais sinistra, mas um mês depois eu caía nos braços dos Bloch para passar 35 anos na Manchete.

O mundo dá voltas curiosas. Cinquenta anos depois, trabalhei – dessa vez remunerado – para a filha de Rogério Marinho, Ana Luísa, casada com o saxofonista Mauro Senise, que me elegeu como redator oficial dos press releases do marido.


Faria Limer quer entregar a Trump até a mãe?

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por Ed Sá 

Os "especialistas" devem pensar que os demais mortais são idiotas. O impasse criado pela Casa Branca não é apenas comercial. O regime Trump botou na mesa as taxas e também o arquivamento dos processos contra Bolsonaro e a extrema direita golpista. Quer desmoralizar o STF, quer as terras raras, quer liberdade para fake news. O chamada "mercado", o agro e a indústria topam ceder a Trump.  Se o Brasil aceitar tudo isso, melhor transformar isso aqui em franquia do oligarca. Perguntinha: os Estados Unidos são o maior importador e consumidor de drogas do mundo. Perde de todos nessa "balança comercial". Daqui a pouco vem aí a taxa do pó. 

sexta-feira, 25 de julho de 2025

Deu no Guardian - Palestina - Extermínio pela fome

 


Acredite. A guerra na Palestina chegou ao modo  absurdo. O extermínio pela fome torna-se estratégia militar em complemento aos bombardeios. Trump e Netanyahu sonham em construir um elegante resort onde hoje estão as ruínas de Gaza. Turistas irão lá? Provavelmente.Turistas não visitam Chernobyl?

Memória da redação - Há 50 anos- Jacqueline Onassis, a nudez castigada e a Manchete na mira da polícia

 

Recorte de jornal carioca: Acervo pessoal de Roberto Muggiati


Uma das páginas da edição da Manchete apreendida em 1975. 

“O Procurador da República, Pedro Rotta, encaminhou requerimento ao Juiz de Menores do Rio de Janeiro para a imediata apreensão do nº 1.198 da revista “Manchete”, que está em circulação desde quarta-feira passada, devido à sequência fotográfica das páginas oito e nove, em que Jacqueline Onassis é mostrada na intimidade na Ilha de Scorpios, em matéria sob o título “A Vida Amorosa de Jacqueline.

Segundo o Procurador essas fotos não poderiam ser veiculadas em revista exposta livremente nas bancas, sem que se cometesse grave ofensa à moral e aos bons costumes, tanto mais que o texto da matéria acha-se, ineludivelmente, lançado em termos de franco e desabrido deboche, inclusive na segunda parte, feita à guisa de reportagem, sob o título “A Última Viagem de Onassis.”

A Manchete não chegou a ser apreendida: quando aordem do Procurador foi finalmente implementada, ela já havia sio recolhida e substituída nas bancas por uma nova edição. Foi o próprio Aristóteles Onassis, procurando um pretexto honroso (e menos dispendioso) para se livrar de Jackie, quem facilitou o acesso à sua ilha exclusivíssima ao paparazzo Settimio Garritano. As fotos foram publicadas em 1971 na revista de escândalos americana Screw.

Meu primeiro heavy metal, com o jovem Ozzy em NY• Roberto Muggiati

 

Um Ozzy de cara lavada à direita

Pousei no Aeroporto JFK com minha primeira mulher, Lina, na manhã de 26 de dezembro de 1971. O amigo Ricky, com a namorada Tânia, nos recebeu com uma limusine preta do comprimento de um quarteirão (era amigo da mulher do dono) – um contraste brutal com a pobreza em que viviam no Village, num quartinho sem aquecimento, com água fria e banheiro coletivo no corredor. (Conheci Ricky Ferreira quando publicou na Manchete suas fotos de Janis Joplin topless na Praia da Macumba.) A limo nos depositou num hotelzinho do Gramercy Park, na altura da Rua 20, bairro aristocrático da Era da Inocência de Edith Wharton, conhecido como “um cavalheiro vitoriano que se recusou a morrer”. Lina tinha vendido um retrato seu encomendado a Di Cavalcanti por seu ex-marido doleiro, deu para pagar a viagem e ainda sobrou para uma recauchutagem no Pitanguy. (Lina tinha 42, eu 34 anos). Naquela última semana do havia shows por toda parte em NY. No Madison Square Garden, descobrimos o som e a fúria do rock com o heavy metal do Black Sabbath de Ozzy Osbourne. A adrenalina das grandes arenas mexeu comigo a ponto de me levar a escrever Rock: o grito e o mito. Dois dias depois, no Carnegie Hall, em cartaz duplo, duas lendas do rock ‘n’ roll: o branco Jerry Lee Lewis, que martelava de pé o teclado do piano apoiando-se nele para plantar bananeiras; e o negro Chuck Berry, que criou o solo de guitarra agachado deslizando pelo palco no passo-de-ganso. Rick tentou nos avisar, mas não estávamos no hotel e ainda não existia celular: na noite do réveillon, Bob Dylan tocou de graça no Fillmore East!

Lina morreu há muito tempo, Ricky recentemente, agora foi a vez de Ozzy, e a brasileira que se divorciou do americano dono da frota está pagando até hoje aquela corrida de limosine...


quarta-feira, 23 de julho de 2025

Mistério na Glicério - No Caminho da Pinheiro Machado - Quarto Capítulo de um folhetim policial escrito por Roberto Muggiati

  "Mistério na Glicério", por Roberto Muggiati. O blog Panis Cum Ovum publica o folhetim noir escrito por Roberto Muggiati, originalmente lançado no República, voz não-oficial da República Independente de Laranjeiras, editado quinzenalmente por Ricardo Linck, do Maya Café.



terça-feira, 22 de julho de 2025

Mar de lama onde havia gelo. A crise climática chega aos Alpes

 


por Flávio Sépia 

O planeta caminha alegremente para o cadafalso. Nunca se viu um condenado tão à vontade. A porção rica, claro. Os pobres já sofrem os efeitos da degradação do clima há vários anos.  Seca, inundações, epidemias, fome,  poluição etc, são sentidos em escala dramática nos países do Sul Global. Há outros fatores, as guerras, por exemplo, custam vidas e terras agrícolas envenenadas, projéteis não nucleares espalham restos de urânio "sujo". Tudo isso é mostrado em imagens que de tão banais quase não repercutem. 

E quando o drama ecológico se mostra na Europa, mais precisamente nos recantos elegantes do Alpes, aos pés do Mont Blanc? Talvez comova um pouco mais. A capa da recente edição do Libération é mesmo chocante. Uma equipe do jornal escalou quase três mil metros para mostrar um mar de lama onde já existiram geleiras. Aliás, já há alguns anos, algumas estações de esqui são obrigadas e adicionar camadas de neve artificial em pistas naturais. 

segunda-feira, 21 de julho de 2025

Quando eu fui Gatsby • Por Roberto Muggiati

 


Quando posei para aquela foto na baía de Guaratuba, em setembro de 1953, poucos dias antes de completar dezesseis anos, jamais imaginaria que estava ilustrando uma cena importante do romance de Scott Fitzgerald O grande Gatsby, publicado há cem anos. E que 53 anos depois eu traduziria o romance na versão restaurada pelo próprio autor. Separados pela guerra, Gatsby e Daisy Buchanan (casada com outro) se reencontram nos anos 1920 na casa dele e ela se surpreende com uma foto que mostra o rapaz num iate. A frase: “A yacht? And a pompadour?”/ “Um iate? E um topete?” O iate era do ricaço que contratara o jovem para fazer trabalhos braçais a bordo. Depois, Gatsby teria dinheiro para comprar todos os iates do mundo. Quanto a mim, visitei o luxuoso veleiro sueco que aportou um dia em Guaratuba. Do iate, só guardei a foto. Mas é um bem inestimável, físico. No livro de Fitzgerald a foto não passa de um patrimônio imaterial, descrito em meras palavras.


Para não esquecer - José Maria Marin: a morte do corrupto que fez a campanha que levou à tortura e ao assassinato do jornalista Vladimir Herzog

José Esmeraldo Gonçalves 

A morte de José Maria Marin no último domingo, aos 93 anos, não será capaz de reabilitá-lo. Em um primeiro momento, a Agência Brasil anunciou morte do sujeito, não deixou de destacar no seu currículo uma prisão por corrupção, mas não citou a participação de Marin na campanha sórdida que o incentivou a prisão e o assassinato do jornalista Vladimir Herzog em 1975. 

Vamos primeiro à ficha criminal internacional do sujeito por fraude e corrupção. Depois de presidir a CBF entre 2012 entre 2015 ele foi detido pelo FBI, na Suíça (durante uma viagem à sede da FIFA). Era acusado de lavagem de dinheiro e recebimento de propina. Extraditado para os Estados Unidos foi julgado e condenado à prisão. Em 2020 foi libertado por motivos "humanitários". 

O oposto de "humanitária" foi sua participação na morte de Vladimir Herzog. Deputado Estadual pela Arena, Marin foi adepto inflamado da ditadura. Era amigo do torturador Sérgio Fleury e crítico feroz de Vlado, então editor-chefe da TV Cultura. Em discursos na Assembléia ele apelava às forças policiais a agirem contra o "comunista" Herzog. Em um dos pronunciamentos, Marin exigia uma "providência" para que a "tranquilidade voltasse a reinar" em São Paulo. Pouco mais de duas semanas após tal discurso, Vlado foi preso, torturado e assassinado. 

A história conta que o jornalista foi procurado na TV Cultura e, no dia seguinte, compareceu espontaneamente à Rua Tutóia, sede da OBAN, o temido braço repressivo da ditadura em SP.  Não mais saiu de lá. Sofreu bárbaras sessões de tortura, acabou morto por choques elétricos. Os policiais montaram uma farsa para simular o suicídio do jornalista, mas a  verdade veio à tona. José Maria Marin seguiu impune na vida, foi governador de São Paulo de 1978 a 1983 e presidente da CBF de 2012 até 2015, quando o FBI o engaioulou pelo menos temporariamente. Na CBF seu maior feito foi afanar uma medalha do time campeão da Copa São Paulo de Futebol. Ele deveria entregar a homenagem ao jogador Matheus, do Corinthians. A cena foi flagrada pela Band. Um típico momento José Maria Marin.  

P.S - Para saber mais, acesse a Pública 

    https://apublica.org/2013/02/qual-papel-chefao-futebol-brasileiro-assassinato-de-herzog/   


sábado, 19 de julho de 2025

Chulé acima de tudo no mocotó de Bolsonaro



por Ed Sá 
A imagem no alto é obviamente fake, produto de AI. Quem a publica deixa isso registrado. Mas é simbólica, vale a gozação. "Moraes" ajusta a tornozeleira de Bolsonaro. Acima, o meme sugere motivos para a customização do dispositivo em homenagem ao ídolo maior do elemento rastreado.   

A propósito da saga policial do rastreador que dominou o noticiário, um leitor enviou uma FRASE DO DIA

“COITADA DA TORNOZELEIRA, COM TODO AQUELE CHULÉ’.

Se você navegar na internet verá que as redes sociais multiplicaram memes em torno do mocotó de Bolsonaro. Foram buscar até um antigo vídeo onde pastores oram para os tornozelos do indiciado. Parece cena do filme Alta Ansiedade, de Mel Brooks na sessão da tarde.

Entre centenas de gozações, o pessoal foi buscar um vídeo antigo - e premonitório - em que pastores abençoam os tornozelos de Bolsonaro. Parece uma cena que merecia estar no fime "Alta Ansiedade", de Mel Brooks.  

https://www.youtube.com/shorts/iiw2-eEZuCY

Fotomemória - A página Heróis da Televisão recuperou essa foto de Helô Pinheiro, Garota de Ipanema. A musa do verão de 1965 acaba de comemorar 88 anos.

 

Helô Pinheiro em foto da matéria da Manchete que identificou a musa inspiradora da canção Garota de Ipanema. Foto de Milan Airan.

sexta-feira, 18 de julho de 2025

Em 1970 Manchete publicou um dicionário de gírias da República de Ipanema. Embarque nesse expresso do tempo e da linguagem



Gírias entregam idades, certo? Mas algumas vencem o tempo e impregnam as falas de várias gerações. Em 1970 Manchete publicou o Pequeno Dicionário Ipanemense da Língua Brasileira. Muitas entre as expressões então reunidas pelo repórter Creston Portilho ainda são adotadas pelas gerações atuais, assim como a turma da bossa nova, do cinema novo, do pier de Ipanema também assimilou locuções de décadas anteriores. O bairro era uma antena repetidora que transmitia comportamentos e falas. (José Esmeraldo Gonçalves)

Eram outras paradas e outras eras.

Hoje, muitas gírias absorvidas nas praias e baladas surgem do linguajar do tráfico. Isso mesmo. Fazer o que? Algo como “tô na pista”, “papo reto”, “brotar”, “tá ligado” (esta importada de São Paulo)...

Mas vamos ao dicionário. Claro que usar hoje certas expressões datadas pode levar um jovem interlocutor a buscar significados no Google ou levar a questão para os avós.

De qualquer forma, faça essa viagem, entre nesse expresso da linguagem.     


Amarelo Vestibular – Cor de quem se preparava para o vestibular e não ia à praia.

Babado -geralmente uma fofoca

Babilaque – também se usava a forma abreviada – babê – significava estar com os documentos.

Bacana – rico

Becado – roupa – estar com becado legal – terno.

Beijar Cristina – fumar maconha.

Bicão – penetra, aquele que aparecia no embalo sem ser convidado.

Bicicleta – óculos, luneta.

Bizu – informação importante, botar alguém a par do que se passava.

Bode – ressaca, estar com sono, variação bodear (dormir)

Bolacha – cartão que acompanha o chope.

Bolha – bobo, chato.

Branco escritório – cor de quem trabalha muito, vai de casa para o escritório e vice-versa, não vê sol.

Branquinha – mulher

Cabrita - mulher- tem cabrita nova no pedaço, mulher diferente na festinha.

Cacau – dinheiro

Cafona – dizia-se de indivíduo de extremo mau-gosto no vestir, no agir e no falar.

Camaradinha – amigo, chapa

Candonga – intriga, fofoca.

Capim – dinheiro, grana

Careta – sóbrio, que não bebeu ou usou droga, moralista.

Cascata – mentira, conversa fantasiosa.

Chinfra – sujeito que tira onda de rico, de bacana.

Chocar – namorar.

Chofer de fogão, cozinheira.cozinheiro.

Chongas – nada, coisa alguma, bulhufas.

Chué – esquisito, diz-se de quem está doente.

Cobra – o bom, indivíduo competente em alguma coisa.

Coisa – maconha ou outro “aditivo”. Você tem coisa aí? 

Corujão – sujeito que observa tudo, em princípio, todo corujão é um chato.

Criar – namorar meninas muito jovens.

Crocodilo – aquele que age de má fé, não tem caráter, falso, também funcionava como sinônimo de dedo-duro. 

Curiboca -otário, bolha, panaca.

Dar um lance – tomar um atitude, dar um lance na menina, dar uma cantada.

Dar uma de – agir como, dar uma de herói.

Deixar o maçarico cair – bronzear-se, expor-se ao sol forte.

Desligado -individuo que não repara em nada que acontece em volta,  aquele que está sob efeito de bebida.

Devagar – antônimo de quente, muito usada na expressão, devagar quase parando.

Dica – mesmo que bizu. Dica, ainda hoje em uso, surgiu no Pasquim. Era o tílulo resumido da seção Indica, que sugeria filmes, espetáculos, livros etc

Doidão – sob efeito de maconha ou outro tóxico, amalucado, viajando.

Durango Kid – sem dinheiro, duro, durango.

Embalo – festinha com muita bebida, drogas e cabritas.

Encaracolado – de difícil entendimento, indivíduo que não explica as coisas com clareza.

Escovão – bigode grande.

Esmeril – indivíduo que bota pra quebrar ao volante.

Esquer- quadrado, retrógrado, que não pensa de acordo com o grupo, a conversa está chata, esquer.

Estar a fim -  topar, estar disposto a fazer alguma coisa.

Estar a perigo – estar sem dinheiro, duro, está na pior.

Estar na de alguém – concordar com alguém, agir como determinada pessoa, estar sob efeito de droga, estar gostando de alguém.

Faturar – ter sucesso, usava-se especialmente no sentido de ser bem-sucedido com mulheres.

Ficar de Bobeira – Não fazer nada

Figura – Sujeito que chama atenção. Diferente. Estranho. Variação: figuraça.

Fossa – Estado de depressão que tanto podia ser uma angústia existencial quanto uma dor-de-corno ou de cotovelo.

Fundir  a cuca – Ir à lourura. Pirar. Ficar desnorteado com alguma explicação ou situação da qual não entendeu coisa alguma.

Furão -Indivíduo que promete mas não cumpre. Que marca encontro e não comparece. Diz-se do indivíduo que não paga ingresso em teatro e show.

Galinha -  Para todos os gêneros: pessoa muito volúvel nas relações amorosas.

Invocado – Mal humorado, aborrecido, estourado, nervoso, agressivo.

Índio – Sujeito que vem de fora, de outra cidade.

Jogar confete – Bajular, paparicar.

Lei do cão – Barra pesada, regras rigorosas ou autoritárias, código de comportamento punitivo.

Lenha – Dificuldade (ex. o vestibular foi uma lenha).

Lhufas – Forma reduzida de bulhufas, nada, nenhuma.

Ligado – Aquele que está sob efeito de drogas, baratinado (de curtindo um barato). Variação: esperto, atento, concentrado.

Limpeza – Boa praça, barra limpa, legal (fulano é limpeza).

Lixo – Muito usado para classificar filmes, livros, shows, má qualidade da droga.

Luneta – óculos.

Macaca – Mulher que pula de um namorado para outro como muda de roupas, namoradeira.

 Malandro Agulha – Sujeito que mesmo se alguém ridicularizá-lo não perde a linha. Essa parece inspirada nos malandros antigos que usavam calça de boca estreita.

Mina – Mulher, garota

Moleza – Coisa da qual se tira proveito com facilidade, vida mansa.

Morar na jogada – Compreender, entender, sacar.

Morgar – dormir na mesa do bar sob efeito de bebedeira ou droga,, sem ânimo, sem energia.

Mulha – Mulher, mina.

Muquirana – Chato, boboca, diz-se também de sujeito ruim ao volante.

Ouriçar – Agitar, tumultuar.

Panaca – Bolha, otário.

Pano – Roupa, beca, roupa bonita.

Papo furado – cascata, mentira, situação inverossímil.

Paradão – Vidrado, diz-se de quem bebeu pouco e fica deprimido.

Paquerar – Ficar de olho, equivalente hoje a azarar.

Patota – Turma, grupo de amigos unidos, patota do bar, patota da praia etc.

Pedra Noventa – Sujeito importante ou peça rara, figura diferente, metido a original. Indivíduo legal, bom caráter, boa praça. Dizia-se também do sujeito perigoso, que carregava duas pistolas 45.

Pegar nas Coisas - fumar maconha.

Pelo – Cabelo, cabelão.

 Pila – malandro

Pintar – aparecer, chegar, a mina pintou na esquina.

Pirado – Maluco, psicopata, psíco

Pirulitar – ir embora.

Piso – sapato, sandália, calçado, chinelo, pisante.

 Pla -Conversa, papo com a namorada, cantada.

Ponto – olhar de quem está te dando bola.

Pra Frente – Avançado, que se veste de acordo com o último figurino.

Preju – Forma abreviada de prejuízo…

Proleta- Proletário, pobre

Quebrar a cara – sair-se mal em qualquer tipo de tentyativa.

Sacar -   ver, perceber –

Trambique – Negócio geralmente ilícito, golpe, levar um trambique,

Trolha – rabo-de foguete, tomar uma trolha (tomar um preju)

Vivaldino – Malandro


PF cumpre mandado de busca e apreensão na mansão de Bolsonaro em Brasília. O golpista e líder da extrema direita brasileira ganha tornozeleira eletrônica. A dúvida: Trump vai mandar resgatar o parça, como Hitler fez com o amigo Mussolini?

A carreata da PF lembra as motociatas do Bozoroca. Dessa vez ele está  a caminho de receber um mimo: uma tornozeleira eletrônica na canela. Foto: Imagem reproduzida da Globo News

por José Esmeraldo Gonçalves

A Polícia Federal bateu na porta de Jair Bolsonaro hoje cedo. A TVs estão mostrando nesse momento a carreta da lei que conduz o Bozoroca para a Seap (Secretaria de Administração Penitenciária do DF) onde o indigitado receberá uma tornozeleira eletrônica. Na casa dele está em andamento uma operação de busca e apreensão. O objetivo é apreender documentos, celulares e computadores. O elemento guardava dólares em casa. Por enquanto encontraram 14 mil dólares e oito mil reais. Quantias ínfimas considerando que ele mesmo se gaba de ter enviado 2 milhões de reais para Eduardo Bolsonaro no momento em modo de conspirador nos Estados Unidos. A PF cumpre mandato para apurar a participação do golpista na articulação dos ataques à soberania do Brasil promovidos pela Casa Branca.

A  carreata ainda está nas ruas e nada se sabe ainda sobre a reação do demente Donald Trump, mas logo virá. 

Trump é capaz de qualquer coisa. Inclusive se inspirar em um acontecimento histórico. 

Em 12 de setembro de 1943, Adolf Hitler enviou um comando à Itália para resgatar o amigo Benito Mussolini aprisionado em um hotel dos Apeninos. Com a invasão dos Aliados à Sicília, a tutela da Itália pelos nazistas começava a ruir e o líder fascista havia sido deposto e preso. 


quinta-feira, 17 de julho de 2025

Só no sapatinho - A gangue das emendas parlamentares

O portal UOL revela que a  PF apreendeu na casa do vereador Francisco Nascimento, primo do deputado Elmar Nascimento (União Brasil), sapatos recheados de dinheiro. Em janeiro deste ano esse mesmo primo foi preso ao jogar mais de 200 mil reais pela janela ao tentar escapar de um flagrante policial. Foto PF.


por José Esmeraldo Gonçalves 

À parte os delírios recorrentes do regime Trump, as notícias mais repetidas na mídia do Brasil envolvem desvios de verbas bilionárias das emendas parlamentares. Se os cofres do Congresso fossem pessoa física esta alcançaria posto vip na lista de mega ricaços da Forbes. 

Há muito a opinião pública e o STF buscavam uma resposta para uma dúvida atroz: onde diabos vai parar a dinheirama das emendas parlamentares ainda virtualmente secretas apesar da transparência que o STF exigiu? Uma operação da PF desfez o enigma nacional. A grana vai parar só no sapatinho de algumas excelências identificadas ou de fulanos das suas relações. As transferências são realizadas com sucesso através de convênios com ONGs, prefeituras, igrejas, obras em estradas e praças, shows de sertanejos e onde mais a imaginação dos pilantras levar.

A essa altura os editores já devem estar planejando um espaço/tempo fixo em jornais, portais e canais para absorver as denúncias de desvios das emendas parlamentares que pipocam em várias regiões do país. Talvez escalar correspondentes para cobrir o lamaçal das emendas. A moda do dinheiro sujo na cueca aparentemente passou. Os portadores de emendas parlamentares agora atuam só no sapatinho.