sábado, 21 de maio de 2022

Publimemória: do Russell para o mundo. E para o "galinheiro". Entenda porque...

A revista Manchete produzia edições anuais em inglês, francês e, pelo menos uma vez, em russo. Essa última, revista especial que acompanhou a comitiva do então presidente Sarney a Moscou. Eram produtos dirigidos e realizados com apoio de empresas exportadoras para os países focalizados e de multinacionais daqueles países instaladas no Brasil. Uma fórmula que dava comercialmente certo. As redações contribuíam com textos sobre os vários setores exportadores e produziam um panorama fotográfico da indústria, dos pontos turísticos, da Amazônia, praias, a visão urbana das capitais. Equipes fotográficas pecorriam o Brasil para captar essas imagens. Em conjunto, elas mostravam um Brasil de várias épocas. Todo esse acervo produzido desde os anos 1950 até a década 1990 está desaparecido desde que foi leiloado, em 2010 - mal divulgado e sem qualquer noção do valor cultural do acervo -  pela Massa Falida da Bloch Editores. O arquivo da Manchete (e Fatos & Fotos, Fatos, Domingo Ilustrado,  Desfile, EleEla, Geográfica, Mulher de Hoje, Sétimo Céu, Amiga, País& Filhos, Manchete Esportiva, Enciclopédia Bloch, Carinho, Tendência, Medicina de Hoje, Manchete Rural, Jóia, Conecta) estaria se perdendo em um galpão - ou seria um antigo "galinheiro"? - no interior do Estado do Rio de Janeiro.  É até hoje um completo mistério esse desfecho. Por que um indivíduo se dispôs a pagar cerca de R$300 mil, na época - valor bem abaixo do avaliado - para arrematar um arquivo e sumir com milhões de cromos, negativos e cópias fotográficas? Não há resposta inteligível. Manchete publicou fotos, pela primeira vez, em abril de 1952, há pouco mais de 70 anos. Pelas leis brasileiras, fotos caem em domínio público a partir de 70 anos. Agora, a cada virada da folhinha, milhares de imagens originais se tornarão públicas. O problema é: o acervo ainda existe? Em que condições foi guardado? O que salva a memória é a Biblioteca Nacional, que digitalizou toda a coleção da revista Manchete.  Visitem esse extraordinário acervo e vejam o que, tratando-se de imagens originais - a irresponsabilidade ou outra motivação insondável destruiu.

Quinta coluna

sexta-feira, 20 de maio de 2022

Mulher quer apito, vai Catar na Copa... • Por Roberto Muggiati

Neuza Back: árbitra brasileira na Copa do Mundo. Foto FIFA

Pela primeira vez uma mulher vai apitar um jogo da Copa do Mundo. Demorou, mas aconteceu: a Copa depois do Catar será a do centenário, provavelmente no Uruguai, onde tudo começou em 1930. Aconteceu, mas nem tanto: serão três juízas e três assistentes. As árbitras escolhidas são Stéphanie Frappart (França), Salima Mukansanga (Ruanda) e Yoshimi Yamashita (Japão). Stéphanie apitou a final da Copa do Mundo feminina, vencida pelos Estados Unidos em 2019, e atua regularmente em jogos no campeonato francês masculino. (Foi ela quem apitou este ano a final masculina da Copa da França vencida pelo Nantes no Stade de Paris.)

Para o Brasil sobrou uma bandeiragem, a escolhida foi a catarinense Neuza Back, que atua em São Paulo. Foi auxiliar na primeira partida da final do Campeonato Paulista de 2020, entre Corinthians e Palmeiras; participou também da Copa do Mundo feminina de 2019; do Mundial de Clubes da Fifa de 2020, vencido pelo Bayern de Munique; e dos Jogos Olímpicos de Tóquio. Neuza Inês Back, 37 anos, nasceu em Santa Catarina na região metropolitana de Chapecó, numa cidade com o bonito nome de Saudades. Mas está longe de ficar na saudade: com catorze anos de carreira, ainda tem muito gramado e glória pela frente.

A mulher já ocupa o seu lugar na arbitragem do futebol, mas a coisa ainda continua politicamente correta (e careta) e paternalista. Quando deixarão uma mulher apitar uma final de Copa do Mundo masculina? Com certeza não antes que comece a circular o Expresso 2222 de Gilberto Gil, que “parte direto de Bonsucesso pra depois...”

O presidente do Comitê de Arbitragem da Fifa, o italiano Pierluigi Collina afirmou que ele e sua equipe estão felizes por terem conseguido incluir  as mulheres no corpo de arbitragem pela primeira vez na história das copas do mundo. E arrematou: “Espero que, no futuro, a seleção de árbitras de elite para competições masculinas importantes seja percebida como algo normal, e não mais como excepcional”.

Va tutto bene, Collina. Mas logo no Catar? A pergunta que não quer calar: serão elas obrigadas a usar burka? E outra: poderão atuar com shortinhos apertados e as coxas à mostra?

O hipócrita segundo a Bíblia

As instituições estão funcionando no modo hipócrita. Reprodução


Durante a posse dos novos ministros do TST, ontem, Bolsonaro se dirigiu ao ministro do STF Alexandre Moraes e o cumprimentou. Moraes comanda processos em que o conspirador do Planalto  é alvo. Bolsonaro ataca o STF e o ministro com irada frequência. 


A falsidade de Al Pacino (com John Cazale) em O Poderoso Chefão 2

O cumprimento lembra uma cena de O Poderoso Chefão 2. Pouco antes de mandar eliminar Fredo Corleone (John Cazale), que o traiu, Michael Corleone (Al Pacino) afaga o irmão.

No filme, o gesto é um típico recado para um dos guarda-costas cumprir a ordem fatal do chefe. Não estamos no campo da ficção e a contenda entre Bolsonaro e Moraes não terá o desfecho dramático que o diretor Francis Ford Copola impôs ao seu filme: a coincidência se dá apenas no campo da falsidade. 

Nenhum dos dois gostou do "carinho" hipócrita. Devem ter tomado banho de sal grosso e mastigado galho de arruda após a encenação. Um pouco antes da cena Bolsonaro não seguiu os aplausos da plateia a Moraes; um pouco depois continuou a atacar o STF, o TSE e lançou mais ameaças sobre as eleições. Para usar a linguagem bolsonariana, diz a Bíblia: "Como dente estragado ou pé deslocado é a confiança no hipócrita na hora da dificuldade". Provérbios 25:19

quinta-feira, 19 de maio de 2022

Memória da redação: bota fé...

Houve uma época em que a redação da Manchete fazia duas chamadas de capa principais. Uma, a que ia para as bancas; outra, para consumo interno, apenas saudável deboche. Fechamentos de revistas são às vezes tensos e a chamada de capa, que deveria funcionar como um apelo de venda da edição, quase um slogan, era geralmente uma das últimas coisas a fazer antes da happy hour. Uma espécie de pênalti cobrado aos 45 minutos do segundo tempo.  
Alberto Carvalho, secretário de redação da Manchete, usava seu humor certeiro para fazer a chamada alternativa impublicável. Uma vez, diante da foto de capa com dois dos maiores ídolos do Brasil, ele mandou essa: "o craque e o perna de pau". A capa reproduzida acima seria própria para muitas variações em torno do tema o padre e a moça. Bota fé... na bunda, bem que poderia ser uma das sacadas diretas do Alberto. A justificativa da Manchete para essa capa com o padre Marcelo Rossi e a Tiazinha é um primor de cinismo. "Usando batina ou chicote, eles têm um ponto em comum: são o grande fenômeno da mídia dos últimos tempos". A imagem é obviamente uma montagem. O padre, em modo meio sorriso, jamais imaginou que se fundiria com a  modelo. Esta, por sua vez, também não sabia que morderia um chicote, com expressão sadô, provocando o reverendo. Para essa capa o poeta romano Horácio mandaria ao par sua famosa mensagem: carpe diem. Em bom portugues, curta o momento. (José Esmeraldo Gonçalves)

Frase do Dia: omissão é adesão

"O que me preocupa não é o grito dos maus. É o silêncio dos bons."

Martin Luther King

Sinal dos tempos - Escrotoplastia em alta no Brasil

por O.V.Pochê

Segundo a Escola Superior de Urologia, a procura por escrotoplastia (que reduz o tamanho do escroto caído) aumentou 20% nos últimos dois anos. A informação é do IG Saúde, hoje. Mas a matéria não esclarece se haverá necessidade de um posto cirúrgico exclusivo no Planalto 

quarta-feira, 18 de maio de 2022

Cannes: Letra Z é a polêmica da vez escrita pela guerra na Ucrânia

Em Cannes, filme Z muda de nome para Final Cut. Foto Divulgação.


O Z nos equipamentos russos.
Reprodução Twitter

por José Esmeraldo Gonçalves

A letra Z pintada em tanques, carros de combate e veículos de transporte de tropas russas é o símbolo que provocou protestos até no atual festival de cinema de Cannes.

O primeiro filme exibido fora da competição essa semana foi obrigado a mudar de nome. Chamava-se Z,  virou "Final Cut". É uma comédia sobre zumbis, mas o veto ao título original foi motivado para evitar que sugerisse um apoio à Rússia. Para os soldados russos a letra significa "Pela Vitória" ("Za Pobedu" ). 

O Z de Costa Gavras, com Invés Montand. Reprodução Manchete

Z também foi o título do filme de Costa Gavras sobre o assassinato do deputado Gregoris Lambrákis pela ditadura de ultra direita dos coronéis gregos nos anos 1960. Na época, a letra Z era pichada nas ruas de Atenas como uma forma de denunciar o crime silenciado na mídia. Z é a primeira letra da palavra grega "Zei" ("Ele Vive").

O Z no filme A Marca de Zorro, com
Tyrone Power

Finalmente Z a marca de Don Diego de la Vega, o  Zorro, personagem  fictício de vários filmes sobre o herói da luta contra o domínio espanhol sobre parte dos Estados Unidos . Do cinema também é Guerra Mundial Z, sobre um vírus que provoca um surto apocalíptico de zumbis. Não se sabe ainda se todas essas obras serão levadas a mudar de nome. 

Projeto do (ensino em casa) homeschooling será votado hoje. Depois da "geração condomínio" vem aí a "geração quarto e sala"

 


Frase do Dia: Prole

 Não tive filhos, não transmiti a nenhuma criatura o legado da nossa miséria.”

MACHADO DE ASSIS, frase final de Memórias póstumas de Bras Cubas, 1880


terça-feira, 17 de maio de 2022

A conspiração bandida está nos gabinetes e porões. Mídia quer saber porque as instituições silenciam

 

Folha de São Paulo, hoje


Carta Capital dessa semana

A mais recente edição da Istoé


Arquitetura, memória e crítica

por J.A.Barros

Estou enviando anexo uma foto de um casarão, acho que do século XIX, por achar a construção tão bonita e majestosa, símbolo da criatividade sofisticada do homem voltado para o belo e o seu conforto e para evidenciar aos olhos da cidade o que é uma residência. 

Na verdade estou negando a falsa genialidade de um arquiteto brasileiro concebeu prédios enfaixados por metros e mais metros de  vidros em forma de janelas que abertas só cediam um terço de ar para o seu interior. Avançando nas suas fantasias copiou o iglu - que é apenas um abrigo temporário dos esquimós quando saem para caçar nas planícies geladas - e o introduziu nas cidades, notoriamente, na cidade de concreto Brasíliane bizarramente na sede do Congresso, sendo um deles de cabeça para baixo lembrando uma bacia de se tomar banho. Em Niterói, concebeu um enorme iglu para ser um cinema. A Catedral de Brasília lembra em posição de descanso fuzis apoiados uns nos outros. Trabalhei em dois prédios concebidos por esse arquiteto. No primeiro, para trabalhar, precisamos instalar ventiladores gigantescos que rodavam o dia inteiro. No segundo, as janelas de vidro só abriam 1/3, o que obrigou a empresa a instalar ar refrigerado para todos os 12 andares do prédio. 

Isso é modernidade? Ou tal apreço pela forma, que esquece que quem vai habitar essas formas é o ser humano.

segunda-feira, 16 de maio de 2022

Ordinário, marche!

 

Reprodução Twitter

Suplicy denuncia picaretaço no Pacaembu, um dos raros estádios em art déco do mundo

 

Reprodução do twitt de Suplicy

Comentário do blog - A concessionária Allegra Pacaembu, que administra o estádio após privatização mas age como dona absoluta do pedaço, está metendo a picarenta em um local tombado. Provavelmente com base em um edital cheio das brechas usuais que acabam não protegendo os bens privatizados e suas funções.  Projetado no final dos anos 1930, o Pacaembu adotou o estilo art déco predominante na época. Uma influência visível são as colunatas semelhantes às do Estádio Olímpico de Berlim, sede dos Jogos de 1936, que foram incorporados pelo arquiteto Domínio Pacheco em meio ao clima de grandiosidade das obras públicas do Estado Novo de Getúlio Vargas. No mundo, não são muitas as praças de esporte em art déco: além de Pacaembu e Berlim, o Estádio Olímpico de Los Angeles, erguido para os Jogos de 1932, é exemplo marcante. A Itália também preserva alguns estádios no estilo. Mas a concessionária deve ser ignorante quando a isso. Além de derrubar parte da arquibancada, instalou no antigo gramado agora devastado um enorme barracão para shows, cuja agenda estaria ocupada até o ano que vem. O Pacaembu era uma referência turística e esportiva de São Paulo. O futebol foi jogado para escanteio, assim como  o atletismo que o estádio já recebeu. O Pacaembu tornou-se um point de eventos quaisquer. No lugar da antiga concha acústica, já demolida, e do tobogã, a assim chamada arquibancada atrás de um dos gols (cuja construção já foi uma agressão à arquitetura do estádio), será erguido um prédio para escritórios, hotel, shopping etc.  A imagem divulgada por Suplicy é triste, é um retrato do desprezo demonstrado por governantes que aceleram a lucrativa indústria da privataria sem respeito pelo patrimônio público. 


domingo, 15 de maio de 2022

Frase do Dia: bota mais uma...



“O FÍGADO FAZ MUITO MAL À BEBIDA.”


Aparício Torelly, Barão de Itararé (*)





(*) Na reprodução, a capa do terceiro e último volume dos Almanhaques publicados por Aparício Torelly, o Barão de Itararé, entre 1949 e 1955. Manchete, fundada em 1952, foi a referência do logotipo. O Barão foi também editou o jornal A Manha, que circulou de 1925 a 1964.

sábado, 14 de maio de 2022

O crematório da bola


 

Efeito canalha

 

Reprodução Twitter

Empreendedores do neoliberalismo selvagem

 

Reprodução Twitter

Carlinhos (de) Oliveira, na aparente simplicidade...

Carlinhos [de] Oliveira - Rio, 1978 - Foto: Guina Araújo Ramos

por Guina Araújo Ramos (do blog Bonecos da História) 

Há algum tempo eu queria publicar esta foto nos Bonecos da História, não só porque a considero interessante, mesmo não sendo tão especial assim, mas principalmente porque retrata a transcendente e complexa simplicidade de quem, com tanta sutileza quanto acidez, observava a vida da cidade do Rio de Janeiro e do Brasil em meados do século passado.

Trata-se da foto do capixaba José Carlos Oliveira. Sugerindo a tal simplicidade, ele era mais conhecido (embora também o registrassem, talvez para dar ao nome uma sonoridade que correspondesse a seus textos, como Carlinhos de Oliveira) por, simplesmente, Carlinhos Oliveira.

Quer posso dizer sobre Carlinhos [de] Oliveira?... Não sou, de maneira alguma, conhecedor, ao menos razoável, de obra, mas mero leitor antigo e ralo, apenas do final dos seus 22 anos como cronista do Jornal do Brasil (de 1961 a 1983).

É evidente que sua obra precisa (e merece) forte ressurgência, que até parece começar a acontecer em espaços da Internet (que não sei o quanto são lidos): no Portal da Crônica Brasileira (do IMS), na cobrança de Ricardo Soares, no incômodo de Álvaro Costa e Silva na Folha, a resenha existencialista da revista digital Rubem e também em textos acadêmicos, especialmente sobre o livro Diário da Patetocracia, que reúne crônicas do ano de 1968 publicadas no JB.   

Ainda antes de ser meu “colega” no JB, fiz eu esta foto (à época, com o crédito Aguinaldo Ramos), que foi inserida dentro da entrevista, parte de uma muito sensível série da revista Fatos & Fotos assinada pelo jornalista Renato Sérgio, outro grande jornalista/cronista carioca.

A conversa aconteceu no apartamento de Carlinhos, no Leblon, em rua bem afastada da praia, em frente ao então quartel da PM. Os dois (e eu também) sentados na varanda apertada, em uma conversa tão descontraída (para mim, sentado no chão, algo desconfortável...) quanto a imagem que a ilustra.

Fatos & Fotos Nº 885, 07/08/1978 - Foto: Guina Araújo Ramos

Por valorizar ainda mais a foto, louve-se o trabalho da redação, que a Fatos & Fotos produzia edições gráficas altamente criativas (por exemplo, outra de que gosto muito, o uso de três fotos de Chico Anysio, em show no Canecão, que dá movimento quase cinematográfico à página impressa). 

Não por acaso, Fatos & Fotos foi dos lugares mais prazerosos em que trabalhei como fotojornalista.

O problema é que, estando “sumido” o arquivo fotográfico de Bloch Editores e ainda não digitalizada e disponível a coleção da revista (como já acontece com a revista Manchete na BN), a minha única fonte de recuperação da imagem foi o recorte da publicação original, guardada por mais de 40 anos, de onde “retirei” a imagem através do imprescindível Photoshop, coisa trabalhosa e de resultado certamente apenas razoável.

Seleção do Brasil ou da Islândia?

 

Foto Getty Images\
Reprodução Placar
Uma coisa chama a atenção na “selesson” convocada por Tite: os nomes da rapaziada. Os quatro goleiros, por exemplo: Alisson, Ederson, Everson e Weverton. Tem ainda o Emerson [Royal], o Gerson, o Richarlison e o Everton [Ribeiro].

“Por que diabos todo islandês tem o nome acabado em ‘son’” – perguntou a revista Placar em 2018, quando a seleção da Islândia se tornou o país menos populoso a disputar uma Copa do Mundo em toda a história. “A explicação é simples — e pitoresca. Nesse pequeno — e gelado — país de 334.000 habitantes, não há sobrenome de família e as pessoas são batizadas pela filiação.  A fórmula é simples: pega-se o primeiro nome da mãe ou do pai e soma-se a ele o sufixo ‘son’, palavra islandesa que significa, como no inglês, “filho”, no caso dos meninos. Portanto, se Neymar fosse islandês, se chamaria Neymar Neymarsson, e não Neymar Jr.” (RM)

Alcaraz: o Dia da Vitória

Anotem este nome, Carlos Alcaraz. Carismático até no sobrenome. Com o prefixo “Al”, que marca a presença árabe na península ibérica. De A a Z. Ele vai longe. Em 5 de maio fez dezenove anos e se deu um presentaço: no Madrid Masters, eliminou Rafael Nadal, o quarto melhor do mundo. A seguir eliminou o número 1, Novak Djokovic. Foi para a grande final e no domingo, 8 de maio, Dia da Vitória (2ª Guerra), sagrou-se campeão, despachando por dois sets (6/3 e 6/1) o terceiro do ranking, Alexander Zverev. 

A vitória na Espanha foi o segundo título consecutivo em casa na temporada de 2022 – venceu o ATP 500 de Barcelona em abril – e o quarto acumulado do ano. Alcaraz venceu o Rio Open em fevereiro e o Masters 1000 de Miami em abril. Com a campanha em Madri, o prodígio do tênis mundial sobe para a sexta posição no ranking da ATP. Com o tornozelo inchado e uma bolha inflamada, Alcaraz resolveu poupar-se, não disputando o torneio de Roma esta semana. Afia as garras para seu primeiro Grand Slam – Roland Garros, em Paris – que começa no dia 16 de maio. Nosso Guga tinha vinte anos quando venceu seu primeiro Roland Garros em 1997. Alcaraz pode bater essa marca. Faz sentido: Guga começou a jogar tênis aos seis anos de idade. Alcaraz? Aos quatro...  (ROBERTO MUGGIATI)


Frase do Dia: receita contra bobeira

 “Jovens, envelheçam depressa”.

NELSON RODRIGUES

quinta-feira, 12 de maio de 2022

Buraco Negro na Via Láctea pode devorar o planeta. Pode ser a solução para o Brasil

A "selfie" do fim do mundo. Foto EHT

por O.V.Pochê

Cientistas de vários países conseguiram fotografar pela primeira vez um buraco negro na Via Láctea. A notícia divulgada hoje pode ser finalmente uma solução para o Brasil. Não por acaso semelhante a um conhecido órgão humano, o gigantesco orifício foi captado pelo Event Horizon Telescope, um consórcio que reúne 11 radiotelescópios espalhados pelo mundo. Buraco negro é um monstro cósmico que atrai para si e engole sem pena tudo o que está na frente. 

Em termos astronômicos esse abismo é nosso vizinho, já que divide com a merreca conhecida pela alcunha de Terra uma vaga na mesma galáxia, a Via Láctea. Se o Brasil não deu certo em 522 anos e segue dando vexame, ser deglutido por um brioco pode ser um fim aceitável. Algo como desligar os aparelhos de um doente desesperançado. Claro que no caso dessa mega catástrofe, o Brasil não vai sozinho. Todo o planeta vai junto. Merecido. O mundo não aprendeu nem mesmo a viver sem guerras. Pode levar. Também não é o caso de dizer "pra quem fica, tchau". Se depender do buraco negro não fica ninguém. Aviso aos religiosos: não vão encontrar nenhum deus no fundo do poço. Relaxem, o abismo cósmico já traçou as divindades há muito tempo.

A cesta básica sem vergonha e o assédio à democracia

 

Reprodução Twitter

Frase do Dia: fundamentais

"As pernas das mulheres são compassos que percorrem o globo terrestre em todos os sentidos dando-lhe
equilíbrio e harmonia.”

Do filme O homem que amava as mulheres, de FRANÇOIS TRUFFAUT.

 

terça-feira, 10 de maio de 2022

Fotomemória da redação: Portugal em 1970 segundo Manchete (com o ditador Salazar "lelé da cuca", como se dizia na época)

Na sucursal da Manchete em Lisboa, em 1970, os fotógrafos Gil Pinheiro e Juvenil de Souza, o chefe do escritório Cláudio Mello e Souza e Fernando Cascudo selecionam fotos para uma reportagem especial sobre Portugal.


Além das edições semanais, Manchete produzia revistas especiais em inglês e francês patrocinadas por empresas brasileiras de exportação ou multinacionais ligadas aos Estados Unidos e França. Em junho de 1970, Manchete foi para as bancas com uma grande reportagem especial sobre Portugal. Eram 50 páginas mostrando as belezas, a força do turismo, as tradições e os vinhos, queijos e azeites exportados para o mundo. A matéria especial da Manchete teve apoio do governo do país. Portugal atravessava um momento crítico. Dois anos antes, o ditador Antônio Salazar sofrera uma queda que lhe rendera danos cerebrais. Depois de um período em coma voltou ao palácio presidencial até que os médicos declararam sua incapacidade. O ditador estava "lelé da cuca", como se dizia na época. Tinha problemas com a memória recente e lapsos de consciência, mas lia jornais e revistas e recebia a visita regular de ministros. Salazar morreu em julho de 1970,  um mês depois do lançamento da Manchete especial em Lisboa. Por orientação do governo português o ditador morreu sem saber que não era mais o líder supremo do país. Foi mantido vivo por aparelhos e chegou a receber edições falsas de jornais que falavam do seu "governo", auxiliares lhe pediam conselhos e lhe davam documentos para "assinar". Não é improvável que entre as reportagens que recebeu para folhear nos seus últimos dias estivesse o panorama colorido de Portugal by Manchete realizado pelos fotógrafos Gil Pinheiro, Juvenil de Souza, por Fernando Cascudo e com a supervisão do chefe da sucursal da revista em Lisboa, Cláudio Mello e Souza, poucas semanas antes dos médicos tirarem Salazar da tomada.
.

Do Twitter: a decomposição


Reprodução Teitter


Viagra de golpista: os estupradores da democracia.

 

Reprodução Folha de São Paulo

Mídia: crise econômica sem dono


 
Reproduções Twitter

segunda-feira, 9 de maio de 2022

Pedro Jack Kapeller (1938-2022): a última página

Do site Janela Publicitária, de Márcio Ehrlich

"Faleceu no sábado, 07/05, Pedro Jack Kapeller, conhecido como Jaquito por uns e Jackito por outros, sobrinho mais jovem de Adolpho Bloch e que, além de homem forte por muitos anos na Bloch Editores, comandou o grupo após a morte de seu fundador, em 1995. Ele tinha 83 anos — nascido em outubro de 1938, faria 84 este ano — e sofreu um ataque cardíaco em sua casa no Rio de Janeiro.

Quando a TV Manchete quebrou, em 1999, por dívidas com INSS e Embratel, entre outras, Jaquito tentou desesperadamente vender a emissora, chegando a fazer acordo com a Igreja Renascer em Cristo, de Estevan Hernandez e Sônia Hernandez, o que acabou não indo adiante, já que os religiosos não pagaram nem mesmo a primeira parcela do valor combinado. Depois, acabou fechando com Amílcare Dallevo, no que se transformou na RedeTV!

Segundo fontes da Internet, ele ainda estaria controlando a empresa Bloch Som e Imagem, responsável por manter preservadas as novelas produzidas após 1995, além de ser sócio da BCD Consultores e da Rádio Manchete, arrendada para outros grupos de comunicação.

Jaquito era casado com Doris Kapeller e teve como filhos Jacqueline, Carla, Boris, Rosana e Daniela".

(Da Janela Publicitária, com a colaboração da jornalista Renata Suter)

 Comunicado da Família Kappeller

No complexo de revistas e gráfica.

Como executivo, Pedro Jack Kapeller esteve à frente da Editora Bloch e da Gráficos Bloch no período áureo das Revistas Manchete, Fatos&Fotos, Amiga, Desfile, Mulher de Hoje, Ele Ela, Geográfica, Pais&Filhos, Sétimo Céu e demais publicações do complexo jornalístico presidido por Adolpho Bloch e que encerrou suas atividades no ano 2000.

domingo, 8 de maio de 2022

Artistas gravam o novo clipe "Lula Lá"


Chico César, Maria Rita, Lenine, Pablo Vitar, Duda Beat, Paulo Miklos, Martinho da Vila, Zelia Duncan, Mart'nália, Otto, Tereza Cristina, Odair José, Gilson, Russo Passapusso, Mateo, Antonio Grassi, Francis Hime, Olívia Hime, Daniel Ganjamen, Dadi Carvalho, Luciana Worm, Rogério Holtz, Ju de Paulo e Flor Gil (a menina que aparece na abertura, filha de Bela Gil) estão no clipe com a nova versão do jingle "Lula Lá", a música "Sem medo de Ser Feliz", usado pelo PT na campanha de 1999. Ontem, no lançamento oficial da pré-campanha 2022 de Lula, em São Paulo, o novo clipe foi a surpresa reservada para o candidato por sua noiva, a socióloga Rosângela da Silva, a Janja. "Sem medo de Ser Feliz" viraliza nas redes sociais. 

VEJA AQUI

Fotomemória da redação: como 'frila' da Manchete, Lacerda entrevistou Tom Jobim

Foto Manchete 

Em outubro de 1970, Carlos Lacerda já estava cancelado pela ditadura que ajudou a implantar, como um dos principais líderes civis do golpe de 1964, quando Adolpho Bloch convidou o ex-governador para colaborar com entrevistas para a Manchete. Assim como abrigou na redação vários jornalistas de esquerda perseguidos pelo regime militar, a revista recebeu figuras da direita golpista como Lacerda e David Nasser. Como free lancer, Lacerda dedicaava-se a fazer longas entrevistas. Geralmente os entrevistados, como Tom Jobim, o recebiam em casa. Nesse caso, o encontro se estendeu por dias. 

No texto para a Manchete, Lacerda se refere ao momento registrado na foto. Infelizmente, a revista não deu crédito ao fotógrafo.  

sábado, 7 de maio de 2022

Mídia: Augusto Nunes leva invertida de Boulos

 

Reprodução Twitter

"Vão pra casa, Zelensky e Putin!

Olena Zelenska

Alina Kabaeva

 
Como diria Jô Soares: "Vai pra casa, Padilha!". Era o bordão que o personagem do programa "Planeta dos Homens" ouvia dos amigos indignados com Padilha por deixar seu mulherão em casa.  
Zelensky e Putin estão em guerra pela OTAN que o ucraniano quer e a OTAN que o russo não quer. A encrenca é tamanha que a mídia praticamente não fala mais em negociações de paz. Os líderes não se entendem e a tragédia avança. 

Talvez seja a hora de trocar os negociadores da paz. Sai a agressividade dos "falcões", entra a elegância das "garças". Melhor dizendo, chegou a hora de dar voz às duas personagens mais discretas entre as figuras em guerra: Alina Kabaeva, ex-ginasta olímpica, medalha de ouro nos Jogos de Atenas em 2004 (trocou o esporte pela política), é atual mulher de Putin; e Olena Zelenska, arquiteta e roteirista, primeira-dama da Ucrânia.

Quem sabe elas seriam capazes de dar uma chance à paz. Na pior das hipóteses, representariam melhor as mães que querem tirar os filhos das trincheiras.


Documentário "O Povo Pode?" revela como o Brasil construiu o caos político e social nos seis últimos anos.


Foi lançado ontem em São Paulo  "O Povo Pode? - um país pelo olhar de brasileiros". O filme agrega os fatos que trouxeram o Brasil ao lixão institucional representado pelo bolsonarismo e foi realizado por um grupo de cineastas e jornalistas independentes. No roteiro, o ambiente político e tóxico dos últimos seis anos, desde o golpe contra a presidente Dilma Rousseff.  A caminhada do Brasil rumo ao contexto atual é comentada sob o olhar de trabalhadores. Em entrevista (*) à TV 247, o diretor Max Alvim falou sobre o papel da mídia nesses seis anos de construção do caos. Para retratar esse pilar do golpe e da degradação política e social do país, foram analisados mais de três mil conteúdos da imprensa. "O Povo Pode?" é uma produção do Instituto Alvorada Brasil, a Rede TVT e o Canal iProduções.

(*) Com informações da TV 247

sexta-feira, 6 de maio de 2022

Fotomemória da redação: Justino Martins e Ruy Guerra no 25º Festival de Cannes em 1971

 

 
Ruy Guerra e Justino Martins em Cannes, 1971. Foto Manchete

Para o diretor da Manchete, Justino Martins, cobrir o Festival de Cannes, todo ano, era uma rotina que ele cumpria com prazer. Sob a direção de Justino, Manchete fez intensa cobertura do Cinema Novo e seus diretores, como Ruy Guerra, atores e atrizes, apoiando os cineastas daquela geração. Os arquivos desaparecidos da Manchete guardavam milhares de imagems dessa fase do cinema brasileiro. A foto acima só existe porque a Biblioteca Nacional digitalizou 
a coleção da Manchete e preservou memórias.
Em 1971, o filme de abertura do festival foi Gimme Shelter, o documentário com os Rolling Stones. A Palma de Ouro foi para The Go Between (O Mensageiro), de Joseph Losey. 
O Brasil concorreu com Pindorama, de Arnaldo Jabor e Anselmo Duarte fez parte do júri. O festival homenageou Charles Chaplin. Os tempos são outros e a edição desse ano homenageia Tom Cruise. O filme Top Gun Maverick deve estrear em Cannes. O festival comemorará 75 anos, entre 17 e 28 desse mês, com um ano de atraso já que a Covid impossibilitou o evento em 2020.