sábado, 21 de junho de 2025

"Fotojornalista Arquivo" assina foto de Paulo Scheuenstuhl/Manchete no Globo. 'Pode isso, Arnaldo?'



MPB se reúne na casa de Vinícius de Moraes, 1967. Foto de Paulo Scheuenstuhl/Manchete publicada no Globo de 21/6, 2027 e aqui reproduzida em razão de interesse informativo. 



por José Esmeraldo Gonçalves 

A mídia profissional reclama, com razão, da mão leve que as corporações da internet fazem dos  conteúdos jornalísticos. Pois O Globo de ontem publicou na matéria "MPB cantada e contada" uma foto histórica feita por Paulo Scheuenstuhl - fotojornalista falecido há poucas semanas, profissional que integrou a equipe da revista Manchete- e concedeu à imagem apenas um crédito a uma entidade inanimada: "arquivo". 

Fico imaginando o "fotojornalista arquivo" embarcando na Rural Wyllis da Bloch rumo à casa de Vinícius de Moraes, no Jardim Botânico, onde a foto foi feita, e dirigindo a famosa cena, conferindo foco, luz, diafragma etc, antes do clique que registrou mais do que nomes nacionais da MPB uma época virtuosa da cultura carioca. E se o "arquivo", autor de tantas fotos creditadas na mídia, fizesse uma exposição autoral? Precisaria de um Maracanã para reunir suas "obras" de tanto que os veículos lhe atribuem trabalhos. Para quem não sabe, Paulo Scheuenstuhl tinha no seu acervo uma folha de contato com as fotos não editadas dessa mesma cena. São imagens praticamente inéditas de um encontro único e representativo. Esta foto que, segundo O Globo, foi feita pelo "arquivo" talvez seja a mais publicada do fotojornalista da antiga Manchete. E também a mais surrupiada. A imagem chegou a ilustrar em formato gigante a parede da sala de um apartamento na orla de Ipanema pertencente a um executivo da antiga Som Livre. Muitos convidados que frequentavam o espaço teriam parabenizado o anfitrião como "autor" da foto icônica. 

Era comum na imprensa do passado omitir os nomes dos autores de fotos e de textos. Os acervos dos jornais e revistas ainda guardam muitas imagens de autores desconhecidos ou produzidas pela "equipe". Mas não é o caso de uma imagem tão célebre, publicada até em livros, como essa da MPB no terraço da casa de Vinicius de Moraes. O mais incrível é que a foto feita por Paulo Scheuenstuhl inspirou até mesmo a pauta da matéria do Globo, que reuniu em formato semelhante um grupo de artistas da nova MPB. Nem isso motivou o justo crédito.  

Há, atualmente, uma luta intensa dos profissionais da indústria criativa em defesa dos direitos autorais. O objetivo é obrigar as plataformas a pagarem pelo uso dos conteúdos de terceiros que alimentam as redes agora turbinadas pelo voraz mecanismo da IA. E a reivindicação não interessa apenas aos autores, mas diz respeito ao direito à informação autêntica e apurada e à democracia. Um exemplo? O Google já produz "sites informativos", pseudo-jornalísticos, gerados inteiramente pela IA e impulsionados pelos seus próprios algoritmos. Os principais jornais do mundo estão nessa batalha. Respeitar o direito autoral legitima a difícil luta.          

Ruy Castro escreve na Folha de São Paulo sobre o dia em que Cícero Sandroni assustou Adolpho Bloch

 : 

Redação da Manchete, 1971: um caso contado como o caso foi. Reprodução da Folha de São Paulo

quarta-feira, 18 de junho de 2025

Como ganhar uma viagem grátis para Teerã

 


"Mistério na Glicério" - O segundo capítulo de um folhetim policial escrito por Roberto Muggiati

 O blog Panis Cum Ovum publica o folhetim noir "Mistério na Glicério", por Roberto Muggiati, originalmente lançado no República, voz não-oficial da República Independente de Laranjeiras, editado quinzenalmente por Ricardo Linck, do Maya Café.


Clique na imagem para ampliar. Atenção à correção na página 8 ...clorofórmio – conhecida popularmente como Boa Noite, Cinderela.


Memórias da redação: O peixe polêmico do Cícero Sandroni * • Por Roberto Muggiati**

 




Cícero Sandroni com o fotógrafo Antonio Rudge na cobertura para a Manchete da assinatura do acordo atômico
Brasil-Alemanha em 1975

Na ABL


Sandroni na Manchete em 1969

Este episódio surreal é contado sempre de maneira diferente, dependendo do narrador. Como o presenciei de perto, garanto que a minha versão é a correta, exata nos menores detalhes. Cícero Sandroni, jornalista, contista, era uma pessoa culta em processo de mudança e fazia psicanálise há vários anos. Chefe de redação, sentava-se defronte da grande mesa em L do editor, que eu ocupava na época. Um dia, Jaquito cochilou e perdeu uma concorrência importante. Depois de xingá-lo de “cagalhão”, chamamento que usava para todos os parentes empregados na firma, Adolpho o mandou descansar em Cabo Frio. Mesmo com a lancha da Manchete à sua disposição, o agitado Jaquito não aguentou por muito tempo as férias forçadas. Resolveu peitar o tio e voltar antes do tempo de “repouso” que lhe fora imposto. Teve então a ideia de levar um agrado para amaciar o Adolpho. Conhecendo seus gostos, foi à colônia de pesca local e comprou o peixe mais robusto e bonito que encontrou, um cherne, robalo ou garoupa da mais nobre estirpe com quase um metro de comprimento. Assim que chegou ao Russell foi diretamente à cozinha e pediu ao Severino que desse um tratamento de gala ao precioso pescado.

Jaquito, é claro, vangloriou-se ao Adolpho dizendo que ele mesmo tinha fisgado o bicho. (Recorreu aos artifícios da prosa hemingwayana em O velho e o mar, o único livro que leu na vida.) Acertou em cheio na sua aposta. Orgulhoso da obra do seu chef de cuisine – requintada como aquelas peças de ourivesaria que Benvenuto Cellini lavrava para os papas – Adolpho decidiu exibir o prato na redação, antes que ele fosse devorado no restaurante pela alta direção e pelos editores da casa. O acepipe, sobre uma travessa de porcelana, foi trazido numa bandeja de prata. O garçom, mal podendo arcar com o peso do troféu, o depositou no centro da sala, sobre a mesa do Cícero, que havia se ausentado por alguns minutos.

Quando se deparou com aquele espetáculo, o Sandroni ficou profundamente ultrajado. Sempre se sentira diminuído pelo Adolpho, que o chamava de “O Genro”, pelo fato de ser casado com a filha do imortal Austregésilo de Athayde, o mais longevo presidente da Academia Brasileira de Letras. Cícero retirou-se intempestivamente e encaminhou depois seu pedido de demissão.

O desenlace da história fere o sagrado sigilo do divã, mas correu que, na manhã seguinte, em sua sessão de psicanálise diária, ao ouvir o relato do insólito episódio, o analista teria perguntado ao Cícero: “Senhor Sandroni, não acha que está exagerando nestas suas fantasias sobre os Bloch? Um peixe na sua mesa de trabalho!...”

*Cícero Sandroni morreu aos 90 anos na terça-feira, 17 de junho. Nascido em São Paulo, fez uma carreira bem-sucedida na imprensa carioca. Entrou na Bloch no final de 1969 como meu chefe de redação em Fatos&Fotos; foi meu chefe de reportagem e de redação da Manchete em meados dos anos 1970. Eleito para a Academia Brasileira de Letras em 2002, presidente da Casa entre 2007 e 2009, fez parte do que carinhosamente chamamos “a Máfia da Manchete na ABL”: R. Magalhães Jr, Josué Montello, Ledo Ivo, Arnaldo Niskier, Afonso Arinos Filho, Carlos Heitor Cony, Murilo Melo Filho, Geraldinho Carneiro e Ruy Castro. Viveu ainda um episódio curioso como jornalista na gestão galhofeira de Raul Giudiccelli na F&F: Cícero escrevia anonimamente a coluna de Horóscopo e, por uma incrível coincidência, previu o sequestro de embaixador suíço no Rio.

**Esse texto faz parte do livro a ser lançado em breve por Arnaldo Niskier e Roberto Muggiati, O humor na Manchete/Histórias do Grande Circo Adolpho Bloch.

 

segunda-feira, 9 de junho de 2025

Efeito Trump remove livros "suspeitos" de biblioteca pública

Nos Estados Unidos de Trump um Tribunal Federal de Recursos reconheceu o direito de uma biblioteca pública do Texas remover de suas prateleiras 17 livros com conteúdos detestados pelo governo. Vão para a fogueira simbólica livros que contenham questões raciais, sexuais e vulgaridades. Um dos livros condenados foi “They Called Themselves the K.K.K.: An American Terrorist Organization”. Por motivos óbvios: denuncia uma organização de racistas assassinos.

domingo, 8 de junho de 2025

Paulo Scheuenstuhl (1939-2025): versatilidade em fotojornalismo, aventura e arte


A notícia que circulou entre grupos da extinta Bloch certamente deixou um rastro de muita tristeza. Em poucas linhas, era informada a morte do fotojornalista Paulo Scheuenstuhl. Carinhosamente chamado de Paulo Chuchu - uma interpretação mais fácil que os colegas encontraram para driblar as consoantes do sobrenome -  era uma espécie de unanimidade na antiga Manchete. Além do talento que o levou a se destacar em uma extraordinária geração de profissionais, era discreto e focado no trabalho. Seu marketing pessoal estava na qualidade das fotos e na disposição e muitas vezes coragem com que encarava as mais diversas pautas. Networking de corredores, muito comum no clima competitivo da editora, não era com ele. As páginas da antiga Manchete guardam reportagens memoráveis como a que o levou a percorrer e registrar a América do Sul pilotando um frágil, mas bravo, Fiat 157, com o qual cortou a precária, na época, Rodovia Panamericana. Paulo fotografou editoriais internacionais de moda para a Desfile  com a mesma naturalidade com que cobriu a Revolução dos Cravos e a Guerra do Yom Kippur. 


Uma das suas fotos mais famosas foi reproduzida no livro "Aconteceu na Manchete, as histórias que ninguém contou", abrindo uma seleção de imagens épicas dos principais fotográfos da antiga Manchete. Ele eternizou em 1967 um encontro informal e único dos maiores nomes da MPB no terraço da casa de Vinicius de Moraes. Edu Lobo, Tom Jobim, Caetano Veloso, Paulinho da Viola, Chico Buarque, Braguinha, Capinam, Zé Keti, Dircinha Batista, Olivia Hime, Francis Hime, entre outros, posaram para a sua câmera, uma cena histórica que jamais se repetiu.

Paulo Scheuenstuhl faleceu no Rio de Janeiro, em 5 de junho, aos 86 anos. Deixou um acervo que compõe acontecimentos, modas, aventuras, retratos, celebridades, arte e cultura de uma época. 

Cada uma das milhares de imagens que captou eterniza seu talento e profissionalismo. 


Conheça um pouco mais da história de Paulo Scheuenstuhl nesta entrevista extraída do You Tube. 

Clique no link  https://www.youtube.com/watch?v=c14Z1wmEwlk

              


 

sábado, 7 de junho de 2025

Musk versus Trump - Barraco na Casa Branca levanta suspeitas de corrupção e de festins sexuais com adolescentes

 

Jeffrey Epstein, que se suicidou na prisão após condenação
por promover orgias com menores para empresários convidados, e o parça Donald Trump. Reprodução Facebook 




Barraco entre os dois ex-amigos abriu caixa preta de transas e transações.
 A mídia dos Estados Unidos ganhou assunto alternativo à perseguição aos imigrantes, taxação de importações, cerco às universidades e asilo aos brancos da África do Sul "vítimas de racismo, segundo Trump.    

por José Esmeraldo Gonçalves

É um típico caso onde não precisamos escolher um lado, mas torcer pela briga. O barraco entre o homem mais poderoso do mundo contra o mais rico é útil para revelar favorecimentos em contratos que rendiam pilhas de dinheiro público manobrado pela administração Trump e, de quebra, mostrar que em meio a uma ofensiva de supostos cortes de despesas da máquina governamental comandados por Musk foram preservadas transações bilionárias que abastecem os cofres da empresa do oligarca que mantinha gabinete na Casa Branca. Só que no calor da discussão entre os dois ex-amigos Musk soltou uma bomba sexual. Denunciou que o dossiê sobre o Caso Epstein, que durante a campanha Trump prometeu liberar, permaneceu na gaveta. Na verdade, Trump abriu apenas uma parte do dossiê e escondeu os elementos inéditos. Coincidentemente, os trechos em que ele aparece como possível participante na fila do gargarejo dos festins sexuais promovidos pelo empresário Jeffrey Epstein . O Caso Epstein, para quem não lembra, revelou orgias a la carte que reuniam grandes capitalistas, personalidades do set e empreendedoras sexuais contratadas por Epstein. Ele convidava meninas, muitas delas menores de idade, a peso de dólares e viagens luxuosas, para confraternizações sem limites com amigos como o príncipe Andrew. Epstein acabou preso e se suicidou na prisão em 2019. As garotas eram transportadas em jatinhos a que os participantes davam o nome de Lolita Express. Daí Musk insinuar que o evento era sobre uma celebração da pedofilia.   

quarta-feira, 4 de junho de 2025

"Mistério na Glicério" - O primeiro capítulo de um folhetim policial escrito por Roberto Muggiati

A partir desta edição, o blog Panis Cum Ovum publica o folhetim noir "Mistério na Glicério", por Roberto Muggiati, originalmente lançado no República, voz não-oficial da República Independente de Laranjeiras, editado quinzenalmente por Ricardo Linck, do Maya Café.






NO PRÓXIMO CAPÍTULO: CONHEÇA A INVESTIGAÇÃO

segunda-feira, 2 de junho de 2025

Gol de mão não é para "bobos". Maradona está rindo até agora...


 O"gol" ridículo de Neymar. Imagem Reprodução SBT

Argentina 2xInglaterra. Copa de 1986. Maradona faz o gol da mão de deus. O juíz validou o lance. No mesmo jogo o argentino driblou ingleses desde o meio de campo e marcou um dos mais belos gols da história. Deu tudo certo. A Argentina foi campeã, Maradona foi consagrado e décadas depois a bola do gol de mão, guardada pelo árbitro, tunisiano foi leiloada pelo equivalente a 17 milhões de reais. Foto Reprodução You Tube

por José Esmeraldo Gonçalves 

Quase 40 anos depois um gol de mão foi repetido por Neymar, mas como farsa. Foi simbólico. No momento em que o PSG comemorava a conquista histórica que buscava há 14 anos - o festejado título da Champions - o influencer Neymar protagonizou uma das cenas mais ridículas da sua tumultuada carreira. Se vivo fosse, Maradona chamaria o brasileiro de otário. "Se non sabes cómo hacerlo, no lo hagas, carajo".

Neymar foi expulso de campo durante o jogo do Santos contra o Botafogo. Na sequência, o time carioca fez o gol da vitória. Com isso, o influencer só voltará a jogar pelo Santos em julho e isso se renovar o contrato, o que parece difícil.

O jornal Estadão cita uma coincidência:  suspenso, Neymar não jogará conta o Fortaleza, próximo compromisso do Santos. O que o deixa livre para ir a Paris assistir à final da copa da igualmente ridícula Kings League, onde é proprietário de um time. Para quem não sabe a Kings League é uma espécie de roda de bobo para idiotas assistirem e outros apostarem (sim, algumas bets aceinam apostas na modalidade que não está sujeita às entidades ou instâncias da justiça desportiva que fiscalizam e regulam os esportes). Consiste em uma coisa que mistura regras de futebol do tipo recreio da quinta série com toques de reality, video game e babaquices tais. A Kings League está investindo forte no Brasil e é impulsioada por site e canais do You Tube. Na últia final do torneio, em São Paulo, Neymar, pelo menos  distribuiu ingressos gratuítos.  


sábado, 31 de maio de 2025

PSG finalmente dono da Champions. Time francês dispensou os medalhões. Fica de olho, Ancelotti.



por Niko Bolontrin 

Quem diria: o PSG teve Messi, Neymar, Suarez... Mbappé e não conseguiu o maior título continental do futebol europeu: a Champions 

Hoje, a Inter de Milão teve seu dia de "7x1" já vivido pela seleção brasileira. Tomar de 5x0 do PSG faz a Inter cair ao nível do Brasil na vergonhosa derrota para a Alemanha em 2014. A Inter parece ter tomado Lexotan, mais ou menos como a apática seleção brasileira no Mineirão na fatídica Copa sediada pelo Brasil. Vale ressaltar uma curiosidade: o PSG investiu em estrelas durante mais de 15 anos. Ganhou nada.Teve chance de vencer uma Champions mas tomou uma virada vexatória. Nas últimas temporadas esqueceu os Neymar da vida e foi buscar novos talentos somados a jogadores experientes não mascarados. O resultado foi a taça na mão. Talvez esteja aí uma lição para a seleção brasileira. Te cuida, Ancelotti. Não entra na onda da mídia que valoriza jogador como influenciador e esquece da influência do verdadeiro craque de bola.



domingo, 25 de maio de 2025

Reborn no futebol

 

Circula na internet: nova definição para Neymar (Reprodução X)

Mídia Lôca...

 

Dilma Rousseff não sabia dessa. Segundo a Band News FM, ela acaba de ser anistiada por "crimes sofridos" durante a ditadura. A BandFM quer dizer, Dilma estava condenada por ter sido torturada? Eu, hein? (Ed Sá)

Sebastião Salgado(1944-2025): lentes da paixão







por José Esmeraldo Gonçalves

Sebastião Salgado foi colaborador da antiga Manchete. Dele, a revista publicou fotos memoráveis. Uma das reportagens históricas foi a que registrou o atentado ao presidente dos Estados Unidos Ronaldo Reagan, em 1981. Salgado estava em Washington para fazer uma matéria sobre os primeiros 100 dias de governo de Ronald Reagan, por isso seguia a agenda do presidente. 

Fotos de ação, assim, do tipo relâmpago, talvez não formassem maioria nas pastas do seu arquivo, mas seu instinto era permanente tanto para captar a essência mais profunda do drama humano e os gritos de alerta do meio ambiente quanto o impacto do inesperado ou de acontecimentos marcantes, como a Revolução dos Cravos, que também registrou para veículos internacionais.  

Dizem que, no futebol, a bola procura o craque. no fotojornalismo, também

Sebastião Salgado faleceu aos 81 anos, em Paris, na última sexta-feira, 23, vítima de leucemia. 

A mídia reverenciou sua arte. Os povos da periferia do planeta perdem o guardião que lançava ao mundo, em forma de imagens, ecos de extrema e dramática resistência.





* Para ver o documentário  "Revelando Sebastião Salgado", clique no link abaixo.

https://youtu.be/kX52K-W5Fzc?si=a7ys-6ow_htIxJrB


 

"Mãe" leva bebê reborn para tomar vacina. Outra quer que o padre batize seu "filho" de silicone. E a saúde mental vai bem?

Bebê reborn anunciado na internet por 250 dólares. Reprodução


Há alternativas, digamos, mais instigantes do tipo "noiva cadáver", "serial killer baby" etc.


O Globo ouviu especialistas sobre a onda dos reborns


por José Esmeraldo Gonçalves 

As redes sociais - à parte a utilidade -  são também um lixão de inutilidades. Nas últimas semanas a internet foi contaminada por uma onda de bebês reborn. Algumas mulheres adultas tratam esses entes artificiais como se fossem reais. Tanto que "mamães" levaram seus bebês de silicone e vinil a postos de saúde pública. Algumas se revoltaram por não serem atendidas. Na Bahia, um padre se recusou a batizar um bizarro "filho" de uma genitora de reborns, mas não demora muito aposto que vão surgir religiosos que encontrarão na bíblia um motivo para sacramentar os borrachudos e faturar uma grana. 

Aliás, os bebês reborn são caros. No Mercado Livre, por exemplo, há espécimes que custam de R$3.500,00 a R$8.000,00. É coisa de gente abonada. Não se surpreenda, há quem os leve a sério. O Globo de hoje publica uma página que reúne psicanalista, psiquiatra e cientista social que debatem o fenômeno. A matéria deixa de lado as situações absurdas, como essa de levar o bebê de silicone ao posto de saúde para receber dose de vacina, e analisa supostos efeitos terapêuticos na coisa. O texto também critica haters que debocham da nova mania. A psiquiatra Roberta França, contudo, adverte, como o Globo revela: "A questão é quanto você transfere o lúdico para uma ideia de realidade". 

É o que parece acontecer diante de certas circunstâncias que os noticiários revelam. 

sábado, 17 de maio de 2025

Carlos Drummond de Andrade escreveu um poema para um fotógrafo que fez história na antiga Manchete e na Agência Magnum. Saiba quem...

 

Poema de Carlos Drummod de Andrade publicado em 30 de setembro de 1964 no Correio da Manaha.  Naqauela semana, o então fotógrafo da Manchete abria uma exposição no Rio de Janeiro visitada pelo poeta. No mesmo ano, Aécio foi para Paris, onde trabalhou na sucursal da revista. 

Alécio de Andrade no Museu do Louvre, em 1969. Foto: Acervo Alécio de Andrade


O que Alécio vê (Carlos Drummod de Andrade)

A voz lhe disse ( uma secreta voz):

– Vai, Alécio, ver.

Vê e reflete o visto, e todos captem

por seu olhar o sentimento das formas

que é o sentimento primeiro – e último – da vida.


E Alécio vai e vê

o natural das coisas e das gentes,

o dia, em sua novidade não sabida,

a inaugurar-se todas as manhãs,

o cão, o parque, o traço da passagem

das pessoas na rua, o idílio

jamais extinto sob as ideologias,

a graça umbilical do nu feminino,

conversas de café, imagens

de que a vida flui como o Sena ou o São Francisco

para depositar-se numa folha

sobre a pedra do cais

ou para sorrir nas telas clássicas de museu

que se sabem contempladas

pela tímida (ou arrogante) desinformação das visitas,

ou ainda

para dispersar-se e concentrar-se

no jogo eterno das crianças.

Ai, as crianças… Para elas,

há um mirante iluminado no olhar de Alécio

e sua objetiva.

(Mas a melhor objetiva não serão os olhos líricos de Alécio?)

Tudo se resume numa fonte

e nas três menininhas peladas que a contemplam,

soberba, risonha, puríssima foto-escultura de Alécio de Andrade,

hino matinal à criação

e a continuação do mundo em esperança.


P.S - Visite o site https://www.conexaoparis.com.br/alecio-de-andrade/

Na capa da Carta Capital: o adeus a Pepe Mujica

 


Mujica e Manuela, o reencontro final

Mujica e Manuela

por José Esmeraldo Gonçalves

Em geral, a repercussão da morte de José Mujica, descontada, provavelmente, a reação irada dos colunistas do ódio identificados com a extrema direita brasileira, foi fiel à sua trajetória. Mas há imprecisões bem-intencionadas: a mídia se apega a chavões. Um deles, o do "presidente pobre que dirigia um fusca e rejeitou palácios". Mujica repelia a suerficialidade do rótulo. "Dizem que sou um presidente pobre. Não, eu não sou um presidente pobre", corrigiu em entrevista à BBC. "Pobres são os que querem sempre mais, que não se satisfazem com nada. Esses são pobres, porque entram em uma corrida infinita. E não terão tempo suficiente na vida." 

Os principais veículos do mundo destacaram a vida política relevante e guerrilheira de Mojica. O Panis resume, aqui, um simples aspecto do seu jeito de ser. Uma cadelinha diz muito sobre o ex-presidente do Uruguai. O mundo não apenas sentirá falta do Pepe Mujica: o mundo precisa desesperadamente de um Mujica em cada esquina. Ele vivia na periferia de Montevidéu com a esposa, Lucía Topolansky, também ex-Tupamaro, e a cadela Manuela, que o acompanhou ao longo de 22 anos. Mujica pediu para ser enterrado junto à cachorrinha de estimação, de três patas (perdeu uma delas atropelada por um trator dirigido pelo próprio Mujica). Imagine-se a sua tristeza em dobro. Manuela sobrfe viveu até 2018.

Veja este vídeo. Clique AQUI