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segunda-feira, 27 de dezembro de 2021

Alô torcedor. O futebol brasileiro como você conhece começa a acabar nesse fim de ano. O futuro é business

A bola não está rolando, mas o futebol brasileiro não está parado.  Pelo menos não no campo das jogadas financeiras. 


Depois do Cruzeiro, adquirido por Ronaldo Nazário em transação ainda não inteiramente esclarecida, o Botafogo foi vendido para um empresário norte-americano. O próximo da fila pode ser o Vasco. 


Outros certamente virão no rastro da lei que permite às associações esportivas (clubes) venderem o futebol e seus ativos a investidores. O real desvalorizado estimula o interesse dos estrangeiros. 


É cedo para avaliar os efeitos da nova lei no futebol brasileiro, na qualidade técnica e na sobrevivência dos times. 


Certamente não haverá interesse dos investidores em muitos clubes de menor expressão. Provavelmente, como aconteceu na Europa, ocorrerá uma maior elitização do futebol com os times de grande investimento prontificando ainda mais em campo. Por isso a UEFA estabeleceu normas para regular investimentos, de forma a minimizar em alguns pontos o poderio financeiro. Há um limite, embora tênue, para os muitos ricos. Nesse sentido, não há regulação prevista no Brasil, por enquanto.  


Ainda no quesito futebol-empresa, há algo mais preocupante. A UEFA, que comanda a liga europeia, é entidade associativa. Reúne federações e, por tabela, os times. O Globo notícia hoje o andamento da criação de uma Liga nacional no Brasil reunindo clubes da Séries A e B. É mais uma etapa da tentativa de modernizar o nosso futebol. A matéria fala em um grupo financeiro interessado em comprar a Liga. .


Aí já entra o péssimo jeitinho oportunista brasileiro nessa reestruturação. Vender uma Liga? Ligas devem ser obrigatoriamente neutras, com dirigentes eleitos por associados, como na UEFA, ou não terão credibilidade. Empresários , por definição, visam interesses. Como poderão dirigir campeonatos sem que levantem suspeitas ou criem polêmicas? E os times passarão a ser meros empregados do patrão da Liga? 


Todo esse processo é embrionário ainda. O que parece faltar é transparência. E aferir as reações das torcidas que não têm voz ou qualquer participação nas transações. Em princípio vão se manifestar apenas na hora de exigir gols, vitórias e títulos. Poderão eventualmente protestar contra eventuais compradores. Por exemplo, digamos que o Véio da Havan compre o Flamengo, com certeza parte da torcida não ficará feliz.

sábado, 3 de abril de 2021

Minhas manhãs de Páscoa • Por Roberto Muggiati

 

Foto:Instagram

Na minha infância, o Natal era tudo, cercado de ritual. Já a Páscoa era apenas um ovo de chocolate protocolar para mim e as duas irmãs – se bem que em Curitiba fosse um da ICAB, a Kopenhagen local. Só vim a viver todo um ritual de Páscoa depois dos cinquenta anos, voltando à infância através de meus filhos Roberto e Natasha. Inventei uma caça aos ovos na manhã de domingo – no molde daquelas caças ao tesouro em voga nos anos 50. Lá pelas dez da manhã – que ninguém é de ferro – eu acordava a galera tocando a todo volume a Grande Páscoa Russa de Rimsky Korsakov:

https://www.youtube.com/watch?v=56mXEqg6FdA

Depois de um desjejum apressado – as crianças estavam ansiosas para começar a busca – eu distribuía para cada uma a papeleta número 1: “Procurem com aquele menininho muito mentiroso pendurado no escritório.” Era um boneco antigo do Pinóquio, que Roberto e Natasha adoravam, o brechó espanhol da Rua da Matriz relutou muito em vender, alegou razões afetivas, era brinquedo de um menino da família que morreu muito cedo. Numa das dobras do boneco articulado estava a papeleta número 2: “Abram a porta da rua e procurem no amigo que leva vocês para a escola.” Era o automóvel estacionado em frente de casa na vila, a papeleta enfiada em alguma de suas fendas, ou num local mais óbvio, como debaixo do limpador de para-brisas. (Como ensinou Poe em A carta roubada, o esconderijo óbvio é às vezes o mais dissimulado e difícil de achar.) Minha mulher, Lena, acompanhava Natasha, que tinha cinco, seis anos; Roberto, esperto, seis anos mais velho, dispensava consultoria. A caça às papeletas prosseguia pela casa de vila de Botafogo, com dois andares e terraço. Uma de minhas pistas mais criativas foi esconder a papeleta na barriga de um cágado, colada com fita adesiva. (“Aquele que se arrasta junto das plantas na área dos fundos.”)

Um ano, a caça ao ovo aconteceu em Itaipava, onde tínhamos um chalé. Numa das pistas, mandei as crianças procurarem “na piscina ou em volta dela”. Era uma pequena piscina de PVC, ninguém ousaria entrar nela na fria manhã de outono. Logo ao amanhecer, coloquei as papeletas dentro de uma garrafa incolor de PVC, amarrei-a a uma pedra e mergulhei na piscina. Um barbante meio azulado, da cor da água, prendia a garrafa à borda da piscina. Depois de uns cinco ou dez minutos, as crianças pediram arrego, tive de revelar o truque. 

Roberto – que fez 40 anos em dezembro – mora há treze anos na Europa, atualmente é chef confeiteiro num restaurante de Edimburgo. Natasha – que faz 35 em maio – ao chegar o momento da escolha profissional, falou para nós: “Pai jornalista, fudido; mãe fotógrafa e jornalista, fudida; irmão jornalista, fudido; vou fazer uma coisa que dê dinheiro, pelo menos.” Formou-se em Análise de Sistemas e Administração de Empresas. Por conta da TI, está há quatro anos fora do Brasil: dois na Austrália e os últimos dois em Stuttgart, Alemanha. Na impossibilidade de mandar os ovos de Páscoa, vou mandar o link do Rimsky-Korsakov para eles – duvido muito que ouçam.

Nesta época de aplicativos e redes sociais, ignoro o tipo de domingo de Páscoa que vivem as crianças. Duvido muito que tenha algo a ver com aqueles dos meus filhos. Que, na verdade, foram os meus domingos de Páscoa, inesquecíveis.


domingo, 26 de fevereiro de 2017

Futebol carioca tem o bloco dos "enjeitados da Globo"



O site Conexão Jornalismo publica uma matéria e vídeo sobre um comentário do jornalista André Risek a propósito de um certo "desprezo" que a imprensa carioca demonstra em relação ao Botafogo.

A torcida do alvinegro também faz essa queixa. Nos programas jornalísticos de TV, Rádio e mídias digitais e impressas, o Flamengo é privilegiado. Tem mais torcida, dizem, e dá mais audiência, o que nem sempre é confirmado e depende muito do momento do time e da importância do jogo.

O problema aí, já que estamos falando de jornalismo, é um padrão de predomínio do fator comercial sobre a notícia. Se seguisse esse raciocínio restritivo, a CNN jamais daria notícia sobre o 'soccer' que, nos Estados Unidos, alcança apenas minorias.

Se o Botafogo reclama, imaginem o Vasco. Há muito, as relações do Vasco com o Grupo Globo são conflituosas. Certa vez, insatisfeito com a cobertura, o combativo Eurico Miranda mandou colar nas camisas dos jogadores o logotipo do SBT em um jogo contra o Corinthians transmitido pela Globo. Editoriais e artigos virulentos de colunistas solidários com o patrão responderam à provocação do Eurico. E esse clima costuma reaparecer nas entrelinhas da cobertura do Vasco até hoje. Coincidentemente, ao lado do Botafogo, o Vasco é o clube, digamos, menos dócil nesse relacionamento com a Globo.

Às vezes, mesmo fora da mídia esportiva, vale encaixar um discreto comentário depreciativo em forma de reticências... (Veja abaixo notinha publicada ontem).



    LEIA A MATÉRIA DO CONEXÃO JORNALISMO E VEJA O VÍDEO. 
CLIQUE AQUI


quinta-feira, 12 de novembro de 2015

Na capa do Meia Hora, Maitê Proença. Atriz prometeu tirar a roupa caso o Botafogo voltasse para a elite do futebol brasileiro...

O Botafogo já garantiu a volta para a Série A. Falta Maitê Proença, botafoguense, pagar a promessa de ficar nua para comemorar o feito do alvinegro. Em uma das edições do programa "Extraordinários",do SporTV, ela declarou: "Fico pelada, peladíssima. Vou vir só com uma coleira escrito Botafogo". Maitê diz apenas que fará um surpresa aos torcedores no dia 28 de novembro.

quinta-feira, 15 de janeiro de 2015

Fogo no Engenhão... E o Botafogo nem entrou em campo ainda. Já há quem diga que tem um "sapo do Arubinha" enterrado lá...

Imagem reproduzida do portal UOL
É famosa a história do Arubinha. Mário Filho, João Saldanha, Ruy Castro, entre outros, escreveram sobre o "causo". Jogador do Andaraí, Arubinha ficou indignado porque o Vasco goleou o seu time por 12 X 0.  Foi em 1937. Achou que era até normal o Vasco ganhar, mas esculachar, pô?. Ao fim do jogo fatídico, camisa suada e alma encharcada de humilhação, Arubinha, conta a lenda escrita e reescrita, ajoelhou-se à beira do gramado, olhou pro céu, e mandou uma praga: "o Vasco vai passar doze anos sem ganhar campeonato, um pra cada gol que fez de sacanagem". Só que Arubuinha não se contentou com a palavra e partiu pra ação. De madrugada, invadiu o estádio de São Januário, e enterrou um sapo atrás de um dos gols. O tempo passou e nada do Vasco ganhar título. Só podia ser o sapo. Os diretores souberam da história e montaram uma força-tarefa para escavar o gramado e arredores em busca do que restava do sapo azarento. Em vão. Deram uma prensa no Arubinha, mas ele negou que tivesse enterrado o batráqueo. O fato é que o Vasco, embora tivesse um timaço nos anos 40, só voltou a ser campeão em 1948. Exatamente, o décimo-segundo ano depois da praga de 1937 do Arubinha enfurecido.
Tudo isso para dizer que o Botafogo e o prefeito Eduardo Paes, os parceiros do Engenhão, precisam achar o sapo enterrado no Estádio Olímpico. Foi só anunciar que o Engenhão receberá os jogos do Botafogo no Campeonato Carioca 2015 para pegar fogo na cobertura em obra. Em março de 2013, técnico alemães fizeram um laudo que apontou que a cobertura do estádio estava a perigo e não aguentaria ventania forte. Resultado, está fechado desde então para obras de reforço na estrutura "paraguaia" que arrumaram lá. Em setembro do mesmo, ano, houve um princípio de incêndio na mesma cobertura. Tá feia a coisa. O pequeno detalhe é que o Engenhão, com todo esse desacerto, é tão somente o estádio-sede da Rio 2016. Só isso. Bom procurar o "sapo do Arubinha" antes dos Jogos Olímpicos ou o vexame vai subir ao pódio.