quinta-feira, 24 de março de 2022

A Frase do Dia conta como Jesus expulsou os vendilhões do Ministério da Educação, digo, do templo

 

Na obra clássica de  Doménikos Theotokópoulos, El Greco, Jesus enquadra os corruptos do templo


(Mateus 21:12)

"Tendo Jesus entrado no pátio do templo, expulsou todos os que ali estavam comprando e vendendo; também tombou as mesas dos cambistas e as cadeiras dos comerciantes de pombas. 13 E repreendeu-os: “Está escrito: ‘A minha casa será chamada casa de oração’; vós, ao contrário, estais fazendo dela um ‘covil de salteadores’”.


Orando por um jabaculê

 

Do Globo de hoje

Ministério da Educação é o maior garimpo do Brasil

 


quarta-feira, 23 de março de 2022

Neste outono carioca você pode flanar com Monet à beira d'água





Que tal uma pequena caminhada diante das cores e traços de Claude Monet? Não é preciso ir a Giverny. Basta pegar o VLT e desembarcar no escurinho de uma instalação hi tech na Av.Venezuela , 194. O espaço é amplo, você pode optar por ficar sentado ou flanar pelas projeções sincronizadas que dão sutis movimentos às obras de Monet. Vale muito a experiência. A temporada de Monet à Beira d'Água vai até 12 de junho. (Fotos Panis cum Ovum)

O "171" oficial...

Pensou que o desconto chegaria até você. O Globo alerta

por Flávio Sépia

O governo Bolsonasro anuncia cortes de impostos e redução de alíquotas em combustíveis e alimentos. A mídia noticia e os brasileiros sufocados por inflação, desemprego, informalidade e achatamento salarial sonham com alguma alívio no bolso. No começo tudo é festa. De olho na reeleição, o presidente, o Centrão, ministros etc faturam no jogo eleitoral. Passados alguns dias, como cita o Globo em matéria hoje, a verdade começa a aparecer. Empresários e a cadeia do mercado absorvem a maior porção ou tudo na redução ou no fim dos impostos. É o que sempre acontece. Foi assim com os combustíveis em iniciativas anteriores do tipo. Isso já aconteceu com reduções de ICMS e IPI. Há alguns anos, o governo reduziu o IPI dos carros. O consumidos foi beneficiado? Necas. As montadoras alegavam que a maior demanda por determinados modelos neutralizava o desconto. No fim de fevereiro, o governo anunciou o corte do IPI em carros (alguns modelos tiveram desconto de cerca de 18%). Em março, sites especializados no mercado, apontaram que, para o consumiror, nada tinha mudado. Ninguém fiscaliza se o desconto chega ou não chega ao consumidor.

A Associação Comercial de São Paulo mantém o Impostômetro, um totalizador do pagamentos de tributos. Beleza. Mas deviam inaugurar o Sonegômetro. Quando muitos deixam de pagar, os impostos logicamente ficar mais altos para quem cimpre suas obrigações fiscais. Seria educativo o Sonegômetro. 

Quer ver outra forma de enganar o contribuinte-consumidor-usuário? Em função da estiagem recente que afetou as hidrelétricas, a geração de energia ficou mais cara pelo uso de termelétricas movidas a gás, diesel e carvão. O governo vai ajudar as distribuidoras com dineiro público e já avisa que o consumidor pagará na conta de luz o montante bilionário. Estranhamente, mídia e economistas chamam a ajuda de "empréstimo". Para o cidadão comum, emprestimo é algo que o tomador se compromete a pagar. No caso desse "empréstimo", a mídia não esclarece. E fica a pergunta: se o governo vai "emprestar" os bilhões às distribuidoras e deixa claro que recolherá depois o valor na conta dos consumidores, quando as distribuidoras pagarem o "empréstimo" os consumidores receberao de volta o que "emprestaram" ao govero? 

Se isso não acontecer, a bufunfa não é "empréstimo" e sim doação. Certo?

Pastor pediu ouro para liberar verba. "Especialistas" afirmam que commodities antigas podem subir de cotação no mercado do gabinete dos atravessadores. Incenso, mirra, sárdio, crisólito e açafrão estão em alta no pregão

por Ed Sá

O Estadão, ao revelar mais um escândalo do governo Bolsonaro - dessa vez em um gabinete paralelo informalíssimo formado por certos pastores que fazem política e que mandava na grana no Ministério da Educação - e a Folha, em seguida, divulgando uma estarrecedora gravação da jogada, praticaram jornalismo do bom essa semana. Reportagem e investigação. 

Em alguns dos demais veículos, onde esses dois pilares do jornalismo andam escassos, o de sempre: comentaristas, âncoras e "especialistas" pegando carona nos furos dos outros e "repercutindo" o assunto junto com repórteres escalados para colher monótonos desmentidos já previstos e o twist carpado do governo para tentar contornar o incontornável: o uso de pessoas alheias à Educação como atravessadores de verbas públicas para prefeituras. Segundo um prefeito, um dos pastores pediu um quilo de ouro para facilitar o encaminhamento da bufunfa para um município. 

Esse aspecto interessante que não me escapa: o pastor recorre ao valioso ouro. Podemos esperar outras transações usando valores consagrados em tempos antigos? A mirra, por exemplo, era muito apreciada pelos efeitos terapêuticos. O incenso era bem cotado. Nos vilarejos mais imundos e onde mortos jaziam ao ar livre, essa resina aromática - acreditava-se que a fumaça subia aos céus -  chegava a valer mais do que o ouro. Entende-se. O mau cheiro devia ser um grande problema na época. Tanto que o olíbano, outra resina perfumada, também era commoditie. Era chamado de "suor dos deuses" e concorria em valor com o ouro. Podia ser usado como analgésico. Era produto de exportação e também servia para pagamento de dívidas e para limpar o nome nos "serasa" da Galiléia. A canela e o açafrão eram coisa fina. Supondo que um religioso influente da época pretendesse obter, digamos, a exclusividade de uma rota para transporte de especiarias, o "homem de bem" poderia prometer a autoridade um mimo em forma de carregamento de canela. Obteria a concessão, certamente. 

As pedras preciosas, claro, mandavam bem no mercado da corrupção. Além do valor em si, carregavam poderes místicos que lhes davam ainda maior importância. Se quisesse ter a mulher de um potentado com aliada, uma joia de jasper era tiro certo, simbolizava a paixão; sárdio, crisólito e calcedônia eram apreciados como reforço nos lobbies empreendidos por negociantes. 

Fica a ideia aos corruptos atuais. Em vez de carregar volumosas malas de dinheiro e entupir apartamentos com sacos de notas de 100 e 200 reais, poderão transportar com discrição pedras valiosos, incenso e mirra. As duas últimas também facilitariam a lavagem de dinheiro e evitariam problemas legais. Duvido que o Banco Central fiscalize o mercado de especiarias é e improvável que a justiça eleitoral exiga dos políticos candidatos declaração de bens em olíbano e açafrão.

Antes que eu me esqueça: não me venham falar em intolerância religiosa. Pastores que fazem politica são políticos e devem ser tratados como tal sempre que estiverem nessa atividade. Intolerância religiosa é outra coisa. É, por exemplo, atacar e incendiar terreiros de religiões afro-brasileiras e destruir imagens de santos católicos.


terça-feira, 22 de março de 2022

Frase do dia

“Existem somente dois tipos de homem: os íntegros que se consideram pecadores, e os pecadores que se consideram íntegros.”

PASCAL (1662)



segunda-feira, 21 de março de 2022

Do Twitter: o Congresso virou puxadinho do Planalto

 


Fotomemória da redação: cena do exótico Hotel Novo Mundo

 

A foto acima, que foi enviada ao blog por J.A.Barros, ex-diretor de Arte da revista Manchete. Registra um grupo de jornalistas que trabalharam na Bloch após um almoço no Hotel Novo Mundo durante a divulgação do livro "Aconteceu na Manchete, as história que ninguém contou". A imagem é, provavelmente, de 2008. A Manchete já não existia, faliu em 2000. O Novo Mundo resistiu por mais alguns anos. Hoje é um residencial. No térreo ainda funciona um bar, que era um concorrido point etílico das redações das revistas das Bloch. Atualmente abriga-se no térreo do antigo hotel o Bar do Zeca Pagodinho. Na foto: Beatriz Lajta, Alberto Carvalho, Carlos Heitor Cony, Daysi Prétola, Roberto Muggiati, Maria Alice Mariano, J.A.Barros, Lenira Alcure, Jussara Razzé e José Esmeraldo. O Novo Mundo era histórico e com histórias. Dignas de um filme. Afinal, o cinema gosta de tramas em hoteis. Quem não viu "O Grande Hotel Budapeste", "Grande Hotel", "Encontros e Desencontros", "O Exótico Hotel Marigold" e - que não se ouse duvidar das lendas no Novo Mundo - até mesmo um Hotel Overlock de  "O Iluminado".

Copa do Brasil: Zebras eliminam Macaca e Bugre e premiam Tigre e Jacaré

Altos voando alto. Reprodução

Os campineiros se foram: depois da Ponte Preta, o Guarani foi eliminado nos pênaltis pelo Vila Nova, o Tigre goiano. Já o Altos do Piauí liquidou o ABC potiguar e, assim, só com a Copa do Brasil, conseguiu ganhar R$ 3,2 milhões. Somando todas as cotas de suas competições, o Jacaré totalizou em 2022 a quantia de 4,8 milhões. Levando em conta que o Fluminense perdeu 10 milhões ao ser eliminado pelo Olímpia do Paraguai na Libertadores, é uma boa grana. E tem mais pela frente para o Altos.

Consolo póstumo não existe, mas os carrascos dos gaúchos Grêmio e Internacional foram eliminados nessa fase. O Mirassol paulista pelo Azuriz paranaense; o Globo FC potiguar pelo Brasiliense (DF). Dois times parelhos, o Goiás despachou o Criciuma: mais um catarina fora, no rastro de Chapecoense, Figueira e Avaí. O Cascavel paranaense, que eliminou a Ponte Preta, foi eliminado agora pelo Tocantinópolis. Falta só um jogo na segunda fase: o Vitória baiano encara em casa, no Barradão, dia 23, o estreante Glória, de Vacaria (RS), que eliminou o Brasil de Pelotas. Os nomes são fortes: será a glória do Vitória? Ou uma zebraça: a vitória do Glória?


Bolsonaro posa de cocar. Que a maldição não o poupe. Ao longo da história, políticos pagaram caro ao usar o adereço dos indígenas para promoção pessoal

Bolsonaro
por O.V.Pochê

Política e cocar não combinam. É azar na certa. A história do Brasil comprova. O problema, segundo indígenas, é que os caciques só usam o adereço quando feito de animais que seguem vivos após cederem algumas penas. Se isso não acontecer - e é mais comum o abate da ave - não são positivos os presságios. Os políticos desconhecem a origem dos cocares promocionais que exibem e, por isso, pagam caro. 

É longa a lista dos líderes que cederam ao marketing e se deixaram cobrir por cocares vistosos. O último foi Bolsonaro. Que a lenda não o poupe. O cocar do Bolsonaro (foto ao lado) parece mais hollywoodiano, retrofitado pela Secretaria de Comunicação do Planalto. Bolsonaro tem dados mostras de que é azarado crônico, condição que se alia à sua notavel incompetência. Sua gestão teve a pandemia da Covid-19, desabamentos mortais de barratgens, secas até no Sul do país, incêndios recordes no Pantanal e na Amazônia, falta de chuvas que impactaram a energia elétrica e o bolso dos brasileiros, enchentes fatais e até a guerra na Ucrânia que joga nas alturas o preçosno Brasil. Imaginem a uruca agora que ele usou cocar.

Lula 

Dilma

Antes, Lula e Dilma posaram com penas multicoloridas. Deu no que deu, ambos enfrentaram percalços políticos. Juarez Távora enfeitou-se durante a campanha eleitoral de 1955 e  perdeu a eleição para JK. 


Ulysses Guimarães, coitado, deixou que pousassem penas na sua cabeça e logo se perdeu no mar de Angra. 


Mário Andreazza, em quem a ditadura chegou a apostar como um provável "presidente" popular, viu suas chances voarem como penas ao perder uma convenção do partido da ditadura em 1984. 


No mesmo ano, Tancredo Neves, um político habilidoso, vacilou e acabou caindo na armadilha mística do cocar. Usou e partiu um ano depois. Já José Sarney, longevo em cargo de poder, nunca botou um cocar na cabeça. Foi premiado com o cargo de presidente após a doença e morte de Tancredo. Há mais mistérios entre cocares e destinos políticos do que sonham os marqueteiros

Cadê o Telegram que estava aqui? Sumiu e já voltou. Tem "especialista" que acha que foi censura. Tem "especialista" que diz que foi bem feito porque o aplicativo estava se lixando para o STF

por José Esmeraldo Gonçalves 

A Frase do Dia, no post anterior, é oportuna. Os canais de notícias fazem atualmente um jornalismo baseado principalmente em análises de "especialistas" convidados e opiniões de âncoras e comentaristas contratados. Nesse aspecto é um espécie de "internetização" do jornalismo, um turbilh~qao de opiniões e "sacadas'. 

Os repórteres que ainda resistem bravamente são geralmente escalados apenas para ouvir assessorias de imprensa e autoridades - é a praga do jornalismo declaratório - e, às vezes, tentar saber o que o "outro lado" pensa. 

Matérias investigativas nos canais por assinatura? Diz aí uma só. Curiosamente, muitos poderão lembrarão que é o velho e semanal  Fantástico, da TV Globo aberta, ainda investe com frequência em reportagens investigativas. Jornais como Folha de São Paulo e Estadão ainda surpreendem de vez em quando com matérias investigativas. No digital, têm se destacado os portais Metrópoles, UOL, BBC Brasil e, especialmente, sites de jonralismo independente, como Brasil de Fato, Intercept, Ponte, Agência Publica, Lupa, além de muitos pequenos veículos regionais qie fazem um contrapónto à mídia neoliberal.

Somando Globo News, CNN BR, Band News, Record News, JP News, vão ao ar diariamente mais de  50 especialistas opinando sobre os mais diversos assuntos. São tantos que já deve ter criança querendo ser "especialista" quando crescer. O jornalismo de palestrante só não cresce mais porque quando um convidado surpreende ao analisar um fato qualquer sob ângulo contrário à orientação politica, econômica, religiosa etc das empresas de comunicação entra para um índex de eternos desconvidados. 

Bom, a fórmula deve dar boa audiência já que todos a seguem. 

Não por acaso. comentários dos "especialistas" e da aglomeração de comentaristas contratados rendem polêmicas e retuítes nas redes sociais. É tamanho o fluxo de opiniões que é impossível evitar que muitas delas sejam desbaratadas e se transformem em discussões nas redes sociais., 

Veja o caso da atual polêmica envolvendo o Telegram. O aplicativo está no foco de um investigação sobre crimes digitais na internet. Fake news, ataques à democracia, calúnias, mensagens políticas ilegalmente impulsionadas, racismo, preconceito, misoginia, incitação à violência são conteúdos que desembestam nas redes sociais e no Telegram aparentemente com maior intensidade. O ministro Alexandre Moraes mandou tirar o Telegram da tomada. Alguns "especialistas" e comentarisas divergiram. Os jornalistas neoliberais defenderam a liberdade total e chamaram o ato do STF de "censura". Um deles, Jorge Pontual, da Globo News, pregou como se fosse um missionário do liberalismo ao dizer que as fake news devem ter transito livre e que cabe ao ouvinte, assinante, leitor decidir sobre o que é fake e o que não é. Felizmente, no mesmo programa, a comentarista Flávia Oliveira esclareceu que o Telegram, ao contrário do que Pobntual argumentou, foi bloqueado por não atender a nenhum das intimações do STF e por não ter representante legal no Brasil - apenas um advogado que cuida de direitos autoriais. Não foi desligado por veicular conteúdo falso ou não. Foi penalizado por não dar bola para a Corte máxima da democracia brasileira. Se tivesse atendido ao STF, como fez, por exemplo, a justiça alemã em caso semelhante, teria sido possível bloquear apenas os canais criminosos e não todos os usuários. 

O STF informou ontem que o Telegram finalmente atendeu à determinação do ministro Alexandre Moraes quanto às questões criminais e demais demandas jurídicas. O aplicativo finalmente instalará  um representante formal no Brasil, deixando a cladestinidade virtual. Com isso foi liberado para voltar a funcionar. 

Restou aos coleguinhas que chamaram a decisão do STF de "censura", a subida "honra" de estar junto e connectado a Jair Bolsonaro.    

A frase do dia (dedicada a Paulo Guedes)


“O especialista é um homem que sabe cada vez mais sobre cada vez menos, e por fim acaba sabendo tudo sobre nada.”

GEORGE BERNARD  SHAW (1856-1950)

 

domingo, 20 de março de 2022

A guerra dos livros

Foto Lev Shevchenko, Instagram

O ucraniano Lev Shevchenko, de Kiev, postou essa foto no Instagram: uma barricada de livros. Uma prova de que a guerra relativiza tudo em volta. Vidas, objetos, objetivos, sonhos, relações pessoais, tudo é redimensionado. 

Shevchenko é arquiteto. Os livros protegem a sala da sua casa contra estilhaços de bombas e tiros. Ele tem se dedicado a fotografar cenas das ruas de Kiev. Você pode ver outras imagens no Instagram.

Frase do dia

 "Repara que o outono é mais estação da alma do que da natureza" 

Carlos Drummond de Andrade (1902-1987)

sexta-feira, 18 de março de 2022

Frase do dia

 “A tolerância chegará a tal ponto que as pessoas inteligentes serão proibidas de fazer qualquer reflexão para não ofender os imbecis.”

                                                        FIÓDOR DOSTOIÉVSKI (1821-1881)

 

CNN Brasil quer provocar nova guerra?

 

Uma das mais famosas lendas dos mares é a do Escocês Voador, um navio fantasma que sobrevoava veleiros e apavorava navegantes. Pois a CNN Brasil criou hoje o porta-aviões voador. O Mar da China é provavelmente a próxima guerra planejada pelos Estados Unidos. Mas o Pentágono não precisa da ajuda dos estagiários da CNN Brasil para inaugurar um novo conflito. Maneira aí, jornalista.

The New Yorker: o drama da guerra

 

Motherland, by Anna Juan

Charlie Hebdo: como encher o tanque de graça