sexta-feira, 30 de outubro de 2009

Cordel bem vestido

por Eli Halfoun
Muitas restrições podem ser feitas em relação a algumas decisões do governo, mas não se pode negar que apesar de tudo o presidente Lula ainda consegue ter um extraordinário bom humor que certamente o faz divertir-se com as piadas que rolam sobre ele em todos os segmentos da sociedade. Lula tem sido, por exemplo, personagem constante do cordelista Miguezin da Princesa, que por conta da recente comprar de roupas de ternos, camisas, meias, terninhos e cintos realizada pela Presidência da República o brindou com um novo cordel intitulado “Mais de Mil Paletós”. É assim: “Um pregão impertinente/das profundas do inferno/comprou uma ruma de terno/pra vestir o presidente/com o dinheiro da gente/no corpo do cabeludo/ E eu com o fundo rombudo/ e sem elástico no cós/ São mais de mil paletós/pra cobrir o rei desnudo/Pra que tanta camisa/se há armário entupido/ e pra que tanto vestido/no corpinho de Marisa/Sei que ela não precisa/já tem vestido pra tudo/E mesmo o sapo barbudo/ prefere ficar a sós/São mais de mil paletós/pra cobrir o rei desnudo”. (na foto de Ricardo Stuckert, de divulgação de Presidência da República, o presidente Lula, de paletó, ao lado da bela Michelle Obama, em recente almoço oferecido pela rainha Margaret II, da Dinamarca).

quinta-feira, 29 de outubro de 2009

Intolerância

Geyse Arruda, 20 anos, aluna da Faculdade de Turismo da Uniban, de São Bernardo(SP), foi xingada e agredida verbalmente por colegas revoltados. O motivo? A menina usava uma "saia muito curta". Essa turma está atrasada: a minissaia foi inventada pela inglesa Mary Quant há 45 anos. Reação caipira à parte, a atitude é de intolerância. Por acaso esses alunos fazem parte de uma "polícia moral", coisa de países fundamentalistas dirigidos por aiatolás? Ao lado, reprodução de imagem de TV. Veja o vídeo no link (para o IG) Universitários caipiras

Deu no Blogão, novo livro de Aguinaldo Silva




Na quarta-feira, dia 4 de novembro, às 19:30h, o autor Aguinaldo Silva, lançará o livro Deu no Blogão, na Livraria da Travessa, Barra Shopping.

Ponto C, de carro?, ou Ponto G...

O novo comercial da BMW inova: a modelo fica tão impressionada com o desempenho do carro que tem um...orgasmo. Não acredita? Veja o vídeo no link BMW turbinado

Em nome de Deus

por Eli Halfoun
Todo mundo sempre quer ter ou fazer um bom negócio, ainda mais agora que o desemprego parece ser inevitável. Mesmo quem não discute (discutir é perda de tempo) ou não pratica qualquer religião concorda que uma igreja (qualquer igreja de qualquer credo) é um negócio rentável, ou seja, de lucro (bota lucro nisso) garantido. Que o diga o bispo Edir Macedo: acaba de inaugurar uma super-catedral (capacidade para 6.800 pessoas) em Johannnesburgo, na África do Sul. O bispo, que agora detém também 40% das ações da Renner Participações (controla o Banco Renner) acredita tanto em seu negócio que não se importou em demolir a antiga igreja de Johannesburgo, que só podia receber 4 mil fiéis, para construir seu novo palácio de orações, que permitirá receber mais pessoas e ter uma renda maior e garantida. Em nome de Deus

Delenda, aterro

Lembra a expressão delenda, Cartago (destruam Cartago)? Há algo em curso no Rio que parece quase isso. Os pretextos são vários, antes o argumento eram instalações para o PAN2007 na Marina da Glória; Eike Batista quer construir um trem suspenso entre o Hotel Glória e o Santos Dumont, os galpões da Marina da Glória viraram locais de festas, shows, convenções, semanas de moda etc. Agora, anuncia-se a construção de um prédio nas imediações da Marina destinado a abrigar o setor marítimo da Polícia Federal. Se estão recuperando a Zona Portuária não é melhor que esse setor marítimo fique... no porto? Marreélógico, mané. O projeto, dizem, é do arquiteto Paulo Casé, o mesmo que projetou o terrível obelisco de Ipanema e a tal passarela (essa, demolida). O Aterro é um dos espaços mais belos do Rio, um parque utilizado pela população. O que se espera é que os responsáveis pelas licenças ambientais defendam o patrimônio carioca dessas investidas imobiliárias. Saco!

É preciso ouvir a voz das mulheres

por Eli Halfoun
As mulheres representam cerca da metade da população do planeta e nada mais lógico (e justo) que conquistem uma cada vez maior participação na política e na administração pública. No Brasil, segundo dados do TSE, 51,71% dos 125.529.686 de brasileiros aptos a votar são do sexo feminino. Ainda assim são poucas as representantes femininas no Congresso, no Senado, nas Câmaras Municipais e Assembléias Legislativas. As deputadas federais são apenas 8.8% e as senadoras são 13,3%.
As mulheres querem aumentar essa participação e contam com o apoio da Secretaria Nacional de Políticas para Mulheres, que as incentiva porque há uma janela para a participação maior da mulher na política: 67% dos eleitores acham que "se a participação política da mulher fosse maior, o nível da política seria melhor”.
É apenas “achologia”, mas mesmo assim a participação da mulher não deve ser vista com programas que atendam apenas os interesses femininos. A mulher não precisa necessariamente candidatar-se para merecer maior atenção política. O voto feminino pode fazer a diferença e nesse caso políticos de uma maneira geral devem estar atentos em suas promessas e programas de governo aos anseios das mulheres. Anseios que refletem o desejo de toda a população no estado, no município, no país.
A participação das mulheres na sociedade é cada vez maior e mais ativa: recente estudo revela números que mostram isso: a População Ocupada do Brasil tem hoje participação de 45,4% de mulheres e 54,6% de homens, enquanto a População em Idade Ativa é de 53,7% de mulheres e 46,3% de homens. Os dados mostram também que a População Economicamente Ativa é de 46,2% de mulheres e 53,8% de homens. As estatísticas revelam o crescimento da participação da mulher no mercado de trabalho contribuindo cinco anos menos do que os homens (elas se aposentam antes) para a Previdência. Com toda essa participação é impossível não reconhecer que a voz do povo tem a cada dia mais o tom aveludado que soam da alma das guerreiras mulheres desse país ainda e infelizmente machista. Se não no discurso certamente na maioria das atitudes.A luta das mulheres é antiga e é historicamente registrada a partir do dia 8 de março de 1857, quando operárias americanas de uma fábrica de tecidos fizeram a primeira greve para brigar por justas reivindicações. No Brasil o dia 24 de fevereiro de 1932 é considerado um marco feminino: nesta data foi instituído o voto feminino e o direito de serem eleitas para cargos no executivo e legislativo.Há quem acredite (e muitas mulheres fazem parte dessa descrença) que o eleitorado ainda não confia plenamente na atuação das mulheres na política. É preciso que as mulheres se unam em torno de um trabalho que mostre disposição e capacidade para ouvir as mulheres e assim ouvir todo o eleitorado. A voz das mulheres é que é a voz de Deus.

A triangulação que deu certo

A Rede Manchete foi vendida no embalo de uma engenharia comercial que incluiu a TV Ômega, que adquiriu as cinco concessões dos Bloch (Rio, São Paulo, Recife, Fortaleza e Belo Horizonte) e a TV Manchete Ltda, que comprou equipamentos, grande parte do acervo de programas e se responsabilizou pelas dívidas trabalhistas da TV. Posteriormente, a Justiça incluiu no acervo o prédio da emissora em SP (os demais prédios e patrimônio utilizados pela TV pertenciam à Bloch Editores, que faliu em 2000 e cuja Massa Falida se destina a cobrir dívidas trabalhistas de cerca de 3 mil funcionários, jornalistas, pessoal do administrativo e gráficos da editora e da gráfica). Para os radialistas e empregados da extinta Rede Manchete - que, é bom lembrar, não faliu, foi vendida - restou entrar na Justiça para obrigar a TV Manchete Ltda e a Rede TV (que ficou com as concessões compradas pela TV Ômega) a pagar as indenizações dos ex-funcionários da RM. História complicada? Bota confusão nisso? A TV Manchete Ltda, a que ficou com as dívidas e equipamentos hoje obviamente obsoletos, sumiu e não teria bens; a TV Ômega teria sido formada apenas para comprar as concessões; a Rede TV, que efetivamente recebeu as concessões, chegou a ser declarada pela Justiça sucessora da Rede Manchete e, por isso, responsável pela dívida aos ex-funcionários da antiga TV dos Bloch. A questão foi parar nas instâncias superiores de Brasília. Hoje, a coluna da jornalista Patricia Kogut, do Globo, informa que o STF decidiu a favor da Rede TV e considerou que essa empresa, apesar de ter herdado o bem mais valioso da Rede Manchete, as concessões, não é sua sucessora e não deve nada aos ex-funcionários. Complica-se a situação dos trabalhadores que perderam o emprego, quando a RM foi vendida, e agora perdem os direitos legítimos levados por uma operação triangular para a qual se formaram empresas, no mínimo, duvidosas. E, pela informação do Globo, operação considerada legal pelo STF.

Cartilha na mão contra o ladrão

por Eli Halfoun
Aqui tem muita, e pelo visto cada vez mais, mas corrupção não é “privilégio” do Brasil: segundo o FMI a corrupção movimenta no mundo por ano, cerca de US$ 1 trilhão, ou seja, mais do que os US$ 740 milhões gastos no mundo todos os anos com o ensino fundamental, segundo dados da UNESCO. É lamentável, mas o Brasil avança a passos largos (bastas ler o noticiário diário para constatar isso) para a conquista de uma “medalha de ouro” ou uma “medalha de prata” em corrupção e deverá atingir em 2010 sua melhor “performance” movimentando, segundo estimativas (não oficiais é claro até porque oficialmente todos são ou se dizem honestos) US$ 12 bilhões.
Tudo indica que no Brasil a coisa deve continuar correndo leve, livre e solta (nenhum corrupto vai pra cadeia), mas o mundo está se precavendo: segundo a revista Fortune, as 500 maiores empresas mundiais estão adotando (a cada dia com mais rigor) uma política específica de combate à corrupção. Não são apenas as empresas que se cuidam: agora mesmo, por exemplo, o Escritório das Nações Unidas sobre Crimes e Drogas desenvolveu o manual “Anticorrupção: políticas e medidas”. É na verdade uma cartilha que visa diminuir ( triste ilusão) a ação dos corruptos em empresas e, principalmente, na administração pública. Quer dizer: vai todo mundo voltar para escola, cartilha na mão, para aprender o que já devia saber e praticar a muito tempo.

Talibãs tupiniquins

Alguém lembra do que foi escrito neste paniscumovum sobre o "ovo da serpente" que é a interferência da religião na política e na administração pública? Pois é, o ovo continua chocando. Em Macaé, professores evangélicos baniram de uma escola pública um livro que fala sobre religião de origem afro. Há denúncias também que outra lei do estado do Rio de Janeiro, esta de caráter polêmico e implantada pela administração também evangélica dos Garotinho, a que obriga a contratação de professores de religião, não está sendo cumprida em relação ao ensino de temas de orgiem afro. Há dois perigos aí: um, o fanatismo evangélico avançando, outro, essa própria lei, também fundamentalista, que leva pastores e padres para doutrinar crianças em escolas públicas onde a religião deveria entrar como história e não como pregação e proselitismo. O Brasil está brincando com essa onda talibã. Não demora muito teremos apredejamento de ateus, chicotadas em adúlteros e dízimo descontado na fonte

Sem piada

por Eli Halfoun
Engana-se muito quem pensa que Portugal é apenas e tema de piada. O país está no topo do mundo em matéria de, entre outras coisas, turismo e acaba de ter sua capital, Lisboa, eleita o melhor local turístico. Portugal recebeu cinco prêmios, entre os quais o de melhor destino de cruzeiros, além de ter incluído dois de seus hotéis lisboetas entre os melhores do mundo. A eleição foi baseada nas opiniões de milhares de profissionais e não profissionais que costumam consultar sites sobre turismo. O resultado tem o aval da WTA (Wold Travel Award) que em 2008 deu esse mesmo prêmio para Copenhague. Londres foi escolhida como melhor destino turístico. É bom lembrar que Portugal fica na Europa.

quarta-feira, 28 de outubro de 2009

Impresso no Brasil: livro mostra a arte gráfica de 1808 a 1930

A capa de J. Carlos para a revista Para Todos, de 1927...
...está no livro de Rafael Cardoso, assim como...


...o rótulo em cores vivas dos cigarros Nair e...

...a embalagem dos cigarros Tango, do começo do século passado.

Será lançado na próxima sexta-feira, no Rio, o livro Impresso no Brasil, do historiador de arte e escritor Rafael Cardoso. A obra, da editora Verso Brasil, traz 350 impressos, de 1808 até 1930, garimpados na Biblioteca Nacional - a sétima maior biblioteca do mundo com um valioso acervo iconográfico - e textos de Isabel Lustosa, também historiadora, do designer e fotógrafo Joaquim Marçal Ferreira de Andrade, de Lúcia Garcia e do próprio Rafael Cardoso. Impresso no Brasil mostra caricaturas, rótulos, jornais, anúncios, cardápios, baralhos, livros e revistas e traça um painel da evolução das artes gráficas no Brasil, o advento da litografia industrial, soluções surpreendentes, a experimentação e a sofisticação da apresentaçaõ de texto e imagens. A chegada da litografia - como o paniscumovum mostrou recentemento reproduzindo jornais parisienses de impecável qualidade gráfica em impressão a cores no século 19 -, revolucionou as artes gráficas no Brasil. No livro, há numerosos exemplos de peças de alta criatividade e qualidade. Uma boa pedida.

terça-feira, 27 de outubro de 2009

Chico&Alaíde X Bracarense: briga boa

A revista VIP foi conferir e botou no papel o placar da disputa entre dois bons botecos cariocas: o tradicional Bracarense e o novo mas com jeitão de gente grande, o Chico & Alaide. A matéria é do jornalista Roberto Friede, que ganhou a difícil missão de tomar muito chope e comer muito bolinho para chegar a alguma conclusão. Concluir alguma coisa nesse terreno é difícil. No fim, deu um quase empate: 30 pontos para o Braca, 36 para o Chico&Alaíde, também conhecido como C&A. Friede recomenda o Braca para agito e azaração e o C&A para sossego e bom atendimento. Elogia o bolinho de bacalhau do primeiro e o bolinho de abóbora com carne-seca crocante e temperado no capricho do segundo.

Você é famoso? Faça sua própria revista

Um passo a mais no segmento de jornalismo de entretenimento. O projeto MyMag, lançado nos Estados Unidos, faz com que a celebridade tenha sua própria revista. São publicações personalizadas com matérias dedicadas à dita figura. Cada edição custará 10 dólares e terá 100 páginas. Se tiver bala na agulha, o "famoso quem" também pode encomendar sua revista. A modelo Olívia Munn está abrindo a fila. Essa onde é boa? Serve para alguma coisa? Sei lá...

Paz e guerra: há 70 anos, blitzkrieg sobre Praga

As estátuas dos Gigantes em Luta, de Ignaz Platzer, que coroam os portais do Castelo de Praga, testemunham, em outubro de 2009, a paz e o passeio dos turistas flagrados por Jussara Razzé...
...mas há 70 anos, no mesmo local, sob os mesmos imponentes e impotentes Gigantes, o clima era de guerra e o som era de fúria. Em outubro de 1939, Praga foi declarada capital do protetorado nazista da Boêmia e da Morávia. E as botas cadenciadas e invasoras das tropas alemãs anunciaram os dias de horror. A foto, famosa, é de Heinrich Hoffman, reproduzida do site Third Reich in Ruins, do colecionador Geoff Walden.

Com que roupa?

por Eli Halfoun
“Com que roupa eu vou ao comício (samba) que você me convidou” – Lula poderia adaptar o samba no qual de Noel Rosa faz a pergunta e utilizá-lo como música da Presidência da República. É isso o que sugere a grande compra de roupa feita no Palácio. Os números não são, é claro, oficiais, mas falam em gasto de R$ 145 mil na compra de 1440 ternos azul marinho/noite (R$ 99 cada, o que significa que não são de tão boa qualidade assim), seis terninhos femininos (R$ 220 cada), além de 2461 camisas sociais, 2461 pares de meia (pretas), e 853 cintos dupla face em couro legítimo. Das duas um: ou Lula resolveu estar entre os mais elegantes ou o Palácio Alvorada vai virar um grande Magazine (a C&A que se cuide). Lula poderá usar um terno azul marinho por dia, mesmo que a coisa esteja preta.

Palavras (e não só balas) perdidas

por Eli Halfoun
Depois de classificar o Rio como uma nova Medellín, o colombiano Elkin Velásques, novo coordenador do Programa Cidades Mais Seguras que faz parte do também Programa das Nações Unidas para Assentamentos Humanos, anunciou que enfim teremos ação (só palavras não resolvem nada e já estamos cansados dês promessas e discursos). Um dos compromissos é implantar projetos de mediação local de conflitos em comunidades carentes brasileiras, além de estipular (olha aí mais um tiroteio de palavras) ações até 2016. E depois? Voltaremos a ser uma área de combates diário? O coordenador colombiano garante que o trabalho de mediação será feito também em São Paulo e em outro estado ainda não escolhido. O representante da ONU Não dispensa um discurso: ”Vamos fazer um trabalho complementar de prevenção da delinquência e criminalidade, principalmente no que diz respeito às favelas”. Esse tipo de trabalho leva anos para ter êxito, mas a verdade é que o Rio não tem mais saúde e paciência para esperar. Nesse momento, com as balas comendo soltas por aí, precisamos de ações imediatas. Imediatamente. Elkin Velásques usa a Colômbia como exemplo de bons resultados É, convenhamos, um exemplo nada animador embora ele ínsita em dizer que “em Medellín, onde a deliquência é alta fizemos um trabalho de integração, melhorando a convivência entre as pessoas e investimos também nas comunidades onde estava o foco da violência, o que contribuiu muito para a melhoria das estatísticas”. Então ta: vamos esperar sentados. Ou melhor: deitados atrás de trincheiras que nos protejam. Palavras não protegem ninguém. Aliás, o jornal americano The New York Times tem utilizado muito espaço para falar da violência no Rio que chama de “cidade da carnificina e da cocaína”. Nesse caso é bom lembrar ao jornalão americano um velho ditado popular: “macaco, olha teu rabo”. O Rio não é (mesmo abençoado por Deus em sua natureza) um paraíso, mas é bom não esquecer que quando Londres, a capital inglesa, foi escolhida para a Olimpíada de 2014 terroristas explodiram bombas em trens e ônibus fazendo 60 vítimas fatais e deixando mais de 700 feridos. O mundo fala demais, mas o Rio é nosso. Maravilhosamente nosso. (Na foto, de Jussara Razzé, entardecer em Ipanema)

segunda-feira, 26 de outubro de 2009

Nada se cria, tudo se copia e plágio virou releitura

Polêmica na mídia. A revista Época fez uma matéria de capa sobre o Kindle, o leitor eletrônico que guarda milhares de obras e pretende aposentar o livro impresso. Tudo bem, o tema está em alta, os editores convidaram Paulo Coelho para posar para a foto, o diretor de arte bolou um corte em close com o Kindle escondendo metade do rosto do escritor. Original? Não. A composição foi totalmente chupada da Newsweek. Um leitor criticou a atitude da Época em email enviado ao site Blue Bus, sentindo-se enganado. O editor da Época se defendeu alegando que fez apenas um "releitura" da capa da revista americana. E acrescentou que em um blog, o Faz Caber, foi dado o devido crédito à Newsweek. "Magoado" por ter sido acusado de plágio, ainda pediu retratação ao Blue Bus. Como assim? Na revista mesmo que é bom a Época não faz qualquer referência à "releitura", mas conta a historinha da cópia em um blog e por isso se julga absolvida do plágio? Ô Época! Calma aí. Não é melhor criar suas próprias capas em vez de ficar "relendo" a dos outros?

Curiosidades: jornais de ontem...


O Supplément Illustré, do Le Petit Journal (acima), é de setembro de 1892. A França comemorava o centenário da proclamação da República. O suplemento publica na capa a litogravura que mostra o carro alegórico da Paz, antecipando o que os parisienses veriam em cortejo comemorativo. O "carnavalesco" autor do carro, o Joaozinho Trinta da época, era o pintor M.Garpezat. O que é surpreendente é a qualidade da impressão em cores.
Passando da história para a moda, o Rio recebeu estilistas, modelos e cantores, como Mariah Carey e P. Diddy, no último fim de semana, para o Oi Fashion Rocks, no Jockey Club Brasileiro. O paniscumovum não foi lá, mas entra nessa matéria, tema das revistas que chegam às bancas nesta quarta-feira. Nas revistas, você verá Carol Trentini, Isabeli Fontana e outras tops. Aqui, você viaja até janeiro de 1908 nas paginas da publicação mensal La Mode Illustrée (abaixo), também em cores e com grifes de então exibidas em bem acabadas gravuras. A moda, vê-se pela envelopada madame, escondia os tesouros. Hoje, um século depois, dão - ainda bem - o mapa da mina. Ou da discreta elegância das "minas", como se diz em Sampa.








Boticão assassino

por Eli Halfoun
A principal função de um dentista é salvar dentes. Um dente só deve ser arrancado se não houver nenhuma maneira de recuperá-lo. Pelo menos é assim que devem proceder os bons profissionais da Odontologia, mesmo agora que os implantes estão na moda e custam muito caro, ou seja, o dentista ganha muito mais. O avanço técnico da Odontologia faz muito mais absurda a notícia de quem um jovem de 27 anos teve todos os seus dentes saudáveis arrancados criminosamente por um dentista (?) no Hospital da Asa Norte, em Brasília.
Virou caso de polícia e nem poderia ser ao contrário: o que se cometeu foi um crime – um crime que vitimou um paciente jovem e certamente vai respingar (como aquela água que escorre o motorzinho) em toda uma categoria profissional que sempre foi assustadora para qualquer cliente. Todo mundo sempre teve medo ( lembra daquela imagem que a gente fazia do velho boticão?) de ir ao dentista. Agora terá muito mais.
O que também é estranho, muito estranho, nessa questão é que o nome do profissional que cometeu esse absurdo não é citado nas reportagens. Deveria ser para que outros pacientes fujam de suas mãos criminosas. As informações da polícia dão conta de que os dentes saudáveis arrancados desnecessariamente foram encontrados com o dentista, que guardou em casa a prova do crime como se fosse um troféu. É um troféu da mais absoluta incompetência.
O Brasil tem uma das melhores odontologias do mundo e o fato colocará isso em questão mesmo que não seja correto colocar em dúvida o trabalho de toda uma classe profissional que tem, sim, muita gente competente. Por isso mesmo a Sociedade Brasileira de Odontologia precisa vir a público dizer alguma coisa, se é que se pode dizer alguma coisa diante de procedimento tão grave e absurdo. As notícias também dão conta de que os dentes saudáveis arrancados brutalmente seriam utilizados para ensinar aos alunos. Que professor é esse que ensina tudo errado?