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domingo, 29 de junho de 2025

Mundial de Clubes: o raio que não vem mas interfere no jogo


por José Esmeraldo Gonçalves 

Pessoas em campo aberto podem ser atingidas por raios. Há casos fatais. Isso todo mundo sabe. O Brasil, por exemplo, está entre os campeões de incidência de raios do mundo. Estatisticamente, somos mais fulminados do que os Estados Unidos. Perguntem aos meteorologistas.

O Mundial de Clubes em estádios do território de Trump revelou ao mundo o "protocolo" que paralisa os jogos. Está  em vigor desde 2012 quando uma pessoa que asistia a uma corrida da Nascar foi alvo de um raio fatal, mas ganhou visibilidade internacional no atual  torneio da FIFA. No ano passado, nessa mesma época, aconteceu a Copa América, da Comenbol, com jogos em alguns dos mesmos estádios de agora, sem que a protocolo fosse acionado. Supõe-se que a FIFA não impôs condições e aceitou a restrição que interompe as partidas.  

Nuvens um pouco mais escuras e carregadas de energia assustam os técnicos e logo eles emitem ordens para esvaziar arquibancadas e campos, mandando jornalistas, jogadores, pessoal de serviço e torcedores em êxodo rumo aos "porões" dos estádios. Lá a turma mofa durante 30 minutos. Se as nuvens não se mandarem, a restrição é prorrogada por mais 30, e assim sucessivamente. O jogo Benfica e Chelsea, por exemplo, parou por quase duas horas. O intervalo forçado aparentemente agradou ao time inglês que parecia fisicamente menos depauperado. O Chelsea voltou revigorado e goleou os portugueses. Ou seja, o raio que não veio pode ter interferido no placar do jogo. 

Você deve se perguntar sobre um motivo à parte e não divulgado do tal "protocolo". Ao mesmo tempo em que o público era confinado, um drone que sobrevoasse as imediações dos estádios mostraria pedestres e carros circulando tranquilamente nas ruas próximas. O protocolo não está preocupado com eles, nem com os raios que eventualmente os partam. Qual a razão da coisa? Evitar que pessoas eventualmente atingidas no ambiente do jogo processem governos, seguradoras, proprietários dos estádios e promotores dos jogos, no caso a FIFA, ou espetáculos em geral. Estados Unidos é paraíso de advogados. Lá, se você é atropelado, o causídico chega antes da ambulância. Faz sentido. 

Felizmente, em todas ocorrências do tipo, os raios esperados pelos gringos meteorologistas não apareceram no pedaço e nem fulminaram jogadores e torcedores. 

Protocolo Brasileiro

Não temos vulcões nem furacões e os principais estádios têm cobertura parcial. No Mundial de Clubes foram vistas algumas arquibancadas inteiramente descobertas. Nosso protocolo esportivo para emergências é menos complexo. Cabe ao árbitro do jogo, diante de uma emergência, consultar autoridades para dimensionar o problema (quase sempre inundações provocadas por fortes chuvas, estaod do grmado, flata de iluminação etc) é, em seguida, paralisar a partida. Se o problema persistir, o árbitro tem o poder de encerrar a partida passado um tempo regulamentar de espera (30 minutos).  A complementação do jogo será marcada para outra data. A situação é resolvida no campo esportivo em contato com serviços públicos ou privados apropriados. Sem misturar as coisas, as autoridades civis acionadas cuidam da parte que lhes cabe: a segurança das pessoas. Caso a interrupção aconteça decorridos 30 minutos ou mais do segundo tempo, será validado o placar do momento da paralisação.    

O deslumbramento dos comentaristas e apresentadores brasileiros

O protocolo pegou de surpresa os jornalistas brasileiros. Os mais afeiçoados ao Tio Sam em princípio saudaram o a medida sem críticas e até, no caso de um dos narradores da Globo, certa exaltação "ridícula". Não atentaram para a Copa do Mundo de seleções, ano que vem, que terá os Estados Unidos como uma das sedes, ao lado de México e Canadá. O protocolo que pode suspender um jogo por duas horas ou mais poderá levar a Copa ao caos, caso seja acionado nas diversas partidas em território estadunidense. A sorte é que México e Canadá não têm esse protocolo restritivo e, pelo menos nas partidas que vão sediar, o caos eventualserá evitado. Melhor a FIFA levar para a Copa o Cacique Cobra Coral especializado em impedir chuvas e raios.  



terça-feira, 15 de outubro de 2024

A decadência da Copa do Mundo da FIFA

por José Esmeraldo Gonçalves 

Os jogadores brasileiros estão mansos e calados. Na Europa, entidades representativas começam a se mobilizar por meio de ações judiciais contra o novo e exaustivo formato do campeonato mundial de clubes. Cogitam até boicotar a coisa. A FIFA criou esse monstro por dois motivos principais: instinto caça níquel e uma tentativa desesperada para explorar o prestígio e a força de audiência dos clubes, especialmente aqueles da elite da Champions. 

Entenda-se: a Copa do Mundo está entrando em espiral de decadência. O aumento de vagas para seleções habilitadas à fase final resultou em baixo nível técnico da maioria dos jogos. Para a Copa do Mundo de 2026, quando as seleções vão perambular por México, Estados Unidos e Canadá, a previsão é que o número de peladas seja insuportável. Quem não quiser sofrer de tédio deve ligar o receptor, seja televisor, tablet, smartphone ou o que mais inventarem só a partir das quartas de final. 

A pedra na chuteira da FIFA é a Champions, da UEFA, atualmente o mais importante torneio de futebol do planeta. Daí a decisão de engordar o mundial de clubes. Os jogadores europeus protestam contra a novidade que ocupará datas durante férias. A UEFA, por sua vez, deu um troco na FIFA criando mais um torneio de seleções que ocupa as chamadas datas FIFA, a Liga das Nações, além das Eliminatórias. Sem falar na Copa da UEFA, sucesso futebolístico do continente. Tudo isso e mais os campeonatos regionais importam em sobrecarga para os atletas. Claro que são altamente remunerados, mas tudo tem um limite. Essa é a razão da mobilização atual dos craques europeus.

A FIFA ainda tem muito poder, mas a crise está à vista.

Façamos um pequeno exercício. Segue abaixo um ranking dos cinco campeonatos mais relevantes do futebol da atualidade no quesito nível técnico.

1- Champions (UEFA)

2- Premier League (Inglaterra)

3 - La Ligue (Espanha)

4 - Copa da UEFA (seleções)

5 -Brasileirão (CBF).

Na minha opinião, os campeonatos francês e italiano não entram na lista. Estados Unidos e Arábia Saudita são, para dizer o mínimo, exóticos. A Libertadores (Comenbol) bem que poderia entrar em um sexto lugar. Pelo critério técnico,  Copa do Mundo não entra nem entre os dez melhores. As Eliminatórias da Copa estariam fora de qualquer lista. 

Faça seu ranking.

sexta-feira, 3 de fevereiro de 2017

Polêmica no futebol: rasgaram a fantasia dos clubes "campeões mundiais"

por Niko Bolontrin (*)

A polêmica sobre a validade das taças dos clubes campeões mundiais de futebol ainda ocupa as redes sociais.

Mas a discussão parte de uma premissa errada.

Muitos, até parte da mídia, embarcaram na versão de que a FIFA "cancelou" os títulos. Errado. A FIFA não "cancelou". A FIFA jamais reconheceu os títulos "mundiais" conferidos pelo amistoso disputado em Tóquio e patrocinado pela Toyota, assim como nunca oficializou outras taças intercontinentais nas décadas de 1950 e 1960. A mídia, especialmente a da América do Sul, é que compreensivelmente super valorizou tais eventos, que ajudam a movimentar o noticiário no recesso de fim de ano, após o encerramento dos campeonatos nacionais. A imprensa europeia sempre deu pouca bola para o assunto.

Em resumo: a FIFA considera campeões mundias de clubes apenas os vencedores do Mundial de Clubes organizado por ela, FIFA, a partir de 2000.

2000: Corinthians
2005: São Paulo
2006: Internacional
2007: Milan
2008: Manchester United
2009: Barcelona
2010: Inter de Milão
2011: Barcelona
2012: Corinthians
2013: Bayern de Munique
2014: Real Madrid
2015: Barcelona
2016: Real Madrid

A FIFA diz não desmerecer os torneios não-oficiais intercontinentais disputados entre clubes europeus e sul-americanos. Mas não são títulos de amplitude mundial, como é o atual Mundial de Clubes que reúne representantes de todos os continentes.,

Faz sentido. Claro que foram importantes e históricas a Copa Rio e a Copa Intercontinental nos anos 1950 e 1960.  Ocorre que, se fossem reconhecidas como títulos mundiais, qualquer outro torneio intercontinental, como a tradicional Copa Teresa Herrera, da Espanha, o Torneio de Paris ou essa modesta disputa de clubes de vários países, recentemente, em um come-e-dorme na Flórida, poderia revindicar o status de "mundial".

E a reação da FIFA nem novidade é. Nos anos 1960, quando europeus e sul-americanos disputavam um torneio intercontinental com jogos de ida-e-volta (o Santos, de Pelé, foi campeão em 1962 e 1963) a entidade impediu que os clubes e as confederações usassem o "mundial" para definir o título.

O jogo único em Tóquio, por exemplo, era uma ação de marketing de uma marca. Uma "festa da firma" em fim do ano esportivo. O nome era Troféu Toyota e assim está gravado na taça que o Flamengo guarda na sua sede.

Entre os brasileiros - Corinthians, duas vezes, Internacional e São Paulo são os únicos clubes brasileiros campeões do mundo - quem mais reclamou foi o Flamengo.

O "titulo" de 1982 era tido como "a maior conquista do clube da Gávea em toda a sua história". Exagero que uma taça de um jogo só não justificaria, mas assim foi feito e assim "entrou para a história".

No caso do rubro-negro, quem merece ganhar uma indenização por propaganda enganosa são jogadores como Zico, Junior, Raul, Adílio e outros. Zico, principalmente. Aquele de1981 seria seu único título "mundial".

(*) Niko Bolontrin é Flamengo mas nem por isso confunde jogada de marketing com campeonato de futebol.