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sexta-feira, 3 de fevereiro de 2017

Polêmica no futebol: rasgaram a fantasia dos clubes "campeões mundiais"

por Niko Bolontrin (*)

A polêmica sobre a validade das taças dos clubes campeões mundiais de futebol ainda ocupa as redes sociais.

Mas a discussão parte de uma premissa errada.

Muitos, até parte da mídia, embarcaram na versão de que a FIFA "cancelou" os títulos. Errado. A FIFA não "cancelou". A FIFA jamais reconheceu os títulos "mundiais" conferidos pelo amistoso disputado em Tóquio e patrocinado pela Toyota, assim como nunca oficializou outras taças intercontinentais nas décadas de 1950 e 1960. A mídia, especialmente a da América do Sul, é que compreensivelmente super valorizou tais eventos, que ajudam a movimentar o noticiário no recesso de fim de ano, após o encerramento dos campeonatos nacionais. A imprensa europeia sempre deu pouca bola para o assunto.

Em resumo: a FIFA considera campeões mundias de clubes apenas os vencedores do Mundial de Clubes organizado por ela, FIFA, a partir de 2000.

2000: Corinthians
2005: São Paulo
2006: Internacional
2007: Milan
2008: Manchester United
2009: Barcelona
2010: Inter de Milão
2011: Barcelona
2012: Corinthians
2013: Bayern de Munique
2014: Real Madrid
2015: Barcelona
2016: Real Madrid

A FIFA diz não desmerecer os torneios não-oficiais intercontinentais disputados entre clubes europeus e sul-americanos. Mas não são títulos de amplitude mundial, como é o atual Mundial de Clubes que reúne representantes de todos os continentes.,

Faz sentido. Claro que foram importantes e históricas a Copa Rio e a Copa Intercontinental nos anos 1950 e 1960.  Ocorre que, se fossem reconhecidas como títulos mundiais, qualquer outro torneio intercontinental, como a tradicional Copa Teresa Herrera, da Espanha, o Torneio de Paris ou essa modesta disputa de clubes de vários países, recentemente, em um come-e-dorme na Flórida, poderia revindicar o status de "mundial".

E a reação da FIFA nem novidade é. Nos anos 1960, quando europeus e sul-americanos disputavam um torneio intercontinental com jogos de ida-e-volta (o Santos, de Pelé, foi campeão em 1962 e 1963) a entidade impediu que os clubes e as confederações usassem o "mundial" para definir o título.

O jogo único em Tóquio, por exemplo, era uma ação de marketing de uma marca. Uma "festa da firma" em fim do ano esportivo. O nome era Troféu Toyota e assim está gravado na taça que o Flamengo guarda na sua sede.

Entre os brasileiros - Corinthians, duas vezes, Internacional e São Paulo são os únicos clubes brasileiros campeões do mundo - quem mais reclamou foi o Flamengo.

O "titulo" de 1982 era tido como "a maior conquista do clube da Gávea em toda a sua história". Exagero que uma taça de um jogo só não justificaria, mas assim foi feito e assim "entrou para a história".

No caso do rubro-negro, quem merece ganhar uma indenização por propaganda enganosa são jogadores como Zico, Junior, Raul, Adílio e outros. Zico, principalmente. Aquele de1981 seria seu único título "mundial".

(*) Niko Bolontrin é Flamengo mas nem por isso confunde jogada de marketing com campeonato de futebol.