O papagaio ilustrou reportagem sobre "bichos que choram". |
Afinal, uma atriz. Maria Della Costa na capa. Pena que quase a soterraram com uma montanha de flores. |
Reportagem sobre o Mosteiro de São Bento rendeu essa estranha capa: dois religiosos, de mãos dadas diante de um altar. A capa podia ser inocente, mas o efeito foi pro lado oposto. |
A intenção era fazer da modelo uma margarida. Ficou parecendo um ovo estrelado. Dizem que Adolpho Bloch proibia capas de mulheres com chapéus. Deve ter sido após a experiência acima. |
Uma das primeiras capas de praia. Levaria muitos anos até uma musa como Rose Di Primo chegar a uma capa de verão. |
Danuza Leão posou para matéria de moda sobre noivas. E virou a cara, sabe-se lá porque. |
Nos seus primeiros números ao longo de 1952, a Manchete (que comemoraria 65 anos no próximo mês de abril) tinha foco editorial tão indefinido que algumas das suas capas já saíam com a meme pronta. Embora memes não estivessem nem no radar da melhor ficção científica.
Geralmente, revistas que se lançam vão sendo sintonizadas aos poucos. Não há exemplos de um projeto que não sofra adaptação e não tenha que se ajustar ao seu público-leitor edição a edição.
Mas a Manchete dos primórdios parecia atirar para todos os lados, com um certo toque de surrealismo.
Quem, em estado de sobriedade, faria uma matéria sobre a Academia Brasileira de Letras e poria na capa apenas um fardão em um cabide? Ou escolheria como assunto de capa da semana uma reportagem sobre bichos que choram ilustrada por um papagaio de perfil? Ou um especial de moda para noivas com uma chamada no quadro superior, ao lado do logotipo: "300 abortos por dia"? Ou uma matéria sobre a vida no Mosteiro de São Bento com dois religiosos placidamente de mãos dadas, e de costas à frente de um altar?
Se involuntário ou não, o fato é que havia um certo humor nas capas-memes dessa fase surreal da Manchete.
Hoje, seriam candidatas a viralizar e quebrar a internet.