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quinta-feira, 26 de fevereiro de 2015

Direto de Paris: o Brasil bebeu?

por Jean-Paul Lagarride (ex-correspondente da Manchete, especial para o blog)
Amigos que adoram o Brasil estão preocupados. Nos últimos meses, a terra que deu a Bossa Nova ao mundo dá sinais de que o samba desafinou. Não fosse a idade (e a aposentadoria que derreteu nessa crise europeia que começou aguda e virou crônica), eu deixaria Vernon, onde nada acontece, para tentar desvendar o turbilhão brasileiro. Anotei no velho PC de pouca memória e tela curva, alguns dos sintomas nada animadores da atual conjuntura da antiga França Antártica. Tenho apenas perguntas e nenhuma resposta.
- Tenho lido na internet alguns dos principais veículos brasileiros. Acho que alguém precisa investigar porque quase sumiram as teclas HSBC dos computadores dos jornalistas. Pelo menos, quando trata de listar os figurões sonegadores e lavadores de dinheiro. Um jornalão já defende a tese de que os tais ricaços não poderão ser processados porque o vazamento da relação de fraudadores é ilegal. Defesa prévia? Aviso que aqui na Europa já corria um inquérito antes do vazamento. Seria demais suspeitar que o vazamento internacional veio depois para beneficiar os acusados? De qualquer forma, em Paris e Londres as teclas HSBC estão já gastas pelo uso nas últimas semanas.
- Quem é Eduardo Cunha? Um jihadista? Li que ele oferece a vida em sacrifício para impedir que seja votado um projeto que libera o aborto. É isso? Espera se imolar e ganhar vinte mil virgens no paraíso?
- É verdade que os brasileiros querem a volta da ditadura? Soube que em março acontecerão nas grandes cidades passeatas que pretendem derrubar a presidente Dilma Rousseff. Seria uma reedição das "marchas da família" que anunciaram as trevas em 1964.
- Conhecendo minhas ligações com o Brasil - se bem que a maioria dos jornalistas que eu conheci, já está no paraíso e sem direito a virgens - um tabloide parisiense me ligou para saber se eu conhecia o monsieur Bolsonarô. Há rumores de que ele assumirá o governo no próximo dia 31 de março.
- É verdade que o juiz que cuida do processo que envolve um milionário mandou aprender o Porsche e um piano do acusado, levou o carro e o instrumento musical para casa e foi visto dirigindo o bólido? Já foi fotografado teclando o piano?
- Um ex-presidente do Banco do Brasil, acusado de favorecer uma suposta milionária com empréstimos, voos em jatinhos oficiais, pagamento de anúncios no programa de televisão da referida socialite em uma rede que ninguém vê foi mesmo nomeado para "moralizar" a Petrobras?
- Leio nos jornais todos os dias detalhes do escândalo da Petrobras. Ao mesmo tempo, me informam que o processo corre em sigilo. Meus amigos dizem que o sigilo é relativo tanto que até hoje não vazou a lista dos políticos envolvidos com o esquema de pagamento de propinas. Dizem que está em andamento uma investigação sigilosa para apurar a quebra de sigilo. É isso mesmo?
- O Brasil vai tentar sair da crise cortando seguro-desemprego e pensões? Isso será mesmo suficiente? Não seria o caso de taxar grandes fortunas, combater a sonegação, os desvios de verbas públicas, cortar subsídios que beneficiam inclusive as corporações midiáticas, rever incentivos fiscais, cobrar as dívidas de empresas que recebem empréstimos públicos, taxar lucros de especulação? Não sei se é piada, mas dizem aqui que o ministro pretende tirar da informalidade os mendigos que atual nas grandes cidades brasileiras. Um estudo indicaria que taxar esmolas ajudaria no ajuste fiscal.
- É verdade que leis brasileiras de incentivo cultural e esportivo permitem que o governo financie desde shows da Beyoncé e Rihanna até torneios de tênis? Isso significa que o governo brasileiro pode transferir dinheiro dos impostos para ajudar no combustível dos jatinhos de tenistas milionários, golfistas idem e astros pop?
- É verdade que ao ser preso, menores que matam não são chamados de "presos" mas de "apreendidos". E a semântica ajudando a combater a violência?
- Soube que em São Paulo se faz protesto contra ciclovias? E há políticos que defendem a criminalização das ciclovias para evitar que se espalhem pela cidade. Isso é fato?
- Existe um aeroporto público no Brasil cuja chave do terminal é guardada por um fazendeiro bem relacionado?
- A polícia flagrou um helicóptero com 500 quilos de cocaína. Li sobre isso. A investigação teria identificado e prendido os transportadores da droga, o nome do proprietário do aparelho, o dono da fazenda onde pousou, o local onde foi reabastecido no trajeto desde a fronteira e não sabe até hoje a quem pertencia a droga?
- E verdade que os planos de saúde brasileiros cobram caro dos usuários e costumam encaminhá-los com frequência para a  rede pública sem que paguem nada por isso?
- No Brasil existe um "cassino" que especula com energia elétrica? Soube que quando o preço sobe nessa bolsa de especulação os investidores abocanham milhões de dólares e o consumidor para a conta?
- Vi um vídeo na internet que mostram um ex-ministro que levou a mulher para tratamento de câncer sendo hostilizado e sofrendo ameaças de agressão. Essa espécie de tropa SS seria formada por gente da equipe técnica do hospital mais caro do país e paciente milionários que estavam na sala de espera?  Então, a direita raivosa já chegou a esse ponto no Brasil?

sexta-feira, 20 de fevereiro de 2015

Impostômetro existe. Mas cadê o sonegômetro? Bacanas brasileiros enviaram ilegalmente bilhões de dólares para "lavagem a seco" no exterior. Vai lá buscar essa grana, Joaquim Levy. Se conseguir, vira herói nacional e samba-enredo da campeoníssima Beija Flor

Reprodução Instagram


Repercussão do caso na midia internacional.Reproduções

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SABÃO E DETERGENTE LTDA
A mídia brasileira tem abordado o escândalo do HSBC, que estourou na Suíça, de forma tímida, falando baixinho. O caso anda meio abafado por aqui. Dá para entender. Haveria um braço da evasão de divisas ligado supostamente à Lava Jato, mas, por incrível que pareça, é o braço menor em número. O polvo do HSBC tem mais uma dezena de membros superiores pilantras, bem superiores e bem ativos. Por enquanto é a porção ignorada pela mídia talvez por ser aquela que denuncia brasileiros poderosos que sonegam bilhões e remetem dinheiro para a devida lavagem no exterior. No caso, os extratos vão muito além da corrupção política partidária (embora tenham sido identificadas contas de figuras ligadas a governos desde os anos 90). Os "diretórios" dessa "coligação" estão nos Jardins, na Vieira Souto, Av. Paulista... O Brasil é um dos países com maior número de pessoas físicas envolvidas no escândalo do bancão que abriu uma "filial" de sabão e detergente da melhor qualidade. Os jornais europeus estão dando seguidas matérias de capa. Nos contracheques da sonegação em massa, há nomes de empresários, banqueiros, artistas, atletas, intelectuais, fazendeiros. Pelo menos um veículo brasileira teria em mãos a lista completa mas optou por divulgar apenas o que se relaciona com a investigação Lava Jato. O total sonegado e lavado por brasileiros, apenas no HSBC, passaria dos 20 bilhões de reais. 
Nos últimos dias, a mídia ocupa-se muito com a Guiné Equatorial e a Beija Flor, legítima campeão do Carnaval. Parece hipocrisia. Um biombo oportuno para deixar de falar da monumental sonegação e evasão fiscal? São crimes que fazem parte importante do complexo de corrupção que extrai recursos públicos que fazem falta em escolas e hospitais, em prevenção de doenças e saneamento. Provocam mortes, talvez até superem a condenável ditadura da Guiné Equatorial. Só que são registradas apenas em estatísticas, sem nome, nem rosto. Por enquanto, o Ministério da Justiça diz apenas que o caso "está sob análise". A Receita Federal anunciou que vai apurar operações em contas secretas de brasileiros na agência suíça do banco. Até aqui, o escândalo parece bem maior do que o interesse da mídia e das autoridades brasileiras.
O PLACAR DO SONEGÔMETRO
Em São Paulo, empresários são acometidos de orgasmo cívico ao exibir um painel da cobrança de impostos no país, o Impostômetro. Aguarda-se um painel ao lado capaz de medir a sonegação, o Sonegômetro. Sem o Sonegômetro, o Impostômetro é uma homérica babaquice que o Jornal Nacional gosta de alardear. Não é preciso ser economista para saber que quando uma conta não fecha, sobra para alguém. Uma instituição internacional, a Tax Justice, demonstra que o Brasil sonega 280 bilhões de dólares por ano, só perde para os Estados Unidos que têm uma economia várias vezes maior. Se muitos dos grandes contribuintes sonegam, todos, especialmente os honestos, acabam pagando mais. O ministro Joaquim Levy foi saudado como o homem que vai pôr em ordem as contas públicas. Beleza. Pena que a receita para isso não muda; arrocho, desemprego, cortes em áreas sensíveis como educação, saúde e segurança, direitos trabalhistas no alvo, investimentos, alta de juros. É o beabá neoliberal que prega arrancar uns trocados de quem já não tem.
LEVY PODE VIRAR SAMBA-ENREDO DA BEIJA FLOR
Levy poderia virar o herói nacional e até samba-enredo da Beija Flor se escalasse com prioridade o combate à sonegação e a captura de recursos ilegais remetidos para o exterior. Isso daria quase 15% do PIB, segundo a Tax Justice. 
O tal ajuste fiscal que o governo Dilma quer fazer, de menos de 2% do PIB, é merreca diante dessa montanha de dinheiro.

JORNAL INGLÊS OPTA POR CENSURAR O ESCÂNDALO. SÓ QUE LÁ VIROU DENÚNCIA


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