Entrevistado no programa Saturday Night Live, o Iceberg dá sua versão do naufrágio do Titanic. |
por O.V. Pochê
O Titanic colidiu com um iceberg na noite de 14 de abril de 1912 e afundou na madrugada do dia seguinte. O navio saiu do estaleiro em maio de 1911, há 110 anos. Nos meses seguintes teve seu interior de palácio montado e decorado com as mais ricas peças da época.
Quase tudo já foi contado e filmado sobre o Titanic. Menos o que o Saturday Night Live fez nessa semana comemorativa. O programa entrevistou o único personagem que restava: o Iceberg em pessoa. O indigitado foi recebido, bem a propósito, pelos âncoras Colin Jost e Michael Che. Coube ao ator Bowen Yang interpretar o responsável pela tragédia. "Essa é sempre uma época do ano muito estranha para mim", disse o Iceberg logo após ser apresentado para a plateia. "Você sabe, isso foi há muito tempo atrás, eu tenho refletido muito para tentar superar", completou.
Preocupado com sua imagem, o Iceberg parecia instruído por um marqueteiro. Ele reclamou quando o âncora fez uma pergunta mais comprometedora. Reagiu como uma celebridade incomodada.
- O que você tem a dizer às famílias de todas as pessoas que perderam suas vidas na tragédia? - indagou o apresentador.
- “Ok, não. Essas não são as questões que discutimos ", rebate o Iceberg, dizendo-se disposto a falar sobre qualquer coisa que não fosse o "escândalo" de 1912. "Acho que minha assessoria foi muito clara, não estou aqui para falar sobre o naufrágio. Estou aqui para falar sobre o álbum que estou lançando", diz.
No fim, acaba concordando em falar do naufrágio sob a sua perspectiva.
- Em primeiro lugar, o Titanic foi quem veio onde eu moro e me bateu. Era meia-noite. De repente, metade do meu rabo sumiu. Fui ferido e tudo o que as pessoas falam é que tipo 40 ou 50 pessoas morreram ou algo assim. ”
- “Eram 1.500 pessoas”, ressalta o âncora.
O Iceberg aponta que não foi responsável pela morte de ninguém.
- “Todo mundo está falando sobre mim, ninguém está falando sobre a água. O que disse a autópsia? Eles congelaram? Não, eles se afogaram, porra. Não fui eu, foi a água. Ninguém está cancelando o oceano. Ei, White Star Line, você construiu um barco ruim. Não deu certo. Isso é por sua conta, querida.
Em tempo de pandemia, com assuntos rareando e a mídia falando apenas em Covid e política, pode ser uma boa saída para pauteiros da TV. Em setembro próximo, por exemplo, a queda das Torres Gêmeas completará 20 anos. O ground zero pode ser o entrevistado ou, melhor ainda, os fragmentos dos aviões ou as colunas de aço retorcidas que estão no memorial construído no local.
No Brasil há temas fascinantes a escolher. Entrevistar a barragem de Brumadinho, por exemplo. Ou o viaduto da Av. Paulo de Frontin, no Rio, que desabou em 1971. Ou entrevistar o Bateau Mouche. O barco foi resgatado do fundo do mar, será preciso localizar. Diz-se que está em um cemitério de navios do outro lado da baia da Guanabara. Entrevistar os contêineres do Ninho do Urubu, do Flamengo. Ou, ainda, ouvir Bolsonaro, o responsável pela maior tragédia da história do Brasil.
Um comentário:
Na minha opinião, entrevistar os contêineres do Ninho do Urubu, do Flamengo, que causaram a morte criminosa de alguns jovens que treinavam e se hospedavam nesses contêineres
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