domingo, 11 de abril de 2021

Caso Henry: e a ajuda não veio

Clara S. Britto 

Os educadores mostram como é importante para a criança um contato externo. Alguém a quem ela possa recorrer, buscar conforto e até pedir socorro se for o caso. As estatísticas mostram que os casos de violência e pedofilia têm como agentes, na maioria, parentes da criança, às vezes os próprios pais ou pessoas com acesso à casa, supostamente "de confiança". 

O terrível caso do menino Henry, que domina o noticiário, é um exemplo dramático. Ele sinalizou o que estava sofrendo e buscou apoio em uma pessoa próxima em quem confiou: a babá.  

Não foi ouvido. A ajuda não chegou a tempo para o menino Henry. 

Fica o exemplo no momento em que facções conservadoras e religiosas se unem para impor o homeschooling, o conceito que prega a educação doméstica ou no lar. Há um projeto no Congresso impulsionado principalmente pela bancada fundamentalista. Se aprovado e implantado vai dar aos pais o controvertido direito de retirar as crianças de ambientes coletivos, a escola, especificamente, zerando a socialização dos futuros cidadãos. O sistema vai limitar o convívio. Criar "laboratórios" para gestação de seres individualistas, pouco abertos à diversidade e, em casos específicos, pequenos doutrinados ou pequenas vítimas. Muitos casos de pedofilia, por exemplo, são percebidos por professores que notam mudanças de comportamento nas pequenas vítimas e alertam os pais e até as autoridades, se preciso for. Afastar as crianças da sociedade vai deixá-las mais expostas e vai calar ainda mais seus eventuais pedidos de socorro. Mesmo que os maus pais sejam a exceção, vale a pena protegê-las do risco. 

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