por O. V. Pochê
Pode até render uma série do cineasta José Padilha na Netflix. A Casa 58, encravada em um condomínio da Barra da Tijuca, no Rio de Janeiro, é o mais novo mistério nacional ao lado do sumiço dos ossos de Dana de Teffé, do roubo da Taça Jules Rimet, da ziquizira de Ronaldo Fenômeno na Copa da França e do destino dos processos de Aécio Neves. Algo ronda o endereço particular de Jair Bolsonaro muito além do pão com leite condensado, a iguaria principal do cardápio da residência. Antes, descobriu-se que um dos amigos do clá, o PM Ronnie Lessa, um dos chefes da milícia e suspeito de matar Marielle Francose Anderson Gomes, segundo as investigações, é vizinho do capitão inativo-presidente. Agora, a polícia revela que no dia do assassinato da vereadora e do seu motorista, em março de 2018, o segundo acusado do crime, Élcio de Queiroz, entrou no condomínio dizendo que iria à Casa 58, de Bolsonaro. Registros da portaria mostram que ele foi autorizado a entrar, embora o capitão-presidente, então deputado, estivesse em Brasília, na Câmara. O porteiro disse quee "seu Jair autorizou a entrada". O caso foi revelado, ontem, pelo Jornal Nacional. Bolsonaro, em viagem ao exterior, reagiu com um vídeo onde aparentemente descontrolado acusa a Rede Globo e o governador do Rio de Janeiro, Wilson Witzel.
As crises políticas no Brasil teimam em apresentar um elemento imobiliário sempre intrigante. Para Fernando Collor foi a Casa da Dinda; O MP não provou mas acusou Lula de ser dono do triplex no Guarujá e de um sítio em Atibaia; Sérgio Cabral se enrolou com a mansão de Mangaratiba; Temer teria recorrido a um "laranja" para reformar a mansão da filha; Geddel Vieira guardava mais de 50 milhões de propinas em um apartamento-cofre; Fernando Henrique teria um apartamento milionário em Paris; José Sarney ocupou um convento tombado para guardar seus pertences e foi obrigado a devolver o patrimônio público: e Bolsonaro foi flagrado recebendo auxílio-moradia embora tivesse apartamento próprio em Brasília. Ele alegou que o imóvel estava à venda. “Como eu estava solteiro naquela época, esse dinheiro de auxílio-moradia eu usava pra comer gente”, justificou ele.
Atualização em 31/10/2019 - Áudios revelados ontem, além de informações do MPRJ em coletiva, comprovam que a autorização dada ao suspeito de assassinar Marielle Franco e Anderson Gomes, Élcio de Queiroz, para acesso ao condomínio Vivendas da Barra, não partiu da casa 58, de Jair Bolsonaro, mas da casa 65, de Ronnie Lessa, o outro suspeito por participar do atentado à vereadora. Os áudios contradizem, segundo o MPRJ, a versão do porteiro dada em depoimento.
2 comentários:
De Roberto Muggiati. Comentário enviado por email
Outra referência obrigatória entre os endereços do mistério é o Quarto 237 do Hotel Overlook – aquele quarto do qual jorrava sangue no filme O Iluminado/The Shining, de Stanley Kubrick. Os significados ocultos do local são tantos que ele gerou um documentário exibido em Cannes e Sundance em 2012, Room 237. Entre eles o fato de que o número do quarto (217 no livro original de Stephen King) foi alterado para 237 por Kubrick para se desculpar pelo fato de ter filmado para a NASA cenas promocionais fake da descida do homem na Lua no voo do Apolo 11: é de 237 milhas da distância entre a Terra e a Lua.
E, também, no filme de Kubrick, na etiqueta da maçaneta do quarto, room está escrito de maneira confusa, podendo ser lido como moom. Enfim, se 58 dá jacaré no jogo do bicho, pode valer para também para a Mega Sena de hoje, acumulada em 35 milhões...
A Barra da Tijuca deve ter o maior índice de bandido por metro quadrado do país ou do mundo.
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