quinta-feira, 3 de maio de 2018

Barrigas de merchan...


Sabrina Sato acena com o aparelho digital para teste de gravidez. Reprodução Instagram

Sheila Castro divulga o mesmo aparelho. Reprodução Instagram

por Ed Sá

Cada uma faz o que quer com a sua barriga, certo? Dito isto, sem julgamento moral, vamos ao comentário sobre um fenômeno no campo do merchandising. 

É quando um anúncio de gravidez se transforma em produto comercial. 

Prática nada nova no conteúdo, mas inovadora na forma com que chega, agora, às redes sociais.. 

Gravidez na família real britânica sempre foi, por exemplo, fato anunciado em grandes e bem montadas campanhas. Faz parte do marketing de sobrevivência da realeza, instituição quase ociosa e que precisa de mídia tanto quanto as Kardashians.

Por aqui, em uma mesma semana, duas celebridades, a apresentadora Sabrina Sato e a jogadora de vôlei Sheila Castro, anunciaram suas respectivas fecundações através das redes sociais. Com o detalhe, vídeos e fotos mostravam o Clear Blue, aparelho digital para testes de gravidez.  Sabrina teria faturado R$150 mil pelo merchan. Não foram divulgados valores em relação a Sheila. 


Era comum nas revistas de celebridades, quando estas tinham mais relevância e circulação, matérias sobre nascimentos de bebês com indicações de merchan. Maternidades chegam a disputar a oportunidade de receber famosas e se beneficiar da divulgação. Quando teve o seu primeiro filho, Wanessa Camargo foi capa da Caras. Ela e um pacote de fraldas Pampers, que aparecia na foto como se estivesse esquecido sobre uma mesinha de cabeceira. Nas fotos internas, o pacote mudava de lugar, mas continuava marcando presença. As redações das revistas frequentemente recebiam fotos sobre o quarto do bebê que celebridades preparavam para seus futuros. Decoração, brinquedos, berço, marcas etc eram elementos destacados nas imagens. 


Nos Estados Unidos, os números eram maiores e o jogo das revistas de celebridades mais aberto e transparente. Em 2008, a Ok pagou um milhão e meio de dólares pela capa exclusiva da atriz Jessica Alba e filha recém-nascida. A People bancou o mesmo valor para Christina Aguilera e filho e pagou 2 milhões de dólares a Angelina Jolie pelas fotos exclusivas da atriz com o seu terceiro filho adotivo. A brasileira Camila Alves, casada com Matthew McConaughey, ganhou 3 milhões de dólares para posar para a capa da OK ao lado do marido e do seu primeiro filho.


No Twitter, Mauricio Stycer confessou sua surpresa inicial diante do baby business nas redes sociais. O post do jornalista provocou divertidos comentários dos seus seguidores.  Veja alguns, a seguir:





2 comentários:

Anônimo disse...

Artistas reclamavam de invasao de privacidade. Hoje eles mesmos se expõe. O que faltava era só quem pagasse por isso

Frederico Mendes disse...

Nós, da Manchete, éramos especialistas em "merchandises".

Nos Jogos Olímpicos do Canada, em 1976, a Coca Cola era uma das patrocinadores numa época em que a Pepsi estava começando a crescer no mercado, quase empatando o volume de vendas. Através do David Klajimic fiquei incumbido de fotografar qualquer atleta bebendo o escuro líquido na Vila Olímpica. Fiquei uma hora de plantão no restaurante da Vila mas a tarefa, aparentemente fácil, se tornou difícil. Os atletas daquele tempo bebiam sucos naturais e água durante a refeição. Quando estava quase desistindo, consegui flagrar um atleta russo bebendo a tal santa e capitalista Coca Cola, coisa quase impensável naqueles tempos de recém "pós guerra fria" (sic).

Como "prêmio" pela façanha a Coca Cola colocou à nossa disposição (para mim e o saudoso New Bianchi) uma limusine Cadillac do ano (com chofer uniformizado e tudo) que nos levava à todos os estádios, quadras e pistas.

No primeiro dia de trabalho, antes de sairmos do luxuoso carro ele saltou correndo e abriu a porta traseira para a gente. Ney e eu olhamos um para a cara do outro espantados e falamos algo como:

— Corta essa, Roger! Relaxa, não somos celebridades nem granfinos. Somos jornalistas.

E aí o Roger entrou na nossa brasilidade, descartou o paletó e gravata e até parou de usar aquele quepe de motorista enquanto nos conduzia pelas ruas e avenidas de Montreal. Viramos "sensação" entre os coleguinhas que se olhavam espantados sempre que chegávamos nos locais de competições a bordo daquele imponente "transatlântico negro". Aliás, o Roger fez questão de nos apresentar tanto sua mulher, em um singelo jantar na casa deles, assim como, dias depois, sua amante de muito anos, em sinal de extrema confiança.