A Fatos & Fotos cobriu com numerosa equipe as passeatas de 1968, que renderam até edições especiais. (*) |
O mesmo ponto, o mesmo ângulo, em 2018. Foto J.E.Gonçalves |
A Candelária em 2018: apenas abrigo para uma tarde calorenta. Foto de J.E.Gonçalves |
O mesmo local em um dia comum. Foto de J.E.Gonçalves |
O velho portão como testemunha. Foto J. E.Gonçalves |
Restos da batalha na Rio Branco. Reprodução Fatos & Fotos n° 387 |
O mesmo front hoje irreconhecível. Foto J.E.Gonçalves |
por José Esmeraldo Gonçalves
Não é preciso embarcar na máquina do tempo de H.G.Wells. Basta entrar no VLT e pedir para saltar em 1968.
Naquele ano, o Rio de Janeiro, especialmente o Centro da cidade e a Avenida Pasteur, local de várias unidades da UFRJ, eram palco da revolta dos estudantes e de violentos confrontos com tropas do Exército e da Polícia Militar do então Estado da Guanabara.
Entre março e junho, a Fatos & Fotos dedicou sucessivas edições às passeatas, com centenas de fotos. Os estudantes adotavam táticas inspiradas na guerrilha e surpreendiam a repressão ao alternar focos de protesto nas ruas México, Uruguaiana, Presidente Vargas, São José, Largo de São Francisco, Cinelândia e e Rio Branco. A estratégia permitia que líderes universitários e secundaristas fizessem rápidos comícios antes da chegada do batalhão de Choque.
O antigo front carioca não foi exatamente preservado como os santuários da Primeira Guerra, na Europa, nem é citado em guias de turismo. Não há placas de bronze ou chamas eternas, mas várias dessas esquinas registraram seus feridos e mortos.
Em uma tarde de uma segunda-feira deste maio de 2018, o campo de batalha visto em celular parecia calmo se confrontado com as imagens dramáticas da Fatos & Fotos.
Nem sinal dos "indecisos cordões" citados na canção de Geraldo Vandré.
(*) A Fatos & Fotos não deu crédito individual aos repórteres e fotógrafos que cobriram as manifestações para as três edições focalizadas acima. Eram relacionados com "equipe". Registro aqui os nomes dos profissionais escalados para a árdua missão nas ruas e esquinas do Rio em 1968.
Repórteres: Helena Beltrão, Carlos Castilho e Edson Cabral,
Fotógrafos: Juvenil de Souza, Nicolau Drei, José Martins, Jorge Aguiar, Armando Rosário, Milton Carvalho, Antonio Trindade, Gervásio Baptista, Nelson Santos, Vieira de Queirós, Moacir Gomes, AJB e Correio da Manhã.
3 comentários:
Achei incrível a comparação de fotos. Me deu a sensação de locais silenciosos de acontecimentos históricos. Não só o Rio, mas todas as cidades guardam essas referencias de acontecimentos e às vezes passamos tanto nesses locais sem perceber
Vendo isso me assusto é com o Brasil de hoje e as ameaças a liberdade que estão no ar pesado
bom pros meninos de hoje verem como era a barra pesada da ditadura. Black block se aparecesse levava tiro logo e não era de bala de borracha
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