Há 85 anos, nazistas organizavam queima de livros na Alemanha. |
No dia 10 de maio de 1933, nazistas organizaram uma grande queima de livros na Alemanha. Em todo o país, obras de escritores judeus e comunistas foram levadas ao fogo em eventos públicos que se prolongaram por mais de um mês. Foi há 85 anos. No dia 13 de maio serão comemorados os 130 anos da Lei Áurea, que marca a abolição da escravidão, pelo menos no padrão oficial e até então legalizado e praticado pelo regime monárquico.
O Brasil pós-golpe e o consequente avanço da direita radical fazem essas duas datas/fatos se interligarem em uma dobra do tempo.
Na Alemanha, livros de Walter Benjamin, Bertolt Brecht, Karl Marx, Sigmund Freud, Albert Einstein e Thomas Mann, entre centenas de autores, alimentaram as fogueiras em praças e esquinas. Aqui, facções sob várias denominações condenam obras de Paulo Freire, Darcy Ribeiro, Celso Furtado, livros que tratam de questões raciais, feministas, de gênero e de educação sexual, além de clássicos de sociologia e filosofia.
Os adeptos de movimentos como o Escola sem Partido ainda não organizaram fogueiras públicas, mas condenam livros, invadem salas de aula e intimidam professores. Peças teatrais e exposições também entraram na alça de mira dos fundamentalistas, como se viu em ações de "comandos" fascistas em várias cidades.
Leis municipais em alguns estados já institucionalizam a censura e a perseguição ao pensamento. Se aprovado, projeto federal inspirado pela facção e em tramitação no Congresso impedirá, por exemplo, que professores e alunos reflitam em salas de aula sobre temas como a escravidão ou o trabalho escravo em vigor ainda hoje no Brasil nos setores de agronegócio, confecções, construção civil e até em lanchonetes, entre outras atividades.
Inegável é que pelo menos uma "disciplina" já é introduzida pelas tropas do Escola sem Partido nas salas e corredores das instituições de ensino: a do medo.
Qualquer semelhança com a Alemanha nazista não será mera coincidência.
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