Na célebre capa branca da Time em novembro de 1998 |
Wolfe, um dos papas do New Journalism, talvez estivesse cansado do tema e logo desmistificou o gênero: "Já nasceu morto. Qualquer coisa dita como nova logo sai de moda", disse.
Antes de provocado sobre outra questão, acrescentou: "Hoje, sobrevive apenas nos livros. A (revista) Rolling Stone, que ainda faz experimentos, é a única exceção".
Os repórteres mudaram de assunto, alguém perguntou o que faria no Rio. De terno branco, seu figurino sulista tradicional, o escritor comentou que iria ao bondinho do Pão de Açúcar e que gostaria de conhecer uma casa de samba. Boa escolha. Uma rota turística e segura. Nada que o tirasse do caminho e o levasse a um drama urbano como o do personagem de A Fogueira das Vaidades. Lembrando que no livro que virou filme, com Tom Hanks no papel principal, o executivo de Wall Street Sherman McCoy pega uma saída errada da autoestrada e, em vez de ir para Manhattan, vai parar no violento e empobrecido Bronx. Um simples erro que muda a vida do milionário.
Ainda na entrevista, Tom Wolfe mostrou-se curioso em conhecer aspectos - ele chamou de "status" - da desigualdade social tão evidente no Brasil. Ainda bem que não saiu dirigindo por aí. Alguém deve ter alertado o escritor sobre o Rio que não é o Bronx. Aqui, se Sheman McCoy errasse o caminho e entrasse em uma favela morreria na primeira página da Fogueira das Vaidades.
Tom Wolfe não se perdeu na Avenida Brasil, sobreviveu ao Rio e morreu ontem, aos 88 anos, em Manhattan.
4 comentários:
Amigos por gentileza! Como anda os processos da bloch editores! Não tem mais assembléia no sindicato dos jornalistas?
Prezado leitor, José Carlos Jesus, presidente da Comissão dos Ex-Empregados da Bloch Editores, costuma informar ao blog quando da realização de assembleias ou de assuntos de interesse dos credores trabalhistas. Aparentemente, não há novidades. Tão logo recebamos notícias nós publicaremos. att Administrador
Acho que no meio digital o estilo consagrado por Norman Mailler, Tom Wolfe, Gay Talese e outros perdeu espaço. Diria que Carlos Heitor Cony foi um dos nomes brasileiros do jornalismo literário, não como cronista mas quando fazia reportagens para a Manchete
Grato pela atenção!
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