Reprodução Jornalistas & Cia |
por José Esmeraldo Gonçalves
Dados da organização Repórteres Sem Fronteiras apontam o Brasil, isso há anos, entre os países que mais matam jornalistas. Na América Latina só fica atrás do México. Na sua imensa maioria, os jornalistas brasileiros assassinados são geralmente radialistas do interior, editores de jornais regionais ou blogueiros independentes que desafiam oligarquias locais, políticos, corruptos, traficantes, criminosos ambientais, fazendeiros, posseiros etc. Longe dos grandes centros, são mortes tão frequentes quanto silenciosas.
O Conselho de Comunicação do Congresso Nacional se reuniu para discutir o assunto e a criação de um Observatório da Violência contra Comunicadores. A iniciativa é oportuna. Exigir dos poderes Executivo e Judiciário a investigação dos assassinatos e a punição dos criminosos são prioridades absolutas. A maioria dos atentados contra profissionais no interior fica impune. Espera-se que esse seja um foco tão urgente quanto combater a onda de agressões não letais mas igualmente condenáveis de jornalistas de grandes veículos em coberturas de manifestações e protestos políticos.
Para o conselheiro Domingos Meirelles, atual presidente da Associação Brasileira de Imprensa, o momento é mais dramático para o exercício da profissão do que o período da ditadura militar.
Chama atenção um trecho da avaliação do presidente da ABI:
- "Naquela época, havia um profundo respeito entre o ditador de plantão e a classe jornalística. É uma contradição que em pleno estado democrático de direito o jornalista viva toda sorte de violência, o que não acontecia na ditadura", disse ele, segundo publicou o Portal dos Jornalistas.
Oi?
Vladimir Herzog foi uma vítima desse "profundo respeito". Além da censura, centenas de jornalistas perderam seus emprego por pressão do militares, muitos outros foram presos. A Comissão da Verdade contabilizou mais de vinte jornalistas assassinados pela ditadura. Muitos foram impedidos de trabalhar. É fato conhecido entre os jornalistas que viveram a época que Roberto Marinho e Adolpho Bloch empregaram nas suas redações, em desafio ao regime, vários dessa lista dos excluídos. Jornais alternativos foram deliberadamente sufocados. Não é preciso ir muito longe. Ali mesmo, na ABI, há provas de que esse "profundo respeito" não existiu. Maurício Azedo, ex-presidente da ABI, foi preso e torturado; Milton Coelho da Graça, que foi membro do Conselho da ABI, também foi preso e torturado.
Profundo respeito?
5 comentários:
Dependendo do ponto de vista muitos jornalistas foram bem tratados pelos governos militares. Aqueles que apoiavam o governo e é talvez fossem maioria na mídia principal.
Avisem pra esse desinformado presidente da ABI que pesquisador da Fundação Getúlio Vargas revela documento da CIA provando que os ditadores eram assassinos comprovados. Manda ele ler os sites agora. Tratar com respeito é bom caralho.
Na ditadura militar em todas as redações e administrações de todos os jornais e todas as revistas tinha sempre presente um oficial militar indicado pelo poder ditatorial para assumir cargos nessas empresas Jornalísticas.
Pegou muito mal essa declaração e isso para azar dele ficou claro com os documentos da CIa sobre o matança autorizada por Geisel. Presidente da ABI, disfarça e pede para sair de fininho
A ABI teve uma história de resistência.Mas no Brasil tudo apodrece.
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