Zico na Escolinha do Flamengo. 1968. Reprodução Foto Orlando Abrunhosa |
Essa é para dar saudade nos flamenguistas. No momento em que o clube está descontrolado, com Ronaldinho mandando na Gávea e o irmão do ex-craque, Assis, recolhendo camisas (o Flamengo tem dívida crescente com o jogador e tem que ficar pianinho), vale reproduzir essa raríssima imagem de um craque que fez história. O magrelo aí, já com fome de bola, é... Zico. A foto, de março de 1968, foi publicada na Fatos & Fotos e é assinada por outro craque: Orlando Abrunhosa. Segundo o fotógrafo, trata-se de uma imagem que fazia parte de uma grande reportagem sobre escolinhas de futebol no fim dos anos 60. Orlandinho visitou vários clubes, fotografou dezenas de meninos em busca do sonho. Poucos conseguiriam alcançá-lo, na verdade. Essa é a dura lei da peneira das escolinhas. Zico foi um destes fora-de-série. Curiosamente, a cena antecipa o que seria comum na vida do jogador: o duelo contra zagueiros marrentos. Anos depois, como ex-editor da Fatos & Fotos, vi na velha mesa de luz da revista e em tantos contatos preto&branco, ao longo de mais de uma década, centenas, talvez milhares, de fotos. Mas a reprodução acima - localizada pelo amigo Luiz Paulo, que trabalhou na extinta Bloch, foi enviada ao blog por outro grande amigo, José Carlos Jesus, presidente da Comissão de Ex-Empregados da Bloch Editores (Ceebe) - é inédita pra mim. Que foto, hein? Talvez nem o Zico a tenha nos seus arquivos. Desde 2000, ano da falência da editora, José Carlos lidera a luta dos colegas em busca dos seus direitos trabalhistas. Junto com a reprodução da foto, que retrata o início da trajetória de um ídolo brasileiro, José Carlos envia uma observação. "Uma imagem como essa, mostra a importância do Arquivo Fotográfico que pertenceu a uma das maiores editoras de revistas do Brasil. Há milhares de momentos semelhantes, registros históricos de áreas como política, cultura, esporte, moda, cinema, atualidades, comportamentos etc. E todo esse acervo encontra-se nesse momento oficialmente desaparecido", diz o presidente da Ceebe. Fotógrafos que trabalharam na Bloch, representados pelo Sindicato dos Jornalistas Profissionais do Município do Rio de Janeiro, estão com uma ação na justiça pedindo informações sobre o paradeiro das fotos e até uma anulação do leilão. Surpreendentemente, os oficiais de Justiça não encontraram ainda o comprador do Arquivo, que teria fornecido endereços imprecisos. Isso é Brasil.
Mas voltando ao Zico, alguns anos depois da foto acima, fiz uma matéria com o jogador. Foi em um dia especial de 1976. Na véspera, o Flamengo derrotara o Fluminense por 4 X 1. Quatro gols do Galinho. Na segunda-feira, cedo, fui à casa dele, nas imediações da Praça da Bandeira, onde o craque morava com Sandra, com quem continua casado. Eles não tinham filhos ainda. O próprio Zico nos recebeu. Nem parecia cansado. Na véspera, participara de vários mesas redondas na televisão. Conversamos, posou para fotos, mostrou uma das suas manias, na época, uma coleção de chaveiros. Tomamos café. O fotógrafo Hugo de Góes fez a imagem do artilheiro lendo o jornal consagrador.Tudo meio rápido, que a redação já aguardava o fechamento da matéria. Fomos bem recebidos àquela hora da manhã por um Zico ainda com cara de sono. Ficou a lembrança de um flamenguista cordial.
Sou Vasco desde sempre e, naquela época, a chuteira do Zico era pedra nos sapatos vascaínos.
Ainda bem que tínhamos o Roberto Dinamite para compensar.
Zico na Fatos & Fotos. Matéria publicada em 1976 |
3 comentários:
Li vária reprotagens na imprensa denuniciando o desaparecimento das fotos da revista Manchete. Fico chocada com a falta de ação dos responsáveis pela memória nacional. Um país que não sabe gaurdra seu passado não merece o futuro , já disse alguém. Agora mesmo, no Rio, o governador Sergio Cabral quer destruir um quartel secular para faturar alguns milhões. Um governador inculto, que não tem noção dos tesouros históricos do Rio, deve ser contido pela autoridades responsáveis pelo patrimônio. Ele não pode fazer o que lhe dá vontade. Esse mesmos orgãos deviam se interessar pelo destino de tantas fotos importantes para o Brasil. Mexam-se.
Grande Zico, faz falta, não só pela craqueza mas pela personalidade e caráter. Cois que o nosso Mengo anda precisando.
Se eu que pouco ou nada tenho a ver com isto, não me conformo com a história do arquivo desaparecido, imagino vocês...
Quanto ao Zico, maravilhosa a foto do moleque, quase raquítico, que se transformou num craque fora de série.
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