Renato Sérgio. Foto:Reprodução |
Frases e/ou pensamentos de Bráulio Pedroso (há 20 anos ou mais)
- “Sou alguém à procura de alguma coisa que não sei bem o que é. E o pior é que não sei nem ao menos se quero encontrar.”
- “Em tenra idade, eu tinha resolvido me inventar escritor. Com a típica inconsciência macunaímica não me perguntei sobre o mistério de ligar uma palavra a outra. Bastava a intenção, que o resto -ai que preguiça!- viria depois. Daí, ao longo de minha vida, que já começa a ficar longa, passei apenas por quatro empregos e, em todos eles, o que eu fiz? Escrevi. Esta é a questão: escrever ou não escrever. Fora disso é não estar, é não ser. E condenado por uma invenção infantil, encontro-me muitas vezes de olhar fixo no teto do quarto, como se daquele limite surgissem personagens, dramas, comédias e outros tipos de bobagens que a palavra escrita pode registrar.
- “Eu tenho PhD de teto, especialização filosófica e doutorado no assunto. Aos 16 anos de idade, um dia quis levantar-me da cama e não consegui. Hoje as pessoas dizem que tenho uma cara muito jovem. Deve ser porque passei mais de 10 anos deitado de barriga pra cima, o que conheci da parte superior interna dos meus quartos, pouca gente conheceu. O teto é o limite, como também o infinito. Deixando porém a frescura metafísica e metafórica, o teto é a realidade, a falta de idéia, a sensação da inspiração esgotada.”
- “Durante muito tempo procurei ser agradável aos outros, até um dia em que levei um susto, quando comecei perceber que não era simpático. Tinha tomado consciência de que na minha imobilidade tinha mais mobilidade do que todos e isso, para eles, era uma agressão muito violenta. Daí o fato de eu ser desagradável para muita gente. É que eu sou o retrato da imobilidade deles.”
-“Se eu não fosse de uma geração ainda cheia de vícios masculinos, provavelmente seria um escritor bem melhor, porque no fundo daquilo que minha capacidade de criação produz há, inconscientemente, o fantasma da presença masculina, dominadora, tirana e prepotente”.
- “Para mim a telenovela é apenas um exercício de realismo e qualquer concessão, no caso, ocorreria pelo cansaço. Eu podia retirar da realidade alguma coisa, desde que fosse expressiva, mas com o cuidado de desmontá-la e juntá-la outra vez, já transformada. Para apreender a realidade é preciso reinventá-la.”
- “À minha maneira, continuo a fugir da simetria e do óbvio. Entrelaçando idéias arrojadas, eu continuo minha busca incessante do espontâneo, que é onde está a beleza das coisas.”
- “Sempre tive prazer em descobrir (ou provocar) a possibilidade do desequilíbrio. O eterno se consegue eterno através do caos.”
5 comentários:
Braulio merecia mesmo uma biografia. Se não me engano, é a primeira. Suas peças e novelas foram referência para quem viveu os perigosos anos 70. A Imprensa Oficial e o escritor estão de parabéns.
bele frase: “Sempre tive prazer em descobrir (ou provocar) a possibilidade do desequilíbrio. O eterno se consegue eterno através do caos"
Não foi o Braulio quem escreveu aquela novela com uma história genial que dura uma noite. Não vi, mas meus pais comentam muito. Quando é que a Globo vai relançar em dvd as novelas dele?
Renato não vai lembrar de mim, já se vão anos e anos, mas vi de perto seu trabalho no anos 70 em rápida temporada em uma mesma redação. bons tempos. Grande abraço, sucesso.
Sim, Macário, é a primeira e única biografia do Bráulio. Leia, pois deve ser a última ... Ouça, Tânia, no livro há muitas frases dele tão ou até mais belas ainda ... Seus pais têm bom gosto, Isabela. Foi dele a novela 'O Rebu' que se passava numa única noite (detalhes no livro)... E não lembro mesmo, Waldir, desculpe. Mas fiquei curioso: em que redação dos anos 70estivemos juntos?
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