sábado, 23 de abril de 2011

Rio precisa resgatar seus velhos e cariocas botequins

por Eli Halfoun
A realização de mais um concurso “Comida di Buteco” serve para exercitar a criatividade da chamada comida de botequim que, aliás, está deixando de ser boteco de verdade, boteco mesmo. O concurso mostra que o Rio está perdendo (e a cada ano mais) uma de suas mais tradicionais marcas registradas. A modernidade arquitetônica e a digamos sofisticação do público deixaram para trás os verdadeiros botecos com suas mesas típicas e “sujas”, suas comidas gordurosas, seus azulejos antigos com marcas do tempo e uma decoração que nunca foi realmente decorativa. Não importava muito: “butiquineiro” sempre preferiu e procurou mesmo a descontração e o papo animado. Agora os botecos mais famosos e frerquentados são imitações de lanchonetes modernas e que talvez até prefiram servir hamburguer cachorro quente em vez de tira-gostos que fazem a festa do colesterol ruim. No aspecto de resgatar a comida de boteco o concurso até que ajuda um pouco, embora os concorrentes prefiram sofisticar seus bolinhos, pastéis, moelas e carnes do feijão. A modernidade continuará impondo suas regras, mas é bom resistir para que o Rio não perca a fama de ter os melhores, únicos e mais despojados botequins do Brasil. Que só existem (existiam) no Rio e com o mais carioca dos comportamentos. (Eli Halfoun)

Um comentário:

debarros disse...

Não adianta Eli, os botequins com e ou com u acabaram mesmo. No seu lugar vieram as pastelarias cheias de coreanos ou chineses e sem banheiro. Esses "butequins"que estão surgindo – na zona sul – são "lanchonetes"sofisiticadas fantasiadas de "butequins".
MacDonalds à brasileira.
Talvez ainda se possa, em botequim do suburbio – se ainda resta algum – sentar-mos em uma mesa de tampo de mármore encardido pelo tempo, nas cadeiras de madeira invernizadas e tomar uma cerveja bem gelada com direito a um tira gosto de azeitonas.