terça-feira, 5 de abril de 2011

A escalada da contaminação

por Gonça
Impressiona que os organismos internacionais deixem um evento da magnitude do desastre nuclear do Japão nas mãos do governo local e da empresa privada proprietária da usina, sem um rigoroso acompanhamento internacional. Antes do tsunami, segundo denúncias do próprio governo, relatórios falsificados camuflaram problemas nas instalações. Após o desastre, aparentemente sem estratégia, empresa e governo parecem perdidos, segundo especialistas, e demonstram incompetência para conter os vazamentos. Ao contrário, anunciam que vão ampliá-lo ao jogar no mar toneladas de água radioativa. Dane-se o mundo. Quando do gravíssimo acidente de Chernobyl, a então União Soviética optou por construir um sarcófago de cimento e isolar o vazamento de radiação. Vidas foram perdidas nessas obras  e operários que lá trabalharam são hoje considerados herois por terem evitados milhares ou milhões de outra vítimas.  Antes, aparentemente, o país não soube ou não quis fiscalizar a usina. Agora, parece não estar preparado para lidar com o problema. Fukushima é, neste momento, uma bomba atômica em atividade. O Japão pretende deixá-la em funcionamento? A empresa privada ainda tenta preservar parte das instalações e proteger seu patrimônio? Não há informações confiáveis e a mídia limita-se a repetir o que falam os porta-vozes oficiais. Enquanto isso, a China anuncia que já detectou quantidades de césio-137 chegando ao litoral.

2 comentários:

debarros disse...

Caro gonça, seguindo os seus pensamentos ideológicos se as usinas atômicas japonesas fossem estatais, a tsunami as teriam preservadas. Quer dizer, a força da onda não teria rompido as paredes do núcleo onde está concentrado todo o sistema do reator nuclear e aberto a brecha para o vazamento da radiação nuclear.
Mas, infelizmente, essas usinas nucleares eram de empresas privadas e a tsunami, obedecendo a uma ordem de Deus castigou-as severamente e o povo japonês é que pagou o pato por tal crime.
Será que Deus, por ser progressista, também, é contra as empresas privadas?
Ah!, então nós aqui no Brasil poderemos ficar tranqüilos,porque os nosso "vagalumes", quero dizer as nossas usinas nucleares, em Angra dos Reis, JAMAIS, serão castigadas pela ira de Deus, porque elas são ESTATAIS.
Apesar de estarem localizadas num local, onde os índios, os primeiros habitantes da região chamavam de Ïtaorna", que quer dizer "pedras podres".

Gonça disse...

caro debarros, não é bem isso. O tsunami não é o único problema. Já foi comprovado pelo governo japonês que as instalações da usina tinham problemas anteriores à catástrofe, havia áreas fragilizadas. Deu no que deu. O pós-tsunami foi pior ainda. Hoje, o governo japonês pede desculpas por não avisar a população da gravidade da situação e pela incompetência geral. A população obrigada a se retirar das suas casas recebeu uma proposta de ajuda de custo da empresa privada; 17 reais por pessoa. Deve ser deboche.
No mais, debarros, não sou contra empresas privadas, mas critico as empresas privadas que vivem de mamar nos cofres públicos e isso no Brasil é moda. É preciso, por exemplo, admitir que a corrupção tem sempre dois lados: alguns políticos de um lado e certos empresários do outro.
Mas sou contra sim empresa privada operar usina nuclear e certos serviços essenciais. Por definição, elas visam o lucro: preocupaç]ões sociais ou de segurança vêm em segundo ou terceiro lugar. Isso é incontestável.