por Clara S. Britto
Só há duas semanas passei a ver o BBB 24. Antes eu me assustava com a multidão de participantes lotando a casa. Quando perambulava na área externa o grupo lembrava cenas de filme de zumbis sem rumo. Eu sequer sabia o nome dos infelizes. Agora, sim, a multidão se foi e começo a entender o jogo.
Por exemplo, já percebi que existe um "gabinete do ódio" formado por um professor adepto de jogadas polêmicas, uma trancista que atua como xerife da casa, "estrategistas" que selecionam "inimigos" do grupo oposto, a confeiteira, a nutricionista, um cantor meio avoado e outros jogadores classificados como "plantas" na terminologia da casa. Do outro lado estão o motorista de aplicativo, a bailarina, a vendedora, a dançarina de Parintins, o estudante de engenharia... Esse segundo grupo, mais calmo, parece ter apoio do público. Os do "gabinete do ódio" costumam baixar o nível do jogo, escondem comida de adversário, cospem em copos, jogam roupa na piscina... Pelo menos três participantes entre os que lá estão ou que já saíram incorreram em preconceito racial.
Claro que essas opiniões se referem aos personagens do jogo e não da vida real. O BBB é entretenimento, recebe críticas na mesma proporção da audiência espetacular, mas também pode ser visto como um retrato tosco do Brasil, embora não sirva para análises sociológicas confiáveis. É um show, só isso. Os seres que estão lá não são androides, são reais. Participam de um jogo, sabem que são vigiados por dezenas de câmeras mas, mesmo assim, deixam escapar suas qualidades e, principalmente, defeitos. Nada muito diferente da vida aqui fora. Burlar regras de convivência, não necessariamente ilegais, é, por exemplo, um esporte nacional. Quem nunca?
No BBB 24 o jogo sujo é prática flagrada em conversas e atos. Por enquanto, o público parece prestigiar a galera do "bem". A turma do "mal" tem perdido votações seguidas no paredão popular, mas nada impede que essas características mudem à medida em que o programa se aproxima do fim e da premiação milionária. A disputa se afunila e o "amigo" de hoje será o "carrasco" de amanhã.
O BBB tem muitas regras. Uma delas, pelo menos na versão deste ano, parece impedir os participantes de conversarem sobre polêmicas políticas, religiosas ou outros temas "delicados". No máximo, cabe às atitudes revelarem preferências. Apesar disso, eles estão divididos em dois grupos que demonstram comportamentos opostos. A convivência durante 24 horas por dia os leva a identificar os "diferentes" e as "afinidades", uma palavra muito usada pelos jogadores, se apresentam. Uns são mais éticos, aparentemente, outros claramente favoráveis a qualquer meio que justifique o fim. Ressalvado o fato de o BBB 24 ser entretenimento e não experimento social, vai ser interessante observar quem vai ganhar o jogo: um mínimo de ética ou um maximo de discutível "esperteza".
Por fim, uma última constatação. Caracteres do programa sempre alertam para possível incidência de referências, "sexuais, drogas e linguagem imprópria". Vejo que, para os integrantes dos tais dois grupos que se digladiam na casa, só rolou "linguagem imprópria". Uma ou outra dupla insinua aproximação romância ultraconservadora e não passa disso. A libido está ausente da casa. Um dos ícones sexuais dos programaa anteriores, o edredon, foi pro paredão e não voltou. As famosas e ritmadas oscilações da coberta em flagrantes que acumulavam milhões de acessos no You Tube - perderam potência. Nesse ponto, o BBB sofreu um "livramento" fundamentalista. A galerinha tanto prioriza as brigas que o edredon cumpre apenas sua função original: protege do frio do ar condicionado.
Atualização em 22/3/2024
BBB 24/171?
Ontem houve prova do líder no BBB Brasil 24. Hoje, as redes socias denunciam suspeita de fraude que teria sido admitida por um dos participantes, que se vangloriou da estratégia 171. A suposta fraude teria beneficiado o "gabinete do ódio' acima citado. No link abaixo, do site Pure People, você pode saber detalhes da polêmica e do jogo sujo confessado.
Atualização em 23/3/2024
Sobre a trapaça na prova do líder, o apresentador Tadeu Schmidt informou que haviam peças iguais à que Buda afanou para prejudicar Alane e Isabele. Por isso, alega a Globo, a concorrente que até então liderança a prova não teria sido prejudicada. Não há como comprovar se de fato existiam peças semelhantes no espaço reservado a Alane e invadido por Buda.
4 comentários:
Gastam energia com brigas é nisso que dá
Esse grupo de cobras dos Gnomos apela para tudo que é jogada baixa. Impressionante. A tal da Leyde parece que tem autorização para fazer qualquer coisa na casa.
Na cara de pau o Buda confessa trapaça e fica por isso mesmo.
A partir da próxima semana os grupos vão começar o "canibalismo" na reta final vai ser cada vez mais cada um por si.
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