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Reproduzido do Twitter El País Brasil |
por José Esmeraldo Gonçalves
O jornalismo deve muito a Joseph Pulitzer. O imigrante húngaro que chegou aos Estados Unidos com apenas 17 anos, combateu os confederados na Guerra Civil, trabalhou como carregador de bagagens e garçom antes de conseguir um emprego de repórter em um jornal dirigido à comunidade alemã.
Foi o começo de uma carreira que o levou a editor e proprietário de um rede de jornais. As primeiras matérias investigativas da imprensa estadunidense foram pautadas pelos seus veículos. Pulitzer e seus repórteres denunciaram a exploração ilegal de trabalhadores, atuação de cartéis em vários ramos de negocios, combateram a corrupção e defenderam como poucos a liberdade de imprensa.
O editor criou uma fundação exclusivamente para oferecer bolsas de estudos para jovens jornalistas. Seu nome é mais conhecido hoje por dar nome a um importante prêmio de imprensa, mas Joseph Pulitzer deixou muitas lições. E nos legou uma frase que mais parece uma visão premonitória.
"Com o tempo, uma imprensa cínica, mercenária, demagógica
e corrupta formará um público tão vil como ela mesma".
Ele morreu em 1911, há exatos 110 anos, sem conhecer TV, rádios e sites bolsonaristas.
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A Pietá de Minamata: trágico símbolo do envenenamento por mercúrio. Foto de W. Eugene Smith |
W. Eugene Smith (1918-78), um dos maiores foto-ensaistas dos anos dourados do jornalismo ilustrado, passou três anos em Minamata (1971-73) com sua mulher, a nipo-americana Aileen Mioko Smith, documentando a doença. Seu registro Tomoko Uemura tomando banho é considerado uma das obras-primas da arte fotográfica. Antes não o fosse e a pequena Tomoko pudesse crescer com saúde.
Quantas Tomokos resultarão do garimpo ilegal do rio Madeira? Um crime, como sempre, acobertado pela conivência corrupta das autoridades brasileiras...
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Clementina de Jesus, 1978. Foto Guina Araújo Ramos |
Todo dia... Em todo dia é necessário que os brasileiros reforcem (ou adquiram) consciência da história e das condições de vida da população negra, a maior do país.
Todo dia é dia de luta contra o racismo, contra a segregação social, contra o preconceito de classe, de cor etc, e ainda contra as várias versões de escravidão de que é vítima a população negra, enfim, todas estas violências que atingem os grupos sociais subalternizados e explorados historicamente pela “elite” colonialista brasileira.
E todo dia é dia de celebrar as grandes figuras negras do Brasil. Hoje, por exemplo, uma das nossas maiores vozes: Clementina de Jesus!
É evidente que, dada a desproporção da presença das pessoas negras nos espaços de prestígio e poder da sociedade brasileira, até que não me surpreendi ao perceber que, na minha carreira de fotojornalista, fotografei muito menos negros...
E isto pode ser demonstrado em rápido balanço dos Bonecos da História que publiquei até agora: a presença de pessoas negras não chega a 25%... Pouco, não por escolha minha, mas por indicação profissional alheia, uma evidência do racismo estrutural vigente, porém todos da maior qualidade!
São eles (nas respectivas postagens): Carmen Costa, Lula, D. Ivone Lara, Marielle Franco, Beto Sem Braço e Aluísio Machado, Jorge Ben Jor, Aracy de Almeida, Júnior, Zezé Mota, Caetano Veloso (com Betânia e Gal), Luisinho do America, Jackson do Pandeiro, "Boca de Anjo", Carlinhos Pandeiro de Ouro, Tia Doca da Portela, Cartola, Apoena Meirelles (e Zé Bel), Milton Nascimento, Alcione, Conceição Evaristo, Baden Powell, Paulinho da Viola, Agnaldo Timóteo, Gilberto Gil e Monarco, se deixei de citar alguém...
E, não por acaso, são também negros os protagonistas da série "Foto Monumento": Trabalhador Desvalorizado, Trabalhador Semiescravizado e Torcedor Desanimado.
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Clementina de Jesus, 1978. Foto Guina Araújo Ramos |
Pena que eu não tenha mais do que estas duas fotos, dois “slides” (diapositivos, transparências...), um deles, aliás, muito ruim de foco...
Lamento, mas as fotografias, além da perda de detalhes do próprio escaneamento, pela ação do tempo (as fotos são de 1978), estão cobertas de manchas, com tendência ao lilás.Uma escassez que me obrigou a considerável esforço de recuperação digital da imagem principal, o que, infelizmente, nunca dá resultado perfeito... Para que se tenha noção, deixei a foto sem foco na condição atual.É pena, mas, no que nos traz Clementina, vale a pena!
https://bonecosepretinhas.blogspot.com.br/
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Reprodução Twitter |
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A ilustração acima é Reprodução/Estadão. |
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Reprodução Folha de São Paulo. Clique na imagem para ampliar. Veja o vídeo https://youtu.be/0q0hYKSeG3U |
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Reprodução O Globo. Clique na imagem para ampliar |
Lily James em cenas de "Pam and Tommy" |
Pamela Anderson em Baywatch |
A plataforma Hulu acaba de lançar o trailer da série "Pam and Tommy" que contará toda a história do vazamento das cenas. A bela Lily James interpreta Pamela Anderson. A transformação da atriz é impressionante. Sebastian Stan é Tommy Lee. Seth Roger ´vive Rand, o homem que roubou a fita. O ator Nick Offerman faz o papel do empresário pornô Tio Miltie, que comercializou a fita. Ainda sem data de lançamento no Brasil, a série será exibida aqui no canal de streaming Star+ .
VEJA O TRAILER DE "PAM AND TOMMY" AQUI
por J.A.Barros
“Existem muitas Áfricas escondidas no Brasil”.
Com essa frase, o jornalista e escritor Laurentino Gomes começa a decrever para o Brasil de hoje o que foi o Brasil de ontem. Nos seus livros - Escravidão volumes I e II - ele revela o Brasil que ainda não é contado e nem ensinado nas escolas.
Todos nós, brasileiros, precisamos tomar conhecimento da história da escravidão que nos é ocultada em seus pormenores. Tanto vai surpreeder que nos perguntaremos depois:
- Por que o racismo?
O fato é que, após a leitura desses livros, entendi mais do que nunca que devemos aos negros brasileiros gratidão e respeito pelo que fizeram, pelo que trabalharam, pelo que trouxeram nas suas mãos acorrentadas, por todo o conhecimento de como lidar com a terra, com o ferro, como descobrir o ouro que se escondia nos fundos dos riachos e como garimpar as pedras preciosas que rolavam nos leitos dos rios, de como plantar os pés de café e a cana que nas usinas produziram o açúcar. Na sua tragédia, explorado e torturado, vivendo em condições terríveis o negro mostrou conhecimento. Os escravagistas que pouco ou nada sabiam de como trabalhar nessas generosas terras, encontraram no homem negro, caçado na imensa África, os braços fortes para explorar as riquezas que enchiam os bolsos dos colonizadores. O que aqueles crueis senhores não sabiam é que por trás do drama e das correntes os negros lançavam ali, com a sua cultura, as bases da nação em que, a cada dia, estão mais presentes. E agora que a nação se construiu como são vistos aqueles que foram espancados, torturados, chicoteados, desprezados e humilhados? Sim, aqui fica a pergunta que pede resposta. O homem branco se nega a reconhecer no homem negro a sua importância. Daí o racismo que nos divide e que em tempos absurdos parece aflorar ainda mais.
Por que o racismo se devemos tanto ao homem negro pelo mundo em que vivemos hoje?
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por José Esmeraldo Gonçalves
Na quinta-feira, 18 de novembro, a organização Repórteres Sem Fronteira anunciará os vencedores do Prêmio RSF 2021 para a Liberdade de Imprensa. Jornalistas e veículos de 11 países foram indicados em três categorias: coragem, impacto e independência do jornalismo. Com a ascensão da ultradireita e do neofascimsmo em muitos países, inclusive no Brasil, meios de comunicação independentes são censurados, profissionais são ameaçados e perseguidos. O Brasil tem apenas um indicado entre os finalistas: The Intercept Brasil concorre ao prêmio na categoria Impacto: a série de reportagens que ficou conhecida como Vaza Jato e revelou mensagens trocadas entre promotores sobre a Lava Jato provou a parcialidade do juiz Sergio Moro e seu envolvimento abusivo na elaboração de acusações que resultaram anuladas pelo STF. Jornalistas do TIB receberam ameaças de morte por revelarem as ilegalidades da Lava Jato.
PARA CONHECER OS DEMAIS CONCORRENTES CLIQUE AQUI
“Selfiecídios” em alta: Narciso morre como Ícaro
Foto: Corpo de Bombeiros |
O caso mais recente no Brasil ocorreu na última quinta-feira, 11 de novembro, em Brazlândia, no Distrito Federal. Rafael Santana, de 39 anos, foi encontrado debaixo d'água, na cachoeira do Poço Azul, com lesão na cabeça. Segundo investigações, ele escorregou numa pedra enquanto se fotografava com o celular e caiu de uma altura de 30 metros.
No Rio de Janeiro, em agosto, dois jovens franceses – Clément Dumais e Paul Roux-dit-Buisson, 27, foram presos depois de fazerem uma selfie nos braços da estátua do Cristo do Corcovado. Os aventureiros passaram a noite ao pé da estátua de 38 metros de altura e, antes do amanhecer, subiram pela escadaria interna até os braços do Cristo, saindo pelos pequenos alçapões, para ver e registrar o nascer do sol sobre a baía da Guanabara.
Em janeiro de 2021, a professora Soliane Luiza, 28 anos, morreu ao cair do costão da Ponta do Vigia, na praia da Penha, em Santa Catarina, durante uma selfie.
Os pontos com maior risco de “selfiecídios” já estão até devidamente catalogados: as cataratas do Niagara, na fronteira dos EUA com o Canadá; o Glen Canyon, nos EUA; a catarata de Mlango, no Quênia; o Taj Mahal e o vale de Doodhpathri, na Índia; o arquipélago de Langkawi, na Malásia; os Montes Urais, na Rússia; o Charco del Burro, na Colômbia; a ilha Nusa Lembongan, na Indonésia; e o Costão da Penha, em Santa Catarina.
O Brasil ocupa o quinto lugar no ranking dos países selfiecidas; os três primeiros são Índia, Estados Unidos e Rússia. O comportamento que leva a estes suicídios acidentais foi batizado “fenômeno ausente-presente” pela pós-doutora em psicologia da UFRGS, Ana Carolina Peuker: o indivíduo às vezes está tão conectado com a realidade virtual que minimiza aspectos do seu ambiente imediato. Segundo ela, “hoje a gente vive numa cultura que estimula esse comportamento”.
Atacama: o lixão é um luxo
Reprodução Drone/You Tube |
Segundo a agência France Presse, “o consumo excessivo e fugaz de roupas, com redes de varejo capazes de liberar mais de 50 coleções e temporadas de novos produtos a cada ano, tem feito que o desperdício têxtil cresça exponencialmente no mundo. É um material que leva cerca de 200 anos para se desintegrar.”
São roupas fabricadas na China e em Bangladesh e comercializadas nos Estados Unidos, Europa e Ásia, em metrópoles como Los Angeles, Berlim e Tóquio. O Chile é o maior importador de roupas usadas da América Latina e há quase 40 anos promove um sólido comércio de “roupas americanas”, abastecido pela pródiga variedade de itens amontoados nas “colinas” coloridas do deserto de Atacama.
Viena: vacinou, leva um “vale-saliência”...
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Funpalast, Viena |
Vacina em promoção |
Faz sentido: na era da fast food e da fast fashion, chegou a hora da fast fuck...
PS – Fiz uma pequena pesquisa, para atender aos interessados: o Funpalast fica na Richard-Strauss-Straße 8, 1230 Wien, Áustria. Telefone: +43 1 9042040. Opções de serviço: Comer no local. Não serve take away . Não faz deliveries. Abre às 11:00 e funciona até as 6:00 da manhã. Reclamações com o gerente Peter Laskari.
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Goleiro Hermano salva milagrosamente gol de Roberto Dinamite. Reprodução You Tube |
Em 1974, na Alemanha, o Brasil, ainda dirigido por Zagallo, só contou efetivamente com dois veteranos do Tri, Jairzinho e Rivelino. Acabou eliminado pela nova sensação do futebol, a seleção holandesa – conhecida como “Carrossel Holandês” e “Laranja Mecânica” – e perdeu a disputa do terceiro lugar para a Polônia de Lato.
Em 1978, na Argentina, sob o comando de Cláudio Coutinho, a seleção apareceu renovada, com estrelas emergentes como Reinaldo (21 anos), Toninho Cerezo (23), Roberto Dinamite (24) e Zico (25). Preparador físico da seleção do tri, adepto do Método de Cooper, Coutinho privilegiou a europeização tática do time brasileiro. Momento decisivo da Copa de 1978 – uma espécie de final antecipada – foi o jogo entre Brasil e Argentina na segunda fase, na noite de domingo, 18 de junho, no estádio Gigante de Arroyito, em Rosário, com um público de 37.326 pessoas. Foi uma partida tensa e truncada, batizada “A batalha de Rosário”, em que o Brasil teve mais oportunidades que o adversário, mas acabou num empate de zero a zero.
A decisão sobre qual seleção iria para a grande final ficou para a última rodada: o Brasil enfrentaria a Polônia, a Argentina o Peru, em jogos marcados para o mesmo dia e hora. Mas a FIFA decidiu bruscamente que o jogo da Argentina só começaria depois que terminasse o do Brasil, que venceu a Polônia por 3 x 1. Assim, a Argentina entrou em campo sabendo que, para superar o Brasil no critério de desempate, precisaria vencer por 4 x 0 o Peru, uma das melhores seleções daquela Copa. Numa partida polêmica, em que os peruanos sofreram um inexplicável apagão, a Argentina ganhou por 6 x 0 e foi para a final contra a Holanda, ganhando por 3x1 e conquistando sua primeira Copa. Restou ao Brasil o consolo do terceiro lugar, ao vencer a Itália por 2x1.
Com quatro vitórias e três empates, o Brasil saiu invicto da Copa, mas sem levar a taça, fato inédito nas Copas do Mundo de futebol, que levou Cláudio Coutinho a cunhar a célebre frase: “Em 78, fomos os campeões morais.”
Apenas um gol do Brasil naquela noite no Gigante de Arroyito teria mudado a história.
Se tiver tempo e curiosidade, veja a “Batalha de Rosário”
Reprodução (clique na imagem para ampliar) |
por José Esmeraldo Gonçalves
O fato pode ser inédito no jornalismo. A matéria acima, publicada no Jornalista & Cia, citando revelação do colunista Maurício Stycer, do UOL, informa que a atual direção da Superinteressante decidiu retirar do seu acervo a edição de fevereiro de 2001 que trazia na capa reportagem sob o título "Vacina: a cura ou a doença". Faz algum sentido. Na era pré-internet, as revistas e os jornais repousavam silenciosos em arquivos e coleções pessoais. Hoje, ressuscitam com facilidade. Podem ser consultados com o clique no Google.
Aquela reportagem de capa deve conceder à revista, da Editora Abril, quando ainda era dos Civita, o título de pioneira no negacionismo, atualmente a bandeira odiosa dos bolsonaristas.
Espantosa é a justificativa do então editor, Adriano Silva: " a revista era muito reverente ao cânone oficial da ciência. Resolvemos ampliar". Nessa estranha linha editorial do começo dos anos 2000, a Superinteressante também acolheu a tese de que a Aids não era causada pelo vírus HIV. Aparentemente, não deu certo desafiar o "cânone oficial da ciência".
Excluir a edição do acervo também abre uma discussão paralela: estaria a Superinteressante praticando a polêmica "teoria do esquecimento", aquela que pretende dar às pessoas e às instituições o direito de apagar da web mancadas e passados? O atual diretor da revista, Alexandre Versignassi, argumenta. como se lê no quadro acima, que em período de pandemia e de vacinação "não é como apagar a história, é uma questão de saúde pública".
A capa que discute se vacinas são cura ou doença poderá voltar ao acervo em tempo menos revoltos, segundo o diretor disse à coluna do Maurício Stycer.
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Reprodução Twitter |
• O vazamento de Mariana, em 2015, cuja lama tóxica degradou o meio ambiente e devastou a vida animal e a de populações de uma imensa região, levando a poluição até as águas do Oceano Atlântico no litoral capixaba.
• O rompimento da barragem em Brumadinho, em 2019, o maior acidente de trabalho no Brasil em perda de vidas humanas e o segundo maior desastre industrial do século.
• Agora, a morte trágica da cantora Marília Mendonça, quando o avião em que viajava se chocou com um cabo elétrico da rede de distribuição da Cemig nas proximidades do aeroporto de Caratinga, onde a Rainha da Sofrência e expressão maior do “feminejo” se apresentaria num show.
Na ocasião do desastre de Mariana citei um poema (com forte dosagem crítica) de Carlos Drummond de Andrade, nascido em Itabira, importante cidade do Quadrilátero Ferrífero mineiro.
LIRA ITABIRANA
I
O Rio? É doce.
A Vale? Amarga.
Ai, antes fosse
Mais leve a carga.
II
Entre estatais
E multinacionais,
Quantos ais!
III
A dívida interna.
A dívida externa
A dívida eterna.
IV
Quantas toneladas exportamos
De ferro?
Quantas lágrimas disfarçamos
Sem berro?
Agora, outro poema de Drummond se presta a uma paráfrase, , aquele que começa com o verso, No meio do caminho tinha uma pedra:
NO MEIO DO CAMINHO
No meio do caminho tinha um cabo
Tinha um cabo no meio do caminho
Tinha um cabo
No meio do caminho tinha um cabo
Nunca me esquecerei desse acontecimento
Na vida de minhas retinas tão fatigadas
Nunca me esquecerei que no meio do caminho
Tinha um cabo
Tinha um cabo no meio do caminho
No meio do caminho tinha um cabo