domingo, 7 de novembro de 2021

As armadilhas mortais das Gerais • Por Roberto Muggiati


Reprodução Twitter
Nos últimos anos, Minas Gerais se protagonizou por uma sequência de desastres: 

 • O vazamento de Mariana, em 2015, cuja lama tóxica degradou o meio ambiente e devastou a vida animal e a de populações de uma imensa região, levando a poluição até as águas do Oceano Atlântico no litoral capixaba.

• O rompimento da barragem em Brumadinho, em 2019, o maior acidente de trabalho no Brasil em perda de vidas humanas e o segundo maior desastre industrial do século. 

• Agora, a morte trágica da cantora Marília Mendonça, quando o avião em que viajava se chocou com um cabo elétrico da rede de distribuição da Cemig nas proximidades do aeroporto de Caratinga, onde a Rainha da Sofrência e expressão maior do “feminejo” se apresentaria num show.

Na ocasião do desastre de Mariana citei um poema (com forte dosagem crítica) de Carlos Drummond de Andrade, nascido em Itabira, importante cidade do  Quadrilátero Ferrífero mineiro.


LIRA ITABIRANA

I

             O Rio? É doce.

A Vale? Amarga.

Ai, antes fosse

Mais leve a carga.

             II

             Entre estatais

E multinacionais,

Quantos ais!

III

A dívida interna.

A dívida externa

A dívida eterna.

IV

Quantas toneladas exportamos

De ferro?

Quantas lágrimas disfarçamos

Sem berro?


Agora, outro poema de Drummond se presta a uma paráfrase, , aquele que começa com o verso, No meio do caminho tinha uma pedra:


NO MEIO DO CAMINHO

No meio do caminho tinha um cabo

Tinha um cabo no meio do caminho

Tinha um cabo

No meio do caminho tinha um cabo


Nunca me esquecerei desse acontecimento

Na vida de minhas retinas tão fatigadas

Nunca me esquecerei que no meio do caminho

Tinha um cabo

Tinha um cabo no meio do caminho

No meio do caminho tinha um cabo

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