por Eli Halfoun
Parece que estamos vivendo um tempo
em que só podemos dizer o que as outras pessoas pensam e querem ouvir. Bastou o
jovem e bom ator Caio Castro declarar que não gosta de teatro e nem gosta de ler
para que uma espécie de patrulha entrasse em cena para criticá-lo como se ele
tivesse cometido um crime quando apenas exerceu o direito democrático de dizer
o que pensa sem fugir da verdade como exige e impõe hoje o tal do politicamente
correto que no fundo não passa de uma hipocrisia que nos afasta do verdadeiro sentido
das coisas e das palavras. Certamente Caio Castro não é o único ator que não
gosta de teatro nem cai de amores pela leitura, mas sem dúvida é (foi) o único
que teve a coragem de dizer isso sem a mínima preocupação (como ficou comum) de
agradar a quem quer que seja. O fato do ator não gostar de teatro e de leitura
não lhe diminui o talento e nem significa que não esteja ligado, apenas não
gosta e pronto. A coragem de falar sincera e abertamente o engrandece na vida e
sem dúvida na arte para desenvolver um trabalho mais inteiro e verdadeiro. Sem
medo e sem hipocrisia. Caio Castro é jovem e tem muito tempo para aprender a gostar
de teatro e de leitura, mas essa não é uma obrigação de vida pessoal ou
profissional. A única coisa que a existência nos exige é viver de e da verdade.
Quem não diz o que pensa vive uma vida de mentira. (Eli Halfoun)