quarta-feira, 23 de agosto de 2023

Justiça comprova que as "pedaladas fiscais" que motivaram o golpe contra Dilma foram ficção política. Com isso, Michel Temer foi presidente ilegitimo

A ex-presidente Dilma Rousseff foi absolvida da acusação de prática das famosas "pedaladas fiscais". A justiça estabelece que foi ficção política o motivo construido para justificar  o impeachment. Além de derrubar uma presidente eleita democraticamente, o impeachment ilegítimo configurou um golpe de Estado que lançou o Brasil em um caminho de desmonte de conquistas previdenciárias e trabalhistas, plantou condições para a neoprivataria, para a ofensiva ao meio ambiente e, principalmente, torna Michel Temer um "presidente" ilegitimo perante a História. A queda ilegal de Dilma também resultou no desastre que viria em seguida: a eleição de Jair Bolsonaro. A golpe só foi possível porque a chamada grande imprensa investiu em calúnias e em intensa e sórdida campanha manipulou a opinião pública e recrutou consciências fracas e mentes imbecis do populacho que assmilaram a mensagem golpista.  

Uma boa análise desse triste episódio - mais um golpe que teve protagonismo da mídia controlada por oligarcas - foi feita ontem por Marco Piva para o GGN. Leia no link abaixo.

https://jornalggn.com.br/opiniao/dilma-roussef-e-a-historia-que-falta-contar-por-marco-piva/?utm_term=Autofeed&utm_medium=Social&utm_source=Twitter&s=03#Echobox=1692789686


terça-feira, 22 de agosto de 2023

Caso Neymar, Al Hilal, CBF e a mídia esportiva preguiçosa

Faltam repórteres ou sobram interesses. Jornal português Record fura todo mundo e revela que Neymar, convocado pela CBF para Eliminatórias em setembro, tem duas lesões, uma leve e outra que exige duas semanas para cura. No Brasil, parte interessada nesse contexto, só se publica, oba, oba. Quem vai apurar como Neymar sofreu duas lesões? Quando o brasileiro entrou em campo no último jogo da pré-temporada do PSG não deu sinais de problemas. Também não acusou contusão ao subir as escadas do Jumbo de luxo que o levou à Arábia Saudita. Coube a Jorge Jesus revelar a verdade por traz da festa. E aí? Alguém vai apurar como Neymar se contundiu? Ou a mídia esportiva vai esperar o próximo press release do Hilal ou da CBF? Ou vai esperar o ventilador do Jorge Jesus jogar coliformes nas redações? 

sexta-feira, 18 de agosto de 2023

Veja: mas leia com cautela. Mauro Cid pode estar escalado para "abraçar a bronca" ? Esse cara é ele?

 


Mauro Cid teria resolvido entregar todo o esquema de irregularidades administrativas e corrupção aberta que praticou como ajudante de ordens de Jair Bolsonaro. Indicará que cumpriu ordens do ex-presidente nos vários processos. Isso também aponta que assumirá a culpa pelas operações criminosa. Como se sabe, ele responde a  vários crimes (casos das jóias, dos certificados falsos de vacina, conspiração para golpe e uso de dinheiro público para pagamentos de contas privadas). 

E aí mora o problema. Dizer apenas que, como militar, teve que cumprir ordens não exime a culpa. Militares não são obrigados a cumprir ordens ilegais.

Cid terá que apresentar provas que tenha guardado ou torcer para que quebras de sigilo dos telefones de Bolsonaro e Michelle revelem que o ex-presidente e a primeira & dama o levaram para o caminho da bandidagem. Uma dificuldade pode ser o fato de Bolsonaro agir habitualmente sob a sombra de laranjais, do qual ele foi um militante solícito.

Fora isso, a capa da Veja pode retratar apenas o sujeito que "abraça a bronca".  

Na gíria dos criminosos é o cara que assume a culpa no lugar de outro. 

Esse cara é ele?

quinta-feira, 17 de agosto de 2023

Fotomemória da Manchete: a trajetória inconfundível da atriz Léa Garcia



Léa Garcia (à dir.) com Vinicius de Moraes e Breno Melo, em Cannes, 1959

A atriz brasileira aplaudida no Maxim's, Paris



Folha noticia a morte de
Léa Garcia com um "erramos de novo":
a foto é da atriz Jacyra Silva 
A Folha de São Paulo imagina, provavelmente, que todas as negras se parecem. Se enxergassem suas individualidades, o jornalão não teria publicado um foto da atriz Jacyra Silva, que faleceu em 1995, como se fosse a também atriz Léa Garcia, que morreu na última terça-feira.

Léa Garcia teve uma carreira de sucesso no cinema, teatro e TV. A Manchete acompanhou passo a passo a trajetória da atriz e cobriu o festival francês que a consagrou, mas ela frequentou as páginas da revista muito antes de brilhar em Cannes, em 1959, quando o filme francês Orpheu Noir ganhou a Palma de Ouro. E a brasileira ficou em segundo lugar na categoria Melhor Atriz. Simone Signoret, em Almas em Leilão (Room at The Top, no título original) foi a vencedora. No ano seguinte, Orfeu Negro venceu o Oscar de Melhor Filme Estrangeiro. No filme, baseado na peça Orfeu da Conceição, de Vinícius de Moraes e dirigido por Marcel Camus, Léa se destacou no papel de Serafina. Ela estreou nos palcos em 1952, em Rapsódia Negra, produção do Teatro Experimental do Negro e tornou-se conhecida do grande público na novela Escrava Isaura. Ainda na TV, fez, entre outras, as novelas Assim na Terra como no Céu, Minha Doce Namorada, Selva de Pedra, Os Ossos do Barão e Fogo Sobre Terra e Anjo Mau, todas grandes sucesso da Rede Globo. Na Rede Manchete, atuou em Dona Beija, Xica da Silva, Tocaia Grande e Helena. Na sua filmografia, além de Orfeu Negro, estão longas como As Filhas do Vento, Ganga Zumba, A Noiva da Cidade, Quilonbo, Vinicius, 2010 Mon Père (filme belga) e Boca de Ouro. 

Léa Garcia, morreu em Gramado, no Rio Grande do Sul, onde participava do 51º Festival de Cinema. Ela seria homenageada com o Troféu Oscarito. A atriz também participaria de uma das próximas novelas da Globo: o remake de Renascer. Um infarto a levou em plena atividade, aos 90 anos. Léa Garcia será velada no Teatro Municipal do Rio de Janeiro no sábado, 19.


terça-feira, 15 de agosto de 2023

Os podres poderes do caricato "parlamentarismo" brasileiro

 

Reproduzido do X (ex-Twitter)

O ministro Fernando Haddad tem dedicado grande parte do seu tempo a difíceis negociações com o Congresso. O jogo é mais duro com a Câmara dos Deputados que quer levar vantagem em tudo, o tempo todo. 

Muitos deputados parecem partir de um estranho princípio: legislar é business.

Desse o golpe que derrubou Dilma Rousseff , a democracia está sob constante ameaça.  O Legislativo, com o golpista Michel Temer e com Bolsonaro do Rolex, ganhou podres poderes, entre os quais os bilhões destinados às emendas na rubrica secreta sob frouxos controles.

Sob a chefia do notório Arthur Lira, a Câmara interfere no Executivo e estende suas garras insaciáveis sobre o orçamento da União. 

A Câmara dos Deputados, aliás, vive o melhor dos mundos: ganhou um poder que é quase um simulacro do parlamentarismo digno do Zorra Total ou da Praça  é Nossa, sem os mecanismos de controle desse regime. Exemplo: em países que adotam o parlamentarismo o Legislativo indica o primeiro-ministro, que governa de fato e de direito, mas o presidente tem o poder de dissolver o Congresso e convocar novas eleições. No atual e tosco "parlamentarismo" que a Câmara conquistou na sequência do golpe contra Dilma Rousseff, os deputados não correm esse risco, podem mandar e desmandar, bancadas chantageiam politicamente o Executivo e, se não forem atendidos, podem até paralisar o governo.

Haddad identificou o desequilíbrio entre os poderes ao dizer que a Câmara, com a força conquistada durante os erráticos governos Temer e Bolsonaro do Rolex, "não pode humilhar o Senado e o STF".  

Bastou isso para a tropa legislativa cancelar reunião sobre projeto de importância para o país. 

O que, ironicamente, só provou a exatidão da frase de Haddad.

segunda-feira, 14 de agosto de 2023

Neymar bota a mão na grana árabe antes que o pé o traia novamente

por Niko Bolontrin

A mídia informa que Neymar já é jogador do Al Hilal, da Arábia Saudita. E as redes sociais se dividem entre apoiar o jogador e críticas à opção de aderir a um país onde o futebol é algo tão desértico quanto o ecossistema da região. 

Com os cofres cheios de petrodolares, o país está contratando jogadores de renome, a maioria na reta final da carreira, para se firmar como centro de futebol. 

Apesar dos craques que toparam ir para o deserto, o futebol praticado ali é risível. Claro que o que motivou Neymar a aceitar o chamado do Al Hilal foi o monte de euros. Do ponto de vista esportivo o brasileiro vai para o exílio bem remunerado. Afasta-se da Europa, o polo incontestável do melhor futebol. 

Há outras consequências: a Arábia Saudita é uma ditadura teocrática, mas isso não incomoda o bolsonarista Neymar que provavelmente nem sabe disso. Como também não foi informado de que álcool, sexo fora do casamento, adultério, blasfêmia etc são severamente punidos. 

Neymar já declarou que não deseja jogar futebol profissionalmente por muito mais tempo. Esse pode ser seu último grande contrato. A fragilidade física representada por frequentes contusões, especialmente lesões nos pés, também pode ter sido levada em conta pelo jogador. Melhor botar a mão nessa grana dos árabes antes que os pés o traiam novamente.


sábado, 12 de agosto de 2023

Por uma cabeça • Por Roberto Muggiati

 

Com a enfermeira Andressa, na UPA- Botafogo. Foto de Cláudia Alves 

Com a bandagem que lembrou Apollinaire quando ferido na Primey Guerra Mundial. Foto Lena Muggiati 


Como a morte não vem me buscar – esse joguinho já está até ficando chato – eu resolvi cair e me quebrar de novo no meio da noite. Desta vez cortei a cabeça no ventilador de ferro, na parte alta e traseira (da cabeça, é claro). Contive o sangue com papel toalha e voltei a pegar no sono. O chão de tacos ficou todo respingado de vermelho. Não quis incomodar a Lena que dormia o sono dos inocentes. Quando chegou nossa cuidadora, a Cláudia, deliberamos que o grau de gravidade do caso merecia uma ida a um hospital. No quesito saúde, recebo tratamento exclusivo da rede UPA d’Or, a minha unidade favorita é a de Botafogo. Minha idade provecta, 80+, foi logo abrindo todas as portas, me atenderam num tempo recorde, a enfermeira limpou o local do ferimento, a médica deu uma picada de anestesia no cocuruto e costurou-me três pontos com aquela agulha curva que parece um anzol. Para fixar o curativo, a enfermeira Andressa enlaçou minha testa com uma bandagem que me lembrou aquela foto famosa do poeta Guillaume Apollinaire. (Fiz depois uma foto-homenagem ao inventor da palavra “surrealismo”, que combateu pela França na Primeira Guerra, recebeu um estilhaço na fronte em 1916, mas só foi morrer em 9 de novembro de 1918, dez dias antes do armistício, aos 38 anos, da pandemia de antanho, a gripe espanhola.)

Pensei na data, 9 de agosto, algo especial? Sim, 78 anos da segunda bomba atômica, a de Nagasaki, só lembrei da data porque os japoneses ficaram injuriados com a dobradinha “Barbie/Oppenheimer” que, em nome das sacrossantas bilheterias, veio tingir com tons róseos de leviandade um dos episódios mais trágicos de nossa história recente, a Bomba de Hiroxima.

Com bandagem na testa e bengala de quatro pontas, resquício da fratura do fêmur, resolvi, já que estava no Baixo Botafogo, ir tomar um café no Depanneur e procurar um filme na Livraria da Travessa. (Hoje vivo isolado em Laranjeiras, do outro lado do implacável paredão do Corcovado e do Dona Marta.) Achei o que queria, A Via Láctea, do mestre Buñuel. Estou revendo os principais filmes estrelados por Delphine Seyrig – e não são poucos, ela brilha ainda mais em O charme discreto da burguesia – para escrever um perfil da atriz do recém-eleito “melhor filme de todos os tempos”, Jeanne Dielman, 23 quai du Commerce, 1080 Bruxelles. Atriz de Resnais, Truffaut, Joseph Losey, Fred Zinnemann, Jacques Demy, William Klein, Don Siegel, Marguerite Duras, entre outros, Delphine, morta em 1990, reinará suprema até 2032, dona absoluta das três horas e meia do filme de Chantal Akerman, aclamado agora pelo colegiado da Sight&Sound, quase 50 anos depois do seu lançamento, em 1975.


Em cartaz: O Grande Roubo de Jóias


 Quem disse que cinema não e arte premonitória? Esse filme - O Grande Roubo,  no título em português - é baseado em uma história real.

Na capa do Extra: o gabinete do crime

 


Estão falando alto pelos botecos...

Reprodução X (ex-Twitter)


Por O.V.Pochê

 * Bolsonaro foi visto correndo para o aeroporto

* À margem no noticiário sobre a bandidagem bolsonarista, os botecos não falam em outra coisa. Vejam a resenha:

* As Forças Armadas determinam que soldados e oficiais evitem portar relógios nas paradas de Sete de Setembro

* As mulheres dos militares também devem evitar usar jóias. Vai que...

* Bolsonaristas estão convocando  a Marcha Rolex, Pátria e Familia para que devolvam a Bolsonaro as jóias que ele afanou.

* Serão abertas investigações sobre os móveis do Alvorada, extravio de vacinas, ouro ilegal dos garimpos, venda de refinarias da Petrobras, venda da BR, venda da Eletrobras, tentativa de privatizar as praias e a Imobiliária Bolsonaro's. Suspeita é que Bolsonaro  teria considerado que tudo isso era presente pra uso pessoal dele.

* Banco Central do bolsonarista  Roberto Campos Neto vai aumentar juros em 10% em protesto  contra perseguição monetária a Bolsonaro

* Bolsonaro tentou leiloar relógio da Central.

* Dizem que Trump mandou ver ser falta alguma coisa na mansão de Mar-a-Lago: Bolsonaro passou por lá.

* Companhias aéreas registram grande aumento de procura de passagens por parte de bolsonaristas rumo a Miami e Orlando. Quem tiver parente bolsonarista avise que todos passarão pelo scanner corporal e haverá verificação de orifícios de madames e marmanjos.


A selfie do crime

Reprodução Relatório da PF

Na trama do roubo de jóias protagonizado por Bolsonaro e quadrilha há espaço para a chanchada. Um dos operadores da maracutaia, o general Cid PaiPai fez o flagra em selfie.  Em meio ao escândalo de corrupto onde os meliantes deixaram todas as pistas possíveis essa prova tem um toque de ridículo e, ao mesmo tempo, de arrogância e certeza da impunidade. Além dessa imagem com a mão na massa, o general PaiPai foi denunciado pelo próprio filho, o tenente coronel Cid Meu Garoto, que entregou em mensagem capturada que o atravessador de joia roubada estava levando a muamba para a Flórida.

segunda-feira, 7 de agosto de 2023

Mídia: Aracy Balabanian e o fascismo patológico da Folha de São Paulo

 

Reprodução X (ex-Twitter)

Reprodução X (ex-Twitter) 


Reprodução X (ex-Twitter)

A Folha é assim. Destila ódio até em obituário. Imagina-se que ao morrer uma personalidade o jornal  despacha repórteres para levantar  - na cabeça  degradada dos prepostos - o que pode atingir a falecida. E daí que a atriz fez um aborto? E daí que não quis casar? Aracy Balabanian foi um grande atriz e uma cidadã de vida exemplar.  Em um minuto da sua vida, Aracy reuniu mais honradez, ética, dignidade e integridade do que a Folha em mais de 100 anos de existência. O julgamento do "talibã" do jornalão certamente não a atinge. 

Arqueologia em centro de tortura: não vão encontrar o meu esqueleto nos porões do DOI-Codi, mas faltou pouco... • Por Roberto Muggiati


Vladimir Herzog em foto na redação na TV Cultura. O jornalista cfoi assassinado por torturadores da ditadura militar no DOI-Codi, em São Paulo, no dia 25 de outubro de 1975.
Foto Reprodução TV Cultura

A coordenadora do projeto, Déborah Neves (à esquerda): pesquisas tentam identificar
indícios de vítimas ditadura militar torturadaas e assassinadas no DOI-Codi paulista.
Foto de Felipe Bezerra/Jornal das Unicamp 

Durante quinze anos – de 1969 a 1983, funcionou nos fundos da 36ª Delegacia
Policial de São Paulo, na Rua Tutoia, o DOI-Codi (Destacamento de Operações de
Informação – Centro de Operações de Defesa Interna) – um complexo criado pela
ditadura militar para torturar e exterminar opositores do regime. De 1969 a 1983,
mais de sete mil pessoas passaram por lá e algumas não saíram, como Vladimir
Herzog, que não resistiu aos castigos corporais e teve sua morte dissimulada por um
grotesco “suicídio” nas grades da cela. Os prisioneiros chegavam encapuzados e
ficavam presos em celas diminutas, incomunicáveis e sem direito a defesa, à espera
das torturas.

Cinco universidades públicas, entre elas a USP e a Unicamp, iniciaram um
projeto de escavação no local onde ficava o DOI-Codi para fazer um levantamento
completo da extensão dos atos de violência ali praticados. Diz Andres Zarankin
professor de antropologia e arqueologia da UFMG, que também participa da
empreitada: “Dente, brinco, cabelo. Anel? Exato. Elementos pequenos que caíram e
vão nos permitir reconstruir essa história, a partir desses fragmentos. Existe toda uma
narrativa por trás desses pequenos objetos e a mesma coisa dentro do prédio”.

Segundo o Jornal da Unicampo, os arqueólogos vão examinar as paredes das celas, para verificar se encontram mensagens escritas nas camadas mais antigas de pintura. E uma investigação inédita
no país vai tentar encontrar vestígios de sangue invisíveis a olho nu, usando luzes
especiais.

O DOI-Codi paulista foi chefiado pelo major Carlos Alberto Brilhante Ustra e
atuou inicialmente de forma clandestina como sede da Operação Bandeirante (Oban),
a partir de 2 de julho de 1969. Cerca de 70 pessoas teriam morrido sob tortura no
local.

Adriano Diogo, militante do movimento estudantil, foi daqueles que chegaram
embuçados ao DOI-Codi. O major que lhe retirou o capuz perguntou:
– Você sabe onde está?
– Não faço a mínima ideia...
– Você está na antessala do Inferno.

Ironicamente, a Rua Tutoia fica no bairro do Paraíso.

Até o final de setembro de 1969 eu morava em São Paulo e fazia parte da
equipe de jornalistas pioneira da revista Veja. Em 9 de dezembro de 1968, numa
badalada noite de autógrafos, lancei o livro Mao e a China; na sexta-feira 13 foi
decretado o AI-5. Verdadeira declaração de amor ao comunismo chinês, último livro
lido por Carlos Lamarca antes de morrer metralhado no sertão baiano, Mao e a China
saiu das estantes das livrarias para exibição em mostras de “material subversivo”
apreendido pelo exército. Eu tinha tudo a ver com Vladimir Herzog: éramos da mesma
idade e ele ocupou minha vaga quando deixei o Serviço Brasileiro da BBC em Londres.
Vários colegas meus da Veja e da Realidade – para a qual eu também colaborava –
foram levados encapuzados para o DOI-Codi.

Minha sorte foi ter trocado a Veja em São Paulo pela chefia de redação da
Fatos&Fotos, no Rio de Janeiro. A volta ao “balneário da República”

Para mais informações sobre as escavações arqueológicas no Doi-Codi de São Paulo, visite o Jornal da Unicamp AQUI

domingo, 6 de agosto de 2023

Mídia: Concordância leva cartão vermelho no GE.Volta pra escola, mano

 



REPRODUZIDO DO G1/GE

Ah, as suecas... • Por Roberto Muggiati



O cinema reforça o mito da liberalidade sexual das suecas:
Bibi Andersson e Liv Ullmann em Persona.


Vendo as meninas louras eliminarem as americanas na Copa do Mundo Feminina e revendo Acossado, um soi-disant filme de ação que passa um terço do tempo trancado num quartinho de hotel, com Belmondo de cueca samba-canção desfilando sua Weltanschauung para impressionar Jean Seberg, lembrei da minha experiência com as suecas. Belmondo deambula: “A rapaziada é mentirosa, Estocolmo, por exemplo: ‘As suecas são formidáveis, eu traçava três por dia.’ Estive lá. É uma mentira.” 

A caminho de minha bolsa de estudos em Paris em 1960, parei em Lisboa. Um casal recomendado por amigos me levou a uma casa de fados. Agregado ao casal, havia um capitão do exército, Carlos Lacerda. O nome já não inspirava muita confiança, devia ter muito QI para estar no bem bom, longe da sangrenta guerra colonial. O afável capitão, sabendo que eu viajaria pela Escandinávia, sacou um caderninho preto e copiou para mim numa folhinha de papel os telefones de dezenas de garotas suecas que conhecia e que, em linguagem bélica, eram “tiro e queda.” Quando visitei a Estocolmo no verão de 1961, telefonei, telefonei e telefonei, dias seguidos, para as Ingrids, Margids e Gretas – e não deu em nada. Fiquei literalmente na mão... 


50 anos de Fantástico: revista Manchete foi a inspiração do “Show da Vida” • Por Roberto Muggiati

José-Itamar de Freitas e Nélio Horta na redação da Enciclopédia Bloch
em Frei Caneca. Foto:Acervo Nélio Horta

Conheci José-Itamar de Freitas em Frei Caneca quando comecei a trabalhar como repórter especial da Manchete em 1965. Para complementar o magro salário, escrevia nos Cadernos de Jornalismo da Bloch – que ajudei a lançar –  e passei a colaborar na Enciclopédia Bloch, uma mensal de conhecimentos gerais que Itamar dirigia. Filho de Miracema, no noroeste fluminense, trinta anos (dois mais velho que eu), Zé-Itamar tinha a alma de editor. Infelizmente, os Bloch nunca valorizaram devidamente seu talento. Quando o intimaram a dirigir a mensal Pais e Filhos, Itamar pediu as contas e se mandou: não tinha physique du rôle nem esprit de corps para editar uma revista voltada para fraldas, soluços, papinhas, nana-nenéns e assuntos afins. 

O Fantástico fez uma homenagem especial a
Jose-Itamar de Freitas, em 2020

Foi imediatamente acolhido pela TV Globo, onde, criativo como poucos, aplicou a fórmula da revista Manchete a um programa das noites de domingo com o sugestivo título de Fantástico e subtítulo “O Show da Vida.” Sucesso instantâneo. Nos 30 anos da atração, ele disse à apresentadora Glória Maria: “Quando você passa dezesseis anos num programa, tudo te marca. Acabou sendo a minha vida. Um amor enorme, convivência, amizade, tudo. Eu olho o Fantástico como sendo da família. ”  

José-Itamar de Freitas morreu em 2020, aos 85 anos, de complicações da Covid. 

Foi-se o Criador, a Criatura segue em frente. 


Memórias da redação da Manchete: a foto e a falha

 

Matéria reproduzida de Jornalistas &Cia.
Clique na imagem para ampliar.



sexta-feira, 4 de agosto de 2023

Curitibana superfogosa bomba na Ucrânia • Por Roberto Muggiati

 Ela conseguiu se fazer ouvir em meio à guerra e acima das explosões e lidera as músicas mais ouvidas na Ucrânia (e em Belarus e no Cazaquistão). A funkeira eletrônica Bibi Babydoll arrebata plateias do mundo inteiro com seu provocante Automotivo Bibi Fogosa, que está no topo da playlist global da plataforma de faixas virais (cuja audição sobe mais rapidamente).

Beatriz Alcade Santos, curitibana de 24 anos, pontificou em 2021 ao emplacar Pirigótika, que chegou a 100 mil views em menos de uma semana. Em seu site, Bibi Babydoll se define como “performer, influencer, publicitária e corporate punk rock whore” – ufa! Com todo esse gás a menina vai longe... 

Curitiba – que conta hoje 70 mil descendentes de ucranianos – retribui assim ao país que resiste bravamente à bárbara invasão russa.

Confira AQUI Bibi Babydoll e DJ Brunin XM - Automotivo Bibi Fogosa (Clipe Oficial)

quinta-feira, 3 de agosto de 2023

O 'drible da vaca' na mídia esportiva

por Niko Bolontrin

Será que a mídia esportiva é mesmo capaz de avaliar o trabalho de um treinador? Há dúvidas. 

Vejam dois casos. Cansei de ouvir jornalistas sugerindo que a CBF contratasse um treinador permanente ou quase isso para a seleção brasileira. Pois bem: Tite foi chamado, treinou, treinou, falou difícil e perdeu a Copa da Rússia. Nunca um treinador recebeu tanto apoio da imprensa. Parecia o Guardiola brasileiro. Foi mantido apesar de não passar das quartas de final. Quatro anos depois, Tite chegou à Copa do Catar. Ter classificado o Brasil não conta: escândalo seria se a seleção brasileira não se classificasse tamanha a moleza. De novo, o treinador dava entrevistas rebuscadas, parecia saber o que estava dizendo. Não sabia. O Brasil passou vexame novamente e foi despachado de novo nas quartas de final. Só aí a mídia esportiva tornou-se subitamente crítica ao treinador que mais tempo teve para preparar uma seleção brasileira. 

O segundo caso. A treinadora Pia, da seleção feminina teve recursos e tempo para preparar a seleção feminina. A mídia não apontou qualquer defeito na sueca. Até que as meninas do Brasil saíram da Copa do Mundo ainda na fase de grupos. Vexame.  E só então, com a vaca no brejo, comentaristas de futebol, de ambos os sexos, passaram a apontar os erros da Pia. Assim como Tite no Catar, a sueca parecia em coma na Copa da Austrália - Nova Zelândia. Os closes da TV mostravam Pia atônita. 

Que tal a mídia esportiva mostrar que é do ramo e provar capacidade de criticar o trabalho dos treinadores antes do desastre? Isso ajudaria o futebol mais do que a exaltação bajuladora. 

A torcida agradece.

Uma coisa Tite e Pia ajudaram a provar. Treinador não deve mesmo ter estabilidade. Precisam provar a cada momento que sabem armar um time para vencer adversários qualificados e não apenas "fazer o nome' em amistosos de quinta categoria. 

A torcida agradece.