sábado, 23 de julho de 2022

Na capa da Carta Capital: o cerco ao SUS

 


por José Esmeraldo Gonçalves

Enquanto o Brasil é obrigado a ouvir as imbecilidades de Bolsonaro e Paulo Guedes, o neoliberalismo selvagem destroi o sistema que salvou milhares de vidas durante a pandemia e é a única opção para a imensa maioria de milhões de brasileiros que não podem pagar planos de saúde. 

Nos últimos dias, o "vampiro" Michel Temer ressurgiu do pântano em que, como golpista, ajudou a mergulhar o Brasil. Dizem os "analistas" que ele está se oferecendo para ser candidato a presidente pelo MDB. Já teria o apoio das oligarquias da mídia que foram suas parceiras no golpe de 2016. Quando assumiu o poder Temer logo começou a pagar a fatura do golpe, principalmente a reforma trabalhista que precarizou empregos, a reforma da Previdência, que surrupiou direitos e foi concluída no desgoverno seguinte e o suspeito teto de gastos, uma reivindicação dos especuladores e do mercado que trafica dinheiro. 

Temer atendeu às pressões e criou um rigoroso teto de gastos. Suécia e Holanda já tiveram tetos de gastos menos radicais. São países com benefícios sociais e tinham gordura para queimar. O Japão instituiu teto de gastos e o abandonou em pouco tempo para enfrentar uma crise econômica e criar empregos.

Uma das grandes vítimas do teto de gastos é o SUS, como a Carta Capital demonstra na edição dessa semana.  E Temer, o traidor da Constituição que agora se insinua como "salvação", deve estar planejando concluir sua obra de desmonte social do país. O caos na educação, o desemprego e a destruição ambiental também são produtos da paralisia que o teto de gastos impõe.

A mídia  comprometida com o neoliberalismo ultrapassado está vibrando com a ressurreição de Temer. Ontem, o comentarista Gerson Camaroti, defendeu na GloboNews, com visível ardor, o teto de gastos como se estivesse no palanque de Temer e como se o Brasil fosse apenas um estúdio asséptico para viaipis endinheirados e lobistas. 

Como se sabe, não há teto de gastos para orçamentos secretos, para o viagra das gloriosas forças armadas, para as Codevasf da vida nem para a corrupção em geral nos ministérios da Saúde e Educação. Nesses casos, o teto tem pé-direito altíssimo. 


sexta-feira, 22 de julho de 2022

Fotografia - O inesgotável baú cultural da Manchete

 

por José Esmeraldo Gonçalves 
A intensa cobertura fotográfica política, ambiental e esportiva da Manchete era uma característica da revista ao longo de 48 anos de existência. Junto com Manchete, a Fatos&Fotos, Amiga, Geográfica, Desfile, entre outras, registraram a Bossa Nova, o Cinema Novo, Copas do Mundo, as revoltas estudantis, a MPB, a Moda, a Jovem Guarda, o Rock Brasil, as crises, para citar apenas alguns segmentos. 

O fabuloso acervo da Bloch Editores está, como se sabe, desaparecido desde que foi leiloado pela justiça. Felizmente, livros e documentários têm resgatado centenas de imagens importantes para a memória jornalística do país e a Biblioteca Nacional digitalizou a coleção das revista. Na prática, fez um backup necessário de textos e fotos.

Os pesquisadores ainda recorrem a buscas em sebos e coleções particulares, contatam fotógrafos que trabalharam na Manchete e mantêm seus próprios acervos ou recorrem aos herdeiros daqueles que já se foram. E também buscam o conteúdo de reportagens e crônicas. Há no mercado vários livros que compilaram textos de Nelson Rodrigues, Paulo Mendes Campo, Rubem Braga, entre outros, publicados originalmente em Manchete.



"O Canto Livre de Nara Leão", do diretor Renato Terra, é um desses projetos que, além de todos os méritos, recupera referências fotográficas. É impressionante, aliás, como a série documental levantou tão ampla iconografia sobre Nara e sua época. Não apenas da Manchete, claro. Estão lá imagens de O Cruzeiro, do Jornal do Brasil, Folha de São Paulo, Última Hora, Correio da Manhã e de arquivos públicos e particulares de São Paulo e Rio de Janeiro, como se vê no recorte dos créditos, acima. 

Roberto Muggiati, ex-diretor da revista, costuma dizer que a Manchete deve ter seu DNA na Transilvânia: é uma revista que se recusa a morrer. Apesar de tudo, inclusive do sumiço do arquivo fotográfico, ainda não lhe cravaram uma estaca no coração. Virou fonte. E isso é bom. 

"O Canto Livre de Nara Leão" está disponível no canal de streaming GloboPlay.

quarta-feira, 20 de julho de 2022

Cozinha do Absurdo, com receita • Por Roberto Muggiati

Vittore Carpaccio: São Martinho,
exposição permanente
 Arte das Igrejas
 em Zadar, Croácia.
Para ficar em sintonia com este mundo, vasto mundo, resolvi criar a Cozinha do Absurdo. A receita de estreia é uma ideia com a qual venho trabalhando há alguns anos: carpaccio de abobrinha. Carpaccio, como todos não sabem, foi um genial pintor veneziano, Vittore Carpaccio (1465-1525), homenageado com o nome de um prato criado em 1950 no Harry’s Bar de Veneza. 

Segundo Arrigo Cipriani, atual dono do bar, o carpaccio  foi servido pela primeira vez à condessa Amalia Nani Mocenigo, quando informou ao dono do bar que seu médico lhe havia recomendado o consumo de carne crua, rica em ferro, pois ela estava com anemia. O carpaccio, então, consistia em finas fatias de carne crua, temperadas com molho de mostarda, molho inglês, suco de limão, leite, sal e pimenta-do-reino branca. O prato foi nomeado carpaccio por Giuseppe Cipriani, o fundador e dono do bar, em referência ao pintor italiano, pois a cor vermelha forte do prato o fazia lembrar das pinturas de Carpaccio, que estavam na época em exposição numa grande retrospectiva na cidade.

Apliquei o conceito de um produto cru finamente fatiado não a alguma carne (depois da bovina, o carpaccio de salmão é a favorita), mas a um legume, a abobrinha, na versão italiana, chamada zucchini.


Carpaccio de abobrinha aos sabores aleatórios



Vale o gosto pessoal e a imaginação do gourmet aprendiz. Nesta primeira edição, usei uma abobrinha de 15cm de comprimento com 4cm de diâmetro cortada em rodelas infinitesimalmente finas e as temperei com:

• Alcaparras

• Teriyaki

• Chutney de abacaxi

• Mostarda amarela

• Ketchup

• Wasabi

• Algumas gotas de limão siciliano

• Salpicar moderadamente sal rosa do Himalaia

Todo cuidado é pouco com o Wasabi, a raiz forte japonesa: qualquer exagero é literalmente tiro e queda...

 

segunda-feira, 18 de julho de 2022

Publimemória: o dia em que o Fiat 147 pagou promessa na Penha

 



Do Facebook "Jornais Antigos do Rio de Janeiro.

Frase do dia

 "Quem cultiva a capacidade de enxergar a beleza, não envelhece nunca.”

FRANZ KAFKA

Temporada de pinhão 2022, com receita • Por Roberto Muggiati

Curitibano, sou papa-pinhão confesso. O supermercado Princesa, que reina supremo neste buraco de Laranjeiras onde moro e que batizei de Baixo-Glicério, pode ter todos os defeitos do mundo – e os tem, sobejamente – menos um: nunca deixa, nos meses de inverno, de proporcionar fartas ofertas de pinhão (em bandejas ou a granel). Uma verdadeira proeza, considerando que, para o carioca, o precioso fruto da araucária é uma coisa muito estranha, próxima do ET.

Este ano, minhas elucubrações de entrevero de pinhão viajaram rumo a uma intersecção com meus experimentos de ratatouille tropical. Um dos resultados está na receita abaixo, sem dosagem precisa, ao bel-prazer do leitor, guiado por sua sensibilidade culinária.

Entrevero de pinhão à Ratatouille Tropical

• Um punhado generoso de pinhões cozidos.

Legumes cozidos:

• Dois ou três jilós cortados na longitudinal.

• Três ou quatro maxixes pequenos.

• Rodelas de uma abobrinha pequena.

• Iscas de um pimentão verde pequeno.

Opcional:

• Meia dúzia de quiabos em pequenas rodelas.

E, é claro, algumas taças de um vinho tinto chileno honesto a bom preço.


Documentário mostra os intestinos da familícia Trump

 


Embora não traga novidades, documentário "Sem precedentes" (Discovery+) sobre a familícia Trump tem o mérito de fazer uma ultrassonografia dos intestinos do clã. Sabe-se que desde a campanha do republicano sua estratégia golpista é copiada pela cópia pirata nacional, seu tosco similar bananeiro. Sobe esse ângulo, é curioso ver o original.


Fora do streaming é bem mais interessante acompanhar o desenrolar da comissão que investiga a conspiração dos Trumps e a invasão terrorista do Capitólio, que o Globo minimiza ao chamar de "espetáculo midiático". 

Nos Estados Unidos a comissão é vista pela maioria da opinião pública como um pilar de defesa da democracia. 

Com a queda de popularidade de Joe Biden, o risco Trump permanece como ameaça. As eleições parlamentares de novembro dirão o tamanho do perigo. Um derrota republicana pode estimular o partido a rejeitar um eventual canditadura de Trump a presidente em 2024. Se os republicanos dominarem o Congresso darão um grande passo para retomar a Casa Branca. Restará, entao, aos democratas encontrar um nome forte para suceder o desgastado Biden.

Mídia - "Sigilo" é o novo nome da censura

Logo nas primeiras semanas de governo, Bolsonaro alterou a Lei da Transparência. O sociopata ampliou o número de autoridades ou funcionários com poder de decretar sigilo sobre praticamente qualquer coisa. A inspiração é fascista, nasce nas leis implementadas por Mussolini nos anos 1920. Sigilo é a nova censura. Essa onda de vetar acesso público a documentos e procedimentos públicos é ferramenta do autoritarismo. E quando envolve gastos esconde impobridade administrativa, desvio de verbas e corrupção. O derrame de decretos de sigilo também acontece na área de segurança pública. Serve para esconder irregularidades e crimes. A mídia, principalmente,  sente os efeitos do sigilo quando proliferam decisões de juízes que impedem acesso a informações sobre investigações ou se criam barreiras para o trabalho dos repórteres.

Desde janeiro de 2019, o autoritarismo tem o poder de, quando interessa, jogar o Brasil nas trevas. 

Quem conspira contra a democracia trabalha melhor no escuro.

domingo, 17 de julho de 2022

Mídia: jornalistas podem perder emprego. A não ser que façam um curso para virar pastor

por Flávio Sépia

Bolsonaro decreta que jornalistas devem buscar emprego no paraíso celestial. Aqui na terra a barra vai pesar ainda mais. O sociopata baixou uma norma dando às TVs abertas o direito de vender 100% da programação para pastores. Até então, só podiam comercializar 25% da grade diária. 

O lobby da indústria religiosa funcionou junto ao Planalto onde circulam mais pastores do que qualquer outro gênero humano. O resultado da decisão é que muitos repórteres, editores, câmeras e produtores poderão perder seus empregos. TVs abertas são  concessões públicas, têm a obrigação  constitucional de informar, prestar serviço à população, divulgar a  cultura sem privilegiar ideologias e  credo.  Ao permitir que seitas sequestrem toda a programação, se assim desejarem as TVs, esse princípios vão para a sacolinha. 

Para algumas emissoras será um dinheiro fácil. Por que disputar audiência, montar equipes, manter departamentos publicitários e jornalísticos se o caixa vai receber um tsunami de Pix do pastoreio que, por sua vez, pede ao distinto público um dilúvio em forma de cartões de crédito, débito, transferências eletrônicas e doações de bens?

O passador de pano da República

por O.V.Pochê. 

Houve uma época, há muitas galáxias, em que os jornais e revistas acionavam D.Estevão Betencourt, monge beneditino e professor da PUC, para comentar qualquer assunto. 

Os repórteres mais antigos lembrarão.  

Os temas recorrentes eram divórcio, ainda não aprovado, pena de morte que alguns obtusos queriam instituir, drogas, feminismo, violência, amor livre etc.  Em matérias do tipo "enquete" D. Estevão era presença obrigatória. Talvez porque era atencioso, sensato, e ducado, culto e, muito importante, era acessível, recebia os repórteres ou falava ao telefone com a maior presteza. Na correria dos fechamentos, se um repórter era pressionado pelo chefe para repercutir um assunto, D.Estevão o salvava.

Sem comparar o íntegro monje com o Mourão - são semelhantes apenas na disponibilidade para falar com jornalistas -, a mídia atual tem seu "crush" para repercutir notícias. 

Mourão foi ouvido por repórteres sobre o assassinato político de Marcelo  Arruda pelo policial bolsonarista Jorge Guarani. Sempre com pompa e circunstância, empertigado como se fosse chefe da Estado de uma potência, Mourão comenta qualquer coisa. Repórter está sem pauta e precisa entrar em um link ao vivo. Tranquilo, bota um microfone na boca do falastrão. Geralmente ele expele uma opinião tosca.  Mas as bobagens que diz o mantêm na mídia. Bom pra ele que agora é político e vai disputar votos. 

A mais recente fala do Mourão chega a ser ofensiva. Ele classificou o assassinato político de Marcelo como uma coisa que acontece todo fim de semana. É um deboche. 

Em um execício tragicômico, o que o modo Mourão de analisar os fatos diria sobre casos de assassinatos políticos ou de escândalos na atualidade e na História? Sigam o fio:

Bruno e Dom - "um simples desentendimento numa pescaria.

Marielle: "uma briga de trânsito".

John Kennedy - "bala perdida, uma fatalidade. Lee Oswald apenas manuseava o rifle, acontece.

Marat - " foi morto por uma mulher, aprontou alguma coisa, foi crime passional, acontecectida hora. Na época não tinha ambulância, demorou a ser atendido, perdeu muito sangue.

Lincoln - "uma fatalidade. Não deveria ter ido ao teatro. A peça em cartaz era muito ruim. Não valia a pena".

Chico Mendes - "foi crime passional. Acontece todo dia.

Zuzu Angel - "um acidente de trânsito. Um caso para mandar um reboque, nem precisava investigar".

Atentado ao Charlie Hebdo - "provavelmente foi a reação de um assinante desgostoso por não estar recebendo o jornal".

Invasão do Capitólio - apoiadores de Trump queriam fazer apenas um passeio turístico. Era uma despedida do governo que saiu do controle, acontece.

Morte de Genivaldo na câmara de gás do camburão - um erro na dosagem de gás. Isso aí acontece, pode ser defeito da bomba de gás. O rapaz deveria ter ofendido a respiração.

Escândalo de propinas para pastores dentro do Ministério da Educação - " isso aí foi esclarecido, pediam o dízimo que é dito na bíblia. Nada ilegal. Bobagem, o melhor que a mídia tem a fazer em mudar de assunto.

sábado, 16 de julho de 2022

Na capa da Carta Capital: o longo braço do bolsonarismo

 


Investigação acima de qualquer suspeita...


 

Acima, reprodução do Globo, hoje, coluna de Ascânio Seleme 
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por José Esmeraldo Gonçalves

O filme Investigação Sobre Um Cidadão Acima de Qualquer Suspeita (Indagine su un cittadino al di sopra di ogni sospetto), de Elio Petri, lançado em 1970, conta a história de um comissário de policia que mata a amante e espalha nno local do crime todas as provas que o incriminam. Com esse jogo fatal, o policial quer mostrar que, apesar de todos os indícios, a lei jamais o alcançará. O filme de Petri é atualíssimo, disseca a corrupção, a arbitrariedade. a insolência de agentes da lei. 
Deveria voltar aos cinemas e ser amplamente divulgado no streaming. O  noticiário mostra que o Brasil atual reencena a cada momento, na vida real,  o filme de Elio Petri. 

quinta-feira, 14 de julho de 2022

A selfie do carnaval "secreto" hoje em Brasília. É a comemoração do Estado de Emergência

 


por O.V.Pochê

Brasília está em festa.  Foi decretado sigilo de 100 anos para o lugar onde a farra está acontecendo, mas recebemos essa selfie exclusiva. Saiu cara, custou um trator superfaturado. Uma das atrações da comemoração será um sorteio de emendas do relator que dará direito a 3 mil caixas d'água com sobrepreço amigo. Incluídas no quesito "despesas para exercício do mandato", verbas de gabinete custearam uísque em proporções bíblicas. Chope, picanha e Viagra estão no mela-cueca oficial como "doação para campanha". Charutos e as notas de 100 dólares para acendê-los foram pagos por verbas da Saúde. Tudo dentro da lei, segundo as assessorias de suas excelências. A festa não tem hora pra acabar. 

Pode até ser que o Brasil acabe antes.

Poluição demográfica: “Eu sou um de oito bilhões! ” • Por Roberto Muggiati

 

Aglomeração distópica no lazer. Reprodução Instagram 


Deu no jornal na última terça-feira que em novembro a população do planeta ultrapassará os 8 bilhões. Em novembro estarei com 85 anos de idade. Portanto, só no meu modesto tempo de vida, este pequeno geoide teve sua população aumentada quase quatro vezes! 

Há algum tempo criei um conceito que, se não repercutiu nos meios acadêmicos, deve ter sido por causa do Efeito Groucho Marx (“Eu jamais entraria para um clube que me aceitasse como sócio...”) Tenho a certeza de que é um conceito sólido que tem tudo a ver com as mazelas sócio-políticas do nosso tempo: a “poluição demográfica”. 

Considero-me até um otimista, acho um milagre que a nave Terra ainda não tenha explodido. O excesso de gente se acotovelando pelas ruas – por necessidade de sobrevivência correndo atrás do leite das crianças, ou pela busca insana do prazer nas baladas da noite – é um espetáculo atroz. 

A esta altura me vem à cabeça aquela fala esperta e urgente: “Parem o mundo, eu quero saltar fora!” Muitos já a ouviram, poucos sabem a origem. É o título de um musical de sucesso dos autores ingleses Leslie Bricusse e Anthony Newley, Stop the World – I Want to Get Off, lançado em Londres em 1961 e que depois fez sucesso na Broadway. Segundo o pianista Oscar Levant, o título foi inspirado num grafito. Ah, a sabedoria dos anônimos.

O lado bom da pesquisa da ONU que anunciou os 8 bilhões para novembro é que, pela primeira vez em meio século, graças à Covid, a expectativa de vida no mundo caiu de 72,8 anos para 71 anos. No Brasil a queda foi ainda maior, de 75,3 para 72,8 anos. Segundo esses critérios, estou com o saldo devedor, melhor ficar quietinho no meu canto...

O Tema do 007 faz 60 anos • Por Roberto Muggiati


Monty Norman: o autor do tema do 007. Foto: Divulgação


Estreou em 1962 a série de filmes do espião 007 com O satânico Dr. No. Com ele, o tema sonoro composto pelo inglês Monty Norman e arranjado por outro compositor de trilhas da série, John Barry.

O tema foi assim descrito por outro autor de música para filmes de James Bond, David Arnold: “Aquele som envolvente com suingue de bebop acoplado a uma guitarra elétrica viciosa, sombria e distorcida de puro roquenrol representava tudo o que você queria saber sobre o personagem: abusado, arrogante, confiante, dark, perigoso, insinuante, sexy, irrefreável.

E Norman comprimiu tudo isso em apenas dois minutos. ”

O tema abriu todos os 27 filmes da série, até o mais recente, Sem tempo para morrer (2021). Só há uma nota triste em tudo isso: a morte de Monty Norman, aos 94 anos, na última segunda-feira, 11 de julho, depois de uma breve doença. Mas seu tema imortal continuará eletrizando as plateias enquanto houver Bond, James Bond.

OUÇA AQUI O TEMA ORIGINAL

James Bond Theme (From Dr. No) - YouTube

Da Folha: sobre mansos, domesticados e adestrados

 

Reprodução Folha de São Paulo. Clique na imagem para ampliar

quarta-feira, 13 de julho de 2022

Mídia: sempre contra qualquer avanço social

 


Posições como essa que o título do Globo anunciou há 60 anos são comuns na história do principal jornal da direita. O Globo foi contra salário mínimo, contra o decimo-terceiro, contra os Cieps, contra universidades públicas, contra sistema de saúde pública, contra reforma agrária, contra Bolsa Família, contra Minha Casa Minha Vida, contra luz para todos, SUS etc, muitos etcs. Para fazer valer sua ideologia e o ódio contra avanços sociais, O Globo foi e vai muito além do jornalismo. Ao longo da história apoiou golpes, desde a conspiração que levou Getúlio ao suicídio, o golpe e a ditadura de 1964, apoiou Collor a ponto de manipular um debate presidencial (no caso a TV Globo), fechou com o golpe que derrubou Dilma Rousseff, apoiou a eleição de Bolsonaro e deixa claro que em um eventual segundo turno nas próximas eleições vai de Bolsonaro e Paulo Guedes. Detalhe: João Goulart assinou a lei do 13* em 1962 quando O Globo já participava da preparação do golpe de 1964. O título que enfatiza o " desastre" já fazia parte do golpismo endêmico do jornal.

Não brinquem com o Vesúvio

 

Reprodução - extra.globo.com

Silva Jardim não teve a mesma sorte. Por Roberto Muggiati

Silva Jardim
O republicano e abolicionista brasileiro Antônio da Silva Jardim, aos 30 anos de idade, visitou Pompeia, na Itália e, curioso por conhecer o vulcão Vesúvio, mesmo tendo sido avisado de que ele poderia entrar em erupção a qualquer momento, em 1º de julho de 1891 foi tragado por uma fenda que se abriu na cratera da montanha - não se sabendo se foi um acidente ou um ato voluntário.
De acordo com reportagem do jornal "A Pátria Mineira", de 30 de julho de 1891, da cidade de São João del Rei, acessível por meio do sítio do Arquivo Público Mineiro, a morte de Silva Jardim teria sido um acidente, testemunhado por um guia e seu amigo Joaquim Carneiro de Mendonça. Segundo o relato, o jornalista teria sido engolido por uma fenda junto ao Vesúvio, do que se salvou, ferindo-se, Carneiro de Mendonça, que fora auxiliado pelo guia local. O jornal menciona a fonte das informações como a "Carta Parisiense", de Xavier de Carvalho, dirigida ao "Paiz".