quarta-feira, 28 de julho de 2021

Governo homenageia o "Rambo" ruralista

 

Reprodução Twitter

Além de ter armas como "instrumentos de trabalho", traficantes e milicianos cultivam uma espécie de fetiche por fuzis, pistolas e espingardas 12. É comum postarem nas redes sociais fotos em que exibem o arsenal. 

A Secom, da Presidência da Republica, parece gostar da mesma estética. 

Para homenagear os ruralistas - hoje é o Dia do Agricultor - o Planalto elaborou uma campanha cujo destaque é um homem com um rifle em meio a uma plantação. Os "gênios" da Secom devem achar que essa é a ferramenta principal dos agricultores, antes de arados, tratores e enxadas. A cena remete à política do governo Bolsonaro empenhado em armar apoiadores. 

Para a ultra direita em se plantando tudo é bala.


Brasileiro tem que ser estudado... O Bananão, como dizia Ivan Lessa, não é para amadores

 

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segunda-feira, 26 de julho de 2021

Sobrou emoção no Japão. Rayssa é prata! Ítalo é ouro!

 

Rayssa, a pequena  heroína. Foto de Wander Roberto/ COB/Divulgação

Rayssa Leal, 13, circulava pelo Skate Park Olímpico com a mesma naturalidade que demonstra nos seus vídeos na cidade natal, Imperatriz, no Maranhão. A menina que conquistou Tóquio fez história nos como a atleta mais jovem a ganhar uma medalha nas Olimpíadas, isso em longos 85 anos, e na estreia do skate como modalidade olímpica..

“Não caiu a ficha ainda. Poder representar o Brasil e ser uma das mais novas a ganhar uma medalha. Eu estou muito feliz, esse dia vai ser marcado na história. Eu tento ao máximo me divertir porque eu tenho certeza de se divertindo as coisas fluem”, disse, ainda sob a emoção da vitória. Na disputa final, Rayssa somou 14,64 pontos. As japonesas Nishiya Momiji, com 15s26, foi ouro, e Funa Nakayama, com 14,49, ganhou a medalha de bronze. 

Rayssa revelou esperar que em 2024, nos Jogos de Paris, as meninas do Brasil estejam de novo representando país. 


Italo Ferreira: na onda do ouro. Foto Jonne Roriz. COB/Divulgação

Italo Ferreira, de Baía Formosa, Rio Grande do Norte, ganhou medalha de ouro. Também fez história ao subir no pódio na estreia do surfe nas Olimpíadas. Ítalo deu um show nos aéreos. Certamente, em 2024, poderá brilhar ainda mais nas ondas gigantes de Teahupoo, no Taiti, Polinésia Francesa, que será o palco da disputa como parte da Olimpíada de Paris.

domingo, 25 de julho de 2021

Já temos polícia política. Leia o artigo abaixo que circula nas redes sociais desde as manifestações de ontem

por Mauro Ventura (do Facebook)

Ao fim da manifestação do dia 3 de julho, no Rio, um amigo jornalista passou por um cordão de policiais e ouviu:

- Vontade de jogar uma granada.

A frase foi dita provavelmente como uma afronta a ele, que estava com uma bandeira de “Fora Bolsonoro”. Meu amigo, claro, não reagiu. Com meu pessimismo habitual, pensei: “Vai chegar o momento em que as provocações vão deixar de ficar na ameaça e se tornar realidade.” É explicável. À medida que os protestos se avolumam e incomodam cada vez mais o governo, a tendência é começarem as confusões, numa tentativa de macular e criminalizar as manifestações. Seja por parte de vândalos, black blocs, policiais ou extremistas de direita infiltrados. 

Não deu outra, ainda que de forma isolada. Eu só não poderia imaginar que viraria alvo. Antes de continuar o relato, recuemos até o início do ato deste 24 de julho. Estava lindo, como os anteriores. Mas a impressão que dava era a de que os cariocas vivem na cidade mais tranquila do mundo - e a de que todos os possíveis criminosos estavam concentrados na Avenida Presidente Vargas. Afinal, parecia que boa parte do aparato policial do Rio tinha sido deslocado para lá. Isso criava uma tensão desnecessária no ar – as pessoas ali estavam mais interessadas em se manifestar de forma incisiva, mas ao mesmo tempo criativa contra o governo. 

 Em alguns trechos, os policiais chegaram a montar barreiras para bloquear o caminho das pessoas, algo que não havia acontecido nos três primeiros atos. Fiquei me perguntando a razão. Um dos PMs exibia ostensivamente a arma - que me parecia de bala de borracha -, movendo-a de um lado para outro, numa manifestação de força dispensável.

Mais para o fim do protesto, um grupo de policiais começou a se movimentar ruidosamente para a Avenida Rio Branco. A curiosidade profissional falou mais alto e decidi segui-los. Junto, havia um pequeno grupo de manifestantes, fotógrafos e jornalistas. 

A certa altura, os policiais começaram a revistar aleatoriamente quem estava em volta. Não sei por que me pouparam. Não encontraram nada além de documentos, álcool gel, celulares. Um dos policiais disse aos demais:

- Vamos arrumar um sozinho. Faz um cerco por todos os lados. 

Os PMs formaram então um cordão. O que parecia o chefe elegeu um rapaz que estava com uma mochila e alguns malabares e disse: 

- Tá preso! Desacato.

Não entendi a razão. O problema é que desacato a autoridade é algo complicado. Debaixo desse guarda-chuva, pode estar de fato uma ofensa a um funcionário público como pode estar uma simples cisma de uma autoridade. 

Os policiais empurraram o rapaz para a parede, revistaram-no e o obrigaram a se sentar. As pessoas em volta, indignadas, começaram a gritar: “Solta!”, “Os bandidos estão em Brasília!”, “Polícia de Bolsonaro!”. 

Os PMs fizeram uma barreira para impedir que as pessoas se aproximassem, e trataram de afastar quem protestava – e até quem só observava, como era meu caso. Primeiro com empurrões, depois com spray de pimenta. Num determinado momento, um dos jatos atingiu meus olhos, provocando uma ardência indesejada. Para minha sorte, não foi disparado diretamente a mim, mas sim a quem estava a meu lado. Mas foi suficiente para me deixar ligeiramente desnorteado.

 Nessa hora, percebi que todo mundo se afastava de mim. Esfreguei os olhos, espiei para baixo e notei a razão. Haviam jogado o que parecia ser uma bomba do meu lado. Não tinha ideia do que poderia ser. Se fosse de gás lacrimogêneo, eu ia penar. Já estive em protestos em que a polícia jogou bombas de gás e sofri, mesmo estando à distância. E se, por outro lado, fosse bomba de efeito moral, daquelas que explodem com grande estrondo e soltam nuvem de talco? Ou daquelas que produzem um clarão que desorienta temporariamente? Na hora, não deu para pensar em nada disso. Somente: “Ferrou.”

O artefato explodiu junto a meus pés. Felizmente, não era nada demais. Fiquei curioso de saber do que se tratava, já que só fez algum barulho. Não teve nenhuma consequência além de um susto. 

- Vou tacar outra! – gritou um policial. 

Ainda que a primeira não tenha causado nenhum estrago, achei mais prudente me afastar. E continuei acompanhando. Logo depois, os policiais pararam uma patrulhinha do 5º Batalhão, pegaram uma algema e arrastaram o malabarista agressivamente para dentro da viatura. 

- Malabar agora é crime – espantou-se uma moça a meu lado.

Na capa da Veja: uma teocracia sobre a sua cabeça


Da Veja: "A defesa dos interesses da Universal em Angola — uma violação à Constituição — é o exemplo mais recente da aproximação Igreja-Estado no Brasil"



Arles: do café de Van Gogh à Torre de Frank Gehry • Por Roberto Muggiati

Le Café de nuit,Van Gogh, Arles

Como bolsista do Centre de Formation des Journalistes de Paris, em 1961 – já rolaram 60 anos num piscar de olhos – fui escalado nas férias de Páscoa para estagiar no Midi Libre de Montpellier. Um redator do jornal, ex-aluno do CFJ, me despachou logo: não tinham tempo para me dar atenção, os fechamentos eram corridos e desgastantes. O diretor de redação assinou uma carta atestando que eu fizera um brilhante estágio e me liberaram. Além do estágio, eu devia escrever uma matéria sobre a região, o Hérault. Passei dois dias ouvindo funcionários locais e recolhendo farto material, escreveria quando voltasse a Paris. Sobrou muito tempo para fazer turismo no local, na época um destino de viagem quase virgem na França.

Visitei Carcassonne – cidade medieval preservada intacta – a região selvagem e pantanosa da Camarga – onde os ciganos da Europa fazem seu encontro anual em Les Saintes Maries de la Mer – e, na segunda-feira de Páscoa, fui até Arles – era dia de touradas – mas preferi procurar o café amarelo pintado por Van Gogh. Não existia mais, fora destruído por uma bomba na Segunda Guerra. (Nos anos 1990, reconstruíram algo no local simulando o “café Van Gogh”, atração turística que os incautos julgavam fosse o original.) Percorri os Alyscamps – também pintados por Van Gogh – necrópoles romanas: na língua da Ocitânia Alys Camps nada mais eram do que Campos Elísios... Depois de visitar em Paris a ilha da Grande Jatte – a obra-prima do pontilhista Seurat, que retrata um domingo de verão da belle époque, onde só encontrei lixo e ferro-velho – o Terraço do café à noite em Arles de Van Gogh foi outra que me ficaram devendo...

Luma Arles, de Frank
Gehry. Foto Divulgação
Um fato novo me leva àqueles tempos. Arles acaba de ganhar um museu fabuloso projetado pelo arquiteto canadense especialista em grandes museus, Frank Gehry – aquele do Guggenheim de Bilbao. A torre de sessenta metros não teria surgido sem o patrocínio da grande colecionadora suíça Maja Hoffman, herdeira das indústrias farmacêuticas do mesmo nome, em cujos laboratórios o cientista Albert Hoffman sintetizou em 1938 o ácido lisérgico, mais conhecido como LSD. Gehry disse que a inspiração da torre Luma foi a tela pintada por Van Gogh em Arles, Noite estrelada. Pelo visual da coisa, suspeito que ele possa ter recebido um “little help” psicodélico. Aliás, Van Gogh pintava como se tivesse tomado ácido. 

E, já que estou viajando, vamos ao prelúdio da Suite L’Arlesienne, dedicada à mulher de Arles, composta por Georges Bizet – sim, o pai da Carmen – adoro Bizet, pena que só viveu 36 anos, reparem o saxofone já no naipe de sopros, numa época em que a sinfônica esnobava o instrumento criado por Adolphe Sax.

Ouçam AQUI



sábado, 24 de julho de 2021

Até o dia clarear

Reprodução Twitter

A liturgia da bandalha

Reproduzido d Globo (24-7-2021)

O colunista Ascânio Seleme, do Globo, compara a primeira camada da linguagem do Senado e da Câmara, a versão cenográfica, com a segunda camada, a verdadeira. Entre uma e outra o jogo sem vergonha dos eufemismos. 

sexta-feira, 23 de julho de 2021

Cicciolina ainda choca? • Por Roberto Muggiati

Cicciolina na Manchete.
Foto de João Miguel Jr/Manchete


Dewi Sukarno, também à mesa na sede da Rua do Russel

Foto de Gil Pinheiro/Manchete


Em 1997, aos 45 anos, a musa do pornô italiano chocava (duplo sentido), em poses lascivas de galinha poedeira – só ela mesmo seria capaz – sobre a grande mesa de jacarandá do restaurante da Bloch para as câmeras da Manchete e da imprensa brasileira e internacional. (Na ocasião, fez uma ponta na telenovela Xica da Silva como uma cortesã genovesa.)

É bom explicar à rapaziada que pegou o bonde da História andando no milênio: Ilona Staller nasceu em 1950 na Hungria, foi espiã soviética na Itália, ganhou cidadania ao casar com um italiano, entrou com furor no nascente pornô peninsular com o nome de guerra de Cicciolina (“Fofinha”), daí como um vendaval na política radical, fundando o Partido do Amor e depois o DNA (Democracia, Natureza e Amor), tendo sido a segunda deputada mais votada nas eleições de 1987.

Agora, à véspera dos 70 anos, ela embarcou num projeto polêmico, o “Classic Nudes” (disponível no You Tube), um guia interativo que faz, sem autorização, para o site Pornhub, uma releitura picante de mais de cem obras-primas de museus como Louvre, Prado, MoMA, Uffizi e outros grandes. A volta de Cicciolina às manchetes me lembrou que não foi ela a única a sentir uma atração erótica irresistível pelas mesas da Manchete

Nos anos 1970, Adolpho Bloch recebeu no primeiro prédio do Russell a viúva do presidente da Indonésia, Dewi Sukarno, hoje com 81 anos, socialite, celebridade da TV, filantropa. Nascida em Tóquio, estudante de artes e garçonete, aos 19 anos conheceu o presidente indonésio de 57 anos, que casou com ela em 1962, nomeando-a Ratna Sari Dewi Sukarno – no sânscrito javanês, “a joia essência de uma deusa”. Presidente desde 1945, Sukarno foi derrubado por um golpe de Suharto em 1967 e morreu três anos depois. Ao visitar o Teatro Adolpho Bloch em novembro de 1974, a bela Dewi, no viço dos seus 34 anos, posou soberana e suavemente sexy sobre a mesa do foyer. 

Reparem: Cicciolina e Dewi ambas virginalmente de branco...


quinta-feira, 22 de julho de 2021

Forças nada ocultas (e o "voto impresso" como pretexto para um ataque desesperado à democracia)




por José Esmeraldo Gonçalves
O fato político do dia decorre de uma matéria do Estadão. Segundo o jornal, o ministro da Defesa, general Braga Neto, teria mandado um recado para o presidente da Câmara, Arthur Lira, basicamente avisando que as eleições de 2022 só acontecerão se o voto impresso for aprovado. 

O motivo da suposta pressão é a emenda em análise na Câmara que se aprovada obrigará a emissão de um "recibo" impresso do voto (mais conhecido, nas redes sociais, como "boleto da milícia", uma irônica referência ao que poderia ser um "comprovante" da compra e venda do voto. O projeto propõe que uma cédula seja impressa após a votação eletrônica, de modo que o eleitor possa conferir o voto antes que ele seja depositado 

(Veja informação abaixo, ao fim do post*)

Há cerca de duas semanas Bolsonaro expressou a mesma ameaça, publicamente. O que o general fez agora, de acordo com a reportagem, foi referendar e assinar embaixo da ofensiva contra a Constituição e a democracia. 

A matéria do Estadão protege as fontes, mas ressalta que vários políticos e até um ministro do STF têm conhecimento da ameaça de Braga, alguns testemunharam o recado. Os repórteres, como mostra a denúncia, checaram as informações em vários níveis. Braga Neto nega que tenha enviado o recado, mas admite que o Governo Federal defende o "voto eletrônico auditável". 

Bolsonaro e adeptos denunciam repetidamente fraude na apuração de votos. Desafiado a mostrar provas se acovarda também seguidamente. E já antecipa que só a fraude impedirá sua reeleição no ano que vem. Bolsonaro não é original ao lançar suspeitas sobre as urnas. Apenas segue a tática de Donald Trump, que aliás levou uma horda de apoiadores a invadir o Congresso americano, no dia 6 de janeiro, quando deputados e senadores confirmavam oficialmente a vitória de Joe Biden. 

A propósito dos instintos do ex-presidente americano, os jornalistas investigativos Philip Rucker e Carol Leonnig, do Washington Post, lançam o livro “I alone can fix it: Donald J. Trump's catastrophic final year” (“Só eu posso resolver isso: o catastrófico ano final de Donald J. Trump”), onde revelam que a cúpula militar dos Estados Unidos chegou a temer um golpe de Estado e teria se preparado para reagir. A primeira resposta seria um pedido de demissão coletiva caso Trump passasse a dar ordem ilegais. 

(*) O projeto que cria o voto impresso, apoiado pelo governo, vem na sequência de fake news que circulam nas redes sociais, Os defensores da medida alegam que o voto eletrônico não pode ser auditado. O TSE desmente. Veja trechos de matéria no site do tribunal: 

"Depois que a votação é encerrada, o total de votos registrados em cada aparelho é gravado em uma mídia digital. Posteriormente, o resultado é transmitido ao TSE por meio de uma rede exclusiva da Justiça Eleitoral, o que impede qualquer tentativa de interceptação por hackers. Os dados chegam criptografados ao Tribunal, onde são checados e somados por um programa. (...) Todo o processo pode sim ser auditado".

"Antes da eleição, os códigos-fonte usados na urna eletrônica podem ser conferidos no TSE. Durante todo o processo eleitoral, é permitido checar e auditar todos os softwares que realizam a totalização dos votos. Por fim, depois da votação, tudo fica registrado no Boletim de Urna (BU), um relatório detalhado, que contém, entre outras informações, o total de votos por partido e por candidato, bem como a totalidade de eleitores aptos a votar na seção e a quantidade de votos nulos e brancos".

"Quer verificar o resultado da sua seção eleitoral, cidade ou até de todo o país? Você pode: basta checar o Boletim de Urna disponibilizado após o término da votação ou no Portal do TSE. 

Nas telas do 'Braziu!'

sábado, 17 de julho de 2021

Braziu!

 

Reprodução Twitter

A olimpíada do vírus: medalhas no álcool gel

 

A Veja levanta a polêmica da realização da Olímpiada em plena pandemia. Já se sabe que a "bolha" não funciona. Já há casos em hotéis e até na cidade olímpica. 

E o Brasil deu sua contribuição para o risco sanitário. Parte da delegação brasileira se recusou a se vacinas. O COB calcula que 25% dos atletas apostaram no risco, outros, outros tomaram apernas a primeira dose. 

Tremenda falta de consciência social. O esporte não pode estar acima da responsabilidade cidadã.  

Com aparência de brinquedo, essa pistola mata

 

Reprodução Instagram Culter Precision

A empresa norte-americana Culper Precision desenvolveu um arma letal com aparência de brinquedo. Por força do poderoso lobby da NFA (National Rifle Association) muitas pessoas nos Estados Unidos talvez não se choquem tanto com o produto, mas o design da peça sinistra, com aparência de lego, é atraente para crianças. Criticada, a empresa diz que sua intenção foi prestigiar os esportes de tiro. 

O Brasil vive a era do liberou geral das armas de fogo. Inundado de pistolas e até armas de guerra, o país já constata os efeitos mortais das nova legislação nas recentes estatísticas. Parte dessas armas, a polícia alerta sobre isso, vai parar nas mãos de assaltante ou elementos do tráfico e da milícia.

Aqui, há casos de assaltantes desmonetizados que usam réplicas de armas. A polícia também aconselha ao cidadão não reagir nunca, mesmo diante da duvida se a arma é de brinquedo ou de verdade. Então, vale o aviso: se a arma parecer de brinquedo, não reaja. Pode ser a irresponsável pistola da Culter. O "brinquedo" dispara balas fatais.

Publimemória: quando a Varig era top, passageiro não passava fome e a Manchete pegava carona...

 


Anos 1960. O Boeing 707 da Varig voava absoluto para os principais destinos do mundo. O passageiro da empresa brasileira, que tinha à disposição o "diner a la carte", jamais imaginou que um dia empresas aéreas ofereceriam jejum a bordo ou amendoim ressecado como primeiro "prato" seguido de barra de cereal. 

No tempo das fotos analógicas em que o material dos fotógrafos era despachado por avião, a Varig era grande parceira da Manchete. Solícitos, pilotos e tripulantes traziam os envelopes com filmes para fechamento do material internacional das edições. Quando não era possível alcançar a tripulação antes do embarque, a solução era apelar para um passageiro. Com base na descrição que chegava por telex ou telefone - "homem alto, de óculos, cabelo reco" ou "mulher loura, magra, de blusa verde e minissaia", alguém da equipe dos Serviços Editoriais, da redação carioca, recebia o portador no velho Galeão. O jargão interno para despachar e receber fotos era "fazer um passageiro".

Hoje, com tanta segurança, seria bem difícil um passageiro abordado no aeroporto topar carregar um envelope entregue por um desconhecido. 

Outra resultante da parceria Manchete-Varig era a disponibilidade da edição semanal da revista para os passageiros de todos os voos da companhia. No anúncio reproduzido acima uma aeromoça - atualmente o correto é comissária de bordo - no seu beliche de descanso lê uma revista. 

A ilustração acima foi enviada ao blog pelo colega Nilton Muniz que trabalhou nos Serviços Editoriais da Bloch, precisamente o setor que durante décadas, até a chegada do digital, era encarregado de resgatar nos aeroportos filmes e fotos que a Varig transportava por cortesia e as redações das revistas aguardavam com ansiedade para fechar páginas abertas. Sem atrasar a happy hour no Novo Mundo. (José Esmeraldo Gonçalves)

quinta-feira, 15 de julho de 2021

Caparam o Capão, ou Aqui Jazz • Por Roberto Muggiati*

Festival de Jazz do Capão. Foto Divulgação



Os regimes totalitários odeiam o jazz, vejam o nazismo e o estalinismo. As facções racistas e reacionárias odeiam o jazz, vejam a quantidade de músicos norte-americanos que preferiu morar e tocar na Europa. 

Agora – retardado como sempre – o “Brasil oficial” adere à onda de ódio ao jazz, uma das manifestações de arte mais libertárias da nossa época, ao lado do cinema. A Funarte acaba de vetar apoio da Lei Rouanet à nona edição do Festival de Jazz do Capão, na Chapada Diamantina, Bahia. O motivo do veto foi que o evento se declarou “antifascista e pela democracia” – como se isso fosse algo nocivo à sociedade brasileira. Mais um vexame para nossa cultura aos olhos do mundo. Para Tiago Tao, o produtor do evento, a não aprovação tem viés ideológico: “Não houve um parecer técnico, nenhuma avaliação do programa. O governo usa argumentos que beiram a bizarrice. Aliás, o governo não foi citado, mas vestiu a carapuça.”

Raul de Souza. Foto Emmanuelle Nemoz/rauldesouza.net  

Realizado há dez anos, o Festival do Capão já reuniu Hermeto Pascoal, Raul de Souza, Ivan Lins, Naná Vasconcelos, Toninho Horta, Orquestra Rumpilezz, Egberto Gismonti e outros nomes de relevo internacional.


... E o Mago tirou um Coelho da cartola 

Paulo Coelho e Christina Oiticica. Foto paulocoelhoblog.com

• O jazz já foi chamado “o som da surpresa”. Enquanto essa matéria ia para nossas prensas digitais, foi anunciado que o escritor Paulo Coelho e sua mulher, a pintora Christina Oiticica, se ofereciam para bancar os custos do Festival de Jazz do Capão. (“Única condição: que seja antifascista e pela democracia”.) Como diria Shakespeare, bem está o que bem acaba... Bela notícia para um 14 de julho em que se comemoram os 232 anos da Queda da Bastilha.

 *Roberto Muggiati é autor dos livros O que é jazz, New Jazz: de volta para o futuro e Improvisando Soluções.