| Cromos largados nos estúdios abandonados de Rede Manchete - Reprodução Vouglar |
| Abandonados: o que resta dos antigos estúdios da Rede Manchete em Água Grande. Reprodução Vlougar |
| Rafael Ramos |
| Cromos largados nos estúdios abandonados de Rede Manchete - Reprodução Vouglar |
| Abandonados: o que resta dos antigos estúdios da Rede Manchete em Água Grande. Reprodução Vlougar |
| Rafael Ramos |
| Arnaldo Baptista, Rita Lee e Sergio Dias. Foto de Antonio Trindade/Manchete |
Numa estratégia equivocada, o velho VeeCee, 61 anos, adotou a grade funcional da Time, copiando seu expediente, preenchendo centenas de empregos com os melhores jornalistas do Brasil. O êxodo das redações cariocas para a Pauliceia somava algumas dezenas de editores, redatores e repórteres. Acontece que a Time – iniciada com um punhado de bravos em 1923 – evoluiu palmo a palmo até sua configuração de 1968, ao longo de cinco décadas, num cenário sociocultural específico, atravessando os crazy twenties, o crack da Bolsa, a Depressão, a Segunda Guerra, o boom dos anos 50, a Guerra Fria e os swinging sixties, ou seja, um cenário tipicamente norte-americano.
Ainda: a campanha publicitária dava a impressão de que a Veja seria a Manchete da Abril. Esse erro foi bombasticamente reforçado na véspera do lançamento: transmitido pela TV em cadeia nacional às 20 horas de domingo 8 de setembro (a revista saía às segundas com a data de capa de quarta), um documentário de Jean Manzon mostrava a Veja cobrindo todas as frentes de guerra do mundo, que não eram poucas na época. A Abril se deu conta da imagem truncada ainda na fase dos “números zero” e – pior a emenda que o soneto – acrescentou ao veja do logotipo as palavras e leia. Fez ainda uma maciça distribuição de brindes para meio Brasil: uma lupa num estojo com a logomarca veja e leia.
| A "Árvore" no topo da antiga sede da Abril, na Marginal Tietê |
Record acompanhando Gilberto Gil em Domingo no Parque; no ano seguinte fizeram história na final paulista do FIC, cantando sob vaias o polêmico É proibido proibir de Caetano Veloso.
O recente anúncio da doença de Rita Lee me fez voltar àqueles tempos e me sentir, de certa forma, culpado. Não havia nenhum espaço decente na Abril para receber celebridades. Tinham de comer no horroroso galpão de madeira comunal dos jornalistas e demais empregados, que ficava num anexo ao lado do prédio da editora – quando chovia, e amiúde chovia grosso, todo mundo se encharcava. Senti-me vexado ao receber os garotos – Rita e Arnaldo tinham 20 anos, Sérgio 18. Ainda não tinha aflorado ao sangue da ruivinha a rebeldia sulista de seus antepassados que lutaram na Guerra da Secessão – as irmãs, Mary Lee e Virginia Lee também foram nomeadas em homenagem ao general confederado Robert E. Lee – mas cheguei a recear, da parte de uma Rita Lee afrontada, algum protesto, como batucar numa panela, igual à matriarca dos filmes de faroeste, e chamar os caubóis para o rancho: “Come and get it!”
No ano e meio que passei na Veja em São Paulo só uma vez fui convocado por Seu Victor para receber um convidado VIP, Abelardo Barbosa, o Chacrinha, recém-consagrado “Velho Guerreiro” por Gilberto Gil em Aquele abraço, o hino de despedida do baiano ao partir para o exílio em Londres. Foi um almocinho tacanho naquele pequeno anexo na cobertura do prédio encimado pela árvore da Abril. Um cardápio tão banal que não guardo a menor lembrança do que foi servido. Não podia haver maior disparidade de temperamento entre o Civita e o Chacrinha, o motivo do encontro era um negócio, os dois iam ganhar muito dinheiro à custa do outro. Chacrinha era tão genial que tinha resumido toda a teoria do Marshall McLuhan num bordão: “Quem não se comunica, se trumbica.”
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| Glauber Rocha na capa da Veja, 1969 |
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| Na Veja, em 1968. Foto Acervo Pessoal |
Pouco depois, eu voltava ao “balneário da república” para dirigir a Fatos&Fotos, na empresa que Adolpho Bloch definia como “um grande restaurante que, por acaso, imprimia revistas”. Em breve, aguardem no Panis Cum Ovum – até o título do nosso blog é uma referência culinária – um suculento relato sobre o Império Gastronômico da Manchete.
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| Jim Morrison, 1967. A famosa foto de Joel-Brodsky. Reprodução San Francisco Art Exchange (link) |
| O túmulo no Cemitério Père Lachaise. Reprodução Facebook |
| E afluência dos fãs no 50ª aniversário da morte do artista. Reprodução You Tube |
(Veja matéria recente no Panis:
https://paniscumovum.blogspot.com/search?q=CLUBE+27+ROBERTO+MUGGIATI)
Em meados dos anos 70, o editor de Manchete, Justino Martins – embora próximo dos sessenta anos, portanto duplamente “careta”, segundo a máxima da contracultura “não confie em ninguém acima dos trinta” – se mostrou particularmente sensível ao “poder jovem” e pediu-me que escrevesse uma série na revista, Os jovens que sacudiram o coreto. A série acabou virando livro, pela L&PM, em 1984, Rock: do sonho ao pesadelo.
Eram 15 perfis, o de Jim Morrison, o vocalista-poeta de The Doors, intitulado Arrombando as portas da percepção. Cito aqui a parte relativa ao seu estranho fim:
“Cansado do rock, das gravações e dos concertos, esgotado e desiludido após uma série de processos – no principal deles acusado de obscenidade durante um concerto em Miami – ele embarcou para Paris com Pamela no começo de março de 1971. No dia 3 de julho foi encontrado morto na banheira do seu apartamento, perto da Place des Vosges. Sua morte continua um mistério até hoje. Não foi feita nenhuma autópsia, não se encontrou o médico que assinou o atestado de óbito. O empresário de The Doors, Bill Siddons, foi chamado de Los Angeles e, ao chegar em Paris, encontrou um caixão lacrado e o atestado de óbito. Só seis dias após a morte do cantor, Siddons divulgou uma notícia à imprensa:
“Jim foi enterrado numa cerimônia simples, na presença de poucos amigos íntimos. Guardamos silêncio em torno do acontecimento porque aqueles que o conheciam e amavam queriam evitar a badalação e a atmosfera circense que cercaram as mortes de outras personalidades do rock como Janis Joplin e Jimi Hendrix. Jim morreu serenamente de causas naturais – ele estava em Paris desde março, com sua mulher, Pamela. Tinha consultado um médico em Paris para tratar de um problema respiratório no sábado – o dia de sua morte.”
Pamela, a única testemunha da morte de Jim, nada esclareceu. E acabou morrendo de uma overdose de heroína em maio de 1974. Jim foi enterrado no cemitério do Père Lachaise, em Paris, o mesmo que abriga os corpos de músicos e escritores famosos como Edith Piaf, Chopin, Bizet, Balzac, Oscar Wilde e outros. Seu túmulo, sempre coberto de graffiti, é até hoje o centro de uma peregrinação interminável de jovens. Outros preferem acreditar que tudo não passou de uma farsa, que Jim Morrison ainda vive numa fazenda qualquer do Texas ou num buraco gelado do Alasca.”
Neste ano do cinquentenário – 3 de julho caiu num sábado – por conta da pandemia apenas cem fãs foram autorizados a visitar o túmulo, atrás de barreiras e vigiados por dois policiais. Vindos de todos os cantos do mundo, alguns deles têm a certeza de que o túmulo está vazio. Vieram apenas para homenagear o ídolo que, no vigor dos 77 anos, apascenta suas cabras e ovelhas em algum lugar remoto da terra, ou nem isso: dedica-se simplesmente a cultivar a nobre arte do dolce far niente...
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| Fatos & Fotos, 1982 |
Estão falando alto pelos botecos... Delta, a cepa. Voto, o impresso.
Delta é a nova cepa da Covid-19, capaz de impulsionar novo ciclo de contaminação. Segundo os infectologistas, a lentidão da vacinação pode deixar o país exposto à Delta. O risco só diminuirá quando a imunização alcançar 80% da população.
Voto impresso é o golpe que o governo prepara contra as eleições de 2022. Poderá ser usado, se aprovado, como uma espécie de comprovante do voto vendido. Algo a ser mostrado a quem pagou pela "mercadoria" entregue, como se fosse um boleto quitado e carimbado.
Quase 40 anos depois, as duas palavras, Voto e Delta, voltam a se encontrar no noticiário, agora nas circunstâncias descritas acima. Mas em 1982 Delta era o elemento-chave do escândalo Proconsult, um complô contra a eleição de Leonel Brizola para o governo do Estado do Rio de Janeiro. A palavra estava em todos os jornais e revistas. E o voto (impresso) era o alvo daquela enorme tentativa de fraude eleitoral.
Em 1982, o voto era analógico, não havia a maquininha do "confirma". O eleitor preenchia a cédula e depositava na urna. Era comum políticos donos de currais eleitorais entregaram ao eleitor "de cabresto" a cédula já preenchida com o "x" e os nomes do candidatos indicados. Se a cédula era o "impresso" da época, a totalização dos votos após a apuração manual dos mesários era feita por computadores. Grupos de mídia, políticos e empresários insatisfeitos com a liderança de Brizola nas pesquisas viram nesse sistema uma brecha para a fraude eleitoral. Os fraudadores ligados ao regime militar montaram um programa que transferia votos nulos e brancos para Moreira Franco, adversário de Brizola e o nome preferido pela ditadura. A variável que levava à fraude para a totalização foi chamada de Diferencial Delta. A maracutaia foi denunciada pelo jornalista Procópio Mineiro, da Rádio Jornal do Brasil. Em seguida, Brizola denunciou o golpe à imprensa internacional, abortou o crime e teve confirmada sua vitória por larga margem.![]() |
| Ernest Hemingway no Quênia, em 1953. Foto: U.S. National Archives and Records Administration |
| Paris, 3 de julho de 1961. Foto Acervo Pessoal |
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| Com Olli e Peter, em Paris, nos passos de Hemingway. Foto: Acervo Pessoal |
Peter Jay Solomon era filho de uma tradicional família de banqueiros judeus de Nova York e estagiava num banco americano na região da Opéra. Em suas folgas de almoço, comíamos sanduiches no Harry’s Bar e folheávamos os livros da Brentano’s. Também voltou para a casa dos pais, mas marcou um encontro comigo em 1963 nas touradas de Pamplona, cenário do romance de Hemingway que retrata a "geração perdida", O Sol Também Se Levanta.
Quase todo mundo que eu conhecia em Paris na primavera de 1961 estava com o pé na estrada a caminho de Pamplona. Americanos, canadenses, nórdicos, meridionais aquela fauna estrangeira que se esparrama pelos boulevards e cafés de calçada quando o sol volta a brilhar. Muitos costumavam se reunir num café do Odéon frequentado por espanhóis para ouvir as guitarras, ver a dança flamenca e viver a fiesta por antecipação.
Naquela segunda-feira, 3 de julho, quando os jornais noticiaram a morte de Hemingway, já deviam estar todos em Pamplona, para a festa das San Fermines. Dois anos depois, morando em Londres, fui até Pamplona para o encontro marcado com Peter Jay. Quando cheguei à pensión designada, ele já havia partido com a noiva, até hoje não soube o que aconteceu e nunca mais o vi. Decidi ficar e aproveitar a fiesta. Comprei uma bota, aquele odre de couro que os espanhóis enchem de vinho barato e esguicham garganta abaixo. Eu errava sempre o alvo e o vinho espalhava-se pelas roupas claras, tinto como sangue. Pelo menos não era o sangue que manchava as roupas dos espanhóis mais afoitos, que corriam pelas ruas estreitas que desembocavam na arena, perseguidos por um tropel de miúras furiosos.
Quando não havia corridas, sentava-me em meio a uma horda internacional no centenário Café Iruña, frequentado por Hemingway e cenário do filme de 1957 O Sol Também Se Levanta. Hemingway estivera ali pela última vez no verão de 1959, imaginem, apenas quatro anos antes... Coerente com sua opção ideológica, chegando a lutar na Revolução Espanhola, ficou 14 anos sem pisar na Espanha franquista, só voltando a partir de 1953, por força de sua paixão pelas touradas.
No discurso que mandou para ser lido em Estocolmo quando ganhou o Prêmio Nobel de Literatura em 1954, Hemingway escreveu; "Na melhor das hipóteses, o fato de escrever implica numa vida solitária..." Mas ele não parou de escrever, mesmo minado por uma série de doenças: diabetes, hipertensão, arterioesclerose, obsessão da morte. A escolha final foi consciente. Como escreveu Carlos Baker na sua biografia de Hemingway: "Agarrara-se durante anos à máxima Il faut (d’abord) durer. Agora ela fora trocada por outra máxima: Il faut (après tout) mourir. "
Na obra de Hemingway, Paris é uma cidade mitológica. Pamplona também. As pessoas passam, Paris e Pamplona ficam. No espírito do Eclesiastes, seu texto favorito da Bíblia, a terra permanece e Hemingway vê as pessoas mais com piedade do que com ironia. Esse sentimento é sintetizado em O Sol Também Se Levanta pelo refrão de Mike Campbell, bêbado no meio da fiesta, comparando o ser humano aos balões (globos iluminados, em espanhol) e aos fogos de artifício que explodem à noite no céu de Pamplona:
"Globos iluminados” – disse Mike. “Um bando miserável de globos iluminados."
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| Foto de William Wegman (link para site do fotógrafo indicado no post) |
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| Foto de William Wegman. Link para site do fotógrafo indicado no post |
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| Foto de Elliott Erwitt. Foto para Instagram do fotógrafo indicado no post |
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| Foto de Elliott Erwitt. Link para Instagram do fotógrafo indicado no post |
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| Reprodução O Globo |
Recentemente, Bolsonaro gabou-se por ser “Sou imorrível, imbroxável e também incomível”. Não contava com a astúcia de duas felinas que a foto de capa do Globo mostrou ontem. A deputada federal Joyce Hasselmann, ao microfone, e Gleise Hoffmann, à direita, de máscara vermelha, são ideologicamente distantes, mas o "incomível" conseguiu uni-las na apresentação do super pedido de impeachment. Além da simetria dos sobrenomes, Joyce, 43, e Gleise, 55, têm afinidades geográficas. São paranaenses, a primeira de Ponta Grossa, a segunda, de Curitiba. O fato é que ambas, cada uma na sua trincheira, têm DNA de guerreiras. O pedido de impeachment tem notórias dificuldades para avançar em uma Câmara dos Deputados em sua maioria aparelhada pelo bolsonarismo. De qualquer forma, o "imbrochável" está no radar do pega pra capar das duas parlamentares.
| Reprodução Instagram |
| Reprodução Instagram |
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| Michael Pipoquinha - Foto: Divulgação\Reprodução YouTube |
Nascido há 25 anos em Limoeiro
do Norte, no Ceará,
Michael Pipoquinha começou no violão aos dez anos, mas, filho de contrabaixista, logo se apaixonou pelo instrumento. Mergulhou nos estudos, ganhou bolsas e conheceu seu ídolo, Arthur Maia – aos doze anos já estudava e tocava com ele. Aos treze anos, apresentando-se no quadro “De olho nele” no Domingão do Faustão, chamou a atenção do país em rede nacional. Já então Pipoquinha ganhava espaço com seus vídeos caseiros no YouTube e não parou mais – seus vídeos na internet chegam a milhões de visualizações.
Já na época, ao ouvi-lo pela primeira vez, um crítico exultou: “Pipoquinha é Pastorius puro!”, referindo-se ao gênio trágico do baixo, surrado até morrer, aos 35 anos, numa briga de bar na Flórida. Pipoquinha nunca escondeu sua admiração por Pastorius. “Uma gravação que realmente me marcou é Jaco tocando ‘Havona’ com o Weather Report. Tenho muitos heróis: na área do baixo seriam Jaco, Arthur Maia, Sergio Groove, Thiago do Espírito Santo, Victor Wooten, Nico Assumpção, John Patitucci e o grande Luizão Maia.”
Além dos milhares de ouvintes cativos da internet, Michael Pipoquinha tem conquistado fãs em apresentações ao vivo na Europa, África e América do Sul. Tocando o baixo elétrico com a velocidade de um cavaquinho, “Little Popcorn” fez uma feliz fusão das raízes nordestinas com o jazz, mais precisamente, com o bebop – um som que poderíamos chamar de forrop. “Minha maior alegria é comover as pessoas e leva-las à sensação de que realmente a música cura a alma”.
OUÇA MAIS: PIPOQUINHA NO XODÓ
https://www.youtube.com/watch?v=nfr7-f3Cr_8
Pô, aí já ‘tão de sacanagem com os enófilos: depois de batizarem mutações do vírus de ‘cepas’, agora inventaram os ‘sommeliers’ de vacinas...”
Fotos Manchete

A igreja católica representada na manifestação: padres e...

...freiras contra a ditadura. 
Artistas desafiam a opressão: na extremidade dessa ala vê-se Tonia Carrero e Domingos de Oliveira...

e Grande Otelo. Fotos Manchete
por José Esmeraldo Gonçalves
Os jornais eram em preto e branco, a TV idem, os cinejornais e documentários que registravam cenas dos protestos, também. A Veja não existia, O Cruzeiro estava falido e decadente.
Em junho de 1968, mês de intensas manifestações contra a ditadura, fotojornalistas cariocas captaram cenas memoráveis com suas Nikon F e Pentax. As lendárias Rolleiflex que pontificaram na Manchete nos anos 1950 e até inicio da década de 1960 estavam aposentadas.
Nas mochilas, quase todos os profissionais, incluída a equipe da Fatos & Fotos, carregavam "cargas" de filmes em p&b.
Menos a Manchete, que reservava páginas coloridas para a cobertura das passeatas. E, com um detalhe, alguns fotógrafos da Bloch trabalhavam com a pesada Hasselblad, pouco adequada para ocasiões como aquela. Normalmente, esse tipo de câmera tinha um visor próprio para ser utilizado à altura da cintura, mas havia um adaptador que possibilitava ser operada acima, ao nível do olhar do fotógrafo. Havia uma explicação para a Hasselblad, muito usada em estúdio, ir para as ruas; Adolpho Bloch preferia abrir as tradicionais páginas duplas da revista a partir de cromos 6X6, o formato ampliado da famosa câmera de origem sueca. Gráfico por excelência e rigoroso quanto ao padrão de qualidade de impressão, o criador da Manchete confiava nos bons resultados do formato 6X6. Por isso, havia sempre um fotógrafo equipado com Hasselblad em meio aos protestos no centro do Rio reprimidos com violência e balas reais naquele ano especialmente conturbado. Claro que os outros três ou quatro que completavam as equipes trabalhavam com câmeras 35mm que lhes davam muito mais agilidade.
Curiosamente, a maior parte da cobertura jornalística de Maio de 68, em Paris, também foi feita em P&B. Coube à revista ilustrada Paris Match registrar algumas manifestações em cores.
Em 6X6 ou 35mm, o fato é que os fotógrafos da Bloch produziram um vasto e importante material colorido das manifestações de 1968. Pena que tais cromos estejam virtualmente desaparecidos desde que foram leiloados pela Massa Falida da Bloch Editores.
É grande a possibilidade da memória em escala cromática da luta da Geração 1968 contra a ditadura tenha apodrecido em uma "galinheiro" do interior do Estado do Rio de Janeiro.