Paulo Scheuenstuhl, Vieira de Queiroz e Antonio Trindade fotografaram em cores a Passeata dos Cem Mil, em 26 de junho de 1968, no Rio, há 53 anos. Fotos Manchete
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A igreja católica representada na manifestação: padres e... |
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...freiras contra a ditadura. |
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Artistas desafiam a opressão: na extremidade dessa ala vê-se Tonia Carrero e Domingos de Oliveira... |
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e Grande Otelo. Fotos Manchete |
por José Esmeraldo Gonçalves
Os jornais eram em preto e branco, a TV idem, os cinejornais e documentários que registravam cenas dos protestos, também. A Veja não existia, O Cruzeiro estava falido e decadente.
Em junho de 1968, mês de intensas manifestações contra a ditadura, fotojornalistas cariocas captaram cenas memoráveis com suas Nikon F e Pentax. As lendárias Rolleiflex que pontificaram na Manchete nos anos 1950 e até inicio da década de 1960 estavam aposentadas.
Nas mochilas, quase todos os profissionais, incluída a equipe da Fatos & Fotos, carregavam "cargas" de filmes em p&b.
Menos a Manchete, que reservava páginas coloridas para a cobertura das passeatas. E, com um detalhe, alguns fotógrafos da Bloch trabalhavam com a pesada Hasselblad, pouco adequada para ocasiões como aquela. Normalmente, esse tipo de câmera tinha um visor próprio para ser utilizado à altura da cintura, mas havia um adaptador que possibilitava ser operada acima, ao nível do olhar do fotógrafo. Havia uma explicação para a Hasselblad, muito usada em estúdio, ir para as ruas; Adolpho Bloch preferia abrir as tradicionais páginas duplas da revista a partir de cromos 6X6, o formato ampliado da famosa câmera de origem sueca. Gráfico por excelência e rigoroso quanto ao padrão de qualidade de impressão, o criador da Manchete confiava nos bons resultados do formato 6X6. Por isso, havia sempre um fotógrafo equipado com Hasselblad em meio aos protestos no centro do Rio reprimidos com violência e balas reais naquele ano especialmente conturbado. Claro que os outros três ou quatro que completavam as equipes trabalhavam com câmeras 35mm que lhes davam muito mais agilidade.
Curiosamente, a maior parte da cobertura jornalística de Maio de 68, em Paris, também foi feita em P&B. Coube à revista ilustrada Paris Match registrar algumas manifestações em cores.
Em 6X6 ou 35mm, o fato é que os fotógrafos da Bloch produziram um vasto e importante material colorido das manifestações de 1968. Pena que tais cromos estejam virtualmente desaparecidos desde que foram leiloados pela Massa Falida da Bloch Editores.
É grande a possibilidade da memória em escala cromática da luta da Geração 1968 contra a ditadura tenha apodrecido em uma "galinheiro" do interior do Estado do Rio de Janeiro.