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segunda-feira, 28 de junho de 2021

Fotojornalismo - Manchete na Passeata dos Cem Mil: Hasselblad e cores numa hora dessas?

Paulo Scheuenstuhl, Vieira de Queiroz e Antonio Trindade fotografaram em cores a Passeata dos Cem Mil, em 26 de junho de 1968, no Rio, há  53 anos. 

Fotos Manchete


A igreja católica representada na manifestação: padres e... 

...freiras contra a ditadura.

Artistas desafiam a opressão: na extremidade dessa ala vê-se Tonia Carrero e Domingos de Oliveira...


e Grande Otelo. Fotos Manchete

por José Esmeraldo Gonçalves 

Os jornais eram em preto e branco, a TV idem, os cinejornais e documentários que registravam cenas dos protestos, também. A Veja não existia, O Cruzeiro estava falido e decadente. 

Em junho de 1968, mês de intensas manifestações contra a ditadura, fotojornalistas cariocas captaram cenas memoráveis com suas Nikon F e Pentax. As lendárias Rolleiflex que pontificaram na Manchete nos anos 1950 e até inicio da década de 1960 estavam aposentadas. 

Nas mochilas, quase todos os profissionais, incluída a equipe da Fatos & Fotos, carregavam "cargas" de filmes em p&b. 

Menos a Manchete, que reservava páginas coloridas para a cobertura das passeatas. E, com um detalhe, alguns fotógrafos da Bloch trabalhavam com a pesada Hasselblad, pouco adequada para ocasiões como aquela. Normalmente, esse tipo de câmera tinha um visor próprio para ser utilizado à altura da cintura, mas havia um adaptador que  possibilitava ser operada acima, ao nível do olhar do fotógrafo. Havia uma explicação para a Hasselblad, muito usada em estúdio, ir para as ruas; Adolpho Bloch  preferia abrir as tradicionais páginas duplas da revista a partir de cromos 6X6, o formato ampliado da famosa câmera de origem sueca. Gráfico por excelência e rigoroso quanto ao padrão de qualidade de impressão, o criador da Manchete confiava nos bons resultados do formato 6X6. Por isso, havia sempre um fotógrafo equipado com Hasselblad em meio aos protestos no centro do Rio reprimidos com violência e balas reais naquele ano especialmente conturbado. Claro que os outros três ou quatro que completavam as equipes trabalhavam com câmeras 35mm que lhes davam muito mais agilidade. 

Curiosamente, a maior parte da cobertura jornalística de Maio de 68, em Paris, também foi feita em P&B. Coube à revista ilustrada Paris Match registrar algumas manifestações em cores. 

Em 6X6 ou 35mm, o fato é que os fotógrafos da Bloch produziram um vasto e importante material colorido das manifestações de 1968. Pena que tais cromos estejam virtualmente desaparecidos desde que foram leiloados pela Massa Falida da Bloch Editores. 

É grande a possibilidade da memória em escala cromática da luta da Geração 1968 contra a ditadura tenha apodrecido em uma "galinheiro" do interior do Estado do Rio de Janeiro.    

segunda-feira, 11 de março de 2019

Fotografia: um livro mostra imagens raras da Revolução Cubana e revela o que os guerrilheiros liam

Foto: Cortesia da Oficina de Asuntos Históricos - Havana ainda fervia com seus cassinos e clubes de striptease quando...

jovens cubanas aderiam à guerrilha e... (Foto: Cortesia da Oficina de Asuntos Históricos/Havana) 


...recebiam treinamento do próprio  Fidel Castro. Célia Sanchez, que observa o comandante, foi a primeira guerrilheira a chegar a Sierra Maestra. Foto: Cortesia da Oficina de Asuntos Históricos/Havana 


Fidel e Che Guevara na prisão, no México. Foto: Cortesia da Oficina de Asuntos Históricos/Havana 



por Flávio Sépia 

O escritor e jornalista Tony Perrottet visitou Cuba, pela primeira vez, em 1996. Desde então, voltou várias vezes à Ilha. Fascinado com a história do pequeno país do Caribe, ele passou a vasculhar arquivos fotográficos, documentos e a levantar relatos sobre a Cuba do fim dos anos 1950, quando a ação do guerrilheiros nas montanhas ainda convivia com a face Sin City de Havana, seus cassinos e clubes de striptease.

A pesquisa de Perrottet resultou no livro "Cuba Libre!: Che, Fidel e a Revolução improvável que mudou o mundo"", lançado há poucas semanas, com imagens raras e crônicas reveladoras sobre o período.

Além das fotos pouco conhecidas, o escritor reuniu informações não exatamente bélicas sobre a guerrilha. Um desses aspectos inéditos é o dos livros que estavam "infiltrados" entre balas e fuzis. Che Guevara, por exemplo, admitiu que a vida nas montanhas, quando não havia combates, tinha momentos de extremo tédio. E a melhor maneira de combater o monotonia era ler. Ele mesmo quase foi morto em um ataque aéreo porque estava distraído lendo "A história do Declínio e Queda do Império Romano", de Edward Gibbon. Fidel recomendava aos guerrilheiros a leitura de "A Pele", de Curzio Malaparte, sobre as brutalidades das tropas que ocuparam Nápoles depois da Segunda Guerra Mundial. O comandante esperava que o livro ajudasse os homens a se comportarem quando entrassem vitoriosos em Havana. Um livro de Émile Zola, "A Besta Humana", também circulava nas trincheiras. Ainda sobre a face literária da campanha, o livro conta que Fidel Castro extraiu lições de guerrilha em "Por quem os sinos dobram". Por abordar as Brigadas Internacionais, na Guerra Civil Espanhola, Ernest Hemingway passa na obra a experiência de uma luta irregular, do ponto de vista político e militar, em muito semelhante àquela que os combatente de Sierra Maestra enfrentavam.

Em Cuba Libre! não tem edição em português ainda, mas está disponível na Amazon, Perrottet cobre o período entre 1956-1959, quando o mundo ainda estava fascinado com a Revolução Cubana e com os jovens que derrotaram os 40 mil homens do sanguinário ditador Fulgencio Batista.