terça-feira, 26 de janeiro de 2021

Fotomemória: paisagens removidas de um Rio que não se emendou...

 

Rio, 1964: Favela do Pasmado. Foto de Domingos Cavalcanti/Manchete

O Túnel do Pasmado no mesmo ano. Foto: Domingos Cavalcanti/Manchete

por José Esmeraldo Gonçalves 
Os veteranos vão reconhecer. Para as novas gerações que passam nesses sítios todos os dias, o visual pode surpreender. Na foto do alto, os dois garotos sentados sobre escombros da Favela do Pasmado observam pela última vez a paisagem deslumbrante - a enseada de Botafogo - antes de deixarem o lugar onde nasceram. Todos os moradores foram em seguida transferidos para Vila Aliança e Vila Kennedy, na distante Zona Oeste do Rio de Janeiro. 

Nos anos 1960, Manchete fez inúmeras reportagens sobre o polêmico programa de remoção de favelas desenvolvido pelo governador Carlos Lacerda. A segunda foto mostra a entrada do Túnel do Pasmado, que leva à Urca e Copacabana. A Favela do Pasmado começou a crescer ainda no começo da década de 1950. Assim como as autoridades de hoje, a então Prefeitura do Distrito Federal nada fez para resolver o problema de moradia das famílias. Em pouco mais de dez anos o povo ocupou todo o morro. 


Favela da Catacumba, na Lagoa, em 1968. Foto Manchete


1959: a brincadeira emblemática das crianças e, ao fundo, a Av. Epitácio Pessoa. Foto Alberto Jacob/Manchete

Sem grandes aparatos, sem coletes nem Caveirão, a polícia detém três suspeitos. O cortejo se dá
na hoje elegante Epitácio Pessoa.

Foto Manchete


A Lagoa Rodrigo de Freitas é um dos mais belos cenários do Rio. E também um dos CEPs mais valorizados pelo mercado imobiliário. Nem sempre foi assim. Até a década de 1960, um colar de favelas que ia da Rua Sacopã passando pela encosta da Curva do Calombo até o Morro das Catacumba emoldurava o visual. À altura da Av. Borges de Medeiros, próximo à Hípica, barracos ocupavam as margens. As grades do clube elegante eram o varal das roupas comuns dependuradas. A maior favela da região era a da Praia do Pinto. Ocupava a área onde hoje está o condomínio Selva de Pedra, emparedava o estádio do Flamengo e alcançava o Jardim de Alá. Os moradores da Praia do Pinto foram apoiados por um projeto social de D.Helder Câmara e, após removidos, se transferiram para o conjunto de prédios da Cruzada São Sebastião, no próprio Leblon, não se afastando dos seus empregos.  A última favela a deixar a Lagoa foi a da Catacumba. Depois de dois incêndios (em 1967 e 1968) foi incluída no plano de "desfavelização" já então executado por Negrão de Lima, governador do Estado da Guanabara.  Em 1969, os moradores foram transferidos para Cidade de Deus, Nova Holanda e Vila Aliança. Na época, o trecho da pista em frente à Catacumba era tido como um local perigoso, mas nada comparado ao nível de violência das comunidades agora dominadas pelo tráfico ou pelas milícias. 

A política de remoção teve graves consequências sociais. De uma hora para outra, milhares de pessoas foram deslocados dos seus locais de trabalho. Sem meios de transporte adequados, a maioria não conseguiu se manter nos empregos. A remoção não resolveu o problema da falta de habitação e prefeitos e governadores jamais se preocuparam em conter a expansão posterior das favelas. Simplesmente, deixaram que voltassem a crescer exponencialmente.

Pouco mais de 50 anos depois, um ponto da Lagoa, o alto da Rua Sacopã, volta a ser de risco, agora por parte de traficantes do Morro dos Cabritos, entre Copacabana e Lagoa. Moradores denunciam tiroteios no local. 

Outra fronteira à vista da Lagoa, essa mais distante, a da Gávea com a Rocinha, também já não é tão tranquila. A "maior favela do mundo", que não para de crescer, já se derrama para a Gávea e também haveria indícios de construção dos primeiros barracos na direção do Morro Dois Irmãos. 

Quanto ao Pasmado, hoje abriga o Monumento em Memória às Vítimas do Holocausto. 

Quanto à Catacumba, é agora o Parque Natural Municipal.

Quanto ao Rio, como não resistir?

segunda-feira, 25 de janeiro de 2021

O fim noir de Leon Eliachar • Por Roberto Muggiati

Leon Eliachar, anos 70, em frente ao Hotel Glória, no carro da moda: o Karmann Ghia.


Em um "home office" precoce e premonitório. 

Reprodução de matéria da Manchete, em 1987.

Todo humorista é um chato. Esta máxima, de minha autoria, pode soar um tanto radical, mas foi comprovada ao longo de décadas de trato com os profissionais do riso. Quem faz humor para ganhar a vida acaba perdendo a graça como pessoa. Quando Guilherme Figueiredo publicou o Tratado Geral dos Chatos, seus detratores definiram o livro como sua autobiografia. Leon Eliachar fugia desse perfil. Cansava um pouco com a insistência de se dizer “cairoca” – nasceu no Cairo e veio pequeno para o Rio – mas, apesar de certos cacoetes obsessivos no trabalho – acabou se tornando companhia agradável para os colegas. Metódico, atento para os números e não só as letras – devia ser a herança árabe dos algarismos e algoritmos – vendeu montanhas de livros nos anos 1960 com títulos como O Homem ao Quadrado, O Homem ao Cubo, A Mulher em Flagrante, O Homem ao Zero. 

Seu humor era feito de pequenos aforismos: • “Biquini: Um pedaço de pano cercado de mulher por todos os lados.” • “Pontualidade é a coincidência de duas pessoas chegarem com o mesmo atraso.” • “Saca-rolhas é esse instrumento que foi inventado pra empurrar a rolha pra dentro da garrafa.” Do casamente, tinha uma visão cáustica: • “O homem se casa por descuido. A mulher, por precaução.” • “Um homem casado vale por dois. A maioria deles sustenta duas casas.” • “Mulher que se preza não mente: inventa verdades.” • “As mulheres são sempre muito queridas. Umas quando chegam, outras quando partem.”

Veterano revisteiro, Leon voltou a colaborar para a Manchete no meu início como editor-chefe, em meados dos anos 70. Sua página fechava no caderno do miolo, às quintas-feiras. Na tarde de terça trazia de casa algumas frases e datilografava outras na redação. No dia seguinte já havia juntado 60 frases, que mandava copiar em várias laudas e distribuía pelo prédio inteiro, do laboratório fotográfico e da barbearia do Robertinho à cozinha e ao transporte; da fotocomposição e produção às redações, da administração à tesouraria. Vocês não imaginam a mão de obra que dava, mas Leon – “professor de astúcia” no apelido clássico do Alberto de Carvalho – realizava uma espécie de ibope interno que lhe garantia: as 30 frases escolhidas para a seção eram as melhores.

Humorista (amador, por favor), criei um slogan para o Leon. Inspirei-me nas coisas que nosso crítico de arte Flávio de Aquino me ensinava sobre Picasso. O grande Pablo ora dizia “Eu não procuro, eu acho”, ora se desdizia “Eu não acho, eu procuro.” Eu dizia, num sotaque iídiche caricato: “Eli não procurar, Eli achar...”

O que Leon acabou achando não foi nada engraçado. Em maio de 1987, já alguns anos fora da Manchete, virou notícia, ao ser assassinado com um tiro na nuca em seu apartamento na Avenida Rui Barbosa, defronte ao Pão de Açúcar. Estava tendo um caso com a mulher de um rico fazendeiro paranaense. O marido contratou dois pistoleiros para matar Leon. Usou como chamariz Sheila, uma dançarina de boate carioca, que facilitou a entrada dos assassinos no apartamento de Leon. A vaidade traiu a dançarina: na véspera tirou fotos com Leon e as esqueceu no local do crime. A polícia as revelou, prensou Sheila, que entregou o mandante. Dançarina, fazendeiro e os dois pistoleiros foram condenados. Antes da virada do século já estavam todos soltos, o Brasil é assim. 

Leon Eliachar acabou virando O Homem ao Zero. Livro que continha uma de suas frases clássicas, que perdeu totalmente a graça: “Adultério é o que liga três pessoas sem uma saber.” 

Cyber troops: a oficina do ódio

O Media Talk, do JC & Cia pergunta: será que a saída de Trump da presidência e do Twitter vai diminuir a manipulação política nas mídias sociais? 

O  Oxford Internet Institute responde: não. 

Pesquisa da instituição apurou um aumento de quase 20% no número de países em que tropas   cibernéticas a serviço de governos manipulam a opinião pública. São governo, influenciadores, partidos políticos e empresas de comunicação. O Brasil marca palpite quadruplo nesse esquema que dedica-se a elogiar atos do governo, atacar e difamar adversários, promover a polarização da sociedade e ataques à liberdade de imprensa. 


Fotomemória da Redação: boleiros da Bloch Educação em excursão a Teresópolis

 

O time da Bloch Educação em tarde de pelada em Teresópolis, provavelmente começo dos anos 1980. Escalação do timaço, com uniforme que lembra o do Internacional, atual líder do Brasileirão. De pé, da esq. para a dir. Luiz Paulo, Ricardo, Antonio Carlos, Zé Carlos e Adeildo. Agachados, no mesmo sentido, Aguinaldo, Gilson, Reinaldo e Niskier. Foto: Acervo José Carlos Jesus


domingo, 24 de janeiro de 2021

O jogo sujo

Nas cores da Manchete, em 1970, o ditador abraçado e...

...no registro do anos 1930 do futebol alemão, o genocida reverenciado .


Na foto, tudo é alegria. Nesse mesmo dia, brasileiros morriam sufocados na tragédia de Manaus. Reprodução Twitter


São tantas as evidências recentes das ligações de alguns times de futebol com o poder que, não sei porque, me lembrei de duas fotos: Pelé abraçando Médici, em 1970, enquanto brasileiros eram torturados e assassinados nas prisões; e o Schalke 04 nos anos 1930. Era o time do Hitler, o que o transformava forçosamente no mais querido da Alemanha. 

Através da história, o futebol sempre foi assediado por quem busca popularidade. E muitos jogadores, cordatos e mansos, continuam se prestando a esse papel ignorando a realidade muitas vezes trágica por trás dos sorrisos e reverências. 

São fatos que ficam na história. E nesse jogo político o futebol sempre sai perdendo.  

Dilma divulga nota sobre artigo de Míriam Leitão. A jornalista está entre os assuntos mais comentados agora no Twitter. E não são elogios...

NOTA SOBRE O ARTIGO DE MIRIAM LEITÃO

Miriam Leitão comete sincericidio tardio em sua coluna no Globo de hoje (24 de janeiro), ao admitir que o impeachment que me derrubou foi ilegal e, portanto, injusto, porque, segundo ela, motivado pela situação da economia brasileira e pela queda da minha popularidade. Sabidamente, crises econômicas e maus resultados em pesquisas de opinião não estão previstos na Constituição como justificativas legais para impeachment. Miriam Leitão sabe disso, mas finge ignorar. Sabia disso, na época, mas atuou como uma das principais porta vozes da defesa de um impeachment que, sem comprovação de crime de responsabilidade, foi um golpe de estado.

Agora, Miriam Leitão, aplicando uma lógica aburda, pois baseada em analogia sem fundamento legal e factual, diz que se Bolsonaro “permanecer intocado e com seu mandato até o fim, a história será reescrita naturalmente. O impeachment da presidente Dilma parecerá injusto e terá sido.” O impeachment de Bolsonaro deveria ser, entre outros crimes, por genocídio, devido ao negacionismo diante da Covid-19, que levou brasileiros à morte até por falta de oxigênio hospitalar, e por descaso em providenciar vacinas.

O golpe de 2016, que levou ao meu impeachment, foi liderado por políticos sabidamente corruptos, defendido pela mídia e tolerado pelo Judiciário. Um golpe que usou como pretexto medidas fiscais rotineiras de governo idênticas às que meus antecessores haviam adotado e meus sucessores continuaram adotando. Naquela época, muitos colunistas, como Miriam Leitão, escolheram o lado errado da história, e agora tentam se justificar. Tarde demais: a história de 2016 já está escrita. A relação entre os dois processos não é análoga, mas de causa e efeito. Com o golpe de 2016, nasceu o ovo da serpente que resultou em Bolsonaro e na tragédia que o Brasil vive hoje, da qual foram cúmplices Miriam Leitão e seus patrões da Globo.

DILMA ROUSSEFF


Padim Ciço vai tirar o diabo do corpo do Brasil

 


O último conselho de Larry King aos âncoras brasileiros

 


Larry King/Foto CNN
O apresentador Larry King, 87 anos, morreu ontem em Los Angeles, vítima de Covid-19. Em 60 anos de carreira fez perto de 50 mil entrevistas. Muitas delas no Larry King Live, da CNN. O obituário do Globo destaca o trecho acima da autobiografia de King. 

Faz sentido.

Espera-se que os âncoras da TV brasileira, especialmente da Globo News e da CNN Brasil, releiam esse conselho. Algumas perguntas feitas aos entrevistados e aos comentaristas das próprias bancadas das emissoras são geralmente tão longas que a introdução quase esmaga a resposta. 

Um dia, um entrevistado menos gentil e entediado com o tamanho da "apresentação da pergunta" vai responder apenas com um conformado "É isso aí, falou".

Ativistas americanos criam site para ajudar a identificar participantes da milícia de Trump que depredou o Capitólio


Os invasores do Capitólio postaram milhares de vídeos no Parler, já que muitos deles estavam bloqueados no Twitter. Mas núcleos de ativistas americanos foram lá e capturaram 6 mil rostos dos milicianos de Donald Trump. Com o material, montaram um site público onde pedem a quem conhecer cada um dos invasores que identifique o sujeito. Internautas já identificaram 827 trumpirocas. Os organizadores do site pedem aos apoiadores que "não tentem suas própria investigações" e que denunciem o sujeito diretamente ao FBI. Pedem também que avisem sobre imagens incorretas. A quem critica a iniciativa por achar policialesca um aviso: os adeptos de Trump que invadiram o Capitólio atacaram a democracia, numa ação que deixou cinco mortes. Nas ruas, essas milícias armadas combatem a diversidade e são violentas, já assassinaram pessoas. A pedido de Trump em mais de um discurso, eles vão continuar ativos e é preciso deter a escalada fascista.

Para os curiosos, o link do site https://facesoftheriot.com/

Anvisa libera veneno mais rápido do que aprova vacina

sábado, 23 de janeiro de 2021

Edilberto Coutinho queria ser Gene Tierney • Por Roberto Muggiati

Edilberto Coutinho
No meu álbum de fotos aparece amiúde a figura de (José) Edilberto Coutinho, presente nas comemorações de aniversário da minha infância. Paraibano de Bananeiras, filho de um funcionário público, depois de rápida passagem por Recife arribou em Curitiba em 1946. Quatro anos mais velho que eu, brilhou no movimento estudantil paranaense, formou-se em direito no Recife e depois embarcou na carreira de jornalista e escritor no Rio de Janeiro, a partir de 1957. Insinuante, fez logo amizade com os irmãos Condé, donos do Jornal de Letras, e passou a orbitar em torno daquela referência literária da época. Seu homossexualismo latente veio à tona nos contos, notadamente aqueles que adotam o futebol como tema (Maracanã, adeus: onze histórias de futebol e Amor na boca do túnel). Morreu relativamente cedo, aos 62 anos, mas marcou a cultura brasileira com sua presença forte como ficcionista, ensaísta, jornalista e professor universitário.

Quero fixar aqui a lembrança do Edilberto que conheci nos anos 40 no edifício Marina, em Curitiba, onde éramos vizinhos. O Marina era um pequeno prédio de dois pavimentos com quatro apartamentos, dois por andar: minha família morava no 1, que ficava à esquerda no térreo; os Coutinho no apartamento 4, no andar de cima à direita. Na verdade, Edilberto morava com a irmã, Iolanda, casada com o engenheiro e professor José Pitella Junior. Ela acabaria entrando para o folclore do alto da Carlos de Carvalho por uma explosão temperamental que lhe valeu um apelido para o resto da vida. Telefones eram muito raros na época e minha família se orgulhava daquele aparelho de design clássico, preto de baquelite, e da linha cujo número nunca esqueci: 3549. A irmã mais velha do Edilberto usava nosso telefone por cortesia, mas esse tipo de gentileza estava fadado a acabar mal, principalmente levando em conta o choque cultural paraibano-paranaense. Um dia, dona Iolanda interpretou mal um comentário de minha mãe e subiu nas tamancas: “Tá bom, eu não preciso mesmo desse telefone de bosta!” Passou a ser conhecida então como “Dona B.O.”

Já Edilberto surpreendeu nossa turminha – tínhamos dez anos, ele já andava pelos catorze – com uma declaração insólita depois de assistir a um filme de sucesso da época, Amar foi minha ruina (1945). Confessou para nós que gostaria de ser Gene Tierney na cena famosa em que a estrela simula uma queda acidental na escadaria da sua mansão para abortar a criança que – na sua ótica ciumenta patológica – a separaria do marido, Cornel Wilde. Ela já havia levado o irmão mais moço do mocinho a se afogar num lago. Doente de ciúmes do relacionamento da meia-irmã com o marido, recorre a uma saída extrema: suicida-se com arsênico, incriminando os dois e levando-os a julgamento por homicídio.

Chocou-nos o apego de Edilberto a uma heroína tão deletéria. Em nossa inocência, éramos incapazes de apreender os delicados mecanismos da projeção homoerótica na figura feminina. Este episódio remoto voltou à minha memória ao rever agora Amar foi minha ruina no volume 17 do Filme Noir da Versátil, o primeiro noir em technicolor da série. Velhos filmes, de certa forma, nos trazem de volta fatos e pessoas longamente esquecidos...

Joe Biden no Twitter: enfim a linguagem democrática... depois da diarreia fascista de Donald Trump


Uma das primeiras providências da Casa Branca foi limpar o @POTUS, a conta oficial do twitter para o presidente dos Estados Unidos. Todo o lixo que Donald Trump deixou foi transferido para um arquivo, fica fora das vistas, acessível a pesquisadores.

A informação é do site Mashable. 

Quando Joe Biden disparou seu primeiro post, boa parte dos Estados Unidos respirou aliviada.   Depois de quatro anos de mentiras, fake news, agressões e ódio, veio uma mensagem normal.

“Não há tempo a perder quando se trata de enfrentar as crises que enfrentamos”, escreveu Biden. "É por isso que hoje estou indo para o Salão Oval para começar a trabalhar, entregando uma ação ousada e alívio imediato para as famílias americanas."

Palavras simples, tranquilas, longe dos odiosas recados do antecessor. Um jornalista definiu a nova fase da rede social do homem mais poderoso do mundo como "refrescante", depois depois de um período de trevas e ira. 

Soprano elogia perfomance de Lady Gaga ao cantar ao vivo o hino americano, que não é para qualquer cantora de estúdio...





por Clara S. Britto 
Entre tudo o que repercutiu da posse de Joe Biden, um destaque foi Lady Gaga interpretando o hino americano. Cantar The Star-Spangled Banner” ao vivo não é para qualquer um ou qualquer uma. Muita gente já quebrou a cara. A transição das notas mais baixas para as mais altas, o que pode ser percebida até por leigos, é um tremendo desafio para os solistas. A cantora Fergie já passou vexame cantando o hino durante um jogo da NBA. Steven Tyler também já destruiu no sentido literal o "national anthem". Beyonce confessou que durante a posse de Obama preferiu recorrer a um playback, mas no SuperBowl de 2012 ela cantou ao vivo e brilhou. Whitney Houston e José Feliciano já fizeram performances elogiadíssimas do hino. Demi Lovato também já deu conta da tarefa. Mas os vocais poderosos de Lady Gaga impressionaram as redes sociais. Especialistas que identificam as evidências do playback garantiram que Lady Gaga não usou o manjado recurso técnico. A soprano Catherine Bott elogiou a cantora, o seu tom sol bemol maior, o contralto, os registros mezzo sopranos e ainda identificou um breve e inspirado "ritmo funky no fraseado dos versos 'proudly we hailed'. ”

Agora imagine um pequeno exercício: quem, entre os cantores brasileiros, você acha que seriam capazes de cantar o hino americano sem passar vexame? Anitta alcançaria aquelas notas? Paula Toller? Os sertanejos e sertanejas? Os jurados do The Voice Brasil Ivete Sangalo, Lulu Santos, Daniel, Carlinhos Brown, Michel Teló, Mumuzinho? 

Enquanto pensa... veja Lady Gaga na solenidade do Capitol AQUI

Impune no Brasil, enquadrado em Haia

 


Como presidente da Câmara, Rodrigo Maia amarelou e não aceitou para análise os mais de 30 pedidos de impeachment que recebeu. Rodrigo botou o traseiro em cima das denúncias e não deu bola para a sociedade brasileira. Restou aos brasileiros recorrerem a uma instância internacional. Jornais ingleses noticiam hoje que indígenas e grupos de defesa dos direitos humanos levaram à Corte de Haia uma acusação contra Bolsonaro por crimes contra a Humanidade. O pedido é para o tribunal internacional investigar o desmantelamento das políticas de meio ambiente e violação dos direitos indígenas, qualificados como a prática reiterada de ecocídio.

Fazem parte do grupo que assina o pedido os caciques Raoni Metuktire Almir Suruí 

É possível que outras iniciativas nesse sentido e encaminhadas por outras instituições cheguem a Haia. O sociopata poderá ser acusado por provocar mortes durante a pandemia da Cobdi-19 ao pregar contra máscaras e isolamento, "receitar" publicamente remédios condenados, deliberadamente não implantar uma política nacional contra a pandemia e nada fazer para prevenir a devastação de vidas em Manaus, onde pessoas morreram por falta de oxigênio nos hospitais. 

Famílias de vítimas de Brumadinho cansam de esperar Justiça brasileira e abrem novo processo... na Alemanha

A notícia é  da Folha de São Paulo. 

sexta-feira, 22 de janeiro de 2021

Do Estadão - Bolsonaro e o método da loucura

 

Reprodução Estadão - Clique para ampliar

É amanhã!


 

Globo passando pano...

 


O demorado chute no traseiro

Jair do Caixão acumula dezenas de pedidos de impeachment. Todos engavetados por Rodrigo Maia. A Folha de hoje avalia que a mortandade na pandemia (o Brasil e um dos líderes mundiais nas trágicas estatísticas) pode, em muito, ser atribuída ao sociopata. Mas isso o país já sabia desde março. Bolsonaro não deixou de ironizar e pregar contra as medidas sanitárias em um só momento. Investiu na contaminação como sua bandeira necropolítica. O impeachment não acontece porque o sociopata tem apoio de empresários, políticos, militares, paramilitares, juízes, mercado e da grande mídia que sustenta Paulo Guedes ao preço de preservar Bolsonaro. E o país paga esse contexto com desemprego e pobreza, isso bem antes da pandemia. O regime bolsonarista está prestes a ganhar as presidências do Senado e da Câmara. Com isso, o Congresso passará a funcionar muito mais como um ministério extra do que como um Parlamento democrático. E aí, não apenas a boiada vai passar, passarão a burricada, a cambada, a choldra, a congregação, a falange, a horda e a malta. 

quinta-feira, 21 de janeiro de 2021

Mídia: o papel do digital

por José Esmeraldo Gonçalves

A queda vertiginosa dos meios impressos no Brasil é um fenômeno a ser estudado mais profundamente. Claro que os novos modelos digitais de mass media explicam muito sobre a mudança radical do mercado em todo o mundo nas duas últimas décadas. Mas, no nosso caso não parece fazer sentido a velocidade da queda. Péssima distribuição de renda, baixa escolaridade, pouco hábito de leitura e concorrência da internet são apontados como fatores relevantes no diagnóstico da crise. 

Em países da União Europeia os números da tiragem física de revistas e jornais decaíram em ritmo bem mais lento. Nas grandes cidades da UE as bancas de jornais ainda são estantes jornalísticas em número menor mas ainda expressivo. 

Nas capitais brasileiras, o cenário, no caso dos jornaleiros, é de devastação. A maioria das bancas permanece como pontos comerciais onde jornais e revistas são agora acessórios entre variadas mercadorias. 

Não é possível fixar a data do fim dos impressos. Há 15 anos, vários especialistas decretaram esse the end absoluto em até os cinco anos seguintes. A previsão falhou, mas vai se realizar em um futuro qualquer. Essa tendência é infelizmente muito clara.

A Folha divulgou hoje um quadro atualizado da circulação digital e impressa dos três principais jornais brasileiros. 


Aponta uma boa performance digital para o cenário brasileiro. No quadro da Folha, os números da circulação impressa chamam a atenção. A ocupação do espaço digital é um trabalho em progresso. 

O veículo que melhor fez a transição de modelo foi o New York Times, o principal jornal em língua inglesa do mundo. Em 2020 alcançou 6,5 milhões de assinantes, um número que inclui 5,7 milhões de assinaturas digitais. O impresso soma 1 milhão e 200 exemplares nessa conta. O NYT pretende chegar a 10 milhões de assinaturas no total até 2025, mas não espera manter um quinto disso em tiragem física. a escalada não é fácil: só no ano passado a receita da versão digital do NY Times superou pela primeira vez o faturamento da edição impressa, cuja assinatura é mais cara e mais cara também é a tabela de anúncios. As versões digitais dos grande veículos sofre com os preços da publicidade na internet, vandalizados pela concorrência das redes sociais.

O desempenho digital dos três grandes jornais brasileiros é boa notícia tratando-se do complicado cenário brasileiro. Uma presença mais forte da mídia profissional na internet é bem-vinda. E incluo aí a mídia profissional independente que, apesar das dificuldades, mantém veículos de indiscutíveis qualidade e credibilidade. O que é importante, por dois principais motivos: levar a verdade e os fatos ao terreno pantanoso da web e mostrar o contraditório às mentiras das trevas bolsonaristas espalhadas por milícias, fanáticos e robôs financiados.